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CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.2 OS ALUNOS E A CULTURA

Os gráficos 8 e 9 tratam das atividades culturais que os estudantes apreciam e se elas interferem em seus conhecimentos sobre o mundo.

Gráfico 8 - Atividades culturais apreciadas pelos alunos

0% 23% 7% 25% 1% 3% 13% 6% 3% 19%

teatro exposição de fotografia cinema

recital escultura espetáculos de dança artes plásticas ópera show de música

77

O Gráfico 8 aponta que os estudantes apreciam: cinema (50); teatro (46); show de música (37); dança (26); exposição de fotografia (15); artes plásticas (11); escultura (6); ópera (6); recital (3), totalizando 200 respostas. Cinco dos estudantes deixaram a questão em branco. Os alunos podiam escolher várias alternativas. Acrescenta-se ainda que as respostas foram induzidas pelo questionário, não sendo possível afirmar se os respondentes frequentam ou apenas gostam dessas atividades culturais.

Verifica-se que a preferência dos alunos por cinema, teatro e show de música. De certa forma, a interferência da escola ao promover atividades que os coloquem em contato com as várias expressões artísticas traz um retorno considerável, já que, espontaneamente, esses alunos não escolheriam recital ou ópera, por exemplo.

Gráfico 9 - As atividades culturais aumentam o conhecimento dos alunos.

0% 76% 17% 1% 6% totalmente de acordo nem concordo nem discordo

discordo não sei

78

O Gráfico 9 revela que os alunos: estão de acordo (68); nem concordam nem discordam (15); discordam (1); não sabem (1), totalizando 85 respostas. Cinco deixaram a questão em branco.

Observa-se que, para essa questão, 76% concordam. Constata-se que a escola acerta ao proporcionar aos alunos atividades fora do espaço escolar. Essas atividades desenvolvem a capacidade poética nos alunos, pois eles são convidados a acessar todos os sentidos, aguçando sua sensibilidade.

Esse resultado é positivo, pois parte dos alunos, em atitudes informais, se posiciona contrária às atividades que fogem à “lição na lousa”, ou que sejam realizadas fora da sala de aula. Para esses alunos é como se não houvesse aula, portanto seria uma perda de tempo.

O Gráfico 10 mostra a percepção dos alunos em relação ao espaço onde ocorre a aprendizagem.

Gráfico 10 - Locais onde a aprendizagem ocorre

O Gráfico 10 mostra que a aprendizagem ocorre: em casa (8); no trabalho (5); nos centros de cultura (3); na escola (26); em todas as alternativas (56), totalizando 98 respostas. Dois alunos deixaram a questão em branco e ninguém escolheu que a aprendizagem ocorre na rua.

0% 8% 5% 3% 0% 27% 57% em casa no trabalho

nos centros de cultura na rua

na escola

79

Observa-se a percepção por parte dos respondentes que em todos os lugares se aprende algo. Provavelmente, quem assinalou apenas na escola (26%), entende que o que se ensina nas escolas é diferente, ou seja, é específico em relação aos outros lugares.

Os gráficos 11 e 12 tratam de como a escola se relaciona com os conhecimentos trazidos pelos estudantes.

Gráfico 11 - O aproveitamento dos conhecimentos dos alunos pela escola

O Gráfico 11 mostra que os alunos: concordam plenamente (45); concordam em parte (23); discordam (3); não sabem (12), totalizando 83 respostas. Sete dos respondentes deixaram a questão em branco. Observa-se que a maioria (54%) acredita que a escola aproveita os conhecimentos trazidos pelos alunos para acrescentar novos.

0%

54% 28%

4%

14% concordo plenamente, pois vi muito da minha cultura nas ações educativas concordo em parte algumas coisas foram superficiais

discordo, porque foi passada uma cultura que não assimilo

80

Gráfico 12 - Projetos da escola de que os alunos participaram

O Gráfico 12 mostra a participação dos alunos nas atividades culturais, ou seja, aponta o seguinte resultado:

 48 frequentaram a Casa da Gioconda e assistiram a Olhos de Nebul, peça teatral; 26 assistiram a Vésper, show de música;  36 foram ao CEU Bristol para ver Poeira de estrela (peça

teatral); 0% 23% 17% 16% 4% 2% 24% 12% 2%

Olhos de Nebul (teatro) - Casa da Gioconda Poeira de estrela

Identidade Jovem (filme) - Câmara Municipal Wilson Simonal

(documentário) - Unibanco Mulher Invisível _ (filme) - Unibanco

As eruditas (teatro) - Teatro Brigadeiro Vésper (música) - Casa da Gioconda

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 34 foram à Câmara Municipal de São Paulo para assistir ao filme “Identidade Jovem”;

 8 foram ao Espaço Unibanco assistir a “Wilson Simonal” e 5 assistiram a “Mulher Invisível”;

 outras : “Tapa” (1); “O Doido” (2); Umes (1).

Observa-se que os respondentes participam das atividades culturais fora do ambiente escolar, como passeios, audição de música, teatro, filmes, totalizando 161 respostas; 11 deixaram a questão em branco.

A escola tenta se relacionar com os equipamentos culturais que tenham algum vínculo com a formação de público. É o caso do Centro Educacional Unificado (CEU), um complexo educacional, esportivo e cultural caracterizado como espaço público múltiplo. Oferece 1 Centro de Educação Infantil (CEI) para criança de zero a três anos; 1 escola Municipal de educação Infantil (EMEI) para criança de quatro e cinco anos; 1 Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), que possui Ensino de Jovens e Adultos (EJA). A cidade de São Paulo conta com 45 CEUs e o Centro de Convivência Educativo e Cultural de Heliópolis. Todas as unidades do CEU são equipadas com quadra poliesportiva, teatro, playground, piscinas, biblioteca, telecentro e espaços para oficinas, ateliês e reuniões.

O Espaço Unibanco, localizado no bairro, abriu as portas em 1995 com o objetivo de levar ao público filmes de qualidade artística e cultural que não são facilmente encontrados nas salas comerciais. Com a fusão dos bancos Itaú e Unibanco, em 2008, o local passou a ser conhecido como Espaço Itaú de Cinema.

A Câmara Municipal de São Paulo, órgão legislativo da cidade, foi criada em 1560 por um ato do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, e fica localizada, atualmente, no local conhecido como Palácio Anchieta. O prédio, que fica no centro da cidade, além de ser o espaço em que funciona o poder legislativo da cidade, fica aberto para outras manifestações e atividades democráticas – a sessão do filme “Identidade Jovem” foi um exemplo.

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Casa da Gioconda é um espaço cultural que mantém um diálogo com a escola, como foi apresentado no contexto de pesquisa.

Percebe-se que, mesmo quando a escola não organiza diretamente um evento, por alguma razão, os espaços culturais acabam convidando a escola mais próxima para assistir a uma peça teatral ou para ver uma exposição – é o que acontece no bairro da Bela Vista.

Os convites chegam à escola de centros culturais, teatros e outros espaços culturais do bairro, como também da própria Secretaria de Educação Municipal de São Paulo, através dos CEUs. É possível verificar que o calendário dessas atividades nem sempre é proposto ou direcionado pela própria escola. A escola se organiza quando leva os alunos ao cinema, pois precisa verificar o filme que está em cartaz, se ele é, de fato, de interesse dos alunos e dos professores. Assim, constata-se que a escola é convidada a interagir com o que está fora dela, quer pelos convites oriundos da SME, quer pelos convites feitos dos centros de cultura. Essa ação da escola faz com que os alunos criem alguns hábitos. Não é difícil, em uma conversa informal, ouvir o aluno confidenciar que é a primeira vez que entra em um teatro, que até aquele momento não sabia que era bom. Mostra também que esses espaços não propiciam o acesso de todos, pois os alunos vivem no bairro e não percebem esses espaços como públicos, portanto um local onde eles podem entrar e participar do que é realizado lá.

Sobre as atividades desenvolvidas fora da escola, obteve-se o seguinte resultado: 62 alunos concordam plenamente que essas ações podem ser consideradas educativas; 24 concordam em parte e 2 discordam, totalizando 88 respostas. Dois dos respondentes deixaram a questão em branco.

Observa-se que, embora não fosse explicado o significado do que seja uma atividade educativa, os alunos responderam à questão.

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Gráfico 13 - Relação entre o que se aprende na escola e nos centros de cultura

O Gráfico 13 mostra, ainda que não tenha sido explicado, o que é um centro de cultura para os alunos:

0% 10% 25% 1% 25% 3% 7% 22% 7%

nenhuma relação, pois se trata de conhecimentos diferentes percebo que há relação, embora os conhecimentos sejam diferentes não há nenhuma relação

sim, os conhecimentos da escola podem ser utilizados nos centros culturais

parcialmente, pois os centros culturais são mais centros de lazer do que de conhecimento

não frequento centros culturais

os centros culturais completam os conhecimentos adquiridos na escola ampliando a aprendizagem

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 10 não percebem relação entre o que se aprende na escola e nos centros culturais, pois se trata de conhecimentos diferentes;  26 percebem que há relação, embora os conhecimentos sejam

diferentes;

 1 dos alunos não percebe relação entre o que se aprende na escola e nos centros de cultura;

 25 percebem que os conhecimentos da escola podem ser utilizados nos centros culturais;

 3 percebem que a relação é parcial, pois os centros culturais são mais centros de lazer do que de conhecimento;

 22 entendem que os centros culturais completam os conhecimentos adquiridos na escola, ampliando a aprendizagem;

 7 não sabem se existe relação entre o que se aprende na escola e o que se aprende no centro cultural;

 Apenas 7 não frequentam centros culturais.

No total, foram 107 respostas, pois os alunos escolheram mais de um item e 6 deixaram a questão em branco.

Apesar de 7 alunos não frequentarem os centros de cultura na sua vida cotidiana, os estudantes percebem esses espaços como lugar de lazer e/ou de aquisição de conhecimentos que poderão ser levados para a sua vida como um todo. Isso nos permite levantar a hipótese de que os alunos não se percebem como sujeitos/participantes da cultura produzida pela sociedade. Ir ao teatro, assistir a um filme no cinema, visitar uma exposição de fotografias, ir à bienal de arte e a outros espaços culturais não faz parte de sua vida, de seu cotidiano.

Por outro lado, os alunos não consideram que a escola, ao promover momentos em que eles frequentem os espaços de cultura, faz uma aproximação entre ela e a comunidade e favorece o acesso deles à produção cultural lá veiculada.

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