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CAPÍTULO 4- O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

4.1 O CAMPO E OS AGENTES DA PESQUISA

4.1.3 Os agente-sujeitos da pesquisa

A inserção dos agentes no espaço acadêmico denotou a entrada no campo da política de formação para professores EaD pelo Sistema UAB. O Curso de Pedagogia, em questão, configurou-se como campo de produção de capitais culturais e simbólicos, mediante as lutas internas, o qual reverteu a seu egresso, em reconhecimento, legitimidade e prestígio alcançados ao longo dos quatro anos do curso e dos cinco anos após a sua conclusão.

Esses agentes, egressos do curso, estão dotados de um “habitus primário” que os direcionou, a princípio, para um mesmo campo, mas que pode estar modificado em virtude das estratégias que utilizaram, como práticas estruturadas ou ações ordenadas e orientadas que estes desenvolveram, em função desse habitus adquirido e das oportunidades possibilitadas pelo campo, quer dizer, pela política pública de formação de professores a distância por meio do Sistema UAB.

Segundo Dazzani e Lordelo (2012, p.12) analisar uma política, neste caso de formação de professores a distância via Sistema UAB:

não diz respeito ao simples fato de localizar e indicar se certos resultados previstos foram ou não alcançados, mas envolve um juízo sobre a própria natureza do programa, o contexto da sua implementação e a ação dos agentes, principalmente se falamos de políticas públicas de abrangência nacional que dependem de articulações entre diferentes instâncias governamentais, vultosos orçamentos e incomensuráveis realidades locais Assim, os agente-sujeitos dessa pesquisa foram os egressos da primeira turma do Curso de Pedagogia UAB/UEPG (2009-2012), por entender que o estudo com egressos “é uma estratégia que tem como meta conhecer como os participantes efetivamente se apropriam das informações, habilidades e ferramentas supostamente oferecidas pelo programa educativo” (DAZZANI; LORDELO, 2012, p.19).

Em outras palavras, os egressos de uma política pública de formação de professores foram sujeitos importantes para a compreensão da abrangência, da articulação e dos resultados dessa política para a sociedade e seus agentes. Por meio do egresso foi possível verificar as mudanças no modo de pensar, nos valores, na inserção social, na participação no universo do trabalho e da cultura que estava diretamente associado à participação do sujeito nesta determinada política. Cabe destacar que a política em si não foi a única responsável pela conformação do habitus, no entanto contribuiu significativamente, por isso para a realização dessa análise foi mister partir da trajetória do agente.

Em Bourdieu (1996, p.189) a análise da trajetória de vida dos agentes pôde ser entendida como:

a análise crítica destes processos sociais [...] conduz à construção da noção de trajetória como série de posições ocupadas por um mesmo agente (ou um mesmo grupo) em um espaço ele mesmo em devir e submetido a incessantes transformações. Tentar compreender uma vida como uma série única e suficiente em si mesma de eventos sucessivos sem outra ligação que a associação a um “sujeito” cuja constância é apenas aquela de um nome próprio é quase tão absurdo quanto tentar explicar um trajeto no metrô sem levar em conta a estrutura da rede, ou seja, a matriz das relações objetivas entre as diferentes estações.

Desta forma, ao conhecer a trajetória do egresso do Curso de Pedagogia EaD da UEPG foi possível identificar o seu ponto de partida, seu habitus inicial, o seu percurso, as modificações do habitus, o ponto de chegada, a incorporação de novo habitus a partir da participação em determinada política pública.

Para a análise das trajetórias dos egressos, buscou-se junto a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UEPG os concluintes do Curso de Pedagogia EaD da UEPG da primeira turma (2009-2012). Lembrando que o número de vagas ofertadas, alunos matriculados não correspondia necessariamente ao número de concluintes em

cada polo, tendo em vista que alguns alunos desistiram, trancaram ou se transferiram do curso, ou ainda por reprovações, atrasando o percurso do estudo, entre outros motivos.

Sendo assim, para a pesquisa considerou-se egresso, aquele acadêmico que iniciou o curso em 2009 e o completou em 2012. De acordo com os dados da PROGRAD os concluintes do curso por polo foram:

Tabela 9 - Número de Matrículas e Concluintes do Curso de Pedagogia EaD

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados da PROGRAD - 2018

Desse total de concluintes nem todos foram sujeitos dessa pesquisa em virtude das dificuldades próprias da pesquisa com egressos e da amostra ser considerada razoavelmente grande para ser incluída integralmente na pesquisa. Por isso, foram necessários alguns procedimentos para definir uma amostra a fim de tornar a pesquisa executável.

Primeiramente foram coletados dados junto à Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) como: a relação dos ingressantes na primeira turma de Pedagogia

Polo Nº Vagas Nº Matrículas Nº Concluintes

Bandeirantes 50 38 21 Bituruna 50 26 09 Canoinhas 50 49 35 Florianópolis 300 286 201 Ipiranga 50 40 21 Jaguariaíva 50 45 26 Palmital 50 38 29 Ponta Grossa 50 50 43 Telêmaco Borba 50 45 35 Total 700 617 420

(2009), a relação dos egressos do curso de Pedagogia (2012) e a relação dos endereços eletrônicos dos egressos.

Em seguida, foram enviados e-mails para os egressos do Curso de Pedagogia, convidando-os para participar da pesquisa. Nesta etapa, percebeu-se o quão difícil era realizar pesquisas com os egressos, muitos dos e-mails enviados, retornaram ou por inexistência do endereço eletrônico, ou por desatualização dos mesmos. O número de egressos que retornaram o e-mail convite foi considerado baixo, por isso optou-se por nova tentativa de contato com os egressos, uma busca dos egressos por meio das redes sociais virtuais.

Desta forma, foi criado um grupo de egressos da UAB/UEPG, turma 2009-2012, no Facebook. Nem todos os egressos foram encontrados e outros não responderam a solicitação de participação. Todavia o número de contatos foi maior que na primeira tentativa, sendo que dos 420 concluintes do curso, 167 egressos aderiram ao grupo “FORMADOS UAB/UEPG”.

Essa dificuldade de encontrar os egressos também foi relatada por Dazzani e Lordelo (2012):

Entre as dificuldades (SILVEIRA, 2009) estão: a) localização dos sujeitos (os bancos de dados referentes a endereços físico e eletrônico e telefones não retratam a realidade do momento da coleta, mas uma situação anterior que raramente é atualizada); b) disposição do egresso em cooperar, cedendo seu tempo e oferecendo informações sobre sua vida privada; c) escassez de referenciais teóricos e metodológicos de pesquisas com egressos que sirvam para subsidiar a investigação (DAZZANI; LORDELO, 2012, 19 p).

As dificuldades apontadas pelos autores também foram sentidas não só para localizar os egressos para a realização dessa pesquisa, como também para a coleta dos dados conforme descreveu-se no próximo tópico.