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OLHA A MERDA!

No documento EXERCÍCIOS DE DRAMATURGIA (páginas 92-101)

SOBRE QUERER ESCREVER ou ESCREVER SOBRE QUERER

2: OLHA A MERDA!

1 (achando graça de ter seu bordão usado): OLHA A MERDA… foi a pestilência no prédio inteiro, porque esse solvente é tóxico pra caralho.

Carol levanta brevemente o olhar para 1 e 2 Carol: Isso não tem graça

1: é ... me desculpe. O TCE é muito tóxico. Ele regaça principalmente o fígado. Tem uns efeitos neurológicos também. Foi o pandemônio. Teve gente com hepatite, icterícia. Teve gente com arritmia cardíaca. Esse TCE zoa o coração também. Sem contar o câncer/

2: Morreu gente? 1: CINCO PESSOAS

2 (debochadamente): aaaaaahhhhhhhhhhh SEM LOROTA

1: Tô falando sério! Foi um envenenamento lento, cara. Dois anos matando e intoxicando a turma. Olha só: no primeiro andar tinha um casal já idoso, a velha teve hepatite, mas sobreviveu, e o velho morreu de câncer de fígado, foram os primeiros. Depois disso o filho deles levou a mãe pra um asilo e alugou o AP pra uma família de três pessoas, e o pai desta família morreu de câncer no cérebro. Só depois descobriram que começou no fígado também. No segundo andar um apartamento estava vazio, mas no outro morreu uma

1: É aí que a coisa piora – OLHA A MERDA! Antes tivesse caído tudo lá e esparramado tudo, porque o TCE é fedorento, a turma ia sentir aquele gosto forte e o cheiro. Cor não altera não, mas cheiro ia dar. Sem contar que esse treco evapora fácil, então depois de uns dias já ia ter tipo desintegrado… esse TCE, ele é… comé que fala?

Carol (distraidamente): Volátil

1: isso! Teria vaporado. Mas o que rolou foi que o galão caiu com o bocal pra baixo, OLHA A MERDA, e ficou liberando aquela porra de pouquinho em pouquinho.

2: Putz…

1: ... pensa nisso. Escorria uns mililitros da parada, zuava a água da caixa, a água zuada ia pra geral do prédio, a caixa enchia de novo, escorria mais um pouquinho, não o suficiente pra encatingar a água, mas escorria um bocado

Todos os moradores estão usando a água normalmente. Cozinhando, bebendo, se banhando.

2: OLHA A MERDA!

1 (achando graça de ter seu bordão usado): OLHA A MERDA… foi a pestilência no prédio inteiro, porque esse solvente é tóxico pra caralho.

Carol levanta brevemente o olhar para 1 e 2 Carol: Isso não tem graça

1: é ... me desculpe. O TCE é muito tóxico. Ele regaça principalmente o fígado. Tem uns efeitos neurológicos também. Foi o pandemônio. Teve gente com hepatite, icterícia. Teve gente com arritmia cardíaca. Esse TCE zoa o coração também. Sem contar o câncer/

2: Morreu gente? 1: CINCO PESSOAS

2 (debochadamente): aaaaaahhhhhhhhhhh SEM LOROTA

1: Tô falando sério! Foi um envenenamento lento, cara. Dois anos matando e intoxicando a turma. Olha só: no primeiro andar tinha um casal já idoso, a velha teve hepatite, mas sobreviveu, e o velho morreu de câncer de fígado, foram os primeiros. Depois disso o filho deles levou a mãe pra um asilo e alugou o AP pra uma família de três pessoas, e o pai desta família morreu de câncer no cérebro. Só depois descobriram que começou no fígado também. No segundo andar um apartamento estava vazio, mas no outro morreu uma

mulher de 45 anos com o mesmo câncer no fígado. O filho dela foi morar com o pai, eles eram separados, mas a diarista que trabalhava lá três vezes por semana morreu também. Ela foi com um ataque cardíaco, mas eles já estão ligando isso ao TCE. No terceiro andar morava um cara de 32 anos que adoeceu, se mudou, e foi morrer em São Paulo de…

2: Câncer no fígado 1: exatamente.

2 (debochadamente): Fofinho… e as pessoas não acharam estranho não? É claro que alguém ia ligar lé com cré.

1: Hoje em dia ninguém conversa com vizinho não FOFINHO. Para pra pensar, você vê gente entrar e sair, se mudar, nunca mais aparecer, mas ninguém troca ideia com vizinho mais não. Pra saber da vida? Pra saber o nome? E vai falar de doença?

O morador que preparou chá faz que vai pedir açúcar para o vizinho, mas desiste.

2: ...é mesmo, né

1: Mas a Carol não teve nada

Carol, que se secava, percebe uma mancha vermelha na perna. Carol: Eu tive uma dermatite estranha porque/

1: A Carol só teve uma dermatite estranha. Sabia que foi ela que descobriu tudo?

2: hum

1: Quando ela virou síndica e foi fazer a limpeza semestral da caixa d’água eles acharam o treco lá. E aí foram cavucar a situação…. e por aí foi. E olha que ainda tinha um quarto de galão pra vazar.

2 (num momento eureka): Pois é! … tem isso… você disse que o TCE ficou dois anos envenenando o prédio, e essa limpeza semestral aí? Ninguém reparou antes?

Todos param e olham para 1.

1: Acontece que o Sr. Lúcio, do primeiro andar, que era o antigo síndico, tava desviando o dinheiro do condomínio pra comprar eletrodomésticos. Ele comprou uma lava-roupa e uma air-fryer com o dinheiro da limpeza da caixa.

p. 92 Os moradores votam ao seus afazeres.

2: FILHO-DA-PUTA! 1: Filho-da-puta total!!/

2: pelo menos o desgraçado teve o câncer no fígado que merecia/

1: não, ele não teve nada. O senhor que morreu era no outro AP do primeiro. 2: Ele não teve nada?

1: Parece que não.

2 (EXALTADAMENTE): Tem que por esse bosta na cadeia! Comé que vai ser isso? A polícia/

1 (calmamente): Olha eu acho que eles já estão nessa aí de julgar ele. Mas eu não estou escrevendo isso pra caminhar pra esse lado aí não. Não me interessa falar que as ações que parecem ser só mesquinhas, como roubar dinheiro do condomínio, podem ter consequências horríveis. Não me interessa dizer que durante toda a vida a gente às vezes passa perto de cair em verdadeiras tragédias que estão rolando sem que ninguém saiba. E que nem percebemos por falta de atenção ou sei lá por quê.

Os moradores foram terminando suas tarefas domésticas e saindo do palco, um a um, exceto Carol. De banho tomado e com um pente nas

mãos, parece querer dizer algo.

1 (com mais exaltação): Eu estou dizendo isso pra dizer... ….eu estou

escrevendo isso pra dizer que existe uma coisa importante, importantíssima, no QUERER as coisas. Porque um belo dia a Carolina Santana resolveu que só queria tomar água gasosa. E foi por não querer tomar mais água que não fosse água gasosa, que a Carol, que tem a saúde até bem frágil, não

desenvolveu uma doença grave ou até morreu durante os dois anos que morou naquele prédio.

Carol tenta dizer algo, mas é interrompida por 1.

1 (EXALTADAMENTE): Ela não sabe por quê, mas ela SÓ QUERIA ÁGUA GASOSA. Os da igreja vão dizer que foi um chamado divino. Os da ciência vão dizer que o cheiro sutilmente alterado da água causou uma repulsa inconsciente. Baboseira. Os da matemática vão dizer que com aquela

amostragem de moradores, bla bla bla alguém teria hábitos xis e ypsilon de evitar a água envenenada. Os supersticiosos vão dizer que foi sorte e com esses eu até concordo.

Os moradores votam ao seus afazeres. 2: FILHO-DA-PUTA!

1: Filho-da-puta total!!/

2: pelo menos o desgraçado teve o câncer no fígado que merecia/

1: não, ele não teve nada. O senhor que morreu era no outro AP do primeiro. 2: Ele não teve nada?

1: Parece que não.

2 (EXALTADAMENTE): Tem que por esse bosta na cadeia! Comé que vai ser isso? A polícia/

1 (calmamente): Olha eu acho que eles já estão nessa aí de julgar ele. Mas eu não estou escrevendo isso pra caminhar pra esse lado aí não. Não me interessa falar que as ações que parecem ser só mesquinhas, como roubar dinheiro do condomínio, podem ter consequências horríveis. Não me interessa dizer que durante toda a vida a gente às vezes passa perto de cair em verdadeiras tragédias que estão rolando sem que ninguém saiba. E que nem percebemos por falta de atenção ou sei lá por quê.

Os moradores foram terminando suas tarefas domésticas e saindo do palco, um a um, exceto Carol. De banho tomado e com um pente nas

mãos, parece querer dizer algo.

1 (com mais exaltação): Eu estou dizendo isso pra dizer... ….eu estou

escrevendo isso pra dizer que existe uma coisa importante, importantíssima, no QUERER as coisas. Porque um belo dia a Carolina Santana resolveu que só queria tomar água gasosa. E foi por não querer tomar mais água que não fosse água gasosa, que a Carol, que tem a saúde até bem frágil, não

desenvolveu uma doença grave ou até morreu durante os dois anos que morou naquele prédio.

Carol tenta dizer algo, mas é interrompida por 1.

1 (EXALTADAMENTE): Ela não sabe por quê, mas ela SÓ QUERIA ÁGUA GASOSA. Os da igreja vão dizer que foi um chamado divino. Os da ciência vão dizer que o cheiro sutilmente alterado da água causou uma repulsa inconsciente. Baboseira. Os da matemática vão dizer que com aquela

amostragem de moradores, bla bla bla alguém teria hábitos xis e ypsilon de evitar a água envenenada. Os supersticiosos vão dizer que foi sorte e com esses eu até concordo.

Carol tenta novamente dizer algo, mas é interrompida por 1.

1 (retomando a calma): Mas EU ... eu queria dizer que … Eu só estou

dizendo isso, tudo isso que eu disse, pra falar da importância de se QUERER. Foda-se a causa! O fato é que a Carol QUERIA beber água com gás. O desejo tem algo de absoluto. Querer, sem saber porquê: essa é a questão. Se eu pudesse escrever um recado num papel mágico, que seria encontrado e lido por cada ser humano, em algum momento da vida, depois perdido

novamente para ser encontrado por outro, até que todos passassem pelo papel, o recado seria esse:

Carol desiste de dizer algo e sai de cena.

1 (convicto): “Você, que está lendo isso, sabe muito, mas muito mais do que você consegue EXPLICAR. Porque você QUER as coisas. E QUERER é mais importante que SABER. E QUERER é o que te salva de uma existência pela metade.”

2 (jogando na cara): Eu falei que você QUERIA escrever essas coisas, fofinho. 1: Falou

2 (debochadamente): Você estava nessa de “é importante dizer” …. “é necessário dizer”

1: Tá … tá bem

2: Então vamos lá. Tenta de novo.

1 respira. Toma fôlego. Coça a garganta.

1: ok. Duas mulheres. Carol tem vinte e tantos. Lídia, trinta e poucos. Carol está de calça jeans. Lídia, de vestido. Carol usa franja. Lídia também. Carol é prima de Lídia. Lídia… Lídia quis ir a boate Galopeira, na Av. dos Andradas, onde o sertanejo de sexta-feira à noite sempre lota. O ano é 2010. Elas estão no centro do palco e luzes coloridas piscam, dando a atmosfera de casa de show.

2: Gostei.

Carol: Que merda. Eu falei que não queria vir. Lídia: Relaxa!

Carol: Tá lotado isso aqui. Lídia: Eu sei

p. 94 Carol: Deve ter o quê? umas 1500 pesso/

Lídia: Foi pra isso que a gente veio. Pra ver gente. Ou você acha que a gente veio por causa da música? da qualidade do chope? Eu nem gosto de

sertanejo… mas sabe que muita gente gosta? Dizem que ainda vai explodir Carol: Nem me fala em explodir! Você lembra que aqui era o Canecão Mineiro, né? Que pegou fogo faz uns dez anos.

Lídia: CRENDEUSPAI

1: Carol olha em torno, clautrosfóbica. Carol: Este lugar está bem cheio

Lídia (decidida): Pois é. A gente veio ver gente. Sair de casa. Falar com os outros…. TIRA A MÃO DO BOLSO, CAROL

Carol: Você sabe que eu não gosto de multidão.

Lídia: Mas isso não é multidão. Você precisava sair de casa. Enfrentar seus traumas. Vai ficar tudo bem.

Carol: Tá bem. Tô bem. Lídia: Vamo pegar cerveja. Carol: Vamo pegar cerveja.

1: Pegam cervejas. Bebem as cervejas. Conversam em uma mesa. Dançam por 20 minutos. Dois caras se aproximam, flertando. A conversa rende por um tempo. Mas depois ficam sem assunto. Os caras vão embora. Dançam por mais 20 minutos. Bebem outra cerveja. Conversam mais um pouco. Pagam a conta. As luzes do palco mudam. Sem piscar e sem cor, pois agora elas caminham para o carro. Lídia segura um volante nas mãos. Apenas um volante. No carro…

Carol: Eu não gostei muito daquilo que você falou. Lídia: Aquilo o quê?

Carol: Aquilo de trauma Lídia: Mas você tem...

Carol: Deve ter o quê? umas 1500 pesso/

Lídia: Foi pra isso que a gente veio. Pra ver gente. Ou você acha que a gente veio por causa da música? da qualidade do chope? Eu nem gosto de

sertanejo… mas sabe que muita gente gosta? Dizem que ainda vai explodir Carol: Nem me fala em explodir! Você lembra que aqui era o Canecão Mineiro, né? Que pegou fogo faz uns dez anos.

Lídia: CRENDEUSPAI

1: Carol olha em torno, clautrosfóbica. Carol: Este lugar está bem cheio

Lídia (decidida): Pois é. A gente veio ver gente. Sair de casa. Falar com os outros…. TIRA A MÃO DO BOLSO, CAROL

Carol: Você sabe que eu não gosto de multidão.

Lídia: Mas isso não é multidão. Você precisava sair de casa. Enfrentar seus traumas. Vai ficar tudo bem.

Carol: Tá bem. Tô bem. Lídia: Vamo pegar cerveja. Carol: Vamo pegar cerveja.

1: Pegam cervejas. Bebem as cervejas. Conversam em uma mesa. Dançam por 20 minutos. Dois caras se aproximam, flertando. A conversa rende por um tempo. Mas depois ficam sem assunto. Os caras vão embora. Dançam por mais 20 minutos. Bebem outra cerveja. Conversam mais um pouco. Pagam a conta. As luzes do palco mudam. Sem piscar e sem cor, pois agora elas caminham para o carro. Lídia segura um volante nas mãos. Apenas um volante. No carro…

Carol: Eu não gostei muito daquilo que você falou. Lídia: Aquilo o quê?

Carol: Aquilo de trauma Lídia: Mas você tem...

Carol: Não foi um trauma, foi uma situação difícil… você também/

1: Carol interrompe a fala por perceber que muitas pessoas começam a entrar no palco. Todas de preto. Todas com pressa. Caminham de um lado para o outro como se não notassem as duas. Esbarram nas duas de vez em quando. Mas esbarram mais em Carol.

Lídia: Se você não assumir o trauma, nunca vai superar o trauma Carol (PUTA): Não é trauma. Para de falar essa palavra

Lídia: Olha. As coisas passam a existir quando a gente dá um nome pra elas. Chame do que quiser: situação, trauma, evento. Mas chame de algo...

1: As pessoas praticamente só trombam em Carol. Também seguram ela, puxando, cada vez mais, para o fundo do palco.

Lídia (sem ser incomodada): Você precisa recontar… lembrar de tudo. Reviver mesmo. Porque aí você ressignifica as coisas.

Carol (sendo sufocada): Eu sei. Vou tentar, só não acho que foi trauma/ Lídia (magnificamente solidária): Olha! Conta pra mim! Você me conta e eu te mostro que o negócio da água foi uma fatalidade. Não dá pra ficar com medo de tudo! MAS RELEMBRE. Vamos falar desse trau/ situação . Dá um nome pra isso!

Carol (sufocadíssima): eu…. . . . . . .

1: Nesse ponto Carol já foi encoberta por uma avalanche de pessoas, que além de arrastar ela para o fundo do palco, derrubaram a moça no chão e se amontoaram sobre ela. Alguns ainda transitam pela cena.

Lídia (para a plateia, jogando o volante para longe): O esquimós tem quase 20 palavras para a cor branca. Isso porque desde pequenos eles vão aprendendo a discernir os diferentes tipos de neve. E pra cada pequena mudança na tonalidade de branco, eles tem um nome. E ter um nome faz diferença. Eles fizeram um estudo! Eles pegaram um papel com cinco tipos de branco, dos 30 que os esquimós conhecem.

Carol (por uma brecha do montinho, sendo soterrada em seguida): SÃO VINTE!

Lídia: Isso! Vinte. Eles pegaram um papel com cinco tipos de branco, dos 20 que os esquimós conhecem. E mostraram para esquimós e não-esquimós. E por ter um nome, quando batiam o olho no papel, os esquimós identificavam todos os 5 em 100% das vezes. Enquanto que se eu olhasse esse papel, não veria diferença nenhuma. As outras pessoas não viam nada. Por que? Porque elas não sabiam os nomes. Só viam um papel. Ter um nome pras coisas afeta como percebemos o mundo.

p. 96 1 (em narração monocórdia): O bolo de gente começa a se desfazer e sair de cena.

Lídia: E quando você der nome.. e eu acho que o nome é TRAUMA, porque foi um trama, né? aí a gente vai trabalhar isso mais fácil. porque vai conseguir ver quando é que isso está acontecendo mesmo.

1(em narração monocórdia): o bolo vai se desfazendo Lídia: E vamos ressignificar esse trauma.

1(em narração monocórdia): o bolo acaba e Carol não está mais lá Lídia: Tipo uma psicanálise. Pegamos esse trauma

1: Lídia está sozinha Lídia: E ressignificamos 1: mas ela não percebe. Lídia: Eu e você

2 (debochando da situação): que merda 1: que foi?

2: eu achei que ia rolar algo bizarro com elas 1: tipo?

2: Tipo explodir a Galopeira ou os caras serem uns tarados… pffff 1: Não … não.

2: E era isso que você queria contar?

1 (indeciso): Era. Mas agora queria saber da Carol. 2 (interessado): O que tem ela?

1: Quero saber o que ela quer. Além de tomar água gasosa e não entrar em lugares lotados.

2 (esperando algo de 1): e... 1: Carol entra em cena

1 (em narração monocórdia): O bolo de gente começa a se desfazer e sair de cena.

Lídia: E quando você der nome.. e eu acho que o nome é TRAUMA, porque foi um trama, né? aí a gente vai trabalhar isso mais fácil. porque vai conseguir ver quando é que isso está acontecendo mesmo.

1(em narração monocórdia): o bolo vai se desfazendo Lídia: E vamos ressignificar esse trauma.

1(em narração monocórdia): o bolo acaba e Carol não está mais lá Lídia: Tipo uma psicanálise. Pegamos esse trauma

1: Lídia está sozinha Lídia: E ressignificamos 1: mas ela não percebe. Lídia: Eu e você

2 (debochando da situação): que merda 1: que foi?

2: eu achei que ia rolar algo bizarro com elas 1: tipo?

2: Tipo explodir a Galopeira ou os caras serem uns tarados… pffff 1: Não … não.

2: E era isso que você queria contar?

1 (indeciso): Era. Mas agora queria saber da Carol. 2 (interessado): O que tem ela?

1: Quero saber o que ela quer. Além de tomar água gasosa e não entrar em lugares lotados.

2 (esperando algo de 1): e... 1: Carol entra em cena

Carol (finalmente com a palavra): Eu..

p. 98

Clausuras

Clausuras

Gisele Hostalácio

No documento EXERCÍCIOS DE DRAMATURGIA (páginas 92-101)