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2 O LADO PATRIMONIAL DOS OBJETOS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A reflexão histórica sobre o que constitui o patrimônio cultural das sociedades evidencia um progressivo alargamento do campo ao longo do tempo. A atribuição de valor, assim como a preservação e o próprio conceito aplicado ao patrimônio cultural, vem se modificando, em conformidade com as transformações das sociedades.

A incorporação de novos objetos e significados pode gerar mudanças de sentido ou de função simbólica, uma vez relacionada a fatores econômicos, sociais, políticos e, atualmente, turísticos. Sobre isso, Gonçalves menciona que:

Ao contrário do que indicavam as ideologias oficiais, os patrimônios culturais deixam de se configurar como um consenso (se é verdade que algum dia o foram) e exibem-se como fragmentários e divididos contra si mesmos. Sua unidade parece constituir-se em uma promessa jamais cumprida, uma realização constantemente adiada. (GONÇALVES, 2012, p.65)

A Ciência e a Tecnologia possuem seus meios de produção de conhecimento e seus produtos, que merecem ser valorados como patrimônio da sociedade. Para o melhor entendimento dessa tipologia de patrimônio, é importante afastar da ideia de patrimônio como

algo estático, como monumentos ou artefatos necessariamente providos de beleza estética e valor histórico de grande reconhecimento público.

A primeira dificuldade ao lidar com o patrimônio cultural da ciência e tecnologia (C&T) é construir a definição do que é e o que o constitui. Esta dificuldade tem origem em vários aspectos, especialmente no contorno da definição do que é “Ciência” e do que é “Tecnologia”, de quais áreas do conhecimento estão inseridas neste campo (GRANATO, 2009; LOURENÇO, 2009; TAUB, 2009). As definições acabam por ser muito abrangentes, já que as divergências no entendimento dos próprios conceitos de "ciência" e “tecnologia” têm como uma de suas consequências a variedade de objetos relacionados a esses termos. Uma vez que se altera a interpretação da "ciência" e da “tecnologia”, altera-se o que se considera seus artefatos e, por conseguinte, os possíveis itens do patrimônio relacionado.

A princípio podem ser considerar os bens culturais aí inseridos como todo o legado compartilhado pela comunidade científica, que seja representativo para a identidade dessa comunidade, importante de ser passado para a próxima geração (GRANATO, 2009). As principais definições sobre esse tipo de patrimônio incluem o aspecto imaterial, isto é, o conhecimento produzido pelo homem, o que se sabe sobre a vida, a natureza e o universo; e os meios materiais utilizados para o alcance desses conhecimentos: as coleções de artefatos e espécimes, assim como os espaços utilizados pelos cientistas (GRANATO, 2009, p.79; LOURENÇO; WILSON, 2013, p.3). Em resumo, nas palavras de Granato:

Em relação ao que constitui patrimônio de C&T, consideramos o conhecimento científico e tecnológico produzido pelo homem, além de todos aqueles objetos (inclusive documentos em suporte papel), coleções (...) que são testemunhos dos processos científicos e do desenvolvimento tecnológico. Também se incluem nesse grande conjunto as construções arquitetônicas produzidas com a funcionalidade de atender às necessidades desses processos e desenvolvimentos (2009, p.78-79).

Lourenço e Wilson (2013, p.3) enumeram aquilo que pode ser incluído na categoria patrimônio científico:

It includes human-made buildings and landscapes of historical significance, such as astronomical and geophysical observatories, meteorological stations, laboratories, and botanical gardens. But it also includes herbaria, fossils, bones, eggs, pollens, wax and teaching models, minerals, rocks, meteorites, scientific instruments of all types, soil samples, animals, plants and seed, tissue and DNA banks, among many others. Scientific heritage is multilayered and it includes scientific heritage of historical value. (LOURENÇO e WILSON, 2013, p.3)11

11

Inclui edifícios feitos pelo homem e espaços de importância histórica, como observatórios astronômicos e geofísicos, estações meteorológicas, laboratórios e jardins botânicos. Mas também

É perceptível que há uma enorme variedade de bens que podem estar inseridos nessa tipologia, alguns de maior representatividade para o ramo da C&T, outros nem tanto. Granato considera a situação do patrimônio cultural de C&T preocupante, e atenta para a necessidade de implementação de “medidas imediatas para a proteção do que resta do patrimônio da ciência e da tecnologia no Brasil” (GRANATO, 2009, p.82), evidenciando que este patrimônio deve estar se perdendo.

Como os objetos de C&T costumam ter uma vida útil muitas vezes efêmera, sob o ponto de vista histórico, eles não são vistos, de forma geral, pelos alunos, cientistas e pesquisadores que os utilizam como portadores de características e de novos valores importantes de serem preservados. No entanto, são muitas as informações que um objeto de C&T é capaz de proporcionar: os materiais que os compõem, as metodologias utilizadas na fabricação, o nível de tecnologia aplicado na sua produção e o que eles são capazes de produzir, o design, a oficina que os produziu, a instituição que os adquiriu, entre outras informações que fazem dele um importante artefato de estudo da história das ciências e da sociedade e da história dos processos científicos.

No Brasil, vê-se que as criações científicas e tecnológicas, assim como os conjuntos científicos, integram a descrição do que constitui o patrimônio cultural brasileiro, inscritos no artigo 216 da Constituição Federal de 1988. A inclusão do patrimônio de C&T na Seção da Cultura da Constituição causa um sentimento dúbio naqueles que se interessam por esses objetos. Se a priori reflete um avanço, pois a maioria dos países sequer cita o patrimônio de C&T em suas cartas magnas, uma leitura apurada da Constituição Brasileira e das Constituições Estaduais mostra que a legislação em torno da questão é limitada e, no âmbito regional, é marcada pela descontinuidade, uma vez que nem todos os estados mencionam esse patrimônio (GRANATO e LOUVAIN, 2013).

Somada a inexistência de um instrumento de proteção adequado, a falta de práticas contínuas que façam valer o que está colocado na lei acaba por corroborar com o comportamento (senso comum) pouco preservacionista dos usuários em geral dos objetos de C&T. Seja os ainda em uso nos laboratórios ou pesquisas de campo das instituições de ensino, centros e institutos de pesquisas, sejam os retirados do uso original.

inclui herbários, fósseis, ossos, ovos, pólen, cera e modelos de ensino, minerais, rochas, meteoritos, instrumentos científicos de todos os tipos, amostras de solo, animais, plantas e bancos de sementes, tecidos e DNA, entre muitos outros. O patrimônio científico é multifacetado e inclui o patrimônio de valor histórico (Tradução dos autores).

No entanto, é reconhecido entre os estudiosos e interessados no patrimônio cultural de C&T que ao longo das últimas três décadas vem aumentando significativamente os olhares voltados aos objetos de C&T (BRENNI, 2007; LOURENÇO e GESSNER, 2012; LOURENÇO, 2009; GRANATO e LOURENÇO, 2009). Segundo Brenni (2007, p.162-163), até a década de 1980 havia grande escassez de fontes secundárias que tratassem do tema de forma acadêmica, sobretudo os artefatos utilizados em laboratórios voltados ao ensino e à pesquisa científica. Apesar de ainda serem escassos os trabalhos e eventos acadêmicos nessa área, o crescente interesse por esse tipo de patrimônio pode ser visto no aumento de publicações e criação de grupos que se voltam a esses objetos:

[...] os instrumentos científicos de interesse histórico passaram a gozar de

um status muito mais importante do que algumas décadas atrás, tanto no seio

da comunidade acadêmica quanto entre os responsáveis pelo patrimônio e junto ao público mais amplo. Estes instrumentos são agora reconhecidos como parte integrante de um patrimônio histórico e cultural insubstituível (BRENNI, 2007, p.176).

Existem coleções de C&T seculares, mas recentemente foi a ampliação das facetas do campo do patrimônio cultural que abriu espaço para uma nova reflexão sobre o que constitui o patrimônio cultural de C&T. Os argumentos que visam o reconhecimento do valor histórico e científico de conjuntos e coleções de objetos de C&T se aproximam do uso da “retórica da perda” (GONÇALVES, 1996), tão utilizada nos primórdios da institucionalização da preservação do patrimônio cultural. E também estão em consonância com os novos discursos do patrimônio, que diversificam o espaço cultural e expandem o que pode ser considerado bem cultural, não precisando se configurar como consenso.

Partindo-se de um universo potencialmente tão vasto, existe a necessidade de critérios de escolha e seleção do que merece ser preservado e/ou musealizado. Apesar de grande parte dos objetos de C&T dotados de valores - seja pela sua importância histórica como contribuintes nos processos e avanços científicos, seja pelas suas características físicas e metodologias de montagem e uso - estar nos institutos de pesquisa e principalmente nas universidades, é nos museus, mais especificamente nos museus de ciências, que ocorrem os debates, as reflexões, e as ações de preservação voltadas ao patrimônio cultural de C&T.

3 ASPECTOS DAS RELAÇÕES ENTRE OS OBJETOS DE C&T E MUSEUS

A relação entre o patrimônio cultural de C&T e as instituições museológicas é antiga e permeada de mudanças e continuidades. Uma vez transformados em objetos museológicos e valorados pelo aspecto histórico, científico e / ou físico, os objetos de C&T passam a ser alvo

de ações específicas ligadas à sua preservação. O papel dos museus é se responsabilizar pela consolidação de significados a partir da preservação e exposição desses objetos.

De modo geral, pode-se afirmar que são poucos os museus voltados para história e proteção de coleções de objetos de C&T. Em artigo voltado ao patrimônio científico português, Lourenço (2010, p.108) indica a falta de “instituições museológicas dedicadas à preservação, valorização e divulgação do equipamento histórico-científico”, o que também acarreta na pouca visibilidade do patrimônio cultural de C&T.

Nos museus ou espaços de memória, os objetos que compõem coleções são continuamente resignificados, a começar, segundo Pomian (1984), pelo gesto inicial de retirá-los da esfera econômica e libertá-retirá-los de seu uso original enquanto objetos comuns, transformando-os em museália. No entanto, é importante visualizar que não ganham nova função estática. Seu valor depende da sua capacidade de funcionar como “semióforos”. Panese (2007) explica que o objeto se torna “semióforo” através de uma série de intervenções realizadas por atores envolvidos com o colecionismo ou trabalhos em museus, e que dotam o objeto de poder simbólico a ponto de “representar o não representável, como, por exemplo, algo que não está aqui (exotismo), algo que não está mais presente (história) ou algo abstrato (epistemologia)” (2007, p.32). Portanto, objetos científicos, mesmo os menos controversos, podem receber nova significação quando transformados, ou seja, transportados do contexto de ciência experimental para outros contextos, e, segundo Panese, isso acontece particularmente nos museus de ciências, pois é nesse ambiente que os objetos de C&T tornam-se “testemunhos de um patrimônio científico e/ou de uma compreensão histórica, social e cultural da fabricação do conhecimento” (2007, p.31).

Para Brenni (2007, p.167) essencialmente dois tipos de museus podem ter coleções significativas desses artefatos: os museus de história das ciências e os museus de ciência e técnica. Esses objetos nos museus tiveram, ao longo dos séculos XIX e boa parte do XX, uso expositivo ligado ou à sua beleza estética ou à sua ligação com grandes cientistas e descobertas, utilizando forte conotação de celebração. No século XIX, apesar das instituições que trabalhavam com acervos de ciência e tecnologia se denominarem “museus”, os objetos que compunham suas coleções muitas vezes eram da atualidade. Jacomy (2007) destaca a relação do Conservatoire National des Arts et Métiers com as grandes exposições universais do século XIX, que geravam peças para as coleções museológicas. A partir da segunda metade deste século, viu-se uma onda de criação de museus técnicos e industriais desencadeada pela Grande Exposição das Indústrias de Todas as Nações, ocorrida em Londres, em 1851.

No século XX houve uma quebra de paradigma quando a tecnologia do mundo contemporâneo apresentou-se como ferramenta e objeto museológico (NASCIMENTO, 2007; BRUNO, 2007; JACOMY, 2007). Bruno (2007, p.44) mostra como essas inovações podem estar interligadas, uma vez que o uso de tecnologias e inovações nos museus traz maior qualidade na interlocução, o que permite abordagem de problemas sociais e questões do cotidiano de forma mais democrática, além de tornar o museu um campo de investimento e capacitação profissional.

O século XXI chegou trazendo estimulo à elaboração de novas formas de produção e divulgação do conhecimento. Cada vez mais as instituições museológicas vêm se mostrando mais atrativas, com uso de animações e outras tecnologias, ampliando seu potencial de diversão e de responder e problematizar questões ligadas ao cotidiano da sociedade contemporânea.

Ao que parece, o objeto original e histórico perde espaço nos novos museu e, especialmente, nos centros de ciência, locais que promovem reflexões sobre a sociedade e que apresentam espetáculos tecnológicos. Sobre isso, Jacomy atenta para o paradoxo existente na apropriação do termo “cultura” desses centros, afinal “foram aqueles que mais rapidamente ‘esqueceram’ o patrimônio e a história” e indaga: “É possível imaginar a cultura sem memória ou uma memória destituída de seu lado tangível, que são os objetos?” (2007, p.23)

A partir da década de 1980, em meio a um cenário de mudanças e avanços dos museus e do reconhecimento e valorização do patrimônio cultural de C&T, vive-se, segundo Brenni (2007, p.169), uma redescoberta de coleções de objetos científicos sob o ponto de vista museológico, paralelamente à modernização dos museus de ciência e técnica, que irá influenciar drasticamente na forma de se expor objetos nesses museus (BRENNI, 2010, p.171).

4 MUSEUS CARIOCAS COM CONJUNTOS DE OBJETOS DE C&T

Uma consulta ao Guia dos Museus Brasileiros mostra que a cidade do Rio de Janeiro apresenta 127 instituições museológicas, 19 delas mencionam possuir acervo de C&T. No entanto, praticamente metade, 9 instituições, são centros de ciência e não possuem objetos científicos de valor histórico, ou trabalham com objetos fora da área científica de interesse do projeto. Dos 10 museus que indicavam ter acervos de C&T, 7 foram visitados e registrados. Ademais, outros 10 museus que não mencionam possuir acervos de C&T no Guia, 6 foram registrados e, também, mais 6 museus que não constam no Guia. Dessa forma, foram visitadas e coletadas informações sobre acervos de objetos de C&T em 19 museus da cidade do Rio de

Janeiro. As informações registradas consideram as ações voltadas especificamente aos conjuntos de objetos de C&T, não abarcando necessariamente todo o acervo museológico da instituição.

Para a análise dos dados optou-se por interpretar as anotações e organizar as informações das fichas de registro em uma tabela síntese. Os campos da ficha de registro utilizados para as análises foram: a “relevância do conjunto”, atribuindo o status institucional, local, regional, nacional e internacional; a “utilização”, considerando de uso museológico aquele conjunto que é usado não só em exposições, mas também em pesquisas, atividades educativas e outras ações museológicas; o uso em exposição para aqueles que ficam permanentemente expostos, não participando de nenhuma outra atividade museológica, e sem uso são aqueles conjuntos de objetos que estão reunidos por atribuição de valores, mas não estão sendo utilizados e trabalhados por enquanto; acrescenta-se também o uso em aulas àqueles conjuntos utilizados para demonstração no ensino; o “estado do inventário”, sendo também considerados inventariados os conjuntos com os mais simples inventários e até listagens que apenas enumerem os objetos; a “documentação associada”, referindo-se a existência de documentos arquivísticos que entraram no museu junto ao objeto, podendo estar organizada, não organizada, ou quando não se sabe da existência deste tipo de documento, considerou-se que não há informação; e por fim, o “estado de conservação” atribuído a todo o conjunto, podendo variar entre bom, regular e ruim. A síntese das informações encontra-se na TAB. 1, a seguir.

TABELA 1 - Síntese das características dos conjuntos de C&T em museus do Rio de Janeiro. Campo

Museus

No de

objetos Relevância Utilização Estado do

Inventário Document. Associada Estado de conserv. Museu da Escola Politécnica 272 Nacional Uso museológ. Inventariado Não há informação Bom e regular Museu de Química Prof. Athos Ramos 1000 Nacional Exposição e aulas Inventariado Não há informação Bom e regular Museu da Geodiversidade (UFF)

55 Nacional Sem uso Não há Não há

Museu Nacional 50 Nacional Sem uso Não há Não há informação Regular / ruim Memorial Carlos Chagas Filho 100 Nacional Uso museológ. Inventariado Não há informação Bom e regular Museu do Microscópio 100 Nacional Exposição

e aulas Inventariado Organizada

Bom e regular Museu

Aeroespacial 100 Nacional

Uso

museológ. Inventariado Organizada

Bom e regular Museu Histórico

do Exército 30 Nacional Exposição Não há

Não há informação Regular Museu da Ilha Fiscal 200 Nacional Exposição e aulas Inventariado Não há informação Bom Museu Militar Conde de Linhares 10 Nacional Uso museológ. Não há Não há informação Bom Museu Cartográfico do Serviço Geográf. do Exército

100 Nacional Exposição Inventariado Não organizada Bom e regular Museu do Laborat. Químico e Farm. do Exército 40 Nacional Sem uso Inventariado Não há informação Bom Museu do Batalhão de Comando e Contr. da Marinha 20 Institucional Sem uso Inventariado Não há informação Bom Museu da

Escola Naval 10 Institucional Exposição Inventariado

Não

organizada Bom

Museu das Tele-comunicações 297 Nacional Uso museológ. Inventariado Não há informação Bom e regular Museu Histórico Nacional 170 Internacional Uso museológ. Inventariado Não há informação Bom e Regular Museu da República 6 Nacional Uso museológ. Inventariado Não há informação Bom Museu do Centro de Inform. Dissem. Informações - IBGE

9 Institucional Exposição Inventariado Não há

informação Bom

Fonte: Fichas de registro do Projeto Valorização do patrimônio de C&T. 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS

5.1 A dimensão dos Conjuntos de objetos de C&T

Nos 19 locais registrados, encontram-se cerca de 5.000 objetos de C&T. Esse total constitui parte significativa de artefatos que compõem conjuntos de C&T em museus brasileiros12. Essa porcentagem é elevada principalmente por aqui se encontrar um dos principais museus de C&T brasileiros, o Museu de Astronomia e Ciências Afins - Mast, que pode ser considerada a instituição que mais se aproximaria de um Museu Nacional de C&T e possui uma coleção de grande dimensão. O Museu de Química Professor Athos da Silveira Ramos e o Museu das Telecomunicações também contribuem com acervos de C&T numerosos.

Uma prática observada por pesquisadores da área refere-se à que muita coisa está sendo descartada, principalmente no meio universitário. Isso justifica que existam mais objetos compondo conjuntos preservados em museus fora da área universitária. Há que se destacar que ainda há muita coisa antiga em uso nas universidades, situação rara nos institutos de pesquisa.

Quanto aos tipos de objetos mais encontrados, não é possível fazer uma análise precisa, pois nem todas as instituições souberam detalhar quais e quantos diferentes instrumentos compõem os conjuntos e coleções, deixando clara a necessidade de estudos mais

12

30% do patrimônio de C&T museológico encontrado pela equipe do Projeto Valorização está nesta cidade.

aprofundados sobre o assunto. De forma estimativa, as áreas mais observadas foram topografia, comunicações, ótica, eletricidade, química, física e astronomia. Quanto à antiguidade, é possível afirmar que há peças do século XIX no Museu da Escola Politécnica, no Mast, no Museu de Química da UFRJ, no Museu do Microscópio e no MHN, onde pode haver até objetos do século XVIII, talvez os mais antigos do Brasil. Ainda que não haja informação para comprovação, certamente há objetos centenários em alguns museus militares e no Museu Nacional.

5.2 A Relevância dos Conjuntos

Os resultados referentes ao quesito “relevância dos conjuntos de objetos de C&T” nos museus do Rio de Janeiro estão apresentados na FIG. 1.

FIGURA 1 - Gráfico apresentando resultados relacionados à relevância das coleções de C&T nos museus da cidade do Rio de Janeiro.

Duas coleções foram consideradas relevantes internacionalmente por possuírem peças raras e muito antigas: a preservada no Mast e a do Museu Histórico Nacional. Treze coleções foram consideradas de relevância nacional: as seis coleções universitárias, onde há conjuntos significativos, com peças de grande valor histórico, que servem de objetos de estudo sobre a evolução científica e tecnológica das áreas a que pertencem, sobre a evolução das técnicas de produção de aparatos científicos e sobre o ensino e a pesquisa acadêmica; cinco coleções militares, onde se destacam as do Museu Aeroespacial e do Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército, com objetos originais de pesquisas pioneiras no Brasil; e a coleção da Ilha Fiscal, com objetos oriundos da Diretoria de Patrimônio Histórico da Marinha, inclusive