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5. Metodologia da Investigação

5.3 Os instrumentos de Análise de Dados

Diferentemente da análise estatística, há poucas fórmulas para a análise dos estudos de caso (Yin, 2005). Na visão do autor a análise depende muito do próprio estilo rigoroso de pensar do pesquisador, juntamente com o conjunto de evidências e a análise cuidadosa de interpretações alternativas. As ferramentas são importantes e podem ser úteis, se o pesquisador souber o que procura.

Existem as rotinas assistidas por computador com o uso de softwares como o de teorização, pesquisas e indexação de dados não estruturados não numérico (NUD-IST – nonnumerical unstructured data indexing, searching and theoring) e o software de análise de dados qualitativos assistidos por computador (CAQDAS- computer assisted qualitative data analyses software) que ajudam a codificar e categorizar as grandes quantidades de textos narrativos coletados em entrevista e em pesquisas documentais. Essas ferramentas trazem vantagens quando o estudo empírico está tentando retirar significado e discernimento a partir do uso de palavras e do padrão de frequência encontradas nos textos (como ocorre na utilização das ferramentas), o que não é o foco principal deste trabalho. Em vez de utilizar instrumentos e procedimentos padronizados, a pesquisa qualitativa considera cada problema objeto de uma pesquisa específica para a qual são necessários instrumentos e procedimentos específicos (Guinther, 2006). Como já falado anteriormente, são características da pesquisa qualitativa: a flexibilidade e adaptabilidade ao objeto do estudo. Foi nesse sentido que se considerou a triangulação dos dados como instrumento de análise mais apropriado, a fim de tratar de acontecimentos reais dentro de seu habitat natural, como foi o presente estudo de caso. Nessa perspectiva entende-se:

“A análise de dados consiste em examinar, categorizar classificar em tabelas, testar ou ao contrário, recombinar evidências quantitativas e qualitativas para tratar de proposições iniciais do estudo”. (...)“a familiaridade com várias ferramentas e técnicas de manipulação é muito útil, mas cada estudo de caso deve se esforçar para ter uma estratégia

analítica geral, estabelecendo prioridades do que deve ser analisado e por quê. (..)São três as estratégias para direccionar a análise: se baseando em proposições teóricas, estabelecendo uma estrutura fundamentada em explanação concorrentes e desenvolvendo descrições de caso (Yin, 2005, p: 137)”.

Assim, considerando-se as técnicas da triangulação, seguiu-se os passos:

1) Seleção: submeteu-se uma análise crítica, minuciosa, para verificar falhas ou erros nos dados coletados, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas para não prejudicar os resultados da pesquisa (esse procedimento nos levou a novas entrevistas e informações mais detalhadas de alguns aspectos das tomadas de decisão que não ficaram claras na primeira etapa);

2) Classificação: realizou-se uma classificação dos dados, agrupando-os em categorias de função e de tema. Estes temas formaram cinco grupos.

3) Síntese dos dados principais: para facilitar a leitura e auxiliar na compreensão e na interpretação, os dados foram dispostos em uma tabela, na qual constavam as principais respostas dadas àquelas perguntas fundamentais, às quais foram relacionadas com os objetivos do trabalho. Essas informações reunidas possibilitaram também, a verificação das inter-relações entre elas.

A estratégia baseando-se em proposições teóricas seguida, vai ao encontro das proposições teóricas que nos levaram aos estudos de caso. Essas proposições deram forma ao plano de coleta de dados, e estabeleceram a prioridade às estratégias analíticas relevantes. Por isso, para a análise dos dados foram levados em consideração os objetivos da tese e toda base das proposições teóricas. Dois fatores nortearam o modelo do framework proposto: 1º: Do ponto de vista teórico: Identificar e compreender os aspectos teóricos e práticos dos princípios Lean aplicados ao fabrico, defini-los e caracterizá-los no contexto do PDP para a indústria de móveis. 2º: Do ponto de vista prático, verificar as atuais práticas do processo do PDP e compará-los com as práticas do sistema STP de desenvolvimento de produto, visando a efetividade do uso dos princípios Lean, para um novo modelo de PDP. A partir disso, o diagnóstico da pesquisa foi identificado por meio das questões que constituíram o guião das entrevistas.

Como enfatiza Quivy e Compenhoudt (2005), toda investigação deve responder a alguns princípios estáveis e idênticos, ainda que vários percursos diferentes conduzam ao conhecimento. Assim sendo, para a realização deste percurso, as estratégias do estudo de caso definidas para colher e analisar todas as informações necessárias, foram cuidadosamente aplicadas para atingir o objetivo do trabalho. Isso porque, segundo Yin (2005), usa-se o estudo de caso quando

propositadamente, se quer lidar com condições contextuais, acreditando que elas poderiam ser altamente pertinentes ao seu fenômeno de estudo. Todos os detalhes importantes nas falas, nas ações, na documentação e na teoria, relacionados com o desenvolvimento de produto, foram confrontados, como mostra a Figura 5.5.

Figura 5.5 - Confronto das Evidências. Fonte: elaboração própria

Depois dos dados devidamente confrontados, foi realizada a análise das informações, considerando-se, inicialmente, os procedimentos similares no PD observados em cada empresa e àqueles descritos na literatura. Como categorias de análise definiu-se cinco grupos de procedimentos, objetivando a avaliação dos potenciais e os obstáculos da adoção das práticas Lean

· Estruturação da equipe (a atuação e a autonomia da equipe e de cada membro);

· Gestão do processo (liderança, conhecimento do processo, envolvimento da alta administração, regras gerais de encaminhamentos de projetos para produção,);

· Técnicas usadas no processo de desenvolvimento (tarefas básicas e procedimentos usados na identificação das necessidades do consumidor e do mercado);

· Definição do conceito do produto (metodologia usada para seleção do conceito, critérios e iniciativas de apoio à tomada de decisão);

· O produto em si.

Á síntese desse confronto e a dinâmica dessa análise estão ilustradas na Figura 5.5 onde cada elemento que compõe a figura representa uma fonte de informação dentro do conjunto das

múltiplas fontes de dados. Assim, a análise realizada procurou reunir todas as evidências, classificando-as em grupos de entrevistas e categorias de temas, estes seleccionados por prioridades dos temas para facilitar a interpretação e a comparação entre as fontes.

CAPITULO VI