A partir da década de 1980, houve uma expansão de empreendimentos solidários no
Brasil nascidos principalmente no âmbito de movimentos populares. Contudo, em 2002 com a
criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, o governo federal passa a
investir de forma significativa nas iniciativas de Economia Solidária.
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Em Mato Grosso do Sul, a formação das Redes de Economia Solidária teve impulso
no início de 2004 através das atividades promovidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego
que, por meio da Delegacia Regional do Trabalho – DRT, em parceria com o Governo do
Estado de Mato Grosso do Sul, na gestão do governador Zeca do PT (1999-2006) e motivada
também por instituições diversas voltadas ao fomento da Economia Solidária. Foram
desenvolvidas campanhas que incentivaram o crescimento dos primeiros movimentos de
Economia Solidária em vários municípios do estado.
A organização da Economia Solidária em Mato Grosso do Sul é fruto de uma
campanha nacional realizada pela Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, que
incluía além de um informativo e plano de ação da SENAES, folders, cartazes e cartilhas que
foram distribuídos às Prefeituras de todo o Estado.
A partir daí, a Delegacia Regional do Trabalho passa a assumir no Estado o papel de
articuladora, elaboradora e executora de projetos e políticas de Economia Solidária em Mato
Grosso do Sul, em razão de sua ligação com o governo federal.
Dentre as ações políticas para o desenvolvimento do estado e combate ao desemprego,
o governo de Mato Grosso do Sul cria em 2003 a Fundação do Trabalho do Governo do
Estado de MS – FUNTRAB, através do Decreto nº 11.082, de 28 de janeiro de 2003, que tem
como finalidade “[...] planejar, coordenar e executar atividades de geração de emprego,
intermediação de mão-de-obra, orientação trabalhista e formação para o trabalho e de
qualificação profissional.”
2O decreto estabelece a estrutura administrativa da FUNTRAB que, dentre seus órgãos
e unidades administrativas, possui a Coordenadoria de Economia Solidária. De acordo com
esta legislação, a Coordenadoria tem a responsabilidade não somente de apoiar as iniciativas
de Economia Solidária, mas de promover no âmbito público seu pleno desenvolvimento e
gerar os meios para seu crescimento no estado de MS.
Art. 14. À Coordenadoria de Economia Solidária compete:
I - promover a política de economia solidária no Estado de Mato Grosso do
Sul, baseada na organização da autogestão, da democracia, da participação,
do igualitarismo, da cooperação, da auto-sustentação, do desenvolvimento
humano e da responsabilidade social;
II - apoiar a organização de empreendimentos solidários, como cooperativas
ou associações, assessorando e acompanhando grupos populares;
III - organizar forte capital social local que garanta capacidade endógena de
promoção do desenvolvimento econômico local;
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IV - articular-se com redes de parcerias entre organizações governamentais e
não-governamentais, para a implementação das políticas de: planejamento,
desenvolvimento econômico, indústria, comércio, agricultura e outras;
V - criar fóruns permanentes de debates sobre desenvolvimento local;
VI - manter intercâmbio com instituições de apoio em organizações públicas
e privadas que dão assistência nas áreas de marketing, técnico-operacional,
gerenciamento, financeira, e para o sistema de cooperação e programas com
a presença de organismos voltados para o estímulo à exportação;
VII - promover formação e qualificação profissional, com cursos para a
gestão de empreendimentos, gestão de crédito, gestão de mercado, novas
tecnologias, novos produtos e serviços;
VIII - realizar estudos de mercados e planos de negócios para a inserção dos
produtos em novos mercados em condições econômicas favoráveis;
IX - estabelecer parceria com organizações populares de créditos e
cooperativas de créditos, para financiamento de empreendimentos solidários;
X - fortalecer o conceito do desenvolvimento sustentável como um processo
de melhoria da qualidade de vida de toda a população, que compatibiliza o
crescimento econômico, a conservação dos recursos naturais e a igualdade
social, no curto e longo prazos;
XI - estabelecer fortes laços de cooperação entre os agentes locais, para
apoio e manutenção dos projetos.
3Como resultado da criação e funcionamento da FUNTRAB, muitas atividades voltadas
para a Economia Solidária foram realizadas no estado de MS, como encontros e cursos que
estimularam a criação da primeira Equipe Gestora Estadual – EGE do Programa Economia
Solidária em Desenvolvimento instituída
[...] a partir do levantamento de parcerias institucionais e integrada pela
DRT, Universidade Católica Dom Bosco, Coordenadoria de Economia
Solidária da Fundação do Trabalho/Governo do Estado de MS, Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Central Única dos
Trabalhadores (CUT). (SÁ 2005, p. 29)
A importância da criação da Equipe Gestora Estadual – EGD para a Economia
Solidária no estado de Mato Grosso do Sul é percebida pelas mobilizações que esta equipe
promoveu em favor dos empreendimentos solidários e para divulgá-los junto à sociedade
pouco conhecedora do que era a Economia Solidária.
A EGE teve papel significativo na construção do Seminário Estadual em 2004 que,
posteriormente, culminou no I Encontro Estadual de Empreendimentos Solidários, ocorrido
nos dias 5 e 6 de junho de 2004.
De acordo com Sá, neste I Encontro Estadual de Empreendimentos Solidários
realizou-se, através de questionários, o primeiro levantamento sobre o perfil das
empreendedoras e empreendedores solidários no estado. Nesta ocasião, também se fez um
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mapeamento dos empreendimentos da Economia Solidária, beneficiando a rede de
informações para a SENAES bem como favoreceu os processos de formulação de políticas
públicas discutidas entre gestoras e gestores. No ano de 2004, “[...] foram registrados
inicialmente cerca de cento e sessenta e sete empreendimentos com as características comuns
à economia solidária, definidos em Termo de Referência pela SENAES.” (SÁ, 2005, p. 29)
Ainda que em muitos municípios as iniciativas de Economia Solidária tenham surgido
antes da organização sistemática no âmbito do governo estadual, percebemos que a partir do
ano de 2004, quando as diretrizes políticas voltam-se para apoiar as Redes de Economia
Solidária, os empreendimentos beneficiam-se com um novo impulso dado às suas ações.
No documento
TECENDO A IGUALDADE: REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E TRABALHO NA REDE DE ECONOMIA SOLIDÁRIA EM DOURADOS-MS (2000-2008)
(páginas 119-122)