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Operacionalização de conceitos e construção do guião de entrevista 66

A operacionalização dos conceitos teve como ponto de partida a compreensão das principais vulnerabilidades sentidas pelos familiares dos doentes do Serviço de Medicina Interna IV aquando a preparação da alta hospitalar.

Os dados, agilizados e cruzados entre si, apoiaram-nos na compreensão das capacidades adquiridas, das vulnerabilidades sentidas e dos recursos disponíveis aquando a planificação da alta hospitalar.

Para a operacionalização e esquematização dos conceitos foram consideradas as hipóteses levantadas para que, deste modo, não existisse um desvio do trajecto a percorrer, sabendo que “estas fornecem à investigação um fio condutor particularmente eficaz”161

.

A operacionalização de conceitos permitiu, através da análise da capacidade de interpretação dos recursos da família ou de outros instalados na comunidade, analisar a eficácia do planeamento de uma alta hospitalar. A arquitectura deste pilar apoia-se na fundamentação e compreensão de três dimensões distintas entre si: a pessoal, a institucional e a comunitária.

A dimensão pessoal engloba:

1. Atitudes diferenciadas na própria individualização, contudo comprometidas com o Serviço de Medicina IV, efectuando uma partilha que possibilite a aquisição de conhecimento.

2. Comportamentos relacionados com o compromisso de colaborar, a fim de garantir qualidade de vida ao doente após a saída do hospital.

A dimensão organizacional engloba:

A produção de informação coerente e capaz, a fim de colaborar com família e doente e cumprir finalidades do sistema de saúde.

A dimensão comunitária engloba:

      

A capacidade de gerir, conhecer e utilizar outros recursos que sustentam a intervenção multidisciplinar e apoiam na criação e manutenção da qualidade de vida do doente, no domicílio.

Esta relação entre a pessoa, organização e comunidade resulta na obtenção de resultados: de carácter económico, onde a noção de rotatividade, demora média e reinternamento coincide com a humanização das Unidades de Saúde; de carácter social, que correspondem às redes de relação estabelecidas entre os profissionais de saúde, doente e prestadores de cuidados; de carácter cultural que corresponde à construção de valores que se vão solidificando e que se interiorizam no seio dos indivíduos, grupos e profissionais de saúde e de dimensão simbólica que se traduz em conceitos ligados ao reconhecimento do doente idoso, à compreensão da noção de qualidade de vida e dos ajustes que este conceito estabelece mediante o progressivo aumento da idade e estado de dependência. Avança também para o reconhecimento de uma sociedade activa e participativa, com espaço de afirmação e de utilidade.

O quadro que se segue apresenta de modo esquemático a operacionalização de conceitos e estruturação da análise qualitativa e dar-nos-á o modelo de trabalho para a construção da entrevista.

Quadro 7

Operacionalização de conceitos e estruturação da análise qualitativa

Hipóteses Conceitos Dimensões Indicadores (códigos)

1. Que a família é a opção mais recorrente aquando o

planeamento da alta hospitalar; 2. Que existem outros

actores que colaboram na programação da saída do doente do Hospital; 3. Que a intervenção da família e outros prestadores de cuidados é fundamentada por legislação que legitima a sua acção; 4. Que existe a capacidade do idoso de colaborar no seu processo de alta; 5. Que o aumento da dependência encontra- se associado a um aumento da necessidade de ajuda de terceiros para a realização das Actividades de Vida Diária;

6. Que a alta hospitalar abrange um planeamento multidisciplinar e reconhece todas as dinâmicas que constituem o indivíduo. Família (enquanto elemento de formação individual baseada num processo colectivo) Pessoal

1. Grau de parentesco com o doente; 2. Principal prestador de cuidados;

3. A intervenção da família é suportada por norma jurídica; 4. A intervenção da família não é suportada por norma jurídica; 5. Família colaboradora;

6. Família não colaboradora;

7. Envolvimento no planeamento da alta hospitalar;

8. Reconhecimento pelos profissionais de saúde da intervenção dos familiares;

9. Capacidade de resposta económica; 10. Capacidade na prestação de cuidados.

Doente idoso

(envelhecimento: perda de autonomia e aquisição de novas competências)

11. Doente totalmente dependente; 12. Doente semi-dependente; 13. Doente autónomo;

14. Doente autónomo Indivíduos isolados, sem relação familiar; 15. Incapacidade de decisão na programação da alta hospitalar; 16. Capacidade de decisão na programação da alta hospitalar; 17. Indivíduos com relacionamento familiar precário; 18. Indivíduos com apoio de familiares;

19. Aceitação do doente no envolvimento de terceiros; 20. Desconhecimento do doente do envolvimento com terceiros; 21. Mantinha uma boa relação com terceiros antes do internamento; 22. Mantinha uma má relação com terceiros antes do internamento; 23. Inesperada alteração da situação de saúde;

24. Esperado agravamento da situação de saúde.

Alta hospitalar (capacidade de planear a alta hospitalar considerando as dinâmicas individuais e colectivas) Organizacional

25. Reconhecimento da intervenção de outros prestadores de cuidados; 26. Pertinência da informação transmitida pelos profissionais de saúde; 27. Acesso aos profissionais de saúde durante o internamento; 28. Acesso aos profissionais de saúde após o internamento; 29. Insatisfação pelos serviços prestados no internamento; 30. Satisfação pelos serviços prestados durante o internamento; 31. Facilidade na programação da alta;

32. Dificuldade na programação da alta; 33. Satisfeito com os recursos existentes; 34. Insatisfeito com os recursos existentes; 35. Apoiado por familiares;

36. Apoiado por instituições e familiares; 37. Doente desapoiado;

38. O doente regressou à sua casa; 39. Doente morreu no hospital.

Redes Solidariedade

Social Comunitária

40. Cuidados prestados pela família; 41. Cuidados prestados por outros familiares; 42. Cuidados prestados por instituições;

43. Encontram-se muito envolvidos na programação da alta hospitalar; 44. Encontram-se pouco envolvidos na programação da alta hospitalar; 45. Intervenção iniciada antes do internamento;

46. Intervenção iniciada após o internamento; 47. Com qualificação técnica;

48. Sem qualificação técnica;

49. Satisfação com as redes formais e informais de apoio; 50. Insatisfeito com as redes formais e informais de apoio;