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Os mecanismos inconscientes e as defesas do ego

No documento CURSO DE PSICANÁLISE TEORIA PSICANALÍTICA (páginas 51-54)

A repressão é uma operação psíquica que faz desaparecer do consciente os impulsos, sentimentos e desejos ameaçadores e geradores de angústia. Dessa forma reprime também afetos e ideias, sendo esta defesa uma modalidade especial de repressão.

A repressão ou o recalque é um mecanismo básico com o qual o indivíduo retira da consciência as pressões pulsionais, mantendo-as afastadas do ego. Freud escreveu que a vantagem disso, é que a ideia incompatível é recalcada para fora do ego consciente. O ego consciente não aceita o que não é condizente com seus ideais. Tem a tendência de

descarregar a energia vinculada a eles, disfarçados em formada de esquecimentos, sintomas, sonhos e atos falhos.

Os mais clássicos casos clínicos apresentados e descritos por Freud, um deles foi o da paciente Dora, que mostrou através de seu sintoma, seus desejos e a imaginação não ajustada à sua imagem de menina que devia ser, recalcou sua fantasia, passando a sofrer de tosse nervosa e falta de voz.

As defesas são operações de diferentes tipos que se modificam segundo o tipo de afecção. Considerando a etapa genética, o grau de elaboração do conflito defensivo elas podem ser especificadas. Ao utilizar “mecanismo” para exprimir o fato de que os fenômenos psíquicos apresentam articulações suscetíveis de uma observação e análise cientifica, Freud (1896), destaca a noção de defesa e situa a base dos fenômenos histéricos. Ao mesmo tempo, o autor coloca outras afecções psiconeuróticas, devido à sua forma particular, realçando que as defesas são provenientes dos diversos procedimentos em que o ego se compromete para se libertar da incompatibilidade de uma representação.

As defesas do ego constituem um tema importante na investigação psicanalítica, em particular pela obra de Anna Freud. A autora partiu de exemplos concretos escrevendo sobre a variedade, diversidade, complexidade e extensão dos mecanismos de defesas.

Mostra principalmente como o objetivo defensivo pode utilizar as mais diversas capacidades e ações, a fantasia, a atividade intelectual. A defesa pode incidir não apenas nas reivindicações pulsionais, mas em tudo que provocar o surgimento e o desenvolvimento da angústia: emoções, situações exigências do superego, entre outros.

Um mesmo processo esta sujeito a variações ou funcionar em níveis diferentes, como a introjeção por exemplo. Esta defesa é inicialmente um modo de relação da pulsão com seu objeto e que encontra por sua vez, o protótipo corporal na incorporação. Ela pode ser secundariamente utilizada como defesa do ego, sobretudo uma defesa maníaca.

O recalque é um dos processos defensivos especificados por Freud, como um caso particular de defesa. Este mecanismo de defesa do ego é constitutivo do inconsciente como campo separado do psiquismo, desempenhando um papel primordial nas afecções mentais tanto quanto na normalidade. Este é o mecanismo tomado como protótipo de outras operações defensivas do ego. O termo “recalque” é empregado por Freud para designar o destino das representações cortadas da consciência que constituem o núcleo de um grupo psíquico separado, processo que se encontra tanto na neurose obsessiva como na histeria. O autor, em seus textos sobre “As psiconeuroses de defesa” (1896), especifica as diversas psiconeuroses através de modos de defesas nitidamente diferentes, entre os quais inclui o recalque. Afirma que o mecanismo de defesa da histeria é a “conversão do

afeto”, o da neurose obsessiva é o “deslocamento do afeto”, enquanto na psicose Freud considera mecanismos de rejeição (verwerfen), concomitante da representação e do afeto, ou a projeção.

A conversão é um mecanismo de formação de sintoma que opera na “histeria de conversão”. Esta defesa consiste numa transposição de um conflito psíquico e numa tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores ou sensitivos, manifestando assim impulsos e afetos reprimidos. A conversão não é simplesmente manifestação somática de afeto, mas representação específica de fantasias, que podem ser novamente traduzidas na linguagem somática para sua linguagem original. Ocorre que a libido desligada da representação recalcada é transformada em energia de inervação.

Entretanto, o que especifica os sintomas de conversão é a sua significação simbólica, pois eles exprimem as representações recalcadas especificas de fantasias que podem ser novamente traduzidas na linguagem somática, através do corpo, para a sua linguagem original.

Na identificação o sujeito assimila um aspecto, propriedade, ou atributo do outro e se transforma total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro, num processo psicológico. Por outro lado, Freud descreve a identificação como uma série de identificações que são constitutivas e ao mesmo tempo, diferencia a personalidade. A identificação é um processo ativo que substitui uma identidade parcial, ou uma semelhança latente por uma identidade total.

Na obra freudiana, o conceito de identificação assumiu valor central, mais do que um mecanismo de defesa psicológico entre outros. Representa a operação pela qual o sujeito humano se constitui. Os efeitos do Complexo de Édipo sobre a estruturação do sujeito, em termos de identificação, desenvolve uma catexia objetal que compõe uma primitiva forma de expressão vincular. As identificações formam uma estrutura complexa, segundo Freud, na medida em que o pai e a mãe, cada um por sua vez, constitui o objeto de amor e de rivalidade. A ambivalência presente em relação ao objeto deve ser essencial à constituição de qualquer identificação. Esse mecanismo – identificação – ocorre com o genitor do mesmo sexo ou seu representante simbólico, na ânsia de derrotá-lo na luta competitiva pelo amor do progenitor do sexo oposto. O mesmo é observado com o progenitor do sexo oposto, ou com seu representante simbólico. Como tal ocorre, quando o paciente sente que tem pouca probabilidade de êxito na competição edípica.

A regressão no sentido formal designa a passagem a modos de expressão e de comportamentos de nível inferior do ponto de vista da complexidade, da estruturação e da diferenciação. Afasta da consciência uma ideia, um evento que possa causar ansiedade,

porém continua no inconsciente. A regressão possibilita a fuga de uma vivência incestuosa atual, como também pode surgir no corpo, resultante de doenças psicossomáticas vinculadas a essa repressão. Pela regressão o paciente retoma uma fase anterior destituída do risco incestuoso edipiano.

Na negação os pacientes se defendem do sofrimento envolvido nas emoções e desejos dolorosos que vivenciam. Não entendem o resultado de seu comportamento sedutor sobre as pessoas de seu relacionamento. Quando ocorre algo que os incomodam profundamente, há a tendência de não aceitar o que ocorreu, ou lembrar o ocorrido de modo incorreto. A situação ocorrida pode ser fantasiada na tentativa de distorcer e minimizar o impacto do evento.

No documento CURSO DE PSICANÁLISE TEORIA PSICANALÍTICA (páginas 51-54)