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Um olhar global sobre os modelos de avaliação interna

PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

4. Modelos de avaliação interna

4.2. M ode los es trut ura dos

4.2.4. Um olhar global sobre os modelos de avaliação interna

Se considerarmos a escola como uma organização indiferenciada das outras, então utilizamos modelos estruturados. Pelo contrário, se a escola for considerada como é referido por Guerra (2001) como “uma organização peculiar, pois todas as escolas são, simultaneamente, iguais e diferentes, pelo que para fazer a leitura de cada escola, se deverá recorrer a uma metodologia que proporcione a sua compreensão e, previsivelmente, o seu conhecimento”, recorreremos a modelos abertos. Depois de termos abordado a existência de dois tipos de modelos, qual é que devemos usar?

Embora vejamos virtualidades nos modelos abertos, somos de opinião que a AA das escolas deveria ser feita de modo a que os dois tipos de modelos (abertos e fechados) possam ser articulados. Se por um lado, o uso de modelos abertos permite que a AA seja construída a partir do interior da organização, da dinâmica intrínseca à escola formada pelos professores, pais, alunos e funcionários, por outro lado, tem o inconveniente de poder resultar num ritual mais ou menos permanente, derivando para uma avaliação pouco sistematizada, na maior parte d as vezes feita de acordo com os interesses internos da organização, não sendo direcionada para a melhoria, mas apenas para cumprir o que está legislado. Daí, a necessidade de articulá- la com um modelo fechado, que possibilite a prestação de contas para que a organização se abra ao exterior, tendo o inconveniente de estarmos sujeitos a resistências internas. Dentro dos modelos estruturados devemos aprofundar o CAF, uma vez que da nossa investigação resultou como sendo aquele que era mais conhecido pela generalidade dos Diretores entrevistados, bem como aquele que foi mais utilizado pelas escolas em estudo, conjuntamente com as práticas de AA presentes em todas as escolas. Para isso, os padrões de qualidade da avaliação, respetivamente utilidade, exequibilidade, legitimidade e exatidão, definidos pela plataforma de associações de avaliadores norte-americanos deveriam nortear os atores educativos portugueses, quer para fazer a escolha do modelo de AA, quer para meta-avaliar as práticas existentes numa perspetiva de avaliação e melhoria constantes.

Ao mesmo tempo consideramos que os modelos estruturados não podem, nem deverão ser vistos como uma AE, medindo tudo e todos e de igual forma em todas as escolas, não prestando a devida atenção ao contexto e à cultura própria da escola. Estamos a observar a existência de cada vez mais escolas a recorrer a empresas externas para realizarem a sua AA, utilizando sobretudo o modelo CAF. Estas empresas utilizam um batalhão de

indicadores pré- formatados que são fornecidos às escolas, através de tabelas para preencher ou em questionários para serem aplicados. Deste batalhão de indicadores as escolas escolhem alguns. Será que estamos na presença de uma AA? Ou será que é uma AA feita através de agentes externos como é referido por Guerra? Será isto que pretendemos? Não estaremos a diminuir a autonomia da escola? Não estaremos a correr o risco de transformar a AA numa AE encapotada? Será que as escolas estão no caminho certo? É certo que de momento e fruto de todas as reformas a que as escolas têm estado sujeitas, as escolas tem-se deparado com uma diminuição de recursos humanos qualificados, fundamentalmente através do aumento do número de professores que pedem reformas antecipadas (resultado das alterações normativas que durante anos e anos inundaram as escolas, que tornaram os professores como meros executores dessas normas, desviando-se da sua atividade natural e conduzindo-os à desmotivação). Como tal, não abundam recursos humanos nas escolas com formação para fazerem a AA. Será que existem recursos financeiros para poderem recorrer aos agentes externos? Ao mesmo tempo não estaremos a sobrevalorizar a AA como solução para todos os problemas da escola? Será que as escolas estão preparadas para realizaram a sua AA, ou seja, estão suficientemente maduras para se autoavaliarem? Na opinião de Melo (2009, p. 313) nas

“organizações em que não há hábitos enraizados de reflexão estruturada sobre as práticas, a utilização de um modelo aberto pode redundar em auto-avaliações falhadas e/ou enviesadas por lógicas corporativas. Pelo contrário, pa ra organizações maduras, a ado pção de modelos fechados pode tornar a auto-avaliação um me ro processo de verificação da conformidade entre as práticas e o referente, retirando-lhe o seu potencial de instrumento de auto-regulação da organização”.

Melo (2009, p. 314) defende que a

“auto-avaliação da escola é u m processo repetido ao longo do tempo, para que quer os atores quer o procedimento evoluam e m conformidade com a meta-avaliação que se vai fazendo dos resultados obtidos. Nesta linha, é provavelmente ma is fecundo inicia r a auto -avaliação co m u m modelo ma is fechado que se vai abrindo em função da maturação verificada. Mas o fim últ imo será a utilização de um modelo aberto por u ma organização madura”.

Melo considera que as diferenças entre os produtos da AA de cada escola (relatórios e planos de melhoria) são mais acidentais do que fruto da especificidade pedagógica de cada organização e, por outro lado, a ausência de reflexão sobre a sala de aula, o centro da atividade da escola (Roldão, 2008; Reis, 2009), aponta para a necessidade de o modelo de AA ser muito mais diretivo do que o é o modelo CAF.

Em síntese, em nossa opinião, cada escola é um caso particular, com uma cultura própria que deve estar presente aquando da escolha do modelo de AA a utilizar. Esta deve

ser uma escolha contextualizada e, também, informada pelo que os professores responsáveis pela sua execução devem possuir formação adequada.

5. Operacionalização da avaliação interna na organização: fases do