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1 I GREJAS C RISTÃS E MUDANÇAS SOCIAIS E IDEOLÓGICAS

1.3 A I GREJA E VANGÉLICA DE C ONFISSÃO L UTERANA NO B RASIL E SUAS TRANSFORMAÇÕES

1.3.4 F ORMAÇÃO TEOLÓGICA E CONDIÇÕES DE SURGIMENTO DA TEOLOGIA FEMINISTA NA

IECLB

Para entender o surgimento e o sucesso de uma teologia feminista na IECLB é

necessário ter em conta as características de sua instituição de ensino superior, a Escola

Superior de Teologia (EST), que é parte do sistema escolar da Igreja29. As instituições

responsáveis pela formação dos pastores da Igreja pautam-se pela ênfase escolar da formação

29

Sobre o sistema escolar da Igreja, destinado aos diferentes estratos sociais das colônias de origem alemã, ver Prien, 2001; Weber, 1998; Muller, 1990.

oferecida, em detrimento da espiritualidade e da formação moral (ao contrário, por exemplo

da formação católica analisada por SUAUD, 1978). Esta ênfase escolar está relacionada aos

fundamentos da Igreja enquanto mantenedora de escolas e que investe na escolarização de

seus fiéis. Em segundo lugar, pelo que aqui se está chamando de “dependência teológica do

exterior”, ou seja, a prática, sempre existente na Igreja, e sempre renovada, de importação de

tendências e discussões teológicas de centros de ensino fora do Brasil, seja europeus, e

notadamente alemães, seja, mais atualmente, norte-americanos. Estas duas características

(ênfase escolar e dependência teológica) e suas tensões com a necessidade da Igreja de

reprodução do corpo pastoral e suas conseqüentes demandas por fornecimento de pastores,

parecem definir a Escola de Teologia da IECLB e suas transformações. Por outro lado, é

somente em uma Igreja que prima pela escolarização e pela intelectualização de seus pastores,

e que, por outro lado, valoriza a inserção de parte de seu corpo eclesial no espaço de discussão

teológica nacional e internacional, que pode surgir e “florescer” uma teologia feminista. Em

termos concretos, a teologia feminista na IECLB surge como resultado de um processo em

que, após a entrada de mulheres no curso de teologia, uma delas consegue entrar no seleto

grupo de alunos da Escola que são enviados ao exterior para terem formação de pós-

graduação em centros europeus e – caso dela – norte-americanos. Esta formação –

principalmente, mas não só, como se verá mais adiante – possibilita o contato mais

aprofundado e a apropriação de discussões sobre teologia feminista por parte desta teóloga e a

posterior difusão, como professora na Escola, daquela. Esta discussão é apropriada por suas

alunas ou “discípulas” que, investindo na escolarização continuada em detrimento da carreira

estritamente pastoral, encaminham-se para o curso de pós-graduação em teologia da Escola.

Neste, realizam seus trabalhos nas temáticas próprias àquela discussão e fundam um grupo de

relacionada à lógica de recepção e mesmo de busca de acompanhamento das tendências em

voga nos centros internacionais de ensino de teologia.

Portanto, é a consideração dos processos de mudança curricular e de políticas de

recrutamento e formação de alunos e professores no centro de formação pastoral e teológica

desta Igreja que permite explicar como a condição feminina se torna um problema teológico

nesta. No início da década de 1920, o Sínodo Riograndense optou por manter um seminário

de formação média no Brasil que preparasse seus alunos para a formação teológica no

exterior. Este pré-seminário, o Instituto Pré-Teológico (IPT) começou a funcionar em 1921

em Cachoeira do Sul junto à comunidade presidida por H.Dohms (PRIEN, 2001, p. 205), e foi

transferido em 1927 para São Leopoldo, no Morro do Espelho. Este seminário preparava

jovens das colônias alemãs para ingressarem em seminários alemães até 1939 e, a partir de

1945, na Escola de Teologia. Em 1970, o IPT fecha, devido à falta de alunos, já que desde os

inícios da década de sessenta não é mais a única forma de ingresso na Faculdade de Teologia.

A formação dada pelo IPT após a segunda guerra mundial, é, a princípio,

perfeitamente adaptada à forma de ensino na Escola de Teologia, contrastando com da

formação no ensino médio do sistema de ensino não pré-seminarista. As aulas eram

ministradas em alemão, e havia uma forte ênfase no ensino de latim e grego (conforme

WEBER, 1998, p. 306). O regime era de internato e neste havia uma rígida disciplina escolar,

pelo menos em comparação ao ensino não confessional: “oração matinal, aulas pela manhã e à

tarde, acompanhadas de horas de estudo à tarde e à noite” (WEBER, 1998, p. 306; ver

também KIRST, 1986, p. 52). Tal formação visava a aquisição de “sólidos conhecimentos”

naquelas línguas, uma formação humanística (em literatura e filosofia) e principalmente a

aquisição de uma disciplina de trabalho a ser plenamente realizada na formação superior.

Assim, aos egressos do meio rural, em sua maioria filhos de agricultores, mas também de

média intelectual urbana e de contato com seu estilo de vida, como se vê no relato de um ex-

seminarista:

(...) as escapadas ao cinema (...), ou ainda, ao barzinho da esquina (...). E o IPT passou, para todos nós, a ser isto: decorar Schiller e Goethe, ler César e o De Bello Gallico, ou Thomas Mann e o Die Buddenbrooks, muito futebol e basquete, a tradução da Apologia de Sócrates, representações de Shakespeare, o discurso de Marco Antônio diante da plebe, traduções do Novo Testamento em Koiné, discussões políticas veladas e abafadas pela Diretoria do Colégio (...) (WEBER, 1998, p. 309, itálicos no original).

A ruptura entre o estilo de vida do meio rural e o estilo de vida propagada no IPT era

tanto maior quanto mais ligado ao “rude” mundo dos pequenos agricultores, do qual, aliás, os

pastores vindos da Alemanha desgostavam (ver PRIEN, 2001). No entanto, para os filhos dos

pequenos funcionários do meio rural que ingressavam no IPT, havia uma continuidade, na

medida em que entre estes a cultura escolar era uma forma de ascensão social já para os pais.

Mas, de alguma forma, a ruptura com o grupo social de origem não se dá principalmente pela

conversão em homens de Deus pela formação religiosa, mas pela conversão em intelectuais

pelo sistema de formação profissional da Igreja.

Já a Escola de Teologia, aberta em 1946, significou o início da Igreja como “no

Brasil” e a realização de seu projeto de independência do fornecimento externo de pastores,

um projeto conjunto de todos os Sínodos brasileiros, que fazem com que todos se

responsabilizem pelo funcionamento do IPT e da Escola de Teologia (PRIEN, 2001, p. 516).

No entanto, ela sempre se vinculou ao exterior, de diferentes formas, ao longo do tempo. Em

primeiro lugar, seus primeiros professores, inicialmente, ou eram alemães ou estudaram na

Alemanha. Em outro momento, descrito como “abrasileiramento do corpo docente”, há uma

política de envio de egressos da Faculdade para pós-graduação no exterior para que estes

lecionem na faculdade. Além disto, até a década de setenta, o currículo da Escola era um

transplante dos currículos de seminários alemães para o Brasil, e a maior parte do curso era

pela Escola de Teologia por parte da Igreja Alemã e a seguir de instituições como a FLM e o

CMI.

Atualmente, a Escola mantém um vínculo com o exterior que parece ser menos

dependente. A Escola possui um curso de pós-graduação – consolidado no Instituto

Ecumênico de Pós-Graduação, o IEPG – reconhecido nacional e internacionalmente, quer

dizer, consagrado pela instituição nacional de avaliação do ensino (ver anexo) e em igualdade

perante outros centros internacionais de teologia30. Desta forma, há com estes intercâmbios de

professores e alunos. Certamente, a formação de redes durante a realização de pós-graduação

por parte de professores da EST é uma das estratégias para inserção no “circuito”

internacional dos cursos teológicos. De qualquer forma, esta participação possibilita à Escola

o acesso à pauta teológica internacional, quer dizer, as discussões em voga nos principais

centros teológicos e religiosos, que se produz e difunde também pela FLM e pelo CMI.

Importa notar que a formação da Escola de Teologia é fundamentalmente uma

formação escolar, quer dizer, a ênfase do curso está na formação de teólogos e não de pastores

(ou encarregados do serviço da Igreja às comunidades), pelo menos até o início da década de

setenta. Um aluno da Faculdade de Teologia no início da década de sessenta – quando ainda o

ingresso no curso de Teologia se dava via IPT e não sofrera a reforma curricular – dá um

relato de como é este: “O próprio método de estudos é característico. (...) Seu sentido

principal é o de criar e desenvolver a autocapacidade de pensamento e trabalho teológico dos

estudantes” (BERNDT, 1962, p. 4). Após citar as disciplinas estudadas, salienta a

independência intelectual dos estudantes:

à medida que surjam os problemas no decurso das preleções, pré-seminários e seminários, caberá ao estudante, a par da literatura indicada, situá-los e procurar sua solução. Isso evidentemente, implica em muito trabalho e aplicação. Mas em compensação, o estudante penetra decisivamente no campo teológico, recebendo uma formação correspondente à responsabilidade de sua vocação e missão futura (BERNDT, 1962, p. 4-5).

30

A faculdade forma então teólogos-pesquisadores:

ainda outra preocupação que surge no ambiente estudantil é o perigo da incentivação do estudo enciclopédico, em detrimento do espírito puro de pesquisa e auto-desenvolvimento. (...) O estudo propriamente dito inicia nos bancos da Faculdade, mas prossegue através de tôda [sic] a vida (BERNDT, 1962, p. 6; ver também WEINGÄRTNER, 1986).

É possível que o corpo docente da Faculdade tenha se pautado pelo mesmo princípio,

e, no caso, tenha dado ênfase à docência de teologia ao pastorado. Neste sentido, é

significativo que um dos índices do sucesso da Faculdade de Teologia seja o progressivo

aumento do número de professores em dedicação exclusiva à Escola, sem exercício do

pastorado (FISCHER, 1986, p. 25). A dedicação à Escola funda uma segunda carreira ao

teólogo formado para o trabalho na Igreja, o que se vê no trecho deste texto de um professor

da Escola em 1961, resultado de uma palestra a docentes de outros seminários teológicos:

[u]m seminário no sentido integral da palavra pode existir unicamente com um certo número de professores que dedicam o tempo integral e tôda [sic] atividade à sua tarefa de ensino e de pesquisa teológica (...) onde houver para cada matéria teológica principal no mínimo um professor que esteja sempre e com sua personalidade integral à disposição dos estudantes, dedicando-se integralmente à sua matéria (MEYER, 1962, p. 30-31, negritos no original).

O ideal destes professores também compreendia a dedicação à pesquisa como

principal, em detrimento das aulas:

também deve ser garantido que o professor disponha de tempo suficiente para seus próprios trabalhos de pesquisa. (...) Onde o número máximo de 6 a 7 horas semanais [de aulas] é ultrapassado, surge automàticamente [sic] o perigo de o trabalho sério e sólido degenerar em mero ativismo. (...) Uma obra intelectual ou espiritual, que deveria ser de importância primordial para todos nós, nunca é realizada sob pressão. Que algo se produza sob determinadas condições de pressão é uma lei física, que não está em vigor no campo da pesquisa intelectual (MEYER, 1962, p. 31-32).

Por outro lado, a “espiritualidade”, a formação propriamente religiosa tinha uma

importância garantida, mas secundária para os alunos, pelo menos em relação à formação

católica, cujo tempo diário era marcado religiosamente:

Como parte da vida espiritual, os estudantes freqüentam duas devocionais diárias: uma matutina e outra vespertina. Além disto, há cultos de fim de semana, e mensalmente, um culto com celebração da Santa Ceia. A vida devocional particular não tem forma própria prevista (...) Até mesmo existe um círculo particular de orações e estudos bíblicos freqüentados por alguns estudantes (BERNDT, 1962, p. 6).

De outra parte, para os professores, o pastorado atrapalharia a tranqüilidade, não sendo

necessário para o exercício da docência: “Creio pessoalmente, que a necessidade absoluta

desta atividade [o pastorado] não pode ser afirmada categoricamente, com exceção

(evidentemente) dos professôres [sic] de teologia prática” (MEYER, 1962, p. 36).

No entanto, a ênfase escolar da Faculdade de Teologia chocava-se com as

necessidades da Igreja; quer dizer, o fornecimento de pastores. Segundo Prien (2001, p. 540),

o auto-suprimento de pastores seria obtido somente a partir da década de oitenta, o que fazia

com que a demanda por pastores do exterior não se extinguisse totalmente31. É possível que as

alterações nas formas de recrutamento dos alunos da Faculdade de Teologia e as conseqüentes

reformas curriculares estejam relacionadas a isto; em outras palavras, a necessidade de

pastores da Igreja impõe uma massificação do ensino na Escola e à busca de outros

mecanismos de garantia da manutenção da excelência escolar.

Em primeiro lugar, a partir de 1963, foi permitido o ingresso de alunos que não

freqüentavam o IPT, o que aumentou o contingente de alunos da Faculdade, e daí seu número

de egressos, o que se vê na tabela 1.

Tabela 1 – Contingente de alunos da Faculdade de Teologia: ingressos, egressos, mulheres, total – 1946 a 1995

Ano Ingressos Egressos Mulheres Total 1946 13(1) 1948 6(2) 1950 1957 28(3) 1963 42(5) 1967 61(2) 1969 28(2) 10-15(2) 3(2) 92(2) 1970 97(3) 1976 10-15(2) 1980 202(4) 1981 67(2) 236(2) 1982 48(2) 251(2) 1983 25(2) 50(2) 269(2) ou 262(4) 31

Algumas soluções para a falta de pastores foram implementadas entre a década de sessenta e setenta, como o Curso Intensivo de Teologia e o Curso Teológico complementar. Ver Fischer, 1986, p. 28-29.

1984 24(2) 253(4)

1985 258(4)

1995 87(1) 255(1)

Fontes: (1) Lehnen, 1995; (2) Fischer, 1986; (3) Kirst, 1996; (4) Thiel, 1986; (5)

Schünemann, 1992.

Segundo Schüneman (1992), houve também uma mudança na origem dos recrutados.

Até 1963 podiam ingressar alunos que procediam do IPT (Instituto Pré- Teológico). Na sua maioria eram filhos de pequenos agricultores ou filhos(as) de pastores. Com a abertura, estudantes de áreas urbanas e de cursos colegiais que não fossem o Clássico (Científico, Contabilidade, Normal, etc.) interessaram-se pelo estudo de Teologia, refletindo ‘uma mudança da estrutura social que aconteceu no interior da IECLB – de uma Igreja de agricultores transformou-se numa Igreja com estrutura social diferenciada’ e mentalidade diversificada (SCHÜNEMANN, 1992, p. 58- 59).

A diversificação escolar teve seus efeitos na Escola. Enquanto o IPT e a Faculdade de

Teologia tinham uma continuidade, com aquela inculcando desde cedo um ethos de teólogo

nos alunos, a diversificação escolar, ao mesmo tempo em que aumentava o ingresso, trazia

alunos não adaptados e não aptos para a Faculdade:

[a] diminuição dos conhecimentos de alemão entre os estudantes e a simultânea falta de suficiente literatura teológica em vernáculo ameaçam reduzir o nível teológico da faculdade. O estudante (...) não está mais em condições de se orientar por iniciativa própria assim como em tempos atrás isto era possível e pressuposto. (...) Uma vez que ultimamente os jovens admitidos ao estudo da teologia são egressos dos mais diferentes colégios, faz-se sentir um forte desnível cultural entre os estudantes novos, que espelha a diversidade de sua formação de segundo grau. Tem-se evidenciado, além disto, a necessidade de introduzir o estudante paulatinamente na arte de estudar (...) O aumento do número de estudantes na Faculdade de Teologia antes dificulta o diálogo entre os estudantes do que o facilita (BURGER, 1977, p. 54-55; ver também KIRST, 1986, p. 52).

Implementou-se a partir de 1975 uma reforma curricular, cuja ênfase recaiu na

aquisição de um “lastro mínimo aceitável” de conhecimentos teológicos por parte do aluno,

na preparação prática ao pastorado com estágio no meio do curso e uma readaptação da idéia

de preparação para a pesquisa com uma parte “pré-teológica” (aquisição de conhecimentos

lingüísticos) no início do curso e com seminários com temas de interesse no final do curso

as mudanças implementadas minaram a ênfase na pesquisa teológica. No entanto, esta foi

assegurada por outros mecanismos. O primeiro deles foi a especialização de alunos no

exterior e sua volta como professores e pesquisadores da Faculdade. Esta política se inicia no

final da década de sessenta e é chamada de “abrasileiramento do corpo docente”, continuando

na década seguinte. O estudo de Coradini (2003) sobre professores de Ciências Humanas e

Sociais no Rio Grande do Sul permite caracterizar este “abrasileiramento” do corpo docente,

pois traz informações sobre professores do IEPG, no qual atuam professores da EST enviados

ao exterior para pós-graduação. Dos 15 professores deste curso, três não são da IECLB (um

católico lecionando disciplina relacionada à Educação; um luterano da IELB e um luterano

norte-americano, professor visitante). Dos doze professores da IECLB, dois têm doutorado no

Brasil, oito na Alemanha, uma nos Estados Unidos e um na Inglaterra. Dentre estes, há sete

formados pelo currículo antigo: um obteve graduação em teologia na década de noventa, três

na primeira metade da década de oitenta; quatro na primeira metade da década de setenta e

um no final e três na década de sessenta. Dos sete formados até a década de setenta, três

freqüentaram o IPT no ensino médio e outros dois freqüentaram colégios confessionais

evangélicos. Dos cinco formados nas décadas seguintes, três obtiveram o ensino médio na

Escola Evangélica de Ivoti, que funcionava em regime de internato. Assim, o abrasileiramento

se dá a partir de alunos em sua maioria egressos de uma formação mais “teológica” e/ou com

um segundo grau mais voltado para o estudo.

A já mencionada política de envio de alunos para o exterior para pós-graduação visava

prepará-los à docência, o que abriu aos pastores uma nova carreira a partir da obtenção do

título de teólogo: a docência. É interessante observar o quadro 1, a seguir, que apresenta o

Quadro 1- Trajeto escolar e profissional dos professores do IEPG a partir da graduação Professor Graduação Mestrado Doutorado Docência EST Paróquias ou outros

1 1984 1985-1986 1987-1990 1991 1991 (junto com docência; mais tarde, DE na EST 2 1990 1992-1997 2000 91 e 98-99 3 1981 1987 1986-1996 4 1984 2000 1986-1996 pastor e 1999 assessor 5 1973 1982-1987 1980-81 (prof.Inst.Cateque se) e 1987 1973-1980 6 1975 1981-1986 1979 (Inst.Catequese)/1 980 1975-1980 7 1979 1995 (conclusão) 1995 1980 8 1971 1977-1983 1983 NI 9 1967 1969-1972 1964-1969 (prof.aux.filosofia ) - 1974 1972-1974 10 1970 1975-1979 80 1970-1974 11 1964 1965-1968 1970 1968-1970 12 1962 1966-1968 1968 1962-1965

Fonte: Dados obtidos de pesquisa realizada por O.L.Coradini sobre os professores de ciências

humanas e sociais no Rio Grande do Sul32.

Para seis deles, o ano de conclusão do doutorado coincide ou é muito próximo da

docência na EST como professor. Além disto, apenas três professores ficaram mais de cinco

anos no pastorado. Para quatro deles, o trajeto foi da graduação, um curto período de tempo

no pastorado, ida para o pós-graduação e seguimento da carreira docente; dois deles optaram

pela carreira professoral após trabalharem como pastores, vinculando-se a centros de ensino

da IECLB, e a partir do estímulo da Escola, fazendo pós-graduação para retornarem como

professores. Três deles vão para paróquias somente após concluírem os estudos de doutorado,

ficando um curto espaço de tempo naquelas, para depois assumirem como professores na

EST. Somente um deles ficou um longo espaço de tempo (10 anos) com paróquia e

lecionando na EST, e um deles, mulher, fez uma carreira quase que estritamente acadêmica,

indo diretamente da graduação para o mestrado, doutorado e retornando para a docência, com

um curto espaço de tempo exercendo simultaneamente o pastorado e a docência.

32

A docência como outra carreira possível ao estudante de teologia seria também uma

das formas de manter a qualidade da produção teológica na Escola: os professores são os

portadores e divulgadores das tendências teológicas em voga, ao mesmo tempo em que

promovem, como orientadores, as pesquisas de alunos em nível de pós-graduação no IEPG.

Quer dizer que o abrasileiramento do corpo docente significa o acesso a redes teológicas

internacionais de seus candidatos a professor.

Por outro lado, a abertura das portas da Faculdade de Teologia significou a

diversificação do sistema de ensino superior da Igreja: a Faculdade de Teologia forma o

pastorado, do qual um seleto grupo faz uma pós-graduação no IEPG, onde, por fim estão

garantidos os padrões de excelência acadêmica, um centro de formação de leigos, um de

formação continuada para os pastores, e um centro de formação catequética.

Tudo se passa como se fossem adotadas as idéias expressas por Meyer, um docente da

Faculdade de Teologia em 1962, segundo as quais não era possível ter um corpo docente

brasileiro pela

falta de uma elite entre os estudantes daqui. (...) Em comparação com a situação na Alemanha, encontramos por certo entre nossos estudantes a classe média, mas ainda não a elite. (...) A falta de elite entre nossos estudantes se explica pela lei geral que está na base de tôda [sic] criação de elite. Sempre é necessário uma quantidade realmente grande para que surja uma pequena elite (...) qual é o seminário, que já educou 200 ou 300 (...) estudantes, para que [surja] uma elite de 4 ou 5 que poderiam reger tôdas [sic] as cadeiras [?] (MEYER, 1962, p. 32-33).

A abertura da Faculdade para o estudantado “em geral” permite que, dentre muitos,

alguns poucos se destaquem e sejam encaminhados à docência. Por outro lado, o aumento do

número de alunos fez necessário o aumento do número de professores para as cátedras

(FISCHER, 1986, p. 29-30).

É possível qualificar os professores brasileiros da EST de elite intelectual (e que se

confunde com a elite eclesiástica muitas vezes) a partir de sua titulação e mesmo status

na carreira teológica, oriundos da agricultura familiar, o trajeto social destes, visto em relação