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3.4 O Jornalismo Opinativo do século XIX: Influência retórica e conceitos

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Como já apresentando o jornalismo nasce, no Brasil, no século XIX, com origem ocidental, e uma de suas características é ser opinativo, discutindo sobre a política e a economia.

Marco Morel e Mariana M. de Barros (2003, p.15) relatam que naquele período, chamado por eles de República das Letras com traços peculiares, traz a imprensa de opinião e consigo o homem público: o jornalista ou panfletário, também conhecido como gazeteiro ou redator.

Entre as mutações culturais sobrevindas com a manifestação da modernidade política ocidental, surgia este homem de letras, em geral, visto como portador de uma missão ao mesmo tempo política e pedagógica. É o tipo escritor patriota, difusor de ideias e pelejador de embates, que achava terreno fértil para atuar numa época repleta de transformações. Ao contrario do que possa parecer, tais letrados não tinham exatamente o mesmo perfil dos filósofos iluministas ou sábios enciclopedistas do século XVIII, embora aludissem a estes com frequência (MOREL, 2006, p. 15).

O jornalismo opinativo, também conhecido como “argumentativo”, tem origem no século XVIII, junto ao processo histórico da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa, transformando-se em uma imprensa de combate. Beltrão (1980, p.14) descreve que a opinião, independente da imprensa, exerce uma “função

psicológica, pela qual o ser humano, informado de ideias, fatos ou situações conflitantes, exprime a respeito seu juízo”.

Foram os movimentos sociais e a efervescência política provocados na Europa pela Revolução Burguesa que restauraram o prestígio e com que recriaram a imprensa de opinião. O público reclamava uma orientação e os impressos foram convertidos em agentes de luta, adotando, propagando e defendendo determinados princípios e ideologias e combatendo os opositores. Foi a época áurea da polêmica (BELTRÃO, 1980, p.35).

Marco Morel (2006) descreve que no início do século XIX, após as grandes revoluções, tais intelectuais se dividem em duas partes: Os liberais, partidários; e os melancólicos que ficaram ligados ao século XVIII, junto as Letras. E, a primeira opção é a característica dos primeiros redatores brasileiros, que se encontravam em um espaço de abundante transformação com as revoluções ideológicas e culturais.

No Brasil, de acordo com Luiz Beltrão (1980), a fase do predomínio da imprensa opinativa sobre o objetivismo frio da informação se estende da Regência até, aproximadamente, o ano de 1880, quando o jornal toma como característica o capitalismo e a tipografia perde sua particularidade artesanal.

Marco Morel, no ano de 2008, publicou uma pesquisa, no qual, apresenta que antes de 1808, com a chegada da Família Real e o Correio Braziliense, já existia aproximadamente mais de 300 obras de autores brasileiros, contando não só livros, mas também impressos desconhecidos, com descrições de festas e acontecimentos. E, o mais admissível é que tenham produzidos periódicos propagando novas ideias, combatendo o Governo Imperial, dando forçar ao povo e ao mesmo tempo buscando uma maneira de moldar suas formações.

Eram textos variados: desde narrativas, históricas até poesias, passando pela agricultura, medicina, botânica, discursos, sermões, relatos de viagens e naufrágios, literatura em prosa, gramática e até polêmicas (MOREL, 2008, p. 24).

Além disso, no século XVII, já se falava sobre a opinião pública popular, no qual eram vozes ou rumores à respeito da sociedade de forma oral e não escrita. Realizava-se leituras, em voz alta, em praças públicas por disposição do governo e da Igreja.

Esta ação é de origem Européia, marcada pela oralização coletiva, e que trás como ascendente a Grécia Antiga, quando se tinha a prática de fazer grandes discursos com o respaldo da retórica. Frei Caneca também fez muito uso desta prática, principalmente pregando em Assembléias, praças e Igrejas, exemplo é seu discurso a

Oração.

No mesmo caminho, é expressivo levar em conta a pluralidade e a intensidade dos escritos nas sociedades de tipo absolutista que, manuscritos, circulavam de formas variadas, através de correspondências particulares, copias de textos, papeis e folhas que pregavam em paredes e muros ou rodavam de mão em mão, muitas vezes através da atividade de copistas. Tais formas de transmissão manuscritas e orais, típicas daquelas sociedades, marcavam a relacionavam-se à imprensa periódica; que não se afirmara ainda como o principal meio de transmissão, embora tenha alterado bastante e dado outras feições à cena pública em sua dimensão cultural (MOREL, 2008, p. 28).

O autor ainda descreve, que antes da chegada do primeiro período no país, circulava, pela capital e algumas vilas, jornais estrangeiros como, por exemplo, a

Gazeta de Lisboa. Porém, é com a criação do espaço público político, de críticas, quando as opiniões começavam a ser propagadas, instaurou-se a, então, opinião pública, cujo Frei Caneca tanto abordou nas páginas do Typhis Pernambucano.

Hipólito do Costa foi o primeiro redator a se dispor das opiniões públicas, no Brasil, com valores absolutistas e liberais. Porém, Marques de Melo (2009, p. 123) diz que a seu ver Hipólito da Costa ganha o título de precursor do jornalismo brasileiro, mas não “configura um processo de observação sistemática, nem tampouco de acumulação de conhecimento sobre a práxis da notícia” (MARQUES DE MELO, 2009, p. 123).

Este processo sistemático, de acordo com o autor, acontece quando Frei Caneca, com escreve Tratado de Eloquência e Tábus sinóticas do sistema retórico de

Quintiliano, constituindo o marco da referência do pensamento comunicacional, que é o tema de nossa pesquisa e será descrito mais adiante. Todavia, ambos eram padronizados

pelo espírito da Revolução Francesa, o liberalismo e a moderna política citando Montesquieu, Rousseau entre outros. E, ainda, seguiam de perto a separação entre Brasil e Portugal.

Morel e Barros (2003) relatam que a imprensa do século XIX era “elitistas”, poucos tinham acesso ao jornal, e a comunicação, ainda, era de gestos e palavras. E, sendo assim, o conteúdo de informação ultrapassava os limites do jornalismo impresso. Em sua grande maioria, os primeiros jornalistas da época eram de famílias alta sociedade, jovens ou adultos formados em bacharel (medicina ou direito). Somente algumas exceções aconteciam, como por exemplo, Frei Caneca que era de família simples, mas conseguiu se destacar devido a sua dedicação aos estudos, principalmente à retórica.

Essa alta sociedade era conhecida como “elite cultural”, isso é, pessoas letradas e de fácil ascensão a imprensa, discutiam sobre política, economia, escravos, agricultura, indústrias e os movimentos que surgiam. E, com isso, iniciava-se uma sociedade com comércios e relação com o poder. Marco Morel (2005) descreve que a imprensa era visto como algo positivo para a sociedade e uma autêntica narradora de fatos e da verdade.

Um dos pressupostos da elite cultural e intelectual, como já citado no capítulo anterior, era ter conhecimentos retóricos. E, no Brasil o primeiro a introduzir a retórica como conhecimento foi o padre jesuíta Antônio Vieira, com a catequese dos índios e a formação do clero. Contudo, o primeiro brasileiro naturalizado a se dedicar a esta disciplina, transformando-a em grandes discursos e textos jornalísticos foi Frei Caneca, que reescreveu de forma sistemática a retórica de Quintiliano e soube aplicá-la.

Partindo, então, do pressuposto de que a sociedade, de certa forma, era elitista e iniciava o jornalismo opinativo, podemos dizer que a retórica teve influência neste meio. Ou seja, a retórica é a arte de discursar a modo de persuadir e convencer as pessoas sobre suas ideias e conceitos, mesmos objetivos da imprensa que nascia. E, como complemento, ambos agregam a relação da sociedade sobre seus valores, crenças e opinião, tendo como procedência a troca de informações e, ideias.

A partir deste pensamento, o discurso jornalístico torna-se uma narração retórica, que se baseia em argumentos lógicos e sentimentais, esboçando artifícios em um contexto para a composição do verossímil, e, assim, ganhar a confiança de seu público. E, ainda, o discurso jornalístico opinativo se cria a partir da intenção de

persuadir, podendo variar de acordo com as estratégias retóricas escolhidas pelo orador e a disposição do público.

Quando se pensa na estrutura do discurso retórico: a argumentação persuasão, a interação entre os sujeitos, e na maneira como deve ser preparado. Pode-se dizer que a retórica percorre e organiza o discurso jornalístico, sendo ele em seus diversos gêneros – opinativo, informativo ou interpretativo.

A retórica organiza sua estratégia defendendo, por meio de argumentos, teses e fatos e, portanto, elegendo um ponto de vista, uma ‘realidade’/verdade. O jornalismo se coloca, dessa forma, como agente que ‘constrói fatos’, pois sua atividade é orientada pela escolha de aspectos da realidade. O jornalista constrói realidades na medida em que torna presentes idéias e acontecimentos, enfim produzindo notícia através de seu discurso eminentemente retórico. O ato de selecionar e tornar ‘presente’ determinado aspecto da realidade social é um dos elementos que caracteriza o discurso jornalístico como estratégia retórica argumentativa. Perelman diz que “o fato de selecionar certos elementos e de apresentá-los ao auditório já implica a importância e a pertinência deles no debate. Isso porque semelhante escolha confere a esses elementos uma presença, que é um fator essencial da argumentação” (PERELMAN, 2000, p. 132 apud GIORDANI, 2005, p. 236).

O jornalismo do século XIX, influenciado pelos acontecimentos da época e os conceitos retórico, se submete a um recorte ideológico, político e econômico da sociedade da época, com enfoques e abordagens dos eventos. Os jornalistas eram considerados como observadores, onde se pautavam dentro de um panorama histórico e cultural e iniciava-se uma mediação na formação da sociedade.

Com a influência da retórica forma-se uma nova geração de jornalistas e formadores de opinião, criando, assim, o discurso opinativo que se expõe através de argumentos relacionados à ideologia.

Como estratégica retórica, pode-se vislumbrar o discurso opinativo como agente capaz de interferir decisivamente na formação da opinião pública e, portanto, assumir seu papel na esfera pública. Nele, o jornalista/orador se posiciona, elege fatos e opiniões com o objetivo de persuadir seu leitor a respeito da tese defendida (GIORDANI, 2005, p.237).

Além dos pressupostos de argumentação e da construção do discurso apresentando pelos principais filósofos – Aristóteles, Cícero e Quintiliano -, é necessário ressaltar a importância dada por Quintiliano sobre a arte de escrever bem. Em seu Quinto livro, capítulo X, o autor dedica-se em trabalhar com os argumentos e as provas demonstrativas, refere-se á disposição dos discursos e às questões a respeito sobre a melhor forma de narrar as novidades. Alguns dos princípios adotados por Quintiliano são considerados as mesmas regras para a construção do lead.

A hora paso al marco de las cosas, en las que de modo especial, en el tratamiento que hacemos, hallamos su vinculación con las personas, y por eso hemos de considerarlas en primer lugar. En toda cosa, pues, que se hace, las preguntas en principales son éstas: Por qué se hizo? Dónde? Cuándo? De qué modo? Con qué medios? (QUINTILIANO, 199, p.179)

O mesmo contexto da redação descrita por Quintiliano é apresentado pelos principais manuais de redação sobre a forma de se escrever:

O lead é a abertura da matéria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três frases, as informações essenciais que transmitem ao leitor um resumo completo do fato. Precisa sempre responder às questões: o que, quem, quando, onde, como e por quê (MARTINS, 2001, p. 154)..

Esta estrutura apresentada por Quintiliano, que depois se tornou base para a tese de Tobias Peucer, em 1690, que não se prende apenas ao estilo opinativo, mas também ao informativo, descrevendo a objetividade do jornalismo.

Contudo, a retórica, de certa forma, influenciou muito mais o estilo jornalístico opinativo por se tratar de uma teoria argumentativa, de persuasão, que tinha como objetivo gerar conceitos e opiniões sobre sua audiência, e motivada pela prática ética e democrática. E, era o estilo produzido pelos primeiros jornalistas brasileiros, do século XIX.

Valdemir M. Carmo (2006), em sua dissertação de mestrado, diz que a retórica, com sua índole ideológica, sustentada em um alicerce ético, caminha para um debate de democrático e de interesse da sociedade, com seu estilo argumentativo.

Portanto, ao se conceber a opinião, segundo as necessidades e intenções do enunciador, deve-se ter em foco, independente do gênero, a necessidade de se antever um fundamento ideológico. Sem esse fundamento, muitas vezes usado de modo inconsciente, o jornalista não teria ponto de partida em sua tarefa de produção de uma argumentação sólida e ponderada. Será também este fundamento que, concretamente, fará o leitor ser cada vez mais um leitor fiel do profissional dos textos. Portanto, os jornalistas que se utilizam de argumentos e versam opiniões nas áreas diversas do conhecimento são essenciais à sociedade e ao jornalismo. Conseqüentemente, o jornalista se utilizará da argumentação, persuadindo o leitor paulatinamente da concepção de seu julgamento. Por fim, o jornalista opinativo deverá estabelecer no leitor uma semente reflexão que deverá redundar numa auto-análise no que diz respeito ao cidadão, seus direitos e deveres, bem como as decorrências e efeitos da liberdade de opiniões, a fim de adotar mesmo tempo um caráter ético e marcadamente de interesse público (CARMO, 2006, p. 52-53).

Naquela época, e continuou-se até os dias de hoje, o papel do jornalismo opinativo era informar a sociedade sobre os acontecimentos sócio-econômicos e culturais, alegando suas opiniões.

Neste contexto do jornalismo argumentativo emergiu-se a opinião pública como uma solução para legitimar posições políticas, desempenhando um papel importante na criação do espaço público. “Diante do poder absolutista, havia um público letrado que, fazendo uso público da razão, construía leis morais, abstratas e gerais, que se tornavam uma fonte de crítica do poder e de consolidação e uma nova legitimidade política” (MOREL, 2008, p.33). Este acontecimento surgia entre os sábios, no reino da opinião e do conhecimento.

A opinião pública surge em meio às grandes turbulências no Brasil, revoluções, contestações, acontecimentos, entre os anos de 1820 e 1821, que antecedem a Independência do Brasil, e marcavam a estrutura política em toda a América e Península Ibérica. O fato principal, de se concretizar a opinião pública, foi a liberdade de impressa que havia sido decretada por D. Pedro.

Morel e Barros (2003) descrevem que o momento crucial para a liberdade de imprensa no Brasil se deu, em 02 de março de 1821, quando o rei. D. João VI assinou um decreto suspendendo provisoriamente a censura prévia para a imprensa. Contudo, essa atitude não significou que a imprensa estava livre, sem censura, para se pronunciar da maneira como bem quisesse, relatando fotos e expressando opiniões. Ainda, sim,

existia um controle dessa atividade por parte do governo, que com persistência alterava a legislação.

Morel (2008) diz que uma das figuras marcantes da primeira geração da imprensa brasileira e dos questionamentos sobre a opinião pública foi o baiano Cipriano

Barata – também um grande influenciador do jornalismo revolucionário de Frei Caneca. O autor concluiu seu pensamento dizendo que a discussão sobre a opinião pública e a liberdade de imprensa vive em constante permanência na história de nosso país, pois são assuntos ainda não resolvidos entre o governa, a população e a imprensa.

Marques de Melo (2003c) diz que com o fim da censura prévia o jornalismo assumiu uma atividade peculiar de formador de opinião. Porém, como o governo não foi de acordo com a situação, e começou a gerar transtornos para os veículos e jornalistas que opunham opiniões contrarias a ele. Com as restrições o jornalismo opinativo começou a se transformar em jornalismo informativo, assumindo, assim, um caráter com mais informação do que opinião.

Para não cair num tipo de discussão bizantina, é preciso deixar claro que essa distinção entre a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifício profissional e também político. Profissional no sentido contemporâneo, significando o limite em que o jornalista se move, circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar, que constitui uma concessão que lhe é facultada ou não pela instituição em que atua. Político no sentido histórico: ontem, o editor burlando a vigilância do público leitor em relação às matérias que aparecem como informativas (news), mas na prática possuem vieses ou conotações (MARQUES DE MELO, 2003c, p. 25).

O autor ressalta que o jornalista não deixou de se preocupar com os fatos e relatos de suas ideias, principalmente, com sua ideologia, apenas narrava os acontecimentos com mais precisão e veracidade.

Narras os fatos e expressar as ideias segundo os padrões historicamente definidos como jornalismo informativo e jornalismo opinativo não altera fundamentalmente o resultado do processo interativo que se estabelece entre a instituição jornalística e a coletividade que tem acesso ao universo temático e conteudístico manufaturado continuamente (MARQUES DE MELO, 2003c, p. 25).

Melo ressalta que os dois gêneros são de características semelhantes, pois o jornalismo opinativo, com seus aparatos ideológicos, não deixa de informação e relatar acontecimentos verdadeiros. Assim, como o próprio jornalismo ou outro meio de comunicação de massa, independente de seu gênero, trás reproduções ideológicas e atinge sua meta com a objetividade52.

O pesquisador Jorge Pedro Sousa (2001) ressalta que na essência do jornalismo opinativo a descrição tem por objetivo tornar pública a informação e gerar conhecimento, a opinião tender a influenciar o público e cooperar para o debate de ideias, fatos e situações. Para se dar uma opinião pertinente é preciso sabedoria. Se a descrição gera informação pura e se a análise produz conhecimento, a opinião é uma manifestação de saber.

O texto opinativo é um enunciado jornalístico menos comum do que o texto descritivo e o texto analítico. Os jornalistas, geralmente, tentam separar a informação (descrição e análise) da opinião. A opinião fica reservada a especialistas, colunistas e opinantes. Nem sempre é fácil distinguir opinião de análise. Por vezes, para se chegar à opinião é necessário fazer uma análise. Mas talvez seja possível dizer que a opinião se destrinça da análise porque, ao contrário desta, não necessita de se basear em factos concretos e no exame atento da realidade. A perspectiva do opinante pode ser muito subjectiva, resultando unicamente da interacção entre a mente e a linguagem. Mas o facto de a opinião não necessitar de se basear em factos concretos ou no exame atento da realidade não significa o mesmo que deixar de se fazer essa ancoragem à realidade. De facto, pode opinar-se com base numa arguta interpretação do real (SOUSA, 2001, p. 140).

A existência do jornalismo se deu pelo seu objetivo de informar, narrar dos fatos, com um espaço autônomo de liberdade e de confiança para com seu público. O pesquisador Manuel Carlos Chaparro (2008) diz que a divisão entre o opinativo e o informativo se transformou em uma organização do jornalismo, por desenvolver valores, paradigmas, o campo científico, conceito entre os leitores.

O paradigma Opinião X Informação tem condicionado e balizado, há décadas, a discussão sobre os gêneros jornalísticos, impondo-se como critério classificatório e modelo de análise para maioria dos autores que

52 Objetividade no sentido de neutralidade, imparcialidade, assepsia política, cujo, é discutido na Teoria

tratam do assunto. A conservação dessa matriz reguladora esparrama efeitos que superficializam o ensino e a discussão do jornalismo, e tornam cínica sua prática profissional. Trata-se de um falso paradigma, porque o jornalismo não se divide, mas constrói-se com informações e opiniões. Além de falso, está enrugado pela velhice (CHAPARRO, 2008p. 146).

O mesmo autor descreve que no início da trajetória do jornalismo opinativo X informativo, com as mais diversas revoluções – culturais ou tecnológicas, sua forma de se expressar era apenas por meio de notícias e artigos. A reportagem surgiu somente depois de cem anos, e foi predominante nos jornais e revistas. E com o passar do tempo apareceu a entrevista, o fotojornalismo, a diagramação, o infográfico entre outras tarefas.

Chaparro (2008) conclui seu pensamento dizendo que a opinião, no plano do conhecimento, conserva e destrói, preserva e transforma ao mesmo tempo. “A inserção do conhecimento, como parte contraditória, é discutida na filosofia desde Sócrates, para quem as opiniões divorciadas do conhecimento eram coisas feias” (CHAPARRO, 2008, p.148). A opinião constrói memória e esquecimento.

Os jornalistas do século XIX não se preocupavam com uma classificação do estilo jornalístico, como existe hoje, até porque não existia nenhuma organização. A meta era informar e opinar. Todavia, aos poucos, começaram a surgir novos formatos, mesmo que muitos redatores não percebessem esta inovação. No início do século XX, principalmente, houve novas influências e transformações, em destaque o estilo jornalístico americano que deu origem ao comercio publicitário no veiculo impresso e reforçou a objetividade no jornalismo informativo. E, assim, foi-se dando origem aos

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