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A POLÍTICA LINGUISTICA: HISTÓRICO, CONCEITOS E REFLEXÕES

1.1 O que entendemos por política linguística?

A Política Linguística (doravante PL) é um campo tanto de ação política como de pesquisa científica, que se foi formando ao longo de décadas, e começou a ser identificado como autônomo a partir dos anos 1960. Conhecer seu percurso histórico pode ajudar no entendimento da formação dele e colaborar para fazer nossas próprias escolhas e reconhecer a inserção da nossa pesquisa num marco maior, como pretendemos. Seguindo o trabalho de Ricento (2000), podemos chegar a algumas definições de utilidade para nossa tarefa. Nesse trabalho identificam-se os fatores macrossociopolíticos, epistemológicos, e estratégicos que foram influenciando o tipo de perguntas formuladas, as metodologias que as acompanharam e as metas almejadas por corrente dentro do campo.

Os fatores macrossociopolíticos têm a ver com temas tais como a formação e/ou desintegração ou anexação de Estados Nacionais, o reordenamento geopolítico da pós-guerra e a divisão entre Ocidente, Oriente e o Terceiro Mundo; a emergência de blocos supranacionais como a União Europeia, o Mercosul, BRICS ; e temas como as diásporas e os fluxos migratórios.

Os fatores epistemológicos fazem referência aos paradigmas de conhecimento e pesquisa concorrentes e/ou dominantes em cada período, região e área do conhecimento: Estruturalismo vs. Pós-Modernismo nas Ciências Humanas e Sociais, Teoria da escolha racional vs. Neo marxismo na Ciência Política, ou Keynesianismo vs. Neo Liberalismo na Economia.

Os fatores estratégicos têm a ver com os fins e as motivações das pesquisas, as razões pelas quais se avança com elas. Estes podem ser explícitos ou não, mas orientam ações tais como a geração e difusão de dados que justificam uma determinada política, ou pesquisar os problemas das minorias, tanto de grupos subalternizados como das élites, com o propósito implícito de influir na política pública educacional. Neste ponto coincidimos com o autor (Ricento, 2000) em que não existe pesquisa desligada de objetivos estratégicos; ou, nas palavras de Cibulka

(1995), “o limite entre pesquisa política e discussão política é o fio de uma navalha”. No mesmo texto, Ricento consegue identificar três fases nessa construção: a primeira começa depois da II Guerra Mundial até os anos 1970, coincidindo com a última etapa da descolonização e emergência de novos Estados (Marrocos, Tunísia, Costa de Marfim, Líbia, entre outros na África, o Israel, a Índia, Indonésia, Malásia entre alguns Asiáticos, Jamaica no Caribe), o auge do paradigma estruturalista nas ciências sociais e a crença que os problemas das línguas poderiam ser resolvidos usando a planificação. A construção de novos Estados foi vista como um grande laboratório de operações para os novos sociolinguistas, que focaram seus estudos nas tipologias e na planificação linguística, produzindo vários modelos explicativos. Muita da sua tarefa esteve orientada à seleção de uma língua visando a modernização dentro dos parâmetros ocidentais, para a construção de certa homogeneidade, condição para a unidade dentro dos novos territórios independentes. Nesta perspectiva, “a diversidade linguística apresentava obstáculos para o desenvolvimento, enquanto a homogeneidade estava associada com a modernização e a ocidentalização” (Ricento, op. cit: 198), crença herdada do Século XIX quando se estabeleceu o modelo de uma nação/uma língua. Os planificadores não enxergavam sua prática como politicamente comprometida ou interessada, entendiam que estava guiada pela eficiência e a busca de objetivos pragmáticos que, finalmente, motivaram diversas críticas, as vezes de cunho técnico sobre a ineficácia de alguma das fórmulas implementadas e a falta de sustento de algumas categorias, e as mais firmes ligadas à anistoricidade com que era tratada a linguagem, e como trataram ou ignoraram questões como as identidades, a estrutura socioeconômica e as desigualdades. Estes últimos tópicos foram centrais para os teóricos da segunda etapa.

A segunda fase, que começa nos anos 1970 até finais de 1980, desenvolveu- se num marco de descrença nos valores da modernidade tal e como tinha sido apresentada até o momento, onde vários dos seus princípios “universais” tinham fracassado ou em alguns casos foram fonte, como identificara a sociolinguística crítica, de novas desigualdades. Criticaram-se como não neutras e ligadas a interesses não explícitos as ações de planificação linguística, aparecendo como tema a ideologia. Foram questionadas noções como “língua mãe”, “falante nativo”,

“competência linguística” e principalmente atacou-se o pensamento positivista com que era identificada a fase anterior. A linguagem então, considerou-se como prática social, focando os estudos nos seus efeitos sociais, econômicos e políticos. A língua como estrutura já não foi objeto de estudo, mas as comunidades que a falam. Durante este período o que emergiu com força foi a complexidade da linguagem, tão complexa como as sociedades que a utilizam, e a percepção de que as estruturas socioeconômicas influem nas crenças e atitudes linguísticas.

A terceira fase, que chega até hoje e que continua a se configurar, nasce da nova ordem mundial, a última globalização, da difusão do Pós-Modernismo. Estrategicamente alguns dos seus protagonistas são responsáveis pela formulação dos direitos humanos linguísticos.

O contexto político de questionamento firme da noção de estado-nação como par indissolúvel, e agora visto como tensão (APPADURAI, 2004), as diásporas e migrações várias, a descomposição de estados multinacionais (e de fato multilíngues), o mundo tecnologicamente ligado e consequentemente o impacto no par espaço-tempo, trazem novos tópicos e preocupações ao campo da PL. Algumas delas são a desaparição acelerada de muitas línguas e a difusão global do inglês como língua franca. O papel da ideologia é central para esta orientação, e é analisado operando em diversas políticas implementadas, em diferentes âmbitos (como o escolar, a mídia, a justiça) e em diferentes contextos nacionais. Se reconhece que opera não somente nas políticas linguísticas mas também nas interpretações que delas se fazem, como seus resultados são apresentados e influenciam as futuras ações.

Junto com o valor que atribui à ideologia guiando a PL, aparecem outras noções que não mereceram devida atenção em outras perspectivas, como a de hegemonia e reprodução social e cultural. Assim é como em alguns trabalhos apresenta-se a linguagem como instrumento de dominação cultural e gerador de desigualdades. O chamado “reprodutivismo” motivou algumas críticas, por ter subvalorizado o papel de agência que os atores têm e sua capacidade de resistência.

O novo paradigma, a “ecologia da linguagem” vai promover “a diversidade linguística, o multilinguismo e garantir os direitos humanos linguísticos para todos os

falantes do mundo” (PHILIPSON, em RICENTO). As críticas recebidas vão no sentido de certo olhar utópico, e também que, a partir da importância brindada a conceitos como conflito, dominação, etc. aproximaram a linguística ao campo das ciências sociais, o que iria contra os esforços feitos para desenvolver uma ciência autônoma. A influência das teorias pós-modernas e a análise do discurso demonstraram que o material e o cultural acham-se ligados de maneiras imprevisiveis, que não podem ser ignorados, e os pressupostos tradicionais da PL17 não são suficientes para dar conta desses processos. Nessa linha, Blommaert e Rampton (2011: 4) falam que:

Para compreendermos a introvisão sobre a transformação social que os fenômenos comunicativos podem nos oferecer, é essencial abordá-los com uma caixa adequada de ferramentas, reconhecendo que o vocabulário tradicional da análise linguística não é mais suficiente (BLOMMAERT e RAMPTON, 2011:4)

A análise dialógica do discurso (ADD) inspirada nas ideias do Circulo do Bakhtin, tem sido uma das ferramentas dessa caixa, que concebe a língua como

“assim como, para observar o processo de combustão, convém colocar o corpo no meio atmosférico, da mesma forma, para observar o fenômeno da linguagem, é preciso situar os sujeitos - emissor e receptor do som - bem como o próprio som, no meio social”. (BAKHTIN,1988:70).

Neste trabalho assumimos também essa perspectiva sobre a língua e a ordem metodológica que o acompanha que propõe começar a analisar os fenômenos linguísticos em ligação com as condições concretas em que se realizam as interações verbais.

Tendo apresentado as questões salientes da política linguística dos últimos anos, que resumimos no quadro 3, resta olhar para as questões mais recentes que servem para continuar moldando o campo da PL.

17 A abordagem racional e científica dos “problemas linguísticos” da primeira fase histórica da Política Linguística caracteriza-se pela neutralidade afetiva, pela especificidade das metas e soluções, pelo universalismo, pela ênfase na eficácia e pelo estabelecimento de objetivos de longo prazo (NEUSTUPNÝ, 1974, p. 38). Desde esta perspectiva a PL ocupa-se dos “problemas linguísticos” das comunidades de forma objetiva e neutra.

Ricento (2000: 208) aponta em primeiro lugar que a PL é um subcampo da Sociolinguística, e em segundo o conceito chave que parece separar as tendências de corte positivista/tecnicista das críticas/pós-modernas: “agência”, entendida esta como “o papel dos indivíduos e das coletividades no processo de uso da linguagem, atitudes e finalmente políticas” e acrescenta uma pergunta que ainda fica sem responder:

Por que os indivíduos escolhem usar (ou deixar de usar) determinadas línguas e variedades para funções específicas em diferentes domínios, e como essas escolhas influenciam - e são influenciadas por- a toma de decisões sobre políticas linguísticas institucionais (locais, nacionais e supranacionais)? (RICENTO, 2000: 208)

Para ele, a resposta chegará quando os níveis micro e macro (as sociolinguísticas da linguagem e da sociedade) sejam integrados em novas pesquisas e num novo marco teórico.

Chegando neste ponto resulta de utilidade apresentar as noções que Bernard Spolsky (2004) trabalha sobre Políticas e Planejamento Linguísticos. Primeiramente, em linha com o paradigma ecológico, traz de Voegelin and Voegelin (1964) uma definição importante: “em ecologia linguística, não começamos com uma linguagem em particular, mas com uma área em particular”18. Dessa maneira marca uma diferença com paradigmas anteriores, introduzindo um olhar mais abrangente, que incorpora fatores como os socioeconômicos e políticos. Estes dois últimos são os que ajudam a determinar essa área, conduzindo nosso olhar até problemas de importância social nos quais a linguagem tem participação e protagonismo. Fazendo uso do conceito de “risco ecológico” como metáfora para falar da perda de variedades linguísticas como se fossem “espécies” leva a dizer que “São as mudanças na sociedade que afetam a diversidade linguística, então são as políticas sociais mais do que as políticas linguísticas o que se necessita para mantê-la”19 (SPOLSKY, 2004: 7).

É importante definir também alguns conceitos, que utilizaremos seguindo a Spolsky (2004). Em princípio identificar os componentes de uma PL para uma 18 ‘‘in linguistic ecology, one begins not with a particular language but with a particular area.” SPOLSKY, B. Language Policy, Cambridge University Press, Cambridge, UK. 2004.p. 7

19“It is changes in society that affect linguistic diversity, so that it is social policy rather than language policy that is needed to maintain it.” Idem. p;5

comunidade de fala20:

suas práticas de linguagem- o padrão habitual de seleção entre as variedades que formam seu repertório linguístico;

suas crenças ou ideologias sobre a linguagem – as crenças sobre a linguagem e seu uso; e

• qualquer esforço específico para modificar ou influenciar essa prática mediante qualquer tipo de intervenção, planejamento ou

gestão linguística.21 (SPOLSKY, 2004: 5)(grifo nosso) Spolsky entende as práticas de linguagem como

a soma de escolhas gramaticais, de sons e palavras que faz um falante individual, às vezes conscientemente e às vezes inconscientemente, que formam o padrão despercebido convencional de uma variedade de uma língua22 (SPOLSKY, 2004: 9)

e as crenças ou ideologias sobre a linguagem como ”o consenso de uma comunidade de fala sobre que valor aplicar a cada variedade de língua ou chamada variedade de língua que formam seu repertório”23

No mesmo texto ele vai preferir chamar “gestão da língua” (language management) aos esforços por influir numa língua dirigidos por uma pessoa, grupo ou instituição

A gestão da língua refere-se à formulação e proclamação de um plano ou política explícitos, geralmente mas não necessariamente escritos num documento formal, sobre o uso da língua. Como veremos, a existência dessa política explícita não garante que será implementada, nem que a implementação garanta sucesso.24

É fundamental compreender que estudar qualquer um desses componentes isolados vai proporcionar sempre uma visão incompleta do nosso objeto.

Além dos componentes mencionados, outras noções são essenciais na teoria 20 Entendemos com Spolsky que uma comunidade de fala é “qualquer grupo de pessoas que compartilha um conjunto de práticas e crenças linguísticas” Idem p.8

21 “… the three components of the language policy of a speech community: its language practices – the habitual pattern of selecting among the varieties that make up its linguistic repertoire; its language beliefs or ideology – the beliefs about language and language use; and any specific efforts to modify or influence that practice by any kind of language intervention, planning, or management.” Idem p. 5 22 “the sum of the sound, word and grammatical choices that an individual speaker makes, some- times consciously and sometimes less consciously, that makes up the conventional unmarked pattern of a variety of a language.” Idem p. 9

23 “a speech community’s consensus on what value to apply to each of the language variables or named language varieties that make up its repertoire”. p. 14

24 “Language management refers to the formulation and proclamation of an explicit plan or policy, usually but not necessarily written in a formal document, about language use. As we will see, the existence of such an explicit policy does not guarantee that it will be implemented and, nor does implementation guarantee success.” p. 11

da PL, já que “a política linguística abrange não somente às chamadas variedades de uma língua, mas também todos os elementos individuais em todos os níveis que formam a língua25

Isto quer dizer que atende não somente as grandes questões gramaticais e lexicais, por exemplo, mas outras como o que é considerado correto ou não, adequado, linguagem ordinária, obscenidades e outros elementos que têm a ver com as atitudes para com a língua, e pode atingir a variedades reconhecidas ou não reconhecidas ou marginais. Em soma, não trata somente das intervenções explícitas e oficiais, vai mais no fundo. Uma outra noção a considerar é que “a política linguística opera dentro de uma comunidade de fala, qualquer seja seu tamanho”26, o que ajudará a definir as unidades que estudamos. Pode ser que nossa decisão seja partir do estudo de uma família, grupo de trabalho ou uma escola, assim como de uma cidade ou instituição maior. É porque, lembremos, nos centramos nas comunidades e o que fazem com a linguagem, e não em aspectos abstratos e particulares da língua.

Mais um elemento a mencionar é que “a política linguística funciona numa complexa relação ecológica entre uma amplia gama de elementos, variáveis e factores linguísticos e não linguísticos. A relação bem pode ser causal, mas isso é habitualmente difícil de estabelecer27. (SPOLSKY, 2004: 41)

Aqui a metáfora do ecossistema revela sua utilidade para os estudos em política linguística, lembrando que dificilmente as relações apontadas como causais dependam de um fator só, e que deveríamos considerar toda explicação desse tipo como provisória e (ou) sujeita a modificação tanto por novos descobrimentos como pela entrada de outros fatores no “ecossistema”. Para fazer essa transição teórica entre focar em aspectos particulares das línguas ou suas variedades para nos focar nas formações sociais Spolsky recolhe de Fishman a noção de domínio como “contextos sociolinguísticos definíveis para qualquer sociedade dada por três

25 “language policy is concerned not just with named varieties of language, but with all the individual elements at all levels that make up language.” p. 40

26“The third fundamental notion is that language policy operates within a speech community, of whatever size”. p. 40

27“[...]is that language policy functions in a complex ecological relationship among a wide range of linguistic and non-linguistic elements, variables and factors. The relationship may well be causal, but that will often prove hard to establish.” p. 41

dimensões significativas: a localização, os participantes e o tópico.”28 (SPOLSKY, 2004: 42). Assim, o foco coloca-se prioritariamente nas famílias como grupo mínimo, e a partir dali é possível estabelecer uma grande quantidade de relações com outros domínios maiores e intermediários como a escola, igreja, o espaço de trabalho, o governo comunal e o nacional, facilitando o andamento das pesquisas. Um dos mais importantes domínios onde opera a PL é a escola, tema que trataremos especificamente adiante.

Considerados os componentes e a definição dos domínios da PL segundo Bernard Spolsky, é de utilidade avançar numa delimitação do campo da Política Linguística. Johnson (2013), depois de fazer um percorrido pelas diferentes definições que nas últimas décadas têm se elaborado no campo, sintetizou uma que até hoje e no nosso entender, resulta satisfatória:

Uma política linguística é um mecanismo político que impacta na estrutura, função, uso ou aquisição da linguagem e inclui:

1. Regulações oficiais – habitualmente na forma de documentos escritos, visando efetivar alguma mudança na forma, função, uso, ou aquisição da linguagem – que podem influenciar a oportunidade econômica, política e educacional;

2. Mecanismos não oficiais, encobertos, de fato e implícitos, ligados a crenças sobre a linguagem e práticas, que têm poder regulatório sobre o uso e interação de e com a linguagem ao interior das comunidades, espaços de trabalho e escolas;

3. Não somente produtos mas processos [“fazer política”] que são conduzidos por uma diversidade de agentes de política linguística através de múltiplas camadas de criação, interpretação, apropriação e instanciação políticas;

4. Textos e discursos políticos que atravessam múltiplos contextos e níveis de atividade política, que são influenciados pelas ideologias e discursos exclusivos desse contexto.29 (JOHNSON, 2013: 9)

O próprio Johnson adverte sobre a possibilidade de ampliar a definição tanto ao ponto de considerar que todo tipo de pesquisa sociolinguística que trate das 28 “Domains, Fishman argued, are sociolinguistic contexts definable for any given society by three significant dimensions: the location, the participants and the topic.” p. 42

29 “A language policy is a policy mechanism that impacts the structure, function, use, or acquisition of language and includes: 1. Official regulations – often enacted in the form of written documents, intended to effect some change in the form, function, use, or acquisition of language – which can influence economic, political, and educational opportunity; 2. Unofficial, covert, de facto, and implicit mechanisms, connected to language beliefs and practices, that have regulating power over language use and interaction within communities, workplaces, and schools; 3. Not just products but processes – “policy” as a verb, not a noun - that are driven by a diversity of language policy agents across multiple layers of policy creation, interpretation, appropriation, and instantiation; 4. Policy texts and discourses across multiple contexts and layers of policy activity, which are influenced by the ideologies and discourses unique to that context.”

atitudes e praticas de linguagem fala de PL, o que inverteria a pregunta para o quê não é uma política linguística?

Considerando ponto por ponto, o primeiro é o mais evidente. O mais clássico dos exemplos está dado pela menção nas Constituições nacionais da adoção de uma língua como oficial. Outras regulamentações, como as que colocam como requisito para o “ingresso em cursos de graduação e em programas de pós- graduação, bem como para validação de diplomas de profissionais estrangeiros que pretendem trabalhar no país”30 a demonstração de proficiência na língua nacional através de um exame oficial, ou o estabelecimento das línguas de trabalho de órgãos supranacionais como Nações Unidas, União Europeia ou Mercosul, são exemplos que resultam óbvios.

O segundo ponto resulta, por sua natureza, menos transparente. Regulações intra-familiares sobre certas palavras que se consideram inapropriadas, sempre ou quando alguém mais velho se encontra presente (Não diga essa palavra na mesa! Não repita esse palavrão na frente do avó!); palavras escolhidas para nomear coisas ou conceitos que circulam ao interior de certos círculos sociais e (ou) laborais que marcam pertença ao grupo; padronização de informes, relatórios e qualquer tipo de comunicação escrita que se transmite entre colegas sem manuais de normas; tratamentos que recebe a autoridade e que se aprendem imitando aos outros (a professora é “tia” “professora” ou pode ser chamada pelo seu nome dependendo de se estamos na escola ou na Universidade); todos exemplos das regulações