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3. Desenvolvimento de Produto

3.6 Etapas do Desenvolvimento do Produto

3.6.6 Teste e Refinamento do conceito

Nesta fase os objetivos estão concentrados na escolha do conceito mais promissor, ter uma previsão da aceitação e do impacto comercial do conceito, indicar os clientes potenciais e traçar caminhos para o desenvolvimento do produto. Para o teste do conceito, a equipe de desenvolvimento, espera do seu cliente alvo, uma resposta as descrições do conceito criado para o produto. Este tipo de teste, pode ser usado para selecionar quais do ou dos conceitos criados, pode ser melhorado, a partir do seu teste com o consumidor a partir das informações e das reações do cliente em contato com o produto.

Polignano e Drumond (2001) para verificar se o conceito do protótipo corresponde às expectativas do cliente, sugerem algumas atividades para ser aplicadas na pesquisa de mercado para a definição e teste do conceito do produto, conforme mostra-se na Tabela VII.

Tabela VII - A Pesquisa de Mercado para Definição e Teste de Conceito.

Fases Dados necessários Técnicas de análise Resultados

Definição dos conceitos

Pesquisa da preferência ou de intenção de compra com relação a vários conceitos

Análise conjunta

Identificação de atributos que mais afectam a preferência .

Previsão de participação de mercado. Seleção de melhor

conceitos. Teste de

Conceitos

Avaliação da percepção dos conceitos

Análise Descritiva Análise Fatorial

Mapa de percepção Pontos fortes e pontos fracos

dos conceitos Fonte: Polignano e Drumond, (2001)

Com base nas discussões de Ulricht e Eppinger, (2004), aborda-se a importância desta fase que compreende-se como uma avaliação e aprovação, pelo cliente, da integração de todos os componentes envolvidos nesta fase inicial do processo de criação do conceito. Muitos benefícios podem ser incorporados ao produto a partir das informações obtidas diretamente com o cliente, especialmente no que diz respeito à melhoria do conceito. Clark e Fujimoto, (1991) enfatizam que os resultados da análise vão alimentar de novo o projeto em que as mudanças serão feitas para a introdução na etapa seguinte do processo, segundo eles, as empresas que não conseguirem gerir a produção do protótipo para o processo numa visão de aprendizagem, perdem uma oportunidade importante para resolver o problema inicial.

Pode-se dizer, baseado nos autores anteriormente citados (Ulrich e Eppinger, 2004; Clark e Fujimoto, 1998; Polignano e Drumond, 2001; Baxter, 2004) que nesta interação, o cliente tem a oportunidade de concretamente, emitir a sua opinião e sugerir novas ideias que podem servir para ajustar e aprimorar o conceito. O teste está intimamente relacionado com a seleção do conceito. Em ambas as etapas, o objetivo é reduzir o número de conceitos gerados. A diferença é que o teste do conceito é baseado mais nas informações obtidas diretamente com os clientes potenciais e menos no julgamento feito pela equipe de PDP. Normalmente, o teste segue a seleção do conceito porque a equipe é limitada a alguns poucos testes diretamente com os consumidores.

Como resultado, a equipe primeiro deve restringir o número de alternativas de conceitos, para depois efetivamente testá-los (Ulrich e Eppinger, 2004). Esta fase é também muito relacionada com a prototipagem. O teste invariavelmente, envolve algum tipo de representação de conceito. Os autores enfatizam que um dos resultados finais do teste pode ser uma estimativa de quantas unidades de produto a empresa poderá vender. Esta previsão é um elemento importante da informação usada para fazer uma análise econômica do produto. Apesar da maioria dos modelos de

desenvolvimento, recomendar o teste de mercado, como uma ferramenta para direcionar o lançamento ou não do novo produto, também existem as excepções. É o que afirma Ulrich e Eppinger (2004), que uma equipe pode optar por não realizar nenhum tipo de teste do conceito durante o período definido para isso, se o tempo relativo ao teste, for muito grande em relação ao ciclo e vida do produto ou, se o custo do teste for grande em relação ao custo do lançamento do produto.

Discutem ainda os autores que dependendo da categoria do produto, o seu teste e ajuste se dá no seu lançamento com a interação com outros produtos subsequentes, como no caso de software, por exemplo, mas que na maioria dos casos o teste e o refinamento é uma das formas mais seguras para ver a reação do mercado alvo.

Embora a configuração e o teste de protótipos estejam começando a ser realizados pelas simulações da engenharia assistida por computador, na visão de Clark e Fujimoto (1991), a crescente sofisticação do gosto dos clientes, avaliação da qualidade de produto usando modelos físicos, ainda é mais importante. Além disso, a rapidez e a eficiência, dos testes dos protótipos, são essenciais para identificar problemas de engenharia e a melhorar a qualidade do projeto, antes das mudanças no projeto tornarem-se caras. Existem vários métodos para orientar esta etapa do desenvolvimento do produto. Ulrich e Eppinger, (2004) propõem um método de sete passos, quais sejam:

· Definir o objetivo do teste de conceito;

· Escolher uma população de pesquisa (potenciais consumidores); · Escolher um formato de pesquisa;

· Comunicar o conceito; · Medida a resposta do cliente; · Interpretar os resultados;

· Refletir sobre os resultados e o processo.

Já Clark e Fujimoto; (1991) baseados na pesquisa desenvolvida nas indústrias automobilística, enfatizam que existe pelo menos duas propostas para gerir e testar o conceito, fundamentados em filosofias e pressupostos muito diferentes. A primeira abordagem é centrada na produção do protótipo no centro de um ciclo de resolução de problemas, cujo processo pode servir não só para verificar o conceito, mas também para revelar problemas que possam ser resolvidos antes da produção comercial se iniciar. A segunda, frequentemente empregada por alguns

produtores europeus de alta qualidade, tem uma tendência perfeccionista: construir protótipos com extrema qualidade. Muitos deles, têm testadores altamente qualificados para realizar os testes e a liberação do conceito está subordinada à sua aprovação. Embora se obtenha uma qualidade muito elevada do projeto, esta abordagem pode ser cara e demorada, fazendo dela uma opção somente para especialistas de alta qualidade.

Assim sendo, pode-se concluir que os testes de conceito são importantes em diferentes pontos do processo de desenvolvimento: ao identificar a oportunidade original do produto, ao selecionar qual ou quais dos conceitos deve-se prosseguir no desenvolvimento, ao avaliar o potencial de vendas do conceito a produzir, ou quando é tomada a decisão de continuar o desenvolvimento e a comercialização do produto

De acordo com os modelos teóricos até aqui apresentados, pode-se afirmar que as fases do desenvolvimento do conceito são as etapas mais cruciais do desenvolvimento do produto. Entender o consumidor e as necessidades do mercado são tarefas necessárias para o sucesso do desenvolvimento do conceito. Alguns requisitos aliados à sensibilidade e ao conhecimento de técnicas que auxiliam na percepção e na interpretação do comportamento e das preferências do consumidor, pode assegurar a descoberta de soluções interessante do ponto de vista do cliente.

Pode-se concluir este capítulo, enfatizando o que autores como Clark e Fujimoto, 1991; Cooper, 1993; Ulrich e Eppinger, 2004; Rozenfeld et al. 2006; Koen e tal, 2001; Bornia e Lorandi, 2008, entre outros, quando descrevem que é necessário um desenvolvimento de produto consistente para o sucesso de qualquer empresa que queira se lançar ou manter-se no mercado. Há um esforço concentrado nos países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento, no sentido de desenvolver pesquisa disseminar este conhecimento às indústrias a fim de torná-las mais bem preparadas e promover a melhoria dos seus processos de desenvolvimento. Um exemplo é mostrado por Barros Filho (2003) noqual o autor refere que no Brasil, o desenvolvimento de produto teve um grande avanço com a vinda de um expressivo número de empresas da área automotiva, na década de 90. É um setor altamente regulamentado tem suas próprias normas específicas como a QS 9000. Tem o seu processo de referência para o desenvolvimento de produtos e as empresas credenciadas seguem-no sob pena de perder a certificação.

Outra iniciativa importante de parceria entre as universidades de países buscando conscientizar as empresas da importância do PDP e implantar a sua melhoria pode ser constatada em muitos centros de pesquisa como por exemplo o NUMA (Núcleo de Manufatura Avançada) de São Carlos, em São Paulo, que é composto por pesquisadores da USP, UNICAMP, UNIMEP,

UFSCAR E Aachen da Alemanha. O NUMA tem seu modelo de referência para o desenvolvimento de produtos (Barros Filho, 2003), conforme ilustrado na Figura 3.17 já abordado no item 3.5.7

Figura 3.17 - Modelo de Referência para o PDP criado pelo NUMA. Fonte: Adaptado de Rozenfeld, (1997)

Como se pôde verificar os modelos apresentados são muito similares e todos ressaltam a importância da sua adoção como uma ferramenta estratégica para a empresa alcançar sucesso e competitividade. Apesar disso, a adoção e uma implantação correta do PDP, continua sendo um dos maiores desafios das empresas, especialmente nas pequenas empresas que são desprovidas de recursos humanos capacitados e de tecnologia compatível para enfrentar, não só o desafio da gestão operacional mas sobretudo, das dificuldades econômicas ainda mais acentuadas com a crise mundial.