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O Portal de Transparência como instrumento de concretização do direito à

6 CASOS DE APLICABILIDADE DO TAG PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO

6.1 O TAG NA VISÃO DO TCE/SE

6.1.1 O Portal de Transparência como instrumento de concretização do direito à

Decerto, o sistema de informações gera muitas influências na sociedade e, por conseguinte resulta em novos direitos e conflitos, tanto no panorama público, como no privado. O avanço tecnológico, em uma de suas óticas, permitiu a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Dentre elas se destaca a Internet pela Administração Pública, o que possibilita ao cidadão o exercício do direito fundamental do acesso à informação.

O uso dessas tecnologias possibilita uma revolução, visto que os meios digitais permitem que a sociedade atue através de maior fiscalização e controle da atuação da máquina estatal, impondo ao Estado promover a publicidade e a transparência. Neste viés, diante dos diversos avanços tecnológicos e da busca pela concretização do direito fundamental à informação, com fulcro no inciso XXXIII do art. 5º92 da Constituição Federal, foi criada a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regulamente os procedimentos necessários para a tutela do acesso à informação.

A Lei citada, conhecida como LAI (Lei de Acesso à Informação), atribui ao Poder Público o dever de divulgar espontaneamente as informações de interesse coletivo - transparência ativa – e de atender as demandas que são elaboradas pela população - transparência passiva.

Com o escopo de efetivar a transparência passiva, a Lei nº 12.527/11 estabelece a responsabilidade dos órgãos e entidades públicas em criar o Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), dispondo à população o poder de requerer informações de seu interesse.

A LAI dispõe que qualquer interessado poderá solicitar informações, direito também estendido às pessoas jurídicas, concernentes às ações estatais, solicitadas diretamente ao órgão público de interesse, dispensando a apresentação de motivação do pedido ou a finalidade da informação solicitada, restando como exigência a identificação do requerente e a especificação da informação requerida (art. 10º da LAI93). A mesma lei, em seu art. 10º, § 2º94, trata da

obrigatoriedade implantar meios de encaminhamento de pedidos, através de sites na Internet, que resulta na maior agilidade e economicidade do processo de requerimento de informações.

92 Art. 5º [...] XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou

de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

93 Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos

no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a

especificação da informação requerida. § 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identificação do

requerente não pode conter exigências que inviabilizem a solicitação.

94 § 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de

A solicitação destas informações não abrange aquelas definidas como sigilosas e, podem ser requeridas perante o Governo Federal, o Estadual e o Municipal, bem como a qualquer órgão público que integre um dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário).

A LAI alterou o panorama anterior do Brasil, fixando como regra a cultura do acesso, sendo o sigilo a exceção, ou seja, a lei instaura uma administração aberta. O seu art. 3º, I, diz que os procedimentos devem respeitar a publicidade como fundamento geral e o sigilo como exceção. Nesse contexto, o artigo 6º da Lei 12.527/11 prevê que “Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação; [...]” (BRASIL, 2011). Ademais, de que adianta assegurar o acesso à informação, sem a compreensão do que ali se encontra? Nesta lógica, o Estado deve garantir que a informação seja disposta de forma clara e em linguagem de fácil apreensão, consubstanciando-se num dever do Estado para com a cidadania.

De fato, os novos meios de tecnologia informativa colaboram para a concretização da lei e “[...] embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão penetrante em toda a estrutura social” (CASTELLS, 2000, p. 497).

No Brasil, foram elaboradas, anteriormente à LAI, outras leis para assegurar direitos ou deveres relativos à transparência, criando, deste modo, uma nova cultura. Como exemplo pode- se citar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)95 que instituiu normas rígidas para controlar a gestão dos recursos públicos e, também, para fortalecer a transparência das finanças estatais (HOMERCHER, 2011, s/n).

Vale citar, em acréscimo, que a Lei Complementar nº 131, editada em 27 de maio de 2009, conhecida como a Lei da Transparência, adicionou dispositivos à Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). A referida LC foi criada com o objetivo de garantir o fornecimento, em tempo real, de informações detalhadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, através da implementação de requisitos e prazos para implantação de todos os critérios da aludida Lei e, em caso de descumprimento da divulgação das informações os Estados e Municípios ficarão impedidos de receber verbas públicas pela União (transferências voluntárias).

Diante desses aspectos, potencializa-se a relevância da transparência na gestão pública, seja por meio da LAI, seja através dos Portais de Transparência. É dizer: possibilitar

concretamente a disseminação de informações da gestão pública, que é de interesse da coletividade, fortalece o direito do saber, próprio das democracias consolidadas. Tal disseminação presume a implementação de investimentos em tecnologia e em treinamento de pessoal, além da adoção de diversos meios modificadores da própria cultura da prestação estatal.

A lei confere ao poder estatal caráter democrático, possibilitando igualdade entre os sujeitos que originalmente eram vistos como desiguais. O acesso à informação e à transparência são definidos também como direitos humanos fundamentais, uma vez que há um direito básico de entender, de ser informado acerca do que o governo está realizando e o porquê dessa ação.

Posto isso, arrisca-se afirmar que a gestão pautada na transparência tem como essenciais critérios o acesso às informações de fácil compreensão para todo cidadão e, consequentemente, a ampliação de sua participação na atuação da máquina estatal, fomentando o controle social. O acesso à informação de ordem pública é um direito universal, pois, com as devidas ressalvas, toda informação funcional do Estado é pública, e seu acesso é substancial para a efetivação da democracia.

Neste contexto, difundir a informação ocasiona uma transformação social, culminando, inclusive, numa transformação comportamental, tanto individual quanto coletiva. Neste prisma, informar também é educar. É mediar a informação que promova a disseminação do entendimento acerca de um tema específico, auxiliando a conscientização social, política e/ou econômica.

Outro aspecto, de não somenos importância e recorrente, entre os Termos de Ajustamento de Gestão firmados, em especial, no Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, é o direito fundamental à educação, na medida em que este possibilita um regime de desenvolvimento individual próprio à condição humana. Além dessa concepção individual, o direito à educação, deve ser observado como uma política educacional, sob o aspecto coletivo, por meio de ações afirmativas do Estado, o qual deve dispor de mecanismos à população com a finalidade de concretizar tais objetivos, conforme será tratado a seguir.