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2.2 A produção da habitação e do espaço urbano na cidade de Patos/PB

2.2.1 O PMCMV e o processo de periferização em Patos/PB

Sabemos que a periferia das cidades brasileiras tem se reconfigurado ao adquirir novas formas urbanas e, consequentemente, novos conteúdos. Isso revela, nesse processo, uma fragmentação social e territorial da cidade cada vez maior. Nesse sentido, Maria Encarnação Sposito (2004, p. 125) assevera:

[...] os interesses fundiários e imobiliários são, sem dúvida, os motores principais da extensão da cidade. A lógica de produção do espaço urbano tem sido orientada pela implantação de novos loteamentos e pelo contínuo lançamento de novos produtos imobiliários [...]. Essa lógica tem levado os espaços urbanos a cresceram mais territorialmente do que demográfica ou economicamente, como atesta o crescente número de lotes não edificados, em cidades de diferentes portes. Nesses termos, a cidade é, mais do que nunca, um negócio e, contrariamente, às tendências anteriores, o que se tem na cidade atual é o espaço planejado, resultado da intenção e das estratégias de mercado e não da história.

A partir dessa perspectiva, podemos entender o processo de periferização da cidade de Patos. Constatamos que, antes, a periferia urbana dessa cidade se expandia mais por fatores históricos e demográficos, por exemplo, os movimentos migratórios em direção a essa cidade, que, muitas vezes, aumentaram a parcela da população que produzia suas casas através da autoconstrução ou das práticas políticas segundo os interesses de uma elite fundiária local, que mantinha fortes relações com o campo, mas que, ao mesmo tempo, investia em negócios na cidade50. É fato que o Estado, através da política habitacional e de desenvolvimento regional, também exerceu influência nesse processo, embora a primeira tenha sido quantitativamente menos expressiva, como averiguamos no capítulo 1. Além disso, a especulação imobiliária também já se fazia presente com a manutenção de vazios urbanos nas

áreas centrais e com a constante elevação dos preços imobiliários, situação que observamos durante a pesquisa documental. Entretanto, à medida que se verifica uma intervenção cada vez maior do Estado, que financia o processo de ampliação e reprodução do capital imobiliário, através de programas como o PAC, o PMCMV, entre outros, a cidade de Patos também se transforma em uma cidade-negócio, resultante das intenções e das estratégias do mercado local, regido sob uma lógica nacional. Destaca-se o fato de essa cidade dispor de vastas áreas para expansão urbana, condição favorecida, inicialmente, pelo relevo do município (que se caracteriza por ser ondulado a suavemente ondulado, com declividade média à baixa, exceto nas áreas de ocorrência de inselbergs51 e onde se localizam as serras, cuja declividade é média a elevada52), mas que se concretiza, principalmente, pelo interesse dos proprietários fundiários locais e incorporadores de transformar o uso do solo de antigas fazendas. Constatamos esse fato com a grande quantidade de loteamentos aprovados entre os anos de 2000 e 201053, que antes eram áreas de fazendas contíguas à cidade. Como a demanda na cidade de Patos tem sido bastante alta nos últimos anos, os ganhos imobiliários tanto para os proprietários fundiários quanto, principalmente, para os incorporadores, vêm sendo imediatos, tendo em vista as facilidades de obtenção de crédito e a rápida comercialização dos imóveis ainda “na planta”.

O Mapa 04 (p. 109) e a Figura 09 (p. 110) mostram que a oferta de terras para expansão urbana em Patos continua crescente, ora expandindo ainda mais as áreas já loteadas ora configurando novos eixos de expansão. Essa condição foi reforçada com a aprovação da Lei municipal nº 3.717/2008, que redefiniu os limites de expansão da área urbana de Patos, ampliando-a ainda mais.

51Afloramentos rochosos constituídos de rochas graníticas ou gnáissicas da era geológica pré-cambriana. No Brasil, ocorrem do Nordeste ao Rio Grande do Sul, e sua altura varia entre 150 e 1.000 m. (MARTINS, 2010). 52A topografia do município de Patos revela cotas situadas entre 240 a 580 metros. Esses dados estão disponibilizados em trabalho organizado por Mascarenhas et al (2005) referente a um Projeto de cadastramento de fontes de abastecimento por água subterrânea desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia para o Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios (PRODEEM).

Legenda: Áreas a serem/ou já loteadas na cidade de Patos

Figura 09: Limites da área de expansão urbana da cidade de Patos estabelecidos pela PMP Fonte: Lei nº

3.717/2008 e estudos do Setor de Geoprocessamento da PMP. Imagens: Google Earth, 2014 - Elaboração própria.

Vale ressaltar que essas terras estão concentradas nas mãos de poucos proprietários fundiários locais, que as vendem ou as incorporam na expectativa de valorizá-las com a vinda (mesmo que futura) de estabelecimentos comerciais e de serviços, bem como da infraestrutura urbana54. Também é interessante para o proprietário vendê-las ou incorporá-las, com vistas a atender a uma demanda específica, como a construção de HIS. Se relacionarmos essas duas práticas, teremos parte da resposta para os questionamentos de Martins (2007) sobre a permanência da prática de construção de conjuntos habitacionais sem infraestrutura e longe das áreas centrais, que foi típica do BNH, permaneceu durante toda a década de 1990 e início dos anos 2000 e perdura até os dias atuais com o PAC e o PMCMV.

Trazemos, então, à tona este questionamento levantado por Milton Santos (2012, p. 132): “Pode-se falar, assim, como resultado, num enriquecimento planejado pelos que enriquecem, mas também planejado pelos planejadores do espaço? Nesse caso, poder-se-ia falar, também, num empobrecimento planejado”. Portanto, constatamos a produção de uma periferia bem planejada na cidade de Patos, do ponto de vista do mercado. Uma direcionada para o usufruto das classes de renda média e alta, e a outra destinada à população de baixa

renda. Sobre essas duas periferias, faremos algumas considerações, aprofundando-nos no segundo caso.

Em Patos, ainda não se configurou um eixo de expansão bem definido para a comercialização de habitações voltadas para as classes média e alta. Porém, algumas áreas têm se destacado pela elevação do preço/m² de seus terrenos. A primeira que podemos destacar é o Jardim Redenção, localizada no Bairro Maternidade (sudoeste), na qual houve uma valorização resultante da implantação de um condomínio fechado horizontal – o Villas do Lago (área 01 do mapa 05, p. 113) e da infraestrutura que o seguiu. Concomitantemente, os terrenos e os imóveis do Bairro Novo Horizonte (área 02 do mapa 05) e de seu entorno também tiveram seus preços elevados, resultado dos pretensos investimentos públicos em infraestrutura, mas, principalmente, por ter se constituído como lugar preferencial para a construção de casas passíveis de serem adquiridas com financiamentos da CEF, direcionados para famílias de renda média.

Ressalte-se, contudo, que, no processo mais recente de valorização da terra urbana na cidade de Patos, em que se percebe uma associação entre os massivos investimentos em obras públicas e a localização de novos empreendimentos comerciais, destacam-se as áreas:

a) a norte, como o Distrito Industrial e o Jardim Magnólia (área 03 no mapa 05),

onde tem havido investimentos na construção de habitações financiáveis pela CEF, cujas vendas - a maioria - são realizadas com os imóveis ainda em planta e propagandeadas com a possibilidade de financiamentos com recursos do PMCMV para a faixa 02, além da acessibilidade favorecida por se encontrar à margem da BR-230;

b) a leste/sudeste (áreas 04 e 05 no mapa 05), onde se encontram terrenos

favorecidos pela construção de uma obra realizada com recursos do PAC – a Alça Sudeste - via que liga a BR-230 ao centro da cidade sem, necessariamente, ter-se que passar por dentro dela; pelo anúncio da vinda do primeiro Eco-Shopping da Paraíba (investimentos do Grupo Bollevard), pela expectativa da vinda de um supermercado da Rede Hiper Bom Preço e de estabelecimentos públicos e filiais das principais lojas da cidade, todos a serem construídos nessa área, além da proximidade com o Rodo Shopping, com a BR-230 e com o aeroporto.

Nessas áreas da cidade, bem como nas de mais centralidade, não é interessante para o mercado adquirir terrenos para a construção de habitações populares, posto que a realização de outros tipos de empreendimentos que auferem uma renda fundiária mais elevada é mais rentável o que, por conseguinte, inviabiliza a construção de habitação para a população pobre, já que o preço da terra é muito elevado.

É fato que, nessas localizações, também habita uma população pobre, que sofre com diversos problemas habitacionais, dentre eles, o da coabitação. Contudo, entendemos que a gradual valorização dessas áreas, ao invés de incluir e beneficiar essa população, afasta-a socialmente, visto que os novos consumidores desses espaços chegam impondo padrões e possibilidades de consumo diferenciado. Essas diferenças vão se apresentando de maneira cada vez mais nítida na paisagem. Somadas a isso, estão as condições de acessibilidade e de deslocamento para o consumo de bens e serviços, o que torna a moradia na periferia muito mais dispendiosa para as famílias de baixa renda do que para aquelas cuja renda mensal é mais elevada e que se deslocam predominantemente com transporte individual.

Assim, o que resta à população de baixa renda é a periferia desprovida de infraestrutura e de serviços, que não é distante apenas fisicamente, mas também socialmente.

se localizam.

Fonte: PLHIS. Imagem: PLHIS. Organização: Wilma G. de Lucena

Legenda: Condomínio Villas do Lago Loteamentos no entorno do Novo horizonte Jd. Magnólia e Distrito Industrial Jds. Floresta e novos loteamentos

Alça sudeste e novos loteamentos 1 2 3 4 5

Figura 10: Condomínio Villas do Lago Fonte: skyscrapercity.com

Acesso em fev. de 2014

Figura 11: Loteamento no Bairro Novo

Horizonte. Fonte: site Patosonline.com Acesso em fev. de 2014

Figura 12: Casa à venda no Jd. Magnólia

Fonte: Site Vivaanuncios.com. Acesso em fev.

de 2014.

Figura 13: Casas dos Condomínios Jd.

Floresta. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2013

Figura 14: Outdoor do projeto do EcoShopping

que vai ser construído. Fonte: Pesquisa de Campo, set. de 2013

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problema habitacional, tais como adensamento excessivo, assentamento precário, risco de inundação, entre outros, apresentarem-se em áreas consolidadas e bem servidas ou próximas a elas, a solução mais recorrente para o problema habitacional é “empurrar” as famílias de baixa renda para a periferia, através da construção de conjuntos habitacionais populares nas localidades distantes e precárias da cidade.

Em um mapeamento realizado para subsidiar a elaboração do PLHIS da cidade, foi constatado que, embora as áreas que apresentam sérios problemas de adensamento ou que se caracterizam como assentamentos precários estejam sob o risco de inundação, entre outros problemas, elas estão localizadas em bairros bem servidos de infraestrutura e serviços de saúde, educação, transporte e comércio, exceto, a nordeste, na área do matadouro, a leste (em uma área do Bairro Sete Casas) e no extremo sul, no Alto da Tubiba (Mapa 06, p. 116). Apesar disso, as intervenções para a produção habitacional que atende às famílias dessas localidades as têm levado para áreas bem distantes (Mapa 07, p. 117), interferindo nas condições de deslocamento para o trabalho e para o acesso a serviços básicos, já que, nas áreas-alvo dos projetos, essas condições são escassas.

Nessas áreas, foram construídos alguns conjuntos habitacionais, através de programas como o Pró-moradia, o PAC, um programa que contou com recursos da FUNASA, entre outros. Todos esses conjuntos construídos, destinados a famílias de baixa renda e/ou que moravam em casa de taipa e que estavam cadastradas na PMP, foram entregues com ausência ou com sérios problemas de infraestrutura e/ou de oferta dos serviços básicos, sem contar os problemas apresentados em alguns, no que se refere à estrutura física das unidades55.

No que diz respeito aos conjuntos habitacionais financiados pelo PMCMV para famílias da faixa 01 de renda (0 a 3 s/m), na cidade de Patos, segue-se a lógica de redução de custos com a produção, ou seja, na gestão da obra, com a adesão à modernização dessa etapa e, principalmente, na compra dos terrenos. Assim, esses conjuntos, junto àquelas casas que atendem às famílias da faixa 02 de renda, cujos financiamentos têm se dado de forma individualizada, têm reforçado o processo de periferização. No entanto, como já vimos, para essas duas parcelas da população, que se diferencia por seus rendimentos mensais, morar na periferia pode ter sentidos e efeitos diferentes concernentes à qualidade e aos custos de vida.

55Consultar matéria que se reporta a denúncias sobre a péssima estrutura física das casas doadas pela prefeitura municipal, em convênio com a Funasa. (Consultar suporte eletrônico deste trabalho).

caracterização de assentamento precário e risco de inundação

Legenda: Áreas que apresentam problemas habitacionais.

Atualmente, existem sete conjuntos habitacionais do PCMVM em Patos (Tabela 06), entre os quais um foi entregue, dois estão em fase de execução da obra e os demais em fase de avaliação pela CEF. Todos esses conjuntos se localizam em áreas periféricas da cidade (Figura 15), alguns, inclusive, distanciados da malha urbana. A maior parte dessas áreas não é servida pelas poucas linhas de transporte público existentes na cidade e são distantes dos equipamentos de serviços básicos como saúde e educação.

Figura 15: Localização dos conjuntos habitacionais do PMCM na cidade de Patos – PB. Imagem: Google Earth, 2014. Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Habitação de Patos (SEDEHAB). Elaboração própria.

Tabela 06: Conjuntos habitacionais financiados pelo PMCMV propostos para a cidade de Patos até o ano de 2013

Denominação do conjunto Quantidade de unidades % em relação ao total de domicílios urbanos Situação do projeto Faixa de renda Res. Vista da Serra I 136 0,5 Entregue às famílias 01 Res. Vista da Serra II 109 0,4 Obra em execução 01

S/d* - 1 500 Terreno em negociação 01(entidades) S/d – 2 1.114 Em avaliação pela CEF 01 S/d – 3 500 Em avaliação pela CEF 01 S/d – 4 132 0,5 Seleção de construtora para contratação 02 Total 3.261 11,6 --- ---

Fonte: Prefeitura Municipal de Patos e CEHAP - Elaboração Própria

*Sem denominação. Esse Conjunto ainda não tem uma denominação definida pelo agente promotor. Os Residenciais Vista da Serra I e II estão localizados no Bairro Monte Castelo. O primeiro foi entregue às famílias em agosto de 2013, e o segundo tinha a conclusão da obra prevista para janeiro de 2014, mas, até o mês de abril do referido ano (período de conclusão da pesquisa de campo), a obra ainda não havia sido concluída. O término da obra do Residencial Itatiunga, localizado no Loteamento Várzea de Jurema, às margens da BR-361, estava previsto para abril de 2014, mas também não havia sido concluído até o momento da conclusão deste trabalho56.

Os demais conjuntos seguem sendo avaliados pela CEF, e de acordo com o atual secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e de Habitação de Patos (SEDEHAB), o conjunto habitacional sem denominação 2 (s/d – 2)57 ainda não está

completamente aprovado porque estão sendo revistos alguns detalhes do projeto. O conjunto s/d 4, localizado no Loteamento Cruz da Menina, foge às características dos demais empreendimentos, no que diz respeito ao propositor do projeto e ao público-alvo, pois se trata de um projeto elaborado pela CEHAP, que já tinha o terreno sob sua propriedade, além de ser o único direcionado para famílias de 3 a 6 s/m.

Destacamos aqui a repercussão desses empreendimentos quanto:

a) ao total de unidades a serem construídas, representando 11,6% do total de domicílios urbanos de Patos, contabilizados em 2010. Esse índice é bastante significativo, tendo em vista a taxa de crescimento de domicílios entre os anos de 2000 e 2010, que foi de 20,8% (5.818 unidades), incluindo tanto as habitações de mercado quanto as habitações populares construídas por programas governamentais.

56 Referimo-nos à redação final deste texto.

57Como os projetos de alguns dos conjuntos habitacionais que ainda estão em avaliação pela CEF não têm denominação, optamos por enumerá-los na mesma ordem em que se encontram na Tabela 06.

Considerando o déficit de 4.397 domicílios urbanos, a quantidade de unidades a serem construídas é bastante representativa, contudo, reforça a ideia de que a solução para o problema habitacional é unicamente a construção e a aquisição de novas unidades, em suma, a obtenção da propriedade privada, o que afasta outras possibilidades de lidar com o problema. Há muitas alternativas, já incansavelmente apontadas pelos movimentos sociais e por pesquisadores sobre a questão, por exemplo, o aluguel subsidiado, a assistência técnica para a promoção habitacional por autogestão ou para a compra de materiais de construção, entre outras (ROLNIK e NAKANO, 2009; FERREIRA, 2012; LAGO, 2012), que, associadas à aplicação de instrumentos de regulação e tributação para o uso e a ocupação do solo (SOUZA, 2010; MORAES NETTO e SABOYA, 2010), como os previstos no Estatuto da Cidade, podem contribuir não apenas para o acesso à moradia, como também para oferecer as condições mínimas de habitabilidade e sociabilidade. Em Patos, o recurso para essas alternativas é inviabilizado por diversos motivos, a saber: a não efetivação da legislação local, que se refere à aplicação dos instrumentos do Estatuto da Cidade; o fato de os agentes imobiliários locais (que constituem uma elite fundiária local) influírem nessa legislação; e a necessidade de legitimação de grupos políticos, evidenciada na quantidade de notas divulgadas por meio de divulgação midiática a cada vez que um contrato é assinado ou um empreendimento é entregue58.

b) quanto ao porte dos empreendimentos, cujas dimensões físicas se assemelham muito com os grandes conjuntos habitacionais construídos na época do BNH, principalmente nas grandes cidades, ainda que o PMCMV tenha estabelecido um número máximo de unidades habitacionais por empreendimento – 500 UH - ou a segmentação de condomínios em 250 UHs. Isso ocorre porque as construtoras, ao tentarem viabilizar a racionalização do processo produtivo, com o intuito de reduzir os custos da produção através dos ganhos com produtividade, ampliam as dimensões físicas dos empreendimentos.

Sabemos que a maioria dos conjuntos habitacionais é construída nas áreas periféricas, em muitos casos, distantes da malha urbana e, conseguintemente, desconectadas das principais vias de transporte. Sendo assim, somando-se a essas condições a construção desses conjuntos em grandes terrenos, isso dificulta uma ampliação da diversidade em termos de usos, atividades comerciais, níveis de renda, etc., constituindo espaços homogêneos social e fisicamente que, segundo Ferreira (2012), podemos denominar de espaços monofuncionais.

58Esse meio, além do site da Prefeitura, os jornais locais (preferencialmente os de radiodifusão) e nos sites de notícias locais. Sobre essa questão, ver Mercês (2011) para o caso da implantação de empreendimento pelo PMCMV na região metropolitana de Belém.

Nesse caso, predomina o uso residencial, devido à sequência ininterrupta de casas e quarteirões e à ausência de espaços que, proporcionalmente, possibilitem outros usos. Desse modo, afastam-se as possibilidades de encontro, esvaziam-se as ruas, e o consumo de bens e serviços é realizado em outros lugares. O comércio passa a existir nesses conjuntos, mas não é mais do que pequenos e modestos estabelecimentos, cuja maioria é organizada no próprio espaço da casa (em um dos quartos ou na sala) e surge com a demanda local e com a necessidade de complementar a renda familiar.

Em Patos, tem sido recorrente a implantação de conjuntos habitacionais contíguos, que formam esses espaços homogêneos social e fisicamente, caracterizados pela presença de famílias de mesmo perfil socioeconômico, pelo mesmo padrão construtivo e tamanho das casas e pelo uso predominantemente residencial. Exemplo disso é o Residencial Vista da Serra I (RSV I - 136 UH), que foi construído ao lado de outros dois conjuntos (que somam 271 UH), cujos projetos foram realizados com recursos do PAC e ao lado do qual está sendo construído o Vista da Serra II (RSV II - 109 UH). Há, ainda, a possibilidade de ser proposta a construção do Vista da Serra III59.

Desde 2012, temos acompanhado, através de pesquisas de campo, o dia a dia das famílias que residem nessa localidade e constatado as condições referentes ao transporte público e às atividades de comércio e serviço, o que será aprofundado e explorado no próximo capítulo. É importante ressaltar que, além desse caso, há os demais projetos supracitados que, devido à quantidade de unidades de cada um, podemos inferir que, possivelmente, a lógica de produção será a mesma.