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Objetivos

No documento Luxação patelar em cães (páginas 88-101)

CAPÍTULO 2 – Casos Clínicos

6. Objetivos

Na presente dissertação, foi realizado um estudo comparativo com a bibliografia de 11 casos clínicos de LP em cães atendidos no HVBV. O seu objetivo consistiu em avaliar as caraterísticas individuais dos animais amostrados com as referidas em estudos anteriormente publicados, como a idade à cirurgia, peso corporal, raça, sexo, caracterização da LP (direção, tipo e grau); se existe RLCCr concomitante; quais as técnicas cirúrgicas utilizadas, complicações pós-cirúrgicas e resultados aquando a consulta de controlo. Também irei descrever detalhadamente 5 casos clínicos que acompanhei.

7. Casos Clínicos 7.1 Caso clínico Nº1 • Identificação Animal 73% Outras Cirurgias Ortopédicas 6% LPL 21% LPM 27% LP

Gráfico 1: Distribuição dos casos clínicos ortopédicos submetidos a cirurgia durante o período de estágio no HVBV.

70 O Balli é um cão macho inteiro da raça Bulldog Francês com 1 ano e 3 meses de idade e 10,9Kg quando se apresentou à consulta.

• Anamnese

Os tutores notaram que o Balli começou a claudicar do MPE há cerca de 6 meses atrás e foi consultado por outro colega onde realizaram uma radiografia mediolateral, contudo não foram identificadas lesões que explicassem a claudicação. Iniciou AINES e melhorou. Nas duas semanas anteriores à consulta no HVBV, para consulta de segunda opinião, voltou a claudicar ocasionalmente. Os tutores não referem a existência de um episódio de trauma associado.

O Balli apresentava as vacinas atualizadas e estava desparasitado corretamente tanto interna como externamente. A sua dieta era constituída por ração seca e ocasionalmente latas com comida húmida, vivia dentro de casa, sem outros coabitantes animais, e tinha acesso ao exterior por vezes, sem trela. Sem ser o episódio de claudicação há 6 meses, o Balli não apresentava passado médico nem cirúrgico relevante.

• Exame Clínico

O Balli apresentava um estado mental normal e temperamento nervoso/assustado. O exame de estado geral não revelou alterações dignas de registo.

No exame ortopédico, durante a marcha, o Balli apresentava uma claudicação do MPE de grau 1/4. Verificou-se uma atrofia

muscular neste membro e com compressão manual a patela luxava

medialmente com presença de

alguma crepitação, voltando para o sulco troclear quando se realizava extensão/flexão do membro. A realização do teste da gaveta não foi conclusiva pois os tutores não autorizaram a realização deste exame sob sedação. O MPD não apresentava alterações ortopédicas.

• Exames complementares

Figura 40: Radiografias do MPE em projeção mediolateral e craniocaudal pré-cirúrgicas. Imagem cedida pelo HVBV. A seta evidência a zona compatível com esclerose subcondral.

71 Foram obtidas radiografias em projeção mediolateral e craniocaudal do MPE (Figura 40) onde não se detetaram deformidades ósseas no fémur e tíbia evidentes. Verificou-se a existência de zonas mais radiopacas sobretudo no fémur distal, o que é compatível com algum grau de esclerose subcondral (seta). Também não apresentou alterações ao nível do hemograma e bioquímica sérica.

• Diagnóstico

LPM unilateral (MPE) de grau II. • Tratamento

Apesar dos tutores não autorizarem a realização de estudos radiográficos sob sedação, foi recomendada a correção cirúrgica da LP na semana seguinte. As análises pré-anestésicas não revelaram alterações.

Optou-se por realizar a técnica RTC, TTT lateral e imbricamento lateral da cápsula articular. Durante a cirurgia confirmou-se alguma erosão da cartilagem articular no lado medial do sulco troclear, o que foi suspeita inicial quando se sentiu a crepitação aquando a patela foi luxada manualmente. Após a realização das técnicas cirúrgicas referidas acima confirmou-se a estabilidade da articulação.

A anestesia decorreu sem incidentes. No imediato pós-cirúrgico fez-se uma administração de uma dose única de cefazolina IV 4 mg/Kg e um AINES (meloxicam com a dose inicial de 0,2mg/Kg SC)

• Acompanhamento No período pós-

cirúrgico, ainda em

ambiente hospitalar,

verificou-se que não existia

LP do MP intervencionado. Teve alta no seguinte à cirurgia com penso protetor da zona da sutura, com prescrição de AINES (robenacoxib – Onsior® 20mg a 2 mg/Kg durante 3 dias PO Figura 41: Radiografias do MPE em projeção craniocaudal e mediolateral após a cirurgia. Imagens cedidas pelo HVBV.

72 SID), antibioterapia (cefalexina – Therios® 750mg a 15mg/Kg durante 7 dias PO BID), colar isabelino e repouso com restrição de exercício (passeios de 10 minutos à trela) até 4 a 6 semanas.

Após 2 dias regressou para avaliação da sutura. Retirou-se o penso e apresentava boa cicatrização, sem sinais de edema e sem alterações à palpação. Foi aconselhado continuar a manter o repouso. Após 30 dias voltou para vacinação e controlo radiográfico do MPE. As radiografias não revelaram alterações dignas de registo. Contudo os tutores refiram que o Balli apresenta uma ligeira claudicação nos primeiros passos pela manhã e após estar deitado durante algum tempo. À manipulação do joelho não se verificou LP embora possua alguma crepitação da articulação pelo que foi feita uma prescrição de um condroprotetor (Kimimove Rapid® durante 6 semanas).

O Balli não voltou ao HVBV pelo que não existem mais dados relativos à sua evolução.

7.2 Caso Clínico Nº2

• Identificação Animal

A Pintas é uma cadela inteira da raça Épagneul Breton com 1 ano e 10 meses e 17,1 Kg.

• Anamnese

Foi referenciada com claudicação ocasional do MPD há 2 semanas e os tutores não descartaram um episódio de trauma associado a este sinal clínico.

A Pintas apresentava as vacinas atualizadas e estava desparasitada corretamente tanto interna como externamente. A sua dieta era constituída exclusivamente por ração seca, era um animal maioritariamente indoor com acesso a um exterior privado sem outros coabitantes animais. A Pintas não apresentava passado médico nem cirúrgico relevante.

• Exame clínico

O exame de estado geral não revelou alterações.

Durante a marcha, não foi presenciada claudicação, contudo os tutores referiam que a Pintas apresentava uma claudicação intermitente, sendo, desta forma classificada com grau 1/4. Não revelou dor, crepitação nem zonas de assimetria à palpação superficial e profunda em nenhum dos MPs. Os tutores autorizaram a sedação para a realização de um exame ortopédico

73 mais preciso. O teste da gaveta, impulso tibial e manobra de Ortolani foram negativos. Apenas no MPD foi possível verificar que, com compressão manual, a patela podia ser luxada medialmente, voltando para o sulco troclear quando se realizava extensão/flexão do membro.

• Exames complementares

Foram obtidas radiografias em projeção craniocaudal e mediolateral do fémur e da tíbia, não sendo identificadas deformidades esqueléticas evidentes. Verificou-se a existência de zonas mais radiopacas na patela, no fémur distal e tíbia proximal, consistindo em lesões compatíveis com esclerose subcondral. Não apresentou alterações evidentes no hemograma e bioquímica sérica.

• Diagnóstico

LPM unilateral (MPD) de grau II • Tratamento

Optou-se por realizar TTT lateral com banda de tensão e imbricação lateral da cápsula articular. A banda de tensão foi realizada como medida de

reforço à TTT uma vez que a Pintas fazia um nível elevado de exercício. No imediato pós-cirúrgico fez-se uma administração de uma dose única de cefazolina IV 4 mg/Kg e um AINES (meloxicam com a dose inicial de 0,2mg/Kg SC SID).

• Acompanhamento

Em ambos os períodos pós-cirúrgicos, no HVBV, verificou-se que não existia LP do MPD. Teve alta no dia seguinte à cirurgia com penso a proteger a zona da sutura, podendo ser removido daí a 2 dias. Foi aconselhado que as suturas deveriam permanecer limpas, uso de colar isabelino durante 7 a 10 dias para não deixar lamber e os implantes podiam permanecer no animal só sendo necessário retirar se causassem alguma irritação. Foi prescrito medicação para

analgesia (Paracetamol 325mg + Tramadol 37,5 mg a 15 mg/Kg PO BID durante 5 dias), AINES (meloxicam - Inflacam® 2,5mg a 0,1mg/Kg PO SID durante 7 dias), antibioterapia Figura 42: Radiografia em projeção mediolateral do MPD após a cirurgia. Imagem cedida pelo HVBV.

74 (cefalexina- Therios® 750mg a 15 mg/Kg PO BID durante 10 dias) e condroprotetores (Kimimove Rapid® ou WeJoint®) durante 2 meses. Foi recomendada a realização de radiografia de controlo ao fim de 4 a 6 semanas.

Foi explicada a importância do repouso e realizar sempre passeio à trela, não deixando correr, saltar, subir e descer escadas e andar em pisos escorregadios durante 4 a 6 semanas. Caso a Pintas conseguisse fazer apoio de carga no MPD não seria necessária fisioterapia, contudo se não o fizer deveria fazer 10 repetições de movimentos de extensão e flexão do joelho, TID na primeira semana e depois ajustar após avaliação.

As consultas de controlo, por preferência dos tutores, eram realizadas no centro de atendimento médico-veterinário (CAMV) que frequentavam anteriormente, contudo 1 mês depois foi novamente referenciada pois começou a claudicar novamente. Verificou-se que a patela continuava a luxar medialmente, pelo que foi novamente submetida a cirurgia. Durante a cirurgia notou-se que a sutura de imbricação da cápsula articular estava solta pelo que foi novamente realizada. Adicionalmente foi executada a técnica RTB e uma sutura antirotacional permitindo criar um l. sintético patelar lateral através da ancoragem da fabela lateral em direção à patela com uma sutura com fio não absorvível.

A Pintas não voltou ao HVBV pelo que não existem mais dados relativos à sua evolução.

7.3 Caso Clínico Nº3

• Identificação Animal

O Pipo é um cão macho inteiro da raça Labrador Retriever de 10 meses com 32 Kg. • Anamnese

Foi referenciada com claudicação do MPD em que a suspeita seria de RLCCr, sendo medicado com AINES (meloxicam) durante 7 dias, contudo não houve melhorias.

Os tutores refiram que o Pipo começou a claudicar ocasionalmente do MPD há cerca de 10 dias e não descartaram um episódio de trauma associado a este sinal clínico.

O Pipo apresentava as vacinas atualizadas e estava desparasitado corretamente tanto interna como externamente. A sua dieta era constituída por ração seca e frequentemente era oferecido frango cozido, era um animal maioritariamente indoor e não existiam outros coabitantes animais. O Pipo não apresentava passado médico nem cirúrgico relevante.

75 • Exame clínico

O exame de estado geral não revelou quaisquer alterações relevantes.

No exame ortopédico, durante a marcha, o Pipo apresentava uma claudicação moderada, classificada em grau 2/4 do MPD. Com o animal não sedado, a prova da gaveta e tibial thrust cranial foram negativas bem como não revelou dor à manipulação da anca. Verificou-se que a patela estava luxada medialmente, contudo conseguia ser reduzida com compressão manual. Também na avaliação ortopédica do MPE verificou-se que era possível, com compressão manual, fazer luxar a patela medialmente, voltando para o sulco troclear quando se realizava extensão/flexão do membro. Foi explicado que seria necessário realizar um estudo radiográfico sob sedação para perceber se existiam deformidades esqueléticas.

• Exames complementares

Foram obtidas radiografias em projeção ventrodorsal da pélvis (Figura 43) e mediolateral do fémur e da tíbia, onde foram

identificados cerca de 8º (AVF) de deformidade varus femoral no MPD. No MPE não se

identificaram deformidades esqueléticas.

Foram efetuadas medições dos ângulos para o MPD. Verifica-se um zonas de maior radiopacidade distalmente em ambos os fémures, o que poderá ser indicativo de OA. Não apresentou alterações evidentes no hemograma e bioquímica sérica.

• Diagnóstico

LPM bilateral, no MPD grau III e no MPE de grau II.

• Tratamento

Foi aconselhado realizar a correção das LP aos dois MPs em cirurgias diferentes e desfasadas. Visto que a gravidade da LP do MPD era superior, foi recomendado realizar primeiramente a cirurgia a este membro. Segundo Brower et al., está recomendado corrigir a Figura 43: Radiografia em projeção craniocaudal dos fémures. Imagem cedida pelo HVBV.

76 deformidade varus quando o AVF é superior a 10 a 12º. Assim, optou-se por não realizar osteotomia corretiva de fémur.

Optou-se por realizar apenas a técnica TTT lateral e imbricamento lateral da cápsula articular, não sendo necessário realizar trocleoplastia pois o sulco troclear apresentava profundidade aceitável.

Não se visualizou desgaste da cartilagem da patela. Após a realização das técnicas cirúrgicas referidas acima confirmou-se a estabilidade da articulação. A anestesia decorreu sem incidentes. No imediato pós-cirúrgico fez-se uma administração de uma dose única de cefazolina IV 4 mg/Kg e um AINES (meloxicam com a dose inicial de 0,2mg/Kg SC).

• Acompanhamento

No período pós-cirúrgico, ainda em ambiente hospitalar, verificou-se que não existia LP do MPD. Teve alta no dia seguinte à cirurgia com penso protetor da zona de sutura, com prescrição de analgésicos (Paracetamol 325mg+Tramadol 37,5mg a 15 mg/Kg PO BID durante 5 dias), AINES (meloxicam – Inflacam® 2,5mg a 0,1 mg/kg PO SID durante 3 dias), antibioterapia (cefalexina- Therios® 750mg a 15mg/Kg durante 7 dias PO BID), colar isabelino e repouso com restrição de exercício (passeios de 10 minutos à trela) até 4 a 6 semanas.

O Pipo não foi trazido às consultas de controlo dos 2 e 10 dias pós-cirúrgicos. Voltou passado 1 mês e os tutores relataram que 3 dias antes começou a claudicar do MPD e foi prescrito AINES (meloxicam - Inflacam® 2,5mg a 0,1mg/Kg PO SID durante 5 dias) e

Figura 44: Radiografias em projeção mediolateral e craniocaudal do MPD no imediato pós- cirúrgico. Imagem cedida por HVBV.

77 melhorou. Voltou novamente 1 semana mais tarde pois começou a claudicar do outro membro, o MPE. Foi aconselhado esperar que o MPD recuperasse para posteriormente ser realizada cirurgia de correção da LP no MPE. Foi marcado uma consulta de acompanhamento 2 semanas mais tarde, onde foi possível verificar uma melhoria no MPD, não havendo episódios de claudicação, contudo os tutores notaram uma tumefação no MPD na zona dos implantes. Efetivamente apresentava uma reação dos tecidos moles em redor dos implantes, sem aumento de temperatura desse local. Foi medicado com AINES (meloxicam) durante 5 dias e foi agendada uma consulta de reavaliação dentro de 4 semanas. O Pipo não voltou ao HVBV pelo que não existem mais dados relativos à sua evolução.

7.4 Caso Clínico Nº4

• Identificação Animal

O Cookie é um cão macho inteiro da raça Labrador Retriever com 7 meses e 25Kg. • Anamnese

Os tutores eram emigrantes na Suíça e trouxeram o Cookie para ser avaliado. O colega médico veterinário referenciou o caso para o HVBV, onde a suspeita de diagnóstico seria RLCCr no MPE.

Os tutores referiam que o Cookie apresentava uma claudicação sem apoio do MPE há cerca de 2 meses e que melhorava ligeiramente com a administração de AINES. Não descartaram um episódio de trauma associado a este sinal clínico.

O Cookie apresentava as vacinas atualizadas e estava apenas desparasitado internamente. A sua dieta era constituída por ração seca e húmida, era um cão exclusivamente outdoor e fazia passeios diários à trela. Não apresentava passado médico nem cirúrgico relevante e os tutores pretendiam que fosse submetido a orquiectomia.

• Exame clínico

Exame de estado geral sem alterações.

No exame ortopédico, durante a avaliação da marcha foi verificado que o Cookie apresentava uma claudicação grave de grau 3/4. À palpação superficial não revelou dor nem assimetrias em nenhum dos MPs, contudo à palpação profunda do joelho, mais precisamente quando se pressionava a patela contra a tróclea femoral vocalizava. A patela do MPE

78 encontrava-se luxada medialmente, contudo era possível fazer a sua redução para o sulco troclear. Inicialmente a prova da gaveta foi considerada positiva, mas terminava de forma abrupta, contudo quando era testado com a patela reduzida era negativa. O teste de sentar revelou-se positivo, uma vez que quando se sentava, apresentava o MPE em abdução. A manobra de Ortolani e teste de Bardens foram negativos.

• Exames complementares

Foram obtidas radiografias em projeção craniocaudal e mediolateral do fémur e tíbia do MPE, onde foi identificado um baixo grau de

varus femoral (cerca de 6º). O

mMDTA(97.3º) encontra-se dentro do intervalo de valores para a raça, contudo o mMPTA (97.8º) excede ligeiramente o limite, confirmando a existência de valgus tibial proximal (Figura 45). Verificou-se a existência de áreas radiopacas ao nível da área subcondral tanto do fémur como da tíbia e alguns sinais de remodelação óssea no fémur distal. Estas alterações são sugestivas de esclerose subcondral, que é uma das lesões características de OA. Não apresentou alterações ao nível do hemograma e bioquímica sérica.

• Diagnóstico

LPM unilateral (MPE) de grau III e suspeita de RLCCr parcial. • Tratamento

Optou-se por avaliar intra-cirurgicamente a integridade do LCCr. Tanto os meniscos como o LCCr estavam normais.

Relativamente às técnicas de reconstrução óssea, as utilizadas foram a RTC e TTT lateral (o que permitiu corrigir a deformidade tibial), associadas capsulectomia medial e Figura 45: Radiografia em projeção craniocaudal da tíbia e medição os ângulos tibiais mediais mecânicos. Imagem cedida pelo HVBV.

79 imbricação lateral da cápsula articular. No imediato pós-cirúrgico fez-se uma administração de uma dose única de cefazolina IV 4 mg/Kg e um AINES (meloxicam com a dose inicial de 0,2mg/Kg SC SID).

• Acompanhamento

No período pós-cirúrgico, ainda em ambiente hospitalar, verificou-se que não existia LPM no MPE. Teve alta no dia seguinte à cirurgia com penso a proteger na zona da sutura, podendo ser removido daí a 2 dias. Foi aconselhado que as suturas deveriam permanecer limpas, uso de colar isabelino durante 7 a 10 dias para não deixar lamber e os implantes podiam

permanecer no animal só sendo necessário retirar se causassem alguma irritação. Foi prescrito AINES (robenacoxib – Onsior® 20mg a 2mg/Kg PO SID durante 7 dias), antibioterapia (cefalexina - Cephacare® 500mg a 15mg/Kg PO BID durante 10 dias) e condroprotetores (WeJoint® raças médias durante 2 meses).

Após 2 dias regressou para avaliação da sutura. Retirou-se o penso e apresentava boa cicatrização, sem sinais de edema e sem alterações à palpação. Foi aconselhado continuar a manter o repouso.

Voltou 2 meses depois para avaliação radiográfica do MPE e marcação da orquiectomia. Os tutores referiram que apresenta alguma claudicação intermitente nos primeiros passos quando se levanta.

7.5 Caso Clínico Nº5

• Identificação Animal

O Ruca é um cão macho inteiro SRD de provavelmente 6 meses de idade (foi recolhido por uma Associação de animais) e 6Kg.

• Anamnese

Figura 46: Radiografias em projeção craniocaudal e mediolateral da tíbia no imediato pós-cirúrgico. Imagem cedida pelo HVBV.

80 O motivo da consulta foi claudicação sem apoio do MPD e tumefação ao redor do joelho do mesmo membro. Os tutores não negaram nem confirmaram um episódio de trauma recente. Foi referenciado de outro CAMV.

A esta altura ainda não se encontrava com o plano vacinal completo, mas estava desparasitado corretamente tanto interna como externamente. A sua dieta era ração seca e por vezes latas de ração húmida, estava num espaço exterior e poucas vezes era passeado (pois estava num abrigo de uma associação). Não apresentava passado médico ou cirúrgico relevantes.

• Exame clínico

O exame de estado geral não revelou alterações dignas de registo. Era um animal muito assustado e não deixava manipular facilmente.

Ao exame ortopédico, a avaliação da marcha revelou uma claudicação sem apoio de carga do MPD, sendo classificada em grau 4/4. Tanto à palpação superficial como profunda do MPD o Ruca mostrou-se com dor. Na avaliação do joelho, a patela do MPD estava luxada lateralmente e não era passível de ser reduzida, sentindo-se algum crepitar quando se fazia a extensão da articulação. Suspeitou-se de deformidade esquelética deste MP.

• Exames complementares Foram obtidas apenas duas radiografias, uma em projeção

craniocaudal e a outra em

mediolateral de todo o MPD (Figura 47), tornando difícil a correta avaliação e obtenção das medições para diagnosticar as deformidades

esqueléticas corretamente. Foi

possível identificar a LPL e suspeitou-se de torsão interna do fémur e torsão externa da tíbia.

• Diagnóstico

Figura 47: Radiografia em projeção mediolateral e craniocaudal do MPD pré-cirurgia. Imagem cedida pelo HVBV.

81 LPL unilateral (MPD) de grau IV

• Tratamento

Não foi autorizado a realização de um exame radiográfico sob sedação. Optou-se por realizar RTB associado a desmotomia lateral e imbricamento medial da cápsula articular. O sulco troclear era raso. No imediato pós-cirúrgico fez-se uma administração de uma dose única de cefazolina IV 4 mg/Kg e um AINES (meloxicam com a dose inicial de 0,2mg/Kg SC SID).

• Acompanhamento

No período pós-cirúrgico, ainda no HVBV, verificou-se que não tinha LPL no MPD. Teve alta 3 dias depois sem penso. Foi aconselhado que as suturas deveriam permanecer limpas, uso de colar isabelino durante 7 a 10 dias para não deixar lamber e os implantes podiam permanecer no animal só sendo necessário retirar se causassem alguma irritação. Foi prescrito a realização de AINES (meloxicam - Inflacam® 1mg a 0,1mg/Kg PO SID durante 8 dias) e antibioterapia (enrofloxacina – Enrocil® 15 mg a 5 mg/Kg PO SID durante 8 dias). Foi recomendado repouso durante 4 semanas, não devendo saltar, correr, subir ou descer escadas e os passeios devem ser sempre à trela durante 5minutos 3 a 5 vezes por dia. Se nos 3 dias seguintes o Ruca não usasse o MPD deveria realizar 10 repetições de movimentos de flexão e extensão do joelho 3 vezes por dia. Caso estivesse a utilizá-lo, não realizavam estes exercícios. Após 10 dias da alta voltou para avaliação da sutura e apresentava uma boa cicatrização. Foi aconselhado começar a retirar o colar isabelino sob vigilância. Também foi alterada a sua dieta, passando a ser alimentado por uma ração de melhor qualidade.

O Ruca não voltou a realizar consultas de controlo no HVBV pelo que não se conhece a sua evolução a partir desta data.

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No documento Luxação patelar em cães (páginas 88-101)

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