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M ode los abe rtos de autoaval iação

PARTE III – ANÁLISE DE RESULTADOS Nota introdutória

3. A avaliação das organizações Modelo CIPP

4.1. M ode los abe rtos de autoaval iação

Da análise efetuada às entrevistas e aos relatórios de AE e AI podemos afirmar que a generalidade das escolas já tinha procedimentos de AA, que na linha de Clímaco denominamos como práticas de AA. Algumas dessas práticas foram assumidas de forma explícita nas entrevistas como é o caso da escola A onde é referido que “implementamos várias práticas”, na escola B onde o PCE afirma que “já tínham(os) práticas de AA” e, ainda, na escola E onde é assumido terem “práticas de auto-regulação”.

Tendo como fonte os relatórios da AE referente às escolas em estudo verificamos que na escola:

- I “não obstante a existência de procedimentos de avaliação interna”; - K “agrupamento dispõe de procedimentos de controlo interno”;

- N “a escola tem práticas de reflexão interna sobre várias vertentes da vida escolar”; - O “a escola tem práticas de reflexão interna sobre várias vertentes da vida escolar” e “embora tenha práticas de reflexão”.

Estes extratos permitem também apurar que algumas escolas o fazem de forma implícita como, por exemplo, a escola B ao referir que “a gente faz isso como uma conversa informal”, ou como a escola N que refere serem “muito poucas e mal sistematizadas”. Já o diretor da escola E assinala que se trata de uma “prática antiga e fecunda, de reflexão sistemática mas pouco formal”.

Apenas uma escola, a escola D, assumiu que não desenvolvia estas práticas ao dizer que “não tínhamos práticas de AA” o que, por sua vez, é contrariado pelo relatório de AE ao referir que “há práticas sistemáticas e generalizadas de análise dos resultados escolares”.

Em suma, da análise efetuada podemos constatar que a maioria das escolas possuía práticas de AA antes da publicação legislativa que conduziu à imposição da realização da AE e AI. Esta constatação enquadra-se nas perspetivas apresentadas no enquadramento teórico, nomeadamente nas ideias de Afonso (2010, pp. 16-17), Azevedo (2003, p. 51), Marchesi, Barzanò e Clímaco e vem reforçar a nossa opinião relativamente à pertinência e importância destas práticas no âmbito da AA das escolas. Aliás, dados os constrangimentos por nós observados, e que adiante referiremos com mais detalhe, as escolas têm procedido ao desenvolvimento destas práticas de AA, centradas ora na figura do diretor, ora nos órgãos como o CP, o que confirma a importâ ncia que as escolas atribuem ao desenvolvimento destas práticas de forma sistematizada e organizada para a prossecução dos seus objetivos.

4.1.1. Tipos de práticas (atividades) desenvolvidas

No que diz respeito às práticas de AA desenvolvidas nas diferentes escolas consideramos pertinente organizar, de modo sintético, alguma da informação recolhida. Assim, construímos o Quadro n.º 16, para identificar cada uma das atividades realizadas no âmbito das práticas de AA, utilizando como fonte de dados os relatórios e as entrevistas realizadas.

Atividade Relatório de AE/ Entrevistas Diretores

os resultados académicos dos alunos A B D F G I J K L M O

a indisciplina e violência na escola, A O M

o abandono escolar A M

o absentismo discente A M

análises comparativas com anos letivos anteriores A E

grelhas que são preenchidas A

A articulação curricular para a análise de resultados A

monitorização dos resultados E G A

Plano Anual de Atividades B G I N E K M

alunos são monitorizados competência a competência C

análise dos dados estatísticos D G M C O

parte administrativa com questionários de satisfação C M

inquéritos de satisfação D E

monitorização da sala de acompanhamento D

relatórios das estruturas de coordenação e supervisão D M N

análises comparativas com outras escolas O E

reflexão sobre a ação educativa E J K E

análises informais e no acompanhamento, de proximidade, do quotidiano escolar e do desempenho organizacional

E K M A monitorização do desempenho dos órgãos de administração e gestão e das

estruturas de orientação educativa

E N processos informais de acompanhamento do quotidiano escolar E M N análise comparativa dos resultados da avaliação interna e externa F M I focaliza a avaliação do sucesso/insucesso na prática de cotejar os resultados

escolares com as médias dos exames nacionais.

G

planos de recuperação I

à análise dos resultados dos exames nacionais do ensino secundário J I Agrupamento monitoriza e identifica os resultados das aprendizagens dos

seus alunos

K Comparam os dados obtidos na avaliação externa com os referentes nacionais M monitoriza-se a aplicação e o cumprimento dos critérios de avaliação, dos programas e dos resultados escolares

M No final do ano letivo é constituída uma equipa que reúne os dados referentes à AI e AE

M reflete sobre as suas potencialidade e debilidades e vislumbra alguns

obstáculos que terá de ultrapassar, mas também algumas ajudas de que se pode socorrer

N

Quadro n.º 16 - Atividades realizadas no âmbito das práticas AA

Uma leitura atenta ao Quadro n.º 16 permite constatar que as práticas mais utilizadas são a avaliação dos “resultados académicos dos alunos” identificados nas escolas A, B, D, E, F, G, I, J, K, L M e O, à qual se segue “a avaliação do PAA” referenciada nas escolas E, G, I, K, M e N, e, por fim, a “análise dos dados estatísticos” nas escolas C, D, G, M e O. Quando as escolas referem os resultados académicos, estão a incluir os resultados no final de cada período, os resultados das provas de aferição, dos testes intermédios e dos exames. Há escolas que fazem comparação com anos anteriores, outras comparam os seus resultados com os de outras escolas (mais no ensino secundário).

Também são referidos os seguintes processos: - “processos informais de acompanhamento do quotidiano escolar” nas escolas E, M e N; - “relatórios das estruturas de coordenação e supervisão” nas escolas D, M e N; - “reflexão sobre a ação educativa” nas escolas E, F, J e K; - “análise comparativa dos resultados da AI e AE” nas escolas F, I e M; - “monitorização dos resultados” nas escolas A, E e G; - “análises informais e no

acompanhamento, de proximidade, do quotidiano escolar e do desempenho organizacional” nas escolas E, K e M; - “a indisciplina e violência na escola” nas escolas A, M e O.

Duas escolas mencionam os seguintes processos: - “o abandono escolar” (A e M); - “o absentismo escolar” (A e M); - “análises comparativas com anos letivos anteriores” (A e E); - “parte administrativa com questionários de satisfação” (C e M); - “inquéritos de satisfação” (D e E); “análises comparativas com outras escolas” (E e O); - “a monitorização do desempenho dos órgãos de administração e gestão e das estruturas de orientação educativa” (E e N); - “análise dos resultados dos exames nacionais do ensino secundário” (I e J).

Por fim, citamos outros processos referenciados pelas escolas: - “grelhas que são preenchidas”; - “a articulação curricular para a análise de resultados”; - “alunos são monitorizados competência a competência”; - “monitorização da sala de acompanhamento”; - “focaliza a avaliação do sucesso/insucesso na prática de cotejar os resultados escolares com as médias dos exames nacionais”; - “planos de recuperação”; - “agrupamento monitoriza e identifica os resultados das aprendizagens dos seus alunos”; - “comparar os dados obtidos na avaliação externa com os referentes nacionais”; - “monitoriza-se a aplicação e o cumprimento dos critérios de avaliação, dos programas e dos resultados escolares”; - “no final do ano letivo é constituída uma equipa que reúne os dados referentes à avaliação sumativa interna e avaliação externa”; - “reflete sobre as suas potencialidade e debilidades e vislumbra alguns obstáculos que terá de ultrapassar, mas também algumas ajudas de que se pode socorrer”.

Para reforçar o quadro e sustentar empiricamente as nossas afirmações, citamos algumas das práticas desenvolvidas nas escolas e que estão referidas nos relatórios de AE:

- Escola A “agrupamento analisa, de forma regular e sistemática, os resultados académicos dos alunos, a indisciplina e violência na escola, o abandono escolar e o absentismo discente, efetuando análises comparativas nos últimos três anos letivos”.

- Escola B

“os planos de atividades e o seu grau de execução são analisados na Assembleia de Agrupamento. Os resultados escolares de final de período são analisados ao nível do Conselho Pedagógico, dos departamentos e subdepartamentos e procura-se imple mentar medidas de combate ao insuces so escolar. No in ício de cada período letivo e a seguir às reuniões de avaliação, a análise dos resultados informat izados de final de período é feita e m reuniões por cic los e anos”.

- Escola D “a monitorização dos resultados dos alunos é feita, trimestralmente, através da análise estatística da avaliação” e “trabalho centrou-se na análise dos resultados escolares e dos relatórios das estruturas de coordenação e supervisão”.

De igual modo, para as mesmas escolas, complementaremos com trechos das entrevistas realizadas aos diretores das escolas:

- Escola A “grelhas que são preenchidas com os grupos, com os próprios departamentos. A articulação curricular para a análise de resultados. Há reflexões que se fazem nos diferentes grupos. Reuniões, relatórios de atividades, monitorização dos resultados”;

- Escola B “análise estatística de resultados da AI e AE dos Alunos”; - Escola C

“todos os alunos são monitorizados competência a co mpetência. Fazemos uma base de dados já pesada, em que nós temos numa assentada, toda a informação dos alunos ; (…) análises de resultados em conselho pedagógico, todos os anos e trimestres fazía mos estatística, a análise dos resultados, que med idas tería mos de imple mentar para contrariar a lguns resultados (…) parte ad ministrativa com questionários de satisfação”;

- Escola D: “fazíamos unicamente aquelas análises de resultados, estatística…. analisávamos os resultados”, “análise de resultados e inquéritos de satisfação por amostra, monitorização da sala de acompanhamento”.

Em suma, a análise dos dados recolhidos nas entrevistas e relatórios permite afirmar que os tipos de práticas desenvolvidas nas escolas que integram o estudo se enquadram nas perspetivas desenvolvidas no quadro teórico, nomeadamente Barzanò (2009, p. 330), Clímaco (2006, pp. 206, 208, 209) e Nunes (2007, p. 156). Isto é, a reflexão crítica produzida consolida a perspetiva de que no terreno as escolas implementam uma grande diversidade de práticas, apresentando para o efeito uma vasta gama de razões justificativas das opções como explicamos de seguida.

4.1.2. Justificação da realização das práticas de autoavaliação

Relativamente às razões invocadas pelas escolas para realizarem a sua AA, recolhemos algumas, retiradas das entrevistas aos diretores, que consideramos mais elucidativas e que apresentamos de seguida: oito escolas referiram que o faziam para “identificar pontos fortes e fracos” e para “melhorar”; duas ou mais escolas referiram que era no sentido de “melhorar a qualidade do serviço prestado”; seis escolas afirmaram que era para a “melhoria do desempenho dos alunos”; cinco para “identificar áreas de melhoria”; três pela

“melhoria da organização”; duas escolas pela “promoção da qualidade da instituição” duas escolas para “identificar as áreas de maior sucesso e insucesso ”.

Para além destas, selecionamos outras razões invocadas pelas escolas nas entrevistas, que consideramos pertinente apresentar por se constituírem como razões válidas para justificar a realização de práticas de AA:- “potenciar o sucesso escolar”; - “reforçar as boas práticas”; - “definir estratégias tendentes à resolução dos problemas identificados”; - “perceber o que tem realizado, as consequências do trabalho desenvolvido”; - “processos reflexivos que pudessem concorrer para o questionamento”; - “detetar e identificar os problemas e definir estratégias de remediação”; - “preparados para inovação”; - “gostamos de saber o que se passa”; - “conhecer bem a realidade da escola”; - “reflexão sobre processos”; - “monitorizar toda a informação”; - “verificar se o investimento humano e de material, bem como se os recursos utilizados estavam a ser bem utilizados e rentabilizados”; - “permitindo superar fragilidades e consolidar algumas das apostas educativas do agrupamento”; - “promoção do sucesso educativo”; - “diversificação da oferta educativa e a procura de respostas inovadoras para os desafios educativos”; - “reestruturar o processo”; - “organização do trabalho”; - “planificações do processo de ensino/aprendizagem”; - “práticas de reflexão a partir das quais procura induzir mudanças”; - “conhecer a escola”.

Os dados que recolhemos e analisamos permitem- nos afirmar que as escolas fazem AA tendo em atenção dois objetivos primordiais:

- um deles é “melhorar” e que está presente em todas as escolas. Contudo, a melhoria referida pelas escolas era mencionada em diferentes áreas, tais como: melhorar a qualidade do serviço prestado (indicado por 6 escolas); - melhorar o desempenho dos alunos (identificado por 5 escolas); - identificar áreas de melhoria (presente em 3 esco las) e - melhoria da organização (aludido por 1 escola);

- outro é “identificar pontos fortes e fracos” que está referido em 8 escolas.

A análise supra revela-nos que os objetivos indutores para a realização da AA, aduzidos pelos diretores e confirmados pelos relatórios de AE e AI, enquadram-se na linha da nossa argumentação que tem em conta o referido pelos autores por nós utilizados como referente teórico, ou seja Guerra (2005, p. 61) e Simons (1999, p. 202).

Neste alinhamento argumentativo relativamente à justificação da realização das práticas de AA queremos realçar que em momento algum, os diretores/PCE das escolas referiram