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3 GOSTOS, PREFERÊNCIAS, USOS E FUNÇÕES MUSICAIS: A NECESSÁRIA

5.3 As relações dos estudantes com música(s)

5.3.4 Os gostos e preferências

Ao sondar de forma mais detalhada a relação dos alunos com música, percebi, por meio de seus gostos e preferências que a maioria dos respondentes desconhece o que seja a música popular massiva (como se pode ver no gráfico 6), mas, sobretudo, ao relacionar estes dados com as perguntas sobre quais os cantores ou bandas eles mais gostavam ou escutavam, todos os indivíduos apreciavam música de cunho massivo midiático atual – direta ou indiretamente – gerando um conflito entre o saber teórico e a realidade prática. Vale destacar que muitos dos grupos/bandas que foram expostos nas respostas dos pesquisados foram novidades em minha realidade, assim como, as ideias acerca dos fenômenos experienciados pelos entrevistados. Entendi, portanto, que foi gerada uma antítese entre a teoria (conhecimento sobre aquelas músicas) com as suas escutas práticas.

Pelo Gráfico 4, é possível notar que as preferências vão do forró eletrônico, passando pelo Hip Hop, ao Gospel. O cantor de forró Wesley Safadão está entre os cantores/bandas mais consumidos. Ao relacionar os dados – questionários com as entrevistas –, percebi que a ascensão ou a alternância das preferências musicais estereotipadas pelos alunos incidem à suas concepções sobre estética. Esta – para os alunos – julgam o que seja música “boa” da música “ruim”, gerando sentimentos de bem estar com aquele fenômeno musical que muitas das vezes se configura momentâneo. Na revisão de literatura, observei que a relação dos investimentos massivos em marketing influem significativamente as predileções de escutas dos grandes públicos, pois, quanto mais se divulga alguma expressão musical em detrimento de outras, mais acessível aos ouvintes se torna o que se é maior disseminado. Assim, o processo de gerenciamento do que boa parte da população ouve/consome está diretamente associada aos investimentos de empresários e produtores nas estratégias de marketing veiculadas pela grande mídia; as redes sociais; e a “liberação” de CDs/DVDs piratas de alguns grupos e cantores específicos. As bandas e cantores que seguem abaixo no gráfico 4, boa parte delas estão diretamente associadas as predileções de escutas massivas veiculadas por algum desses meios que acabei de citar acima. Assim, não é por acaso que o cantor Wesley Safadão esteja encabeçando tais preferências no momento desta pesquisa, pois há uma relação direta entre consumidor e produto que é gerida entre capital e marketing.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

Desta forma, atrelei então a relação de marketing – um dos mecanismos usados pela indústria cultural – com os critérios de seleção dos alunos sobre o que é bom e ruim. Acredito que quanto mais investimento financeiro mais probabilidade em retornos emergentes a curto prazo. “Em meio a isto, o sucesso musical é decidido num conluio entre grandes grupos empresariais e viabilizado por meio de projetos de marketing (o jabá) (BRITTOS; DE OLIVEIRA, 2006, p.98). Então, a relação capital-marketing-preferências formam um tripé que gerenciam os critérios de ascensões e alteridade entre as preferências de escuta da grande massa – sejam estes consumidores ativos ou passivos –. Essa relação de marketing é tão importante que por muitos anos ela enalteceu alguns “produtos” em detrimento de outros. Pode-se observar historicamente tal relação observando as estratégias mercadológicas desenvolvidas pelo jabá. A saber:

No plano nacional, a história do jabá pode ser dividida em três fases. Na primeira, no decênio de 40 do século XX, em troca de espaço nas rádios, os

caititus assinavam músicas sem participarem do processo de criação autoral, tornando-se parceiros de compositores, como Ary Barroso e Lamartine Babo. A segunda fase abre-se na sequência, quando o radialista (posteriormente também o apresentador de TV) passa a receber dinheiro e presentes, ao garantir a execução de alguma música. O jabá vai aparecer formalmente na terceira fase, com os representantes de gravadoras ou empresários de músicos oferecendo favores materiais às próprias emissoras (BRITTOS; DE OLIVEIRA, 2006, p.110).

Ao relacionar esse dado quantitativo com a concepção dos estudantes sobre música “boa” e a música “ruim”, observei que o gosto – determinado por suas concepções estéticas – foi fator decisivo da relação de suas preferências com as emissões midiáticas de alguns cantores que investem mais nas propagandas de suas músicas. O gosto, então, a determinadas músicas ou cantores se relaciona ao que se é mais propagado nas “redes” em uma relação recíproca entre emissor e destinatário. Outra percepção que vale a pena chamar atenção sobre os gostos e as preferências é o fato de que o gostar e o não gostar estatizam valores muitas das vezes desiguais em relação a qualidade musical do outro.

Se determinada música não fizer parte das preferências musicais daquele indivíduo, provavelmente será considerada uma música não muito boa – já que o grupo daquele indivíduo e suas práticas de escuta não são familiarizados com aquele tipo de música –. É recorrente nos discursos de pessoas que não estudam música de cunho europeu erudito estarem em salas de concerto apreciando grandes clássicos desta música e achando aquilo – em sua maioria – sem significado e entediante. Estar atento a grupos musicais diferentes é possibilitar diálogos e romper com paradigmas que engessam músicas como boas e ruins. A música também é arte; seja esta arte construída apenas com dois acordes, no silêncio das pessoas ou em ruídos captados na rua. Quem vai significar aquilo é o indivíduo que interage e se constrói através dela.

Sobre a busca de seus significados por parte dos ouvintes, levantei as seguintes questões que fizeram parte da entrevistas: Você acredita que existem músicas boas e músicas ruins? O que distingue uma música boa de uma música ruim? A seguir, encontram-se trechos de algumas respostas que vão de encontro com tais questões.

Vitória L.: A música pra mim num tem essa opinião. Tipo assim: depende, todo mundo escuta a música que ele gosta. Tipo assim: tem aquela música que ele não gosta, é dele e não é de outros ou daquela pessoa ali que ele mandou fazer, ou sei lá, fazer alguma coisa (...) é algo bem pessoal.

Anabel L.: Pra mim, eu num acho que existe música ruim, porque depende muito do pessoal da pessoa. Porque as vezes pra mim, eu não gosto muito desse tipo de batida mas tem outras pessoas que gostam. É de cada pessoa mesmo, é relativo.

Magaiver A.: Também, pra mim depende do tipo de música que a pessoa gosta, né. Porque a gente nunca vai gostar de uma música só, como ela já falou. Tem músicas que pela letra e pela batida às vezes num é muito boa. É por aí...vai distinguir também, depende do gosto da pessoa também se é ruim ou não.

Radamés G.: Eu acho que...existe sim música ruim, porque tem tipos de músicas que falam coisas horríveis, e tipo, num era obrigatório colocar na música, entendeu ? é isso que eu acho, que existe sim música ruim e existe música boa. (...) Pronto, eu posso sugerir o funk. Posso sugerir ele como ruim. Tem um cantor lá que eu acho horrível as músicas dele, acho que é Mc. Pedrinho. Eu não gosto, acho horrível. A letra da música dele e o jeito que ele faz as músicas eu num gosto. Mas também existem outros funks que são muito bons. Por isso que às vezes eu num curto funk. Porque ultimamente agora os funks tem coisas que não prestam.

Tamy C.: É algo pessoal. Cada um tem um estilo que gosta. Tem uns que gostam de escutar funk, outros rap, outros música internacional, forró; depende do estilo da pessoa. Pra mim é isso.

Marcos A.: Depende da letra. Mas cada um tem um gosto diferente, né? Eu gosto das minhas músicas e aquela outra galera ali gosta de outras. E assim vai levando. (ALUNOS, 4ª resposta das entrevistas, 2017).

O termo gosto, como norteador de avaliação, apareceu em todas as falas. Os alunos relativizaram o ruim e o bom, avançaram mais do que a pergunta permitiu. Então, “longe de ser uma atividade unificadora no que concerne todos os ambientes sociais e todas as classes, a música é o lugar por excelência da diferenciação pelo desconhecimento mútuo; os gostos e os estilos seguidamente se ignoram, se menosprezam, se julgam, [...] (BOZON, 2000, p. 147). De acordo com o externado pelos alunos, o ato de se subjetivar qualidades a música em concepções estéticas de bom e ruim é presidido por prerrogativas de cunho pessoal, onde cada um, em suas percepções sobre gosto e estética definem indiretamente o que seja bom e ruim. A relação entre o gosto pessoal e o parâmetro individual de se elencar música se fazem critérios de legitimidade entre noções do que seja bom para uns indivíduos e ruins para outros. Entender que a questão de gosto é relativo e que cada um tem o direito de gostar daquilo que quer é uma das formas de se expor e viver a diversidade. Dessa maneira, encontra-se no discurso dos alunos concepções a respeito sobre diversidade quando eles comentam que “depende do gosto de cada um”. Assim, encontrar nesses discursos percepções acerca da “música deles” em relação à “música do outro” é um avanço para a convivência harmoniosa das diferentes expressões musicais nas práticas escolares. A educação musical, então, deve preservar esse diálogo entre o gostar, não gostar e o respeitar.

Uma problemática subliminar nos discursos sobre a multiplicidade do gosto é o fato de se incluir ou excluir direta ou indiretamente em algumas categorias. Em alguma medida somos rotulados em nichos – sejam espontâneos ou impostos – que nos “estatizaram” de alguma maneira. Perceber isto é fundamental para analisar nossas vivências com os outros indivíduos, pois é aí, que serão aferidos o respeito em relação ao outro. Dessa maneira, se observará se somos capazes de conviver com a música do outro mesmo que esta não seja considerada por nós como “boa”. Relembrar sempre que:

É importante observar que a produção de identidade é também uma produção de não-identidade — é um processo de inclusão e exclusão. Este é um dos aspectos mais impressionantes do gosto musical. As pessoas não apenas sabem o que gostam, elas também têm uma ideia bastante clara do que não gostam (FRITH, p.6, 1987).

Ao perceber as relações entre a música popular massiva com as práticas de escutas musicais dos alunos – entendi de acordo com suas explicações – alguns dos porquês de uma música fazer sucesso hoje e outras não. Importante entender o sucesso porque ele nos aponta algumas das estratégias da indústria cultural na monopolização das preferências musicais. Destaco uma citação abaixo que sintetiza as estratégias do “sucesso” e como esse é monopolizado pelas indústrias:

Nesse clima industrial da cultura, canções estandardizadas nascem e renascem a cada dia. Às vezes, muda o formato, mas a essência permanece. [...] Não apenas músicas de sucesso nascem diariamente, mas também bandas, cantores, astros e novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo é ele próprio derivado deles e só varia na aparência. Cada filme é um trailer do filme seguinte, bem como cada música, seja no conteúdo, seja na montagem do produto (ADORNO; HORKHEIMER, 1986, p.103).

Se uma música faz sucesso, consequentemente ela tem uma maior disseminação e, portanto, um maior alcance em público. Por isso, se fez necessário perguntar aos estudantes a razão pela qual, na percepção deles, uma música faz sucesso nos dias atuais, atrelando assim, a relação exercida de poder entre preferências musicais, indústria cultural e o sucesso. No Gráfico 5, estão as principais categorias nas quais as respostas foram agrupadas de forma que evidenciasse esse assunto.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

A relação de sucesso e alguns múltiplos fatores associados – observado no âmbito ‘outros’ – foi mais destacada entre as respostas objetivas dos discentes – como estereotipado no gráfico acima –. Em contrapartida, quando perguntado nas entrevistas deles sobre a mesma questão, muitos levaram em consideração em suas respostas a relação estética – sobre música boa e ruim – que sobressaiu mais, assim como, os meios de propagação midiáticas que as envolvem. É perceptível as diferenças nas respostas:

Magaiver A.: Por ser boa e o público gostar;

Amora L.: Algumas vezes pelo fato do cantor ser famoso; Sérgio L.: Porque ela é bem escrita, harmoniosa e animada; Paola M.: Porque a mídia propaga demais ela;

Larissa M.: Porque agrada a maioria das pessoas;

Luiza p.: Porque desperta alguma coisa boa em quem a ouve;

Zuleide S.: Porque a maioria desses compositores fazem músicas inspiradas nos cotidianos das pessoas. (ALUNOS, quinta resposta do questionário dos alunos, 2017).

Assim, a relação entre forma e sucesso me remeteu aos compêndios descritivos sociológicos pautados nas concepções que tratam sobre universalização, autonomização e racionalização (FAVARETO; ABRAMOVAY; MAGALHÃES, 2007). A universalização se concentra na mescla entre elementos estruturais de composição tradicional com outros considerados universais – ritmos acelerados, sons metálicos –. Já automatização se detém no padrão das estruturas das ideias, elementos que possuem regras próprias de identidades que os caracterizam, da mesma forma, há agentes que disseminam esta música no mercado. Por fim, a racionalização expressa organização desses mecanismos e suas ações – desde músicos aos empresários (COSTA, 2012).

Já na concepção de gosto, as motivações foram bem parecidas para explicar porque existe música de sucesso. Notei que a busca da satisfação, a veiculação midiático massiva e o sucesso estão correlacionadas com aquelas músicas e cantores que mais se destacam em uma relação dialógica entre o querer (gostar), o possuir (intencionar) e o consumir (descartar). Por isto que: só se gosta daquilo que se conhece. Observa-se então:

Maria L.: Porque muitas pessoas gostam e sempre quando tem o show daquela música sempre lota;

Ayrton A.: Porque as pessoas gostam bastante e escutam várias vezes; Américo V.: Porque agrada o senso comum (ALUNOS, quinta resposta dos questionários dos alunos, 2017).

Sendo assim, “importa destacar, contudo, que a semente do sucesso não está exatamente na imaginação do compositor, mas na própria cultura do ouvinte. Aliás, essa capacidade de prescrição do gosto popular é, de fato, marca dos managers do entretenimento” (COSTA, 2012). Outra explicação que chamo atenção está na relação dos alunos ao fato do sucesso com a mídia. Então, a música de sucesso de hoje não se torna assim por acaso. Ela é bem pensada, articulada e propagada. A indústria do entretenimento investe em todos os sentidos para atingir um maior público possível. Dessa maneira, fica mais fácil compreender as respostas que se seguem:

Márcia A.: Porque a TV faz passar aquelas músicas todo dia. É tipo uma lavagem cerebral;

Vitória L.: Qualquer bando de imbecis pode tornar uma música famosa se a mídia os influenciar” (ALUNOS, quinta resposta do questionário dos alunos, 2017).

Por isso que “o papel da mídia e do capital na criação e manutenção do sucesso é essencial” (COSTA, 2012, p.2017). A indústria como fomentadora do sucesso tende a produzir e alternar as músicas que geram lucro e atendem às expectativas do público a respeito dessas músicas. Por isso que Ortiz (1994) comenta que de uma forma ou de outra a relação entre indivíduos e indústria “tende a reproduzir as relações de dominação” (p.17).

Observar o campo empírico algumas vezes é ser surpreendido por fenômenos múltiplos que irão divergir de alguma forma dos postulados teóricos adotados e das hipóteses inicialmente levantadas. Estar atento e receptivo a tais nuances é perceber que a construção de uma realidade através da análise de dados empíricos é subjetiva. Entender que os indivíduos são diversos e que constroem suas identidades diferentemente, incidem, diretamente, nas análises. Então, a ótica do pesquisador enquanto observador da realidade deve se moldar as pessoas e não aos métodos que os circundam.

“O grupo social exerce um papel preponderante no desenvolvimento de nossas preferências e subseqüente gosto musical” (ILARI, 2006, p.193). Era de se esperar que as respostas dos entrevistados se aproximassem dessa afirmativa. Os meios sociais são balizadores de perfis identitários. Assim também, englobam vivências musicais em um emaranhado de gostos que formam repertórios. Considerar também que mídia e tecnologia hoje são fatores determinantes nesta constituição formativo musical é ampliar a percepção que se transcende além das influências dos indivíduos uns sobre os outros. “As relações que estabelecemos ao longo da vida com as principais instâncias de socialização, a saber, escola, família e mídia, definem muitos de nossos gostos musicais, nossas preferências estéticas e nossa relação com a cultura que nos cerca” (DE SOUZA, p.53, 2013). Esta percepção se estende desde os aspectos de produção à negação de determinados gêneros musicais. Dessa maneira, destaco:

Quando uma gravadora, um músico, um crítico ou um fã assumem ou negam determinado gênero, eles o fazem de acordo com referências que estão situadas à margem ou nos confins das estratégias textuais, que são interdependentes dos aspectos sociológicos e ideológicos da produção e do reconhecimento da música popular massiva, ou seja, a produção de sentido diante da música envolve modos de gostar/não gostar, modos de audição específicos ligados às apropriações da musicalidade e a interdependência entre as estratégias comunicacionais, tecnológicas e econômicas (JANOTTI JUNIOR, p. 8, 2006).

Baseado nestas referências, percebi nos discursos de mais dois alunos as relações mídias-pessoas-influências na constituição identitárias musicais dos mesmos, corroborando com o que se já vem expondo ao longo desta pesquisa. O interessante nas falas que se seguirão é observar que os grupos em que eles são socialmente inseridos influenciam de alguma maneira suas predileções musicais, assim como, na relação sociológica que englobam os gêneros musicais. Assim, friso:

Magaiver A.: Simplesmente pelos sites que tem. Desde pequeno sempre eu dei valor. Desde pequeno sempre via as músicas pelo youtube, como eu gosto, aí, eu sempre vou, baixo e fico escutando (...) é mais pela internet ou pela galera lá da rua.

Anabel L.: Pra mim eu só gosto de pop internacional e sempre escuto também pela internet; as vezes eu pesquiso pela internet, digito algo ou alguém me mostra, ai eu vou lá, pesquiso e escuto. Às vezes também eu baixo e começo a escutar. (...) ou é pela internet ou alguém vem e te mostra aquilo… aí quando eu gosto vou lá pesquisar. (ALUNOS, 2ª resposta das entrevistas, 2017).

Então, as pessoas, a mídia e o acesso cyber informacional estão associadas diretamente com as preferências musicais dos alunos. Isto implica que nossas preferências musicais na maior medida é fruto do meio nos quais somos inseridos. Os alunos como agentes sociais devem ser levados em conta através de seus contextos socioculturais, desde igrejas, as festas que frequentam, em suas casas, entre outros; levando em considerações as músicas de cada um desses espaço, no qual, formam suas identidades musicais. A escola como espaço democrático do saber deve intermediar tais conflitos e reflexões sobre os mesmos e suas músicas e não exercer papel de juiz sobre elas.

Uma preocupação presente nesta pesquisa se deteve em alguns conflitos em relação às diversidades musicais dos alunos. Neste sentido, procurei entender se os discentes sabiam conviver com gêneros musicais diferentes dos seus, observando as nuances entre o que eles escutavam com o que os outros colegas gostavam, ponderando em minhas análises se havia tolerância entre essas múltiplas expressões de gostos. Pensar nas diferenciações de gostos musicais é possibilitar também um diálogo sobre a diversidade musical; pois, a partir do momento que se tem algumas preferências musicais, deve-se se educar ao ponto de compreender que existem pessoas diferentes que têm hábitos musicais também diferenciados.

Isso não quer dizer que a aula de música deva se tornar uma espécie de inventário das músicas que tocam no rádio de cada um dos alunos. Parece-me fundamental que o aluno de música tenha consciência de que a diversidade musical presente nas preferências de cada um dos alunos em sua sala é só uma

ínfima parte da diversidade musical encontrada no restante do planeta. Não é possível em um ano letivo dar conta da diversidade de músicas oriundas da turma, quem dirá da diversidade de músicas do mundo. Portanto, não é necessário que o professor de música esteja preparado para todo e qualquer repertório. Mais do que o repertório trabalhado em si, o que está em jogo aqui