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Os signos através da história

O estudo dos signos nasceu na Grécia antiga. Os primeiros a perceber a relações e a diferença entre a natureza (semeion) e cultura (symbolon) foram os gregos. Deram origem a duas linguagens: de nome objeto – “onomasiológica”; e de palavra conceito –

“semasiológica”. Desde então vem sendo objeto de investigação constante em vários ramos do conhecimento, focalizado em diversas áreas como a filosofia, teologia, mitologia, sociologia. Engloba a lógica, a retórica, a poética e a hermenêutica. Na civilização ocidental, desde essa época até nossos dias, é marcado o desenvolvimento continuado destas questões relativas aos signos e sinais.

O espirito capta os sinais relacionais existentes na natureza (semiologia), reunindo significantes e significados, como também, constrói relações abstratas de significação (semiótica), acrescentando características e aspectos, construtos apenas imaginários pelo cérebro: o mundo cultural dos símbolos.

A partir de Platão (427-347 a. C.), filósofo das ideias que viveu no limiar de uma época, entre valores antigos e um novo mundo, encontra-se a discussão sobre a natureza dos signos e do significado. Em seus diálogos com Crátilos, ao falar da linguagem e do conhecimento, faz a constatação de que os nomes não seriam capazes de dizer da essência das coisas, bem como, o desenvolvimento de uma teoria sobre a iconicidade das imagens mentais.

Aristóteles (384 – 322 a. C.) foi um sujeito devotado à cultura e dedicado à prática literária. A partir da linguagem baseava sua definição de signo em uma teoria da significação e da referência. Ele reconhece que as palavras “não são significantes por elas mesmas, enquanto que os estados de alma são semelhantes às coisas que lhes correspondem”. A palavra, em Aristóteles, é dita “símbolo de um estado psíquico”, isto equivale a dizer que a relação da linguagem com o ser não é imediata. O que o autor tenta mostrar é conservar uma relação mediata entre linguagem e realidade, evitando um abismo entre “palavra” e “coisa”. Para o filósofo, o signo contém as bases de uma teoria da

significação e da referência. As palavras são convencionais em sua forma oral e escrita e não naturais. Esse fato é observável por qualquer indivíduo e as regras mudam de uma comunidade a outra. A palavra é, pois o símbolo de um estado psíquico. O estado psíquico é uma imagem das coisas reais, e linguagem não tem qualquer relação de semelhança com as coisas.

A Escola Estóica (300 a. C e 200 d. C.) apresentava sua filosofia como um modo de vida. O individuo não era o que a pessoa diz, mas como se comporta (universo corpóreo governado por um Logos divino). Fundada por Zenão de Cítio, cuja crença é de que o conhecimento é atingido pela razão, pois tudo está enraizado na natureza. O estoicismo se desenvolveu como um sistema integrado pela lógica, pela física e pela ética, articulados por princípios comuns. Para viver uma boa vida era preciso entender as regras da natureza. Assim, encontrada uma teoria em que o signo “reúne” três componentes: o significante, o significado (ou sentido) e o objeto externo. Nessa proposta o significante e o objeto externo eram definidos por uma natureza material, e o significado ou o sentido, denominado de “Lekton”, que quer dizer “aquilo que é significado” era considerado incorpóreo.

Epicuro de Samos (Século I), um filósofo grego do período helenístico, viveu uma vida foi marcada pelo ascetismo, a serenidade e a doçura. Sua proposta é atingir a felicidade, caracterizada pela “aponia” - ausência de dor física, e “ataraxia” - impertubalidade da alma. As dores da alma estavam associadas às frustrações. Entretanto, junto a seus seguidores, sugere a crença de que a linguagem verbal humana tal como o comportamento animal e os gestos de uma criança, origina-se de uma convenção natural e não de uma determinação de origem intelectual. Percebeu a superstição das pessoas, em sua grande maioria, o que as afastavam da verdadeira função das religiões e dos deuses.

Segundo ele, os deuses viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança, - a felicidade divina. Piores e mais difíceis de lidar são as dores da alma. Estas estão associadas às frustrações, segundo ele, e em geral oriundas de um desejo não satisfeito.

O filósofo búlgaro Tzvetan Todorov, historiador e sociólogo foi um dos intelectuais mais reconhecidos do mundo. Estudioso de Filosofia da Linguagem, pesquisador de linguística, teoria da linguagem e crítico literário, situa as origens da Semiótica ocidental nas "tradições particulares" da semântica, da lógica, da retórica e da hermenêutica antigas.

Este autor considera Santo Agostinho o primeiro dos semióticos por ter sido ele Padre da Igreja, por ser o primeiro a satisfazer os dois requisitos fundamentais implicados na noção de semiótica: ter como objetivo o conhecimento, a teoria; ter como objeto de estudo signos de espécies diferentes e não exclusivamente os linguísticos.

Santo Agostinho desenvolveu sua inteligência dentro de conceitos filosóficos e científicos distantes dos ensinamentos religiosos e de infância. Vivenciou várias formas de vida contemplativa, estudou retórica e contribuiu para a promoção da proliferação de sentidos. Ele fez referência à mente do interprete como um terceiro componente da semiose, retomando o caráter triádico: “Um signo é alguma coisa, que além e acima da impressão que causa nos sentidos, traz à mente alguma coisa como consequência”.

Encontram-se os mesmos elementos: signo, significante e significado, afirmando Santo Agostinho que “um signo é uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz vir ao pensamento, por si mesma, qualquer outra coisa”.

A descoberta do funcionamento dos organismos vivos é que inicialmente vem ser chamada de semiótica, devido à elaboração intelectual de alguns estudiosos e autores.

Partem do princípio de que todo o animal, principalmente aqueles dotados de percepção devem aprender que determinada matéria tem para suas vidas um significado fundamental.

As denominações “semiótica” e “semiologia” são nomes que passaram a existir por uma questão de origem devido aos seus precursores do estudo nessa área.

As contribuições do filósofo Ferdinad du Saussure, um linguista de origem suíça, marcou a história da linguística. Afirmou que “a língua é o palco de fenômenos relevantes”, através do que é possível compreender a importância da constatação quanto à inexistência de sociedade sem linguagem para interagir como o outro e com todos os elementos que a rodeiam. Os conceitos como “langue e parole”, “sintagma e paradigma”, e “significante e significado” fizeram com que ele fosse considerado o “pai da linguística moderna”.

Defendeu que a linguagem seria um fenômeno psicossocial constituindo a língua e a fala.

Afirmou que a “língua é o sistema, é aquilo que nenhum falante pode mudar”. O autor buscou definir um objeto de estudo e objetivo de outro estudioso, ocasionando, assim, a fundação de uma ciência autônoma e independente de outros estudos. Embora, conforme o mestre “a linguística tem relações bastante estreitas com outras ciências, que tanto lhe pegam emprestados como lhe fornecem dados, cujos limites que a separam de outras ciências não aparecem sempre nitidamente”,

Saussure trabalhou com a fala e a oralidade, preocupando-se em “ver” como é que

as línguas se cruzam umas com as outras. Com a inquietação proveniente dessa ideia veio chamar de “semiologia” os seus estudos sobre os signos. Ele trabalhou com a língua francesa, o latim e o italiano, conhecendo bem o grego. Procurava saber como é que estas línguas, no fundo se suportam, indo atrás de respostas para suas inquietações. O autor, através da linguística, salientou que existia um lugar nas ciências sociais para uma ciência

que estudasse os signos. Isto fez com que montasse uma teoria, entretanto, não chegou a escrevê-la.

Portanto, “Semiologia é uma ciência que estuda os signos”, segundo Saussure. O núcleo de significação de linguagem é o signo. Para o autor o signo é composto de:

“significante” (Se), constituído pela “matéria acústica” ou a “imagem acústica”, nada mais do que o som, algo que pode ser dividido e que tem contorno sonoro definido2; e

“significado” (So) que é o “conceito da coisa”, constitui um conceito de âmbito da memória, cuja junção destas duas faces resultará no “signo”. Portanto, o “signo” é sempre “mental”, ele é a “representação” daquilo que a nossa mente percebe. Quando alguém que não domina uma língua estrangeira ouve uma palavra, ele capta o “significante”, ou seja, o

“som”, mas não consegue apreender o “significado”3, o conteúdo do que foi dito, por não conhecer a língua. Saussure não considera a matéria externa, só acredita na existência da palavra que é percebida pela mente. Portanto, a representação dessa materialidade é feita pelo autor, através da equação “significante (Se) + significado (So) = signo”. Mais tarde Adair Peruzzolo e Elizeu Verón e Martini, estudiosos que precederam Saussure, classificam a “representação” como sendo “matéria significante”.

As formas como o individuo dá significado a tudo que o cerca, refere-se a um conhecimento que existe há um longo tempo. Da raiz grega “semeion”, provém a semiótica que constitui a “arte dos sinais”. Portanto, é a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de significado. O “ponto de vista semiótico” se refere ao significante, enquanto o “ponto de vista epistemológico” esta conectado ao sentido dos objetos. A Semiótica na sua origem remonta à Grécia Antiga. Portanto, ela é contemporânea do nascimento da Filosofia. Mais recentemente é que se expressaram os mestres conhecidos como pais desta disciplina. No início do século XX, ao lado das pesquisas de Ferdinand ddu Saussure surge Peirce com a

“Ciência da Significação”.

Charles Sander Peirce, um lógico e matemático americano, surge com um estudo, onde propõe a “ciência da significação” como um “processo de produção do signo”. A este sistema chama de “semiose”, e não apenas a ciência que estuda o signo. Em relação à semiose, o autor propõe o estudo da relação triádica entre o “signo” (representâmen),

“objeto” (mental) e o “interpretante” que se formam a partir do “representâmen” (sinal,

2 A escuta da língua estrangeira é como se fosse uma sonoridade continua, por não conhecer a língua;

quando escuta a própria língua sabe onde termina e onde começa a palavra.

3O sentido e acepção do vocábulo; correspondência que um vocábulo de uma língua tem em outra.

matéria externa, matéria significante). Peicer vai buscar na filosofia política, através de John Locke (1690) a palavra Semiotikês para designar a “semiótica”.

O termo “semiótica” vem do grego “semiothiké” que significa a “arte dos sinais”. A semiótica, portanto é a ciência geral que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem “sistemas sígnicos”, ou dizendo de outra maneira, “sistemas de significação”

envolvendo os signos e a semiose. Abrange um ocupar-se do estudo do processo de significação ou representação, na natureza e na cultura, do conceito ou da ideia. Na cultura e na sociedade as marcas como sistema de significação remontam desde a antiguidade, na mitologia, na música, nas artes visuais, fotografia, cinema, moda, religião, gestos e em todas as formas de manifestações sígneas em todos os tempos.

Com referência ao signo, pode ser dito que este é constituído por qualquer objeto, som ou palavra capaz de representar uma outra coisa. Na modernidade, todos os indivíduos dependem do “signo” para viver e interagir com o meio onde estão inseridos.

Para o homem comum, a noção de signo e suas relações, do ponto de vista teórico, não são tão importantes, porém estão presentes em seu cotidiano entendidos de maneira prática e precisa. Os signos são úteis, existem ou sucedem o momento, são compreendidos e vão além do que se pode imaginar. Pode ser exemplificado com o ato de dirigir um carro: lemos os discursos contidos nas placas de sinalização, sinais de trânsito, nas luzes dos semáforos, pelas reações do veiculo ao meio ambiente, entre outros.

O homem intelectualizado não vive sem o signo, precisa dele para entender o mundo, a si mesmo, as representações de seu mundo interno e as pessoas com as quais se relaciona. Estão nas relações humanas. Portanto no cerne de tudo – semiologia ou semiótica – o signo que é o tema central de um discurso, como um outro discurso, constitui o produtor complexo da semiose. “A semiótica é um saber muito antigo que estuda os modos como o homem significa o que o rodeia”.

2. O que vem a ser Semiologia

A semiologia é uma área do conhecimento que se dedica a compreender os sistemas de significação desenvolvidos pela sociedade. O objeto da mesma são os conjuntos de signos, sejam eles linguísticos, visuais, ou ainda ritos e costumes. A palavra Semiologia vem da união das palavras gregas “semeion” que significa “sinal”, e “logos” que quer dizer “estudo”. A Semiotica e a Semiologia, portanto, representam o memo campo de estudos. Entretanto a partir de 1969, a Semiotica foi determinada como o nome da

“Ciência Geral dos Signos”.