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Os Direitos do Aluno no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior

CAPÍTULO III OS DIREITOS DO ALUNO NO ORDENAMENTO

3. O Estatuto do Aluno do Ensino não Superior

3.3. Os Direitos do Aluno no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior

O conceito de educação plasmado no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, enquadra-se no duplo sentido constante dos instrumentos jurídicos internacionais, a que se refere Verheyde (2006, p.10), abrangendo não só o desenvolvimento das competências básicas como, também, o desenvolvimento da personalidade dos alunos, envolvendo o desenvolvimento intelectual, espiritual e emocional das crianças e jovens123.

Por outro lado, o conceito de educação constante da Convenção sobre os Direitos da Criança124, também está reflectido, parcialmente, na previsão do legislador português, pois este ao referir que a educação deve desenvolver no aluno os valores nacionais, uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da pessoa humana, da democracia, do exercício responsável, da liberdade individual e da identidade nacional125, vai de acordo com os objectivo constantes da Convenção, de que o ensino e a educação proporcionados pela escola, desenvolva nos alunos o respeito pelos direitos humanos, pela identidade cultural, por uma cultura de cidadania, pela democracia, pelo desenvolvimento da capacidade dos alunos para participarem numa sociedade livre, de uma forma responsável. É assinalável a aposta do legislador, manifestada no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, na afirmação do papel da escola na formação e educação das crianças e dos jovens, assumindo-a como uma matriz de valores e princípios de afirmação da

123

Art. 13º, al) b) do Estatuto do Aluno do Ensino não Superior, aprovado pela Lei nº 30/2002, de 20 de Dezembro

124

Art. 28º;

125

Humanidade.126, realçando, deste modo, a importância que reconhece à educação dos alunos para os direitos humanos.

O Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, vem dedicar três disposições aos direitos dos alunos127, reconhecendo-lhes os seguintes direitos128 (cfr. Homem, 2003, p. 19):

• Usufruir do ensino e de uma educação de qualidade.

• Usufruir do ambiente e do projecto educativo que proporcionem as condições para o seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico, para a formação da sua personalidade e da sua capacidade de auto- aprendizagem e de crítica consciente sobre os valores, o conhecimento e a estética.

• Ver reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, e o esforço no trabalho e no desempenho escolar.

• Ver reconhecido o empenhamento em acções meritórias, em favor da

comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral.

• Usufruir de um horário escolar adequado ao ano frequentado.

• Usufruir de uma planificação equilibrada das actividades curriculares e extra- curriculares, nomeadamente as que contribuem para o desenvolvimento cultural da comunidade.

• Beneficiar dos serviços de acção social escolar.

• Beneficiar de outros apoios específicos, através dos serviços de psicologia e orientação ou de outros serviços especializados de apoio educativo.

• Ser tratado com respeito e correcção pelos demais membros da comunidade educativa. 126 Art. 12º; 127 Arts. 12º, 13º e 14º; 128 Art. 13º;

• Ver salvaguardada a sua segurança na escola e respeitada a sua integridade física e moral.

• Ser assistido em caso de acidente ou doença súbita.

• Ver garantida a confidencialidade dos elementos e informações constantes do seu processo individual, de natureza pessoal ou familiar.

• Participar, através dos seus representantes, nos orgãos de administração e gestão da escola, na criação e execução do respectivo projecto educativo, bem como na elaboração do regulamento interno.

• Eleger os seus representantes para os orgãos, cargos e demais funções de representação no âmbito da escola.

• Ser eleito para os orgãos, cargos e demais funções de representação no âmbito da escola.

• Apresentar críticas e sugestões relativas ao funcionamento da escola.

• Ser ouvido pelos professores, directores de turma e orgãos de administração e gestão da escola, em todos os assuntos que justificadamente forem do seu interesse.

• Organizar e participar em iniciativas que promovam a formação e ocupação de tempos livres.

• Participar na elaboração do regulamento interno da escola, conhecê-lo e ser informado sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do seu interesse.

• Participar nas demais actividades da escola.

O actual Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior elenca, assim, diversos direitos dos alunos que não estavam previstos no anterior Estatuto dos Direitos e Deveres dos Alunos dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto Lei nº 270/98, de 1 de Setembro.

A grande novidade constante deste Estatuto, em relação à matéria dos direitos dos alunos, é a sua aposta na qualidade do ensino e da educação129 prestados na Escola, o que deve ser feito através da colaboração e empenho de todos os intervenientes no processo educativo. Esta preocupação do legislador é manifesta, pelo facto de ter elencado este direito em primeiro lugar, direito este que não constava do anterior Estatuto.

Outro direito que não estava incluído no anterior Estatuto, é o direito do aluno usufruir de um ambiente educativo saudável, e de um projecto educativo adequado a proporcionar as condições para o seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico, para a formação da sua personalidade e da sua capacidade de auto-aprendizagem e de crítica consciente sobre os valores, o conhecimento e a estética130, salientando, assim, a importância das escolas criarem ambientes e projectos educativos adequados ao desenvolvimento não só da capacidade mental dos alunos, como ao desenvolvimento dos seus talentos, das aptidões físicas, da sua personalidade, do desenvolvimento do espiríto de cidadania, bem como ao desenvolvimento do espiríto crítico, com o objectivo de prepararem os alunos para participarem na vida social e da comunidade e expressarem as suas opiniões, assumindo as suas responsabilidades numa sociedade livre.

Também o direito do aluno a ver reconhecidos e valorizados o mérito, dedicação e esforço demonstrados no trabalho e no desempenho escolar131 e pelo empenhamento em acções meritórias em favor da comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela132, é uma novidade que não se encontrava no anterior Estatuto. O legislador manifesta, deste modo, a sua preocupação em que os alunos sejam valorizados, não somente ao nível das competências do saber e do saber-fazer, mas também, ao nível do mérito e no empenho e esforço demonstrados ao nível do seu desempenho escolar, como também ao nível da solidariedade que manifestem, quer para com os seus pares, quer para com as outras pessoas, seja dentro da escola, como fora dela.

129

Art. 13º , al) a);

130 Art. 13º, al) b); 131 Art. 13º, al) c); 132 Art. 13º, al) d);

Salienta-se ainda a necessidade dos seus educadores deverem estimular os alunos nesse sentido133.

Outra novidade deste Estatuto é a previsão do direito do aluno a usufruir de um horário escolar adequado ao ano frequentado e a uma planificação equilibrada das actividades curriculares e extra-curriculares134. Revelam estes dois direitos, a preocupação do legislador pela estruturação das actividades escolares de uma forma equilibrada, tendo em vista o desenvolvimento harmonioso e equilibrado da personalidade dos alunos.

Procuramos analisar os direitos do aluno constantes do Estatuto do Aluno do Ensino não Superior, à luz dos princípios consignados na Convenção sobre os Direitos da Crianças, de 1989, ou seja, de acordo com o princípio da não discriminação, do interesse superior do aluno, do direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento e do direito ao respeito pelas opiniões do aluno, bem como à luz dos objectivos do Governo, enunciados na proposta de lei 17/IX/1 2002.06.29.

Convém salientar que, cada uma das disposições que regulam diferentes direitos constantes do Estatuto do Aluno do Ensino não Superior, pode ser interpretada à luz de mais do que um dos princípios gerais acima referidos.

Procedendo-se à análise dos direitos do aluno constantes do Estatuto do Aluno do Ensino não Superior, à luz dos princípios gerais consignados na Convenção sobre os Direitos da Criança, verificamos que o princípio da igualdade de oportunidades, corolário do princípio da não discriminação, encontra-se subjacente no direito dos alunos terem acesso ao ensino e a uma educação de qualidade, em condições de efectiva igualdade de oportunidades de acesso135, bem como na previsão de acções de discriminação positiva ao conceder o direito aos alunos que tenham carências de tipo sócio-familiar, económico ou cultural que dificultem o acesso à escola ou o processo de aprendizagem, possam beneficiar de apoios no âmbito dos serviços de acção social escolar136. Também o direito dos alunos a beneficiarem de apoios específicos, necessários às suas necessidades escolares ou às suas

133

Art. 13º, als) c) e d);

134

Art. 13º, al) e);

135

Art. 13º, nº 1, al) a);

136

aprendizagens137, vai ao encontro da necessidade de apoio aos alunos, que por diversos motivos, têm dificuldades de aprendizagem, havendo, assim, necessidade do reforço do apoio educativo, para que tenham as mesmas oportunidades de sucesso educativo que os outros alunos.

Encontra-se também subjacente nos direitos previstos no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, a preocupação pelo respeito do interesse superior do aluno como guia de referência, nomeadamente na previsão do direito a usufruirem de um horário escolar adequado ao ano frequentado138, do direito a uma planificação equilibrada das actividades curriculares e extracurriculares139 e do direito à salvaguarda da segurança dos alunos na escola140.

A previsão do direito dos alunos usufruirem de um ambiente e de um projecto educativo que lhes dê condições para o seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico, a formação da sua personalidade e a capacidade de auto-aprendizagem e de crítica consciente sobre os valores, o conhecimento e a estética141, denota que o legislador defende uma filosofia de educação centrada na criança e nos jovens, respeitando, desse modo, o princípio do interesse superior da criança, consignado na Convenção sobre os Direitos da Criança e que faz parte integrante do direito interno português.142 Com a enunciação daqueles objectivos pretende o legislador que, através do ensino e da educação que lhes são proporcionados na escola, os alunos adquiram as ferramentas necessárias para poderem enfrentar o mundo real, preparando-os para tomarem as decisões necessárias à resolução dos problemas que vão enfrentar, para saberem resolver os conflitos, levarem

uma vida saudável, desenvolverem relações sociais amistosas, assumirem

responsabilidades, desenvolverem o seu sentido crítico, a sua criatividade, desenvolverem atitudes e efectuarem, de uma forma esclarecida, as suas opções de vida (cfr. UNICEF, 2006, p.11).

137

Art. 13º, al) g);

138

Art. 13º, al) e);

139

Art. 13º, al) e);

140

Art. 13º, al) i);

141

Art. 13º, al) a);

142

O direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento, também, se encontra subjacente no direito dos alunos beneficiarem de apoio dos serviços de acção social escolar, que lhes permitam superar as carências de tipo sócio-familiar, económico ou cultural que dificultem o acesso à escola ou o processo de aprendizagem143; na protecção da saúde dos alunos, ao prever-se o direito dos alunos a serem assistidos, de forma pronta e adequada, em caso de acidente ou doença súbita, ocorrida ou manifestada no decorrer das actividades escolares144; no direito dos alunos ao respeito pela sua integridade física e moral; no direito a serem tratados com respeito e correcção por qualquer membro da comunidade educativa145; no direito à privacidade, ao se contemplar o direito dos alunos a verem garantida a confidencialidade dos elementos e informações constantes do seu processo individual, de natureza pessoal ou familiar146.

Também o direito dos alunos a usufruirem do ensino e de uma educação de qualidade147, o direito de usufruirem do ambiente e do projecto educativo que proporcionem as condições para o seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico, para a formação da sua personalidade e da sua capacidade de auto-aprendizagem e de crítica consciente sobre os valores, o conhecimento e a estética148, o direito de verem reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, e o esforço no trabalho e no desempenho escolar149 e o direito de verem reconhecido o empenhamento em acções meritórias, em favor da comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral150, traduz a perspectiva que o legislador tem relativamente ao tipo de desenvolvimento e de educação que pretende que os alunos beneficiem e pelos quais, a escola tem uma responsabilidade inquestionável.

Salienta-se o facto do legislador português ter realçado a importância da educação dos alunos para os valores, afirmando assim, a importância de desenvolver nos alunos o respeito dos direitos humanos, ao estatuir que se deve desenvolver nos alunos os valores

143

Art. 13º, al) f) do Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior;

144

Ibid., art. 13º, al) j);

145

Ibid., art. 13º, al) h);

146

Ibid., art. 13º, al) k);

147

Ibid., art. 13º, al) a);

148

Ibid., art. 13º, al) b;

149

Ibid., art. 13º, al) c);

150

nacionais e uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da pessoa humana, da democracia, do exercício responsável da liberdade individual e da identidade nacional. Para prosseguir estas finalidades, prevê-se que os alunos têm o direito e o dever de conhecer e respeitar activamente os valores e os princípios fundamentais constantes da Constituição da República Portuguesa, a Bandeira e o Hino, como símbolos Nacionais, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Convenção sobre os Direitos da Criança, enquanto matriz de valores e princípios de afirmação da humanidade151

O desenvolvimento dos alunos implica que lhes seja inculcado o respeito pelos direitos humanos, preocupação que, também, o legislador português manifestou ao promover a criação de ambientes de aprendizagem inclusivos, reconhecendo a todas as crianças o exercício dos seus direitos, independentemente da sua situação, promovendo a igualdade de oportunidades, a diversidade e a não discriminação, incentivando, deste modo, o acesso e a participação dos alunos na vida escolar152. Também o desenvolvimento nos alunos do respeito pelos direitos humanos é manifesto nos direitos que têm em vista o desenvolvimento social e emocional dos alunos e a promoção dos valores democráticos, contribuindo, deste modo, para a coesão social e para a prevenção de conflitos, tendo no final, repercussões no desenvolvimento económico, social e político do Estado153. Seguiu- se assim, as orientações constantes do Plano de Acção para 2005/2007, adoptado pela Assembleia das Nações Unidas, em 14 de Julho de 2005, no âmbito do Programa Mundial para a Educação dos Direitos Humanos, relativo aos meios a utilizar para alcançar o desenvolvimento económico, social e político dos Estados, através do ensino dos direitos humanos nas escolas (cfr. United Nations, 2006, p. 3).

Verifica-se, também, que é uma preocupação manifestada pelo legislador português, o desenvolvimento nos alunos do respeito pela sua identidade cultural, através do respeito pelos valores e cultura do seu país154.

151

Ibid., art. 12º, al) b);

152

Ibid., art. 13., al) a), f) e g);

153

Ibid., arts. 12º e 13º, als) b), c) e d);

154

A preparação dos alunos para assumirem responsabilidades numa sociedade livre, também, é um dos objectivos delineados no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, ao referir-se que o aluno deve exercer, de uma forma responsável, a liberdade individual e a identidade nacional155.

Apesar do legislador português não prever expressamente no Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, o desenvolvimento nos alunos do respeito pelos pais, pelos valores de outras civilizações, nem o respeito pelo ambiente, tais dimensões encontram-se implícitas no diploma, uma vez que se prevê o direito e o dever dos alunos conhecerem e respeitarem activamente os valores e os princípios fundamentais da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da Convenção sobre os Direitos da Criança156, onde tais objectivos se encontram explícitos, para além destes instrumentos jurídicos fazerem parte integrante do direito interno português157 e, como tal, serem directamente aplicáveis no território português.

O princípio do respeito pelas opiniões da criança, encontra-se plenamente previsto no Estatuto do Aluno no Ensino Não Superior, de acordo com os quatro níveis de participação nos processo de decisão identificados por Lansdown (2005, p. 20), o que se traduz numa inovação relativamente à interpretação efectuada pela autora, do princípio constante da Convenção sobre os Direitos da Criança158

Assim, o Estatuto prevê o direito dos alunos à informação, ao estabelecer que os alunos têm o direito de serem informados, em termos adequados à sua idade e ao ano frequentado, sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do seu interesse159. O legislador exemplificou diversas informações que devem ser transmitidas aos alunos, nomeadamente, o modo de organização do plano de estudos ou curso, o programa e objectivos essenciais de cada disciplina ou área disciplinar, os processos e critérios de avaliação, bem como sobre matrícula, abono de família e apoios sócio-educativos, normas de utilização e de segurança dos materiais e equipamentos e das instalações, incluindo o 155 Ibidem; 156 Ibidem; 157

Art. 8º da Constituição da República Portuguesa de 1976;

158

Art. 12º;

159

plano de emergência e, em geral, sobre todas as actividades e iniciativas relativas ao projecto educativo da escola.160. Para além destas informações que o legislador enumerou, devem ser transmitidas aos alunos todas as informações sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do seu interesse161.

Há que reparar, no entanto, que o legislador ao prever o direito dos alunos à informação, foi mais cuidadoso e restritivo, do que no anterior Estatuto aprovado pelo Decreto Lei nº 270/98, de 1 de Setembro. Na verdade, enquanto neste último diploma se estipula que o aluno tem direito a ser informado sobre todos os assuntos que lhe digam respeito162, no actual Estatuto expressamente se refere que o aluno tem o direito a ser informado sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do seu interesse. O emprego do advérbio de modo justificadamente, poderá ser utilizado como fundamento para as escolas justificarem, em diversas situações, a não transmissão de certo tipo de informações aos alunos, ao invés do que acontecia com a previsão, com um sentido mais amplo, constante do anterior Estatuto. Não será alheia a esta diferença de redacção constante dos dois preceitos, os factores que levaram à revogação do anterior Estatuto, que vigorou somente cerca de quatro anos e que, no entender do Governo, sobrevalorizava os direitos dos alunos, levando à subalternização dos deveres (cfr. DAR, I série, Nº 27/IX/1, 2002.07.04, p. 1043).

O nível de participação, a que Lansdown (ibid, p. 20) refere como o direito a expressar uma opinião informada, está consignado no actual Estatuto, no direito do aluno a apresentar críticas e sugestões relativas ao funcionamento da escola e no direito a ser ouvido pelos professores, directores de turma e orgãos de administração e gestão da escola em todos os assuntos que justificadamente forem do seu interesse163. Mais uma vez se emprega o advérbio de modo justificadamente, ao contrário do que se estabelecia no anterior Estatuto aprovado pelo Decreto Lei nº 270/98, de 1 de Setembro, onde se previa o direito do aluno a ser ouvido em todos os assuntos que lhe digam respeito,164 omitindo-se o 160 Ibidem; 161 Ibidem; 162

Art. 4º, nº 2 do Estatuto dos Direitos e Deveres dos Alunos dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo DL 270/98, de 1 de Setembro;

163

Art. 13º, al) n) do Estatuto do Aluno do Ensino não Superior;

164

Art. 4º, nº 1, al) h) do Estatuto dos Direitos e Deveres dos Alunos do Ensino Básico e do Ensino Secundário;

emprego do referido advérbio, no nosso entender pelas mesmas razões que já apontamos anteriormente.

O direito dos alunos a expressarem as suas opiniões, também se encontra subjacente no direito à eleição dos seus representantes para os orgãos, cargos e demais funções de representação no âmbito da escola, assim como no direito de serem eleitos165.

Finalmente, o direito dos alunos participarem na tomada de decisões relativas aos assuntos que lhes digam respeito, está previsto no direito de participação nos orgãos de administração e gestão da escola, na criação e execução do projecto educativo e na elaboração do regulamento interno166. De salientar que este direito é exercido pelos alunos, de uma forma indirecta, através dos seus representantes.

A participação dos alunos nos orgãos de administração e gestão da escola, ocorre na Assembleia de Escola167 e no Conselho Pedagógico168 circunscrevendo-se ao ensino secundário.

Esta participação que se identifica com o quarto nível de participação no processo de decisão identificado por Lansdown (2005, p. 20) – ser corresponsável na tomada de decisões - é uma inovação relativamente à interpretação efectuada pela autora, do direito de participação contemplado na Convenção sobre os Direitos da Criança, pois no entender desta, este nível não está contemplado no princípio contante da Convenção.

Para além disso, os alunos também têm direito de expressarem as suas opiniões nas assembleias de alunos, onde são representados pelo delegado ou subdelegado de turma, tendo estes, também, o direito de solicitarem reuniões da turma, com o respectivo director de turma, para apreciação de matérias relacionadas com o funcionamento da turma169.