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Os significados ampliados do De agri cultura

I. O De agri cultura de Catão Censor: aspectos da construção do texto, da linguagem e dos sentidos

3) Os significados ampliados do De agri cultura

Os primeiros aspectos significativos gerais que se depreendem da leitura da obra parecem-nos corresponder àqueles relacionados às concepções do autor sobre o trabalho e a vida: bastante rígido na proximidade com os velhos padrões comportamentais herdados dos

maiores, Catão prevê a organização cerrada do fundus, com base na centralização

hierárquica das decisões (cabendo ao uillicus representar a autoridade suprema associável ao senhor) e na busca incansável da eficiência. O prefácio, por sinal, com a aproximação entre a vida dos agricolae e a dos soldados, introduz o tom geral de toda a obra, já que, em ambos os domínios da atividade humana, prevê-se a "luta" organizada em favor da obtenção da vitória.

É interessante notar a esse respeito que nem sequer o senhor, cujas ocupações se restringem, no quadro esboçado no De agri cultura, à supervisão e à direção última de todos os trabalhos, é poupado da necessidade de agir com empenho. Assim, o fato de que, como resultado das transformações econômicas e sociais do tempo, não mais lhe caiba cultivar com as próprias mãos à maneira dos "velhos sabinos" (e, como vimos, do próprio Catão em sua juventude!) não o livra de ter de acompanhar em minúcias o andamento da propriedade e de sujeitar-se pessoalmente ao rude preceituar catoniano.90

Quanto à questão do modo de vida esboçado na obra, sobressaem-se, além da maciça absorção da mão-de-obra escrava pelo trabalho diário, os aspectos da religiosidade, da frugalidade e da auto-suficiência. No tocante, especificamente, à industriosidade incessante dos cativos (à qual devem ser instigados com energia pelos superiores), observamos que o que nos parece corresponder a maus tratos infligidos contra eles tem sempre relação com os fins eminentemente comerciais de todo o processo produtivo: interessa, então, que, por um lado, ocupem-se sem pausas91 (devem produzir muito) e, por outro, no caso da inadequação de seus serviços ou condutas, sejam punidos.92 Isso justifica os motivos da repressão contra quaisquer desvios do plano traçado por bem dos ganhos do senhor, a exemplo da proposição de condutas "anti-sociais" para o uillicus e a esposa (cujas

vidas devem devotar-se por inteiro à organização do fundus),93 da implacável vigilância contra as "más-ações" dos cativos94 e da própria prisão dos trabalhadores destinados à lida mais pesada nos campos.95

A religiosidade, tematizada na obra através da recomendação, em várias ocasiões, de práticas afins ao apaziguamento ou conciliação da benevolência dos entes sagrados (os Lares,96 os espíritos protetores dos bosques,97 os grandes deuses do panteão clássico98 ou vinculados ao mundo rural itálico...99), também se insere no contexto global com o sentido de algo favorecedor da eficácia produtiva: embora não se possa restringir a reverência religiosa dos antigos ao fator do interesse, sabemos que se destinava, entre suas mais importantes funções, à busca da segurança material e espiritual. Há que se ter em mente, a propósito, a face muitas vezes vingativa das divindades de algum modo ofendidas ou apenas negligenciadas, do que resultava, no confronto do homem rural com a natureza (sobre a qual se estendiam seus domínios), uma série de normas a serem observadas.100

Entendia-se, porém, que a piedade (manifesta pelas preces, pelos esconjuros, pelas oferendas e pelos eventuais pedidos de permissão para "invadir" certos domínios) poderia, pelo contrário, agradar os deuses e realizar-se sob a forma de atos indispensáveis para o sucesso em pontos como a rentabilidade das colheitas, a fertilidade dos animais, sua saúde e a dos homens, a defesa contra desastres... Assim, Catão indica os modos de condução dos cultos (discriminando escrupulosamente suas etapas e palavras)101 num modo instrutivo que nada deixa a dever em clareza e imediata objetividade aos demais aspectos da vida rústica didaticamente tematizados ao longo dessas páginas.

A frugalidade e a auto-suficiência, por seu turno, encontram-se interligadas na obra de nosso interesse: correspondendo a primeira característica a um componente valorizado pelos tradicionalistas mesmo nos homens livres (já que, denotando autocontrole e desapego à dimensão supérflua da existência, pressupõe um caráter viril),102 não haveria motivos para a tolerância com o desperdício entre os cativos. Quanto à auto-suficiência, recomenda-se justamente como uma das formas de realizar na vida prática essa frugalidade: através da obtenção de grande parte dos bens de consumo essenciais nos fundi, afinal, os trabalhadores poupam o senhor de ver reduzidos seus ganhos pela necessidade de adquirir mercadorias provenientes de fora.103

Assim, vê-se no De agri cultura como que o planejamento para a constituição de um pequeno mundo pouco vulnerável a riscos externos: em numerosas passagens, são oferecidos dados que apontam para o controle cauteloso da vida em seus aspectos mais variados, a exemplo das quantidades corretas de alimentos destinadas a cada tipo de trabalhador104 (ou aos animais) conforme as estações do ano, da freqüência com que se devem oferecer roupas e calçados aos escravos,105 das recomendações para que se aproveitem mesmo os resíduos das uvas na fabricação de bebidas,106 do aconselhamento para que se plantem olmos e choupos como fontes autóctones de obtenção de madeira107 e se façam conservas para garantir o abastecimento de frutos...108

Como último ponto de discussão a respeito desse tópico, seria talvez proveitoso citar a importância de um subproduto como a amurca no quadro da economia rural traçado por Catão. Com efeito, esse resíduo da fabricação do azeite de oliva, prestando-se a empregos tão variados quanto seus usos na engenharia,109 a complementação alimentar dos animais,110 adubo,111 agente de limpeza e conservação de peças do mobiliário112 e pesticida113 poderia tornar-se uma espécie de emblema das idéias catonianas sobre o que é a correta condução da propriedade, já que, estranho a todo desperdício e favorecedor de vantagens em muitas atividades, exemplifica bem os princípios de utilitarismo e parcimônia tão caros à concepção agrária do Censor.

As seguintes palavras de Marmorale, acrescentamos, prestar-se-ão a ilustrar com clareza a tônica do foco de abordagem dado pelo Censor à totalidade de suas considerações sobre a vida e os trabalhos rurais:

Catão, em sua obra, não dá espaço algum ao sentimento, e muito menos se revela aqui um sentimental. Virgílio olhará com olhos de infinito amor as plantas e os animais, Virgílio dará um pouco de sua alma até às frias estrelas da Ursa-Maior, que dirá temerosas de se deixarem tocar pelas águas marinhas. Falará, porém, como poeta e será lido não por camponeses, que não o teriam compreendido e teriam perguntado o que queria com aquelas palavras, mas por homens de cultura, que no conforto e refinamento de suas casas teriam podido sentir surgir em si o amor pelo campo e tentar melhorar a amarga sorte dos camponeses itálicos de seu

tempo. Catão, pelo contrário, decerto não o teria sabido fazer; a planta nada é para ele a não ser algo de que é preciso cuidar para obter bons frutos, o animal nada a não ser um instrumento de trabalho. Também quando fala de flores e de plantas de jardim, nunca usa um adjetivo que indique uma descrição ou um sentimento: aquelas plantas e aquelas flores são vistas sob o aspecto utilitário, porque Catão sabe que delas deve sair o dinheiro necessário para o sustento de uma família.114

Quanto às motivações práticas da obra e a suas relações com o contexto histórico do período considerado, importa dizer que, segundo as observações de alguns críticos,115 o prefácio e o corpo subseqüente do texto se encontram em certo desacordo: ocorre que o prefácio, na aproximação ideológica entre a vida militar e a agrária, contrapõe a ambas a atividade comercial e a usura. Como dissemos, sendo útil, a lida rural caracterizava-se, simultaneamente, por não ferir os princípios da honestidade e por se tratar de algo seguro.

Ora, no interior desse quadro de oposições, a atividade comercial, especificamente, contrapõe-se à agricultura não por se tratar de uma prática desonesta (já que Catão destaca uma qualidade moral como a diligência no ofício do mercador), mas por seu caráter de algo mais exposto ao fortuito: basta pensar, por exemplo, em certos riscos associáveis no mundo antigo às viagens marítimas, tendo em vista as ameaças naturais às embarcações e a vulnerabilidade de cargas e tripulantes à pirataria.

A consideração detida da finalidade última dos preceitos catonianos posteriores, porém, revela que o autor compreende a produção agrícola e a venda de excedentes enquanto fases complementares da mesma iniciativa:116 em conformidade com o gradual direcionamento da economia romana do período para o destaque das culturas arbóreas (oliveiras e videiras),117 o autor, privilegiando-as como tema dessa obra e enfatizando, segundo dissemos em mais de uma ocasião, a necessidade de que haja ganhos, delineia-lhes a estreita união.

Sem chegarmos ao extremo de atribuir essa aparente discordância à intervenção póstuma de editores ou copistas quaisquer (que teriam, segundo essa hipótese, adicionado o prefácio com descuido), parece-nos que não existem grandes impedimentos para a compreensão integrada da introdução e do restante do texto. O primeiro fator a ser

considerado aqui diz respeito à ênfase retórica e moralizante dessa passagem: antes de introduzir de fato os preceitos relativos à concretude da vida rural em seus aspectos técnicos, humanos e econômicos, Catão procedeu a uma espécie de defesa do setor de atuação identificado com as próprias bases do sistema produtivo tratado a seguir. Essa incitação inicial à agricultura, portanto, não deve ser compreendida enquanto direcionamento de todo cerrado dos rumos a serem seguidos pelo homem previdente e honesto para obtenção do ganho, mas antes com o sentido da defesa das tradições pátrias em seus aspectos morais e práticos.

Tudo se passa como se, apesar da atribuição às práticas agrárias de um papel central no prefácio e em seguida (considerando o próprio embasamento peculiar de toda a preceituação nesse âmbito), Catão, tendo dado o tom de dignidade e segurança do setor a fim de favorecer a adesão a seus princípios, passasse depois a delinear com mais clareza o que entende pela boa condução do fundus. Dessa maneira, no interior de um empreendimento agrícola rendoso (e afinado com o resguardo parcial dos costumes antigos118 e da segurança do senhor), nada impede que a destinação dos produtos à venda se insira como a meta de todo o trabalho na propriedade. Afinal, não se trata, absolutamente, de negligenciar a agricultura, mas, em harmonia com a defesa inicial do prefácio, de potencializar suas chances de sucesso diante das mudanças sociais (a exemplo do influxo de riquezas e da abundância de mão-de-obra escrava após as conquistas) e econômicas (com o direcionamento de grande parte da produção itálica para o comércio mediterrâneo) do tempo.

Também se deve dizer sobre o mesmo ponto que os preceitos catonianos se concentram, sem exceção, no oferecimento de diretrizes para a condução das atividades produtivas no próprio fundus. Em outras palavras, muito embora itens do tipo do vinho e do azeite (ou das azeitonas) se destinem em última instância não ao consumo interno, mas à "exportação", há que se notar o foco racionalizador do conjunto das atividades descritas nas fases anteriores à venda: Catão, com efeito, não se desvia para o aprofundamento da preceituação comercial, restringindo-se as breves referências a isso praticamente aos capítulos escritos sob a forma de contratos variados.119

Assim, para ele, destinar os excedentes à venda (ou mesmo direcionar todo o empreendimento agrário para os lucros) não significa a negação total do velho modelo

sócio-econômico identificado com os trabalhos da terra: ao invés disso, preferimos interpretar suas idéias pessoais a respeito do assunto como um sinal da aclimatação do novo ao antigo, com todas as vantagens (práticas, inclusive) daí advindas.

Devemos dizer, por fim, que tal "atualização" permite notar a continuidade do nuançamento das características associadas a Catão pelo mito constituído em torno de sua imagem. Em conformidade com a relativa mescla de recursos oriundos do manancial expressivo tradicionalmente vinculado aos latinos ou importado dos gregos, também se tem no gesto "modernizador" da economia agrária catoniana um elemento para que se pense em sua pessoa em termos de uma flexibilidade moderada.

Não se deve, porém, à maneira do que se nota no Cato Maior ciceroniano, levar a extremos a atenuação do tradicionalismo dessa personagem histórica. Naquele caso, chegava-se mesmo à distorção da figura do Censor pela atribuição a ele de características

impensáveis do ponto de vista cultural, considerando, por exemplo, a posterioridade

histórica na sociedade romana da atitude de maravilhamento desinteressado diante da natureza.120 O que propomos nesse sentido passa, pelo contrário, não pela idéia da mudança radical do que se tem em geral dito e pensado sobre o Censor, mas pelas reservas quanto a qualquer extremismo alheio à justa interpretação.

1

Cf. Palmer, L. R. Introducción al latín. Traducción de Juán José Moralejo y José Luís Moralejo. Barcelona: Planeta, s.d., p. 127: Nuestro estudio del progreso de la prosa a partir de formas tan simples de expresión puede empezar por Catón, que se sitúa al final del período arcaico. Pese a todo su fervor antihelénico y a su afirmación de que todos los que se dedicaban al estudio de la poesía y asistían a "conuiuia" no eran más que unos tunantes ("grassatores"), y a su receta para escritores "rem tene uerba sequentur", él mismo no estaba del todo incontaminado de las artes de los aborrecidos griegos.

2

Cf. nota anterior. 3

Cf. introdução de J.-N. Robert ao Cato Maior ciceroniano (Cicéron. De la vieillesse. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier. Introduction, notes et annexes de Jean-Noël Robert. Paris: "Les Belles Lettres", 2003, p. XVIII): La personnalité de Caton est si forte qu'elle donna naissance, de son vivant, à une légende qu'il eut soin d'alimenter. Il avait compris tout le parti qu'il pouvait tirer de cette "opération de communication". Sa détermination en toute chose, son origine modeste et son éducation à l'ancienne expliquent et justifient la place à part qu'il occupa tout le long d'une vie politique d'une exceptionelle longévité. De sa voix de stentor, avec son regard farouche, il combattait ses ennemis tant au Sénat ou au Forum que sur les champs de bataille. Ses pairs le reconnaissent comme un meneur d'hommes.

4

Cf. Labate, M. L'arte di farsi amare. Modelli culturali e progetto didascalico nell'elegia ovidiana. Pisa: Giardini, 1984, p. 133.

5

Cf. seguinte passagem da Conjuração de Catilina, em que Salústio exalta a busca da glória (ou da fama na memória dos pósteros) como a única forma verdadeira de vida (minha tradução): II 9. Verum enimuero is demum mihi uiuere atque frui anima uidetur, qui aliquo negotio intentus praeclari facinoris aut artis bonae famam quaerit. Sed in magna copia rerum aliud alii natura iter ostendit. - "Na verdade, de fato só me parece viver e fazer bom uso da vida o que, empenhado em alguma atividade, busca a fama dum feito ilustre ou dum fazer honesto. Mas, na diversidade de tudo, a natureza mostra a cada um o seu caminho." (Salluste. Conjuration de Catilina. Guerre de Jugurtha. Texte établi par B. Ornstein et traduit par J. Roman. Paris: "Les Belles Lettres", 1924).

6

Considere-se, a esse respeito, a homenagem ciceroniana a essa personagem através da composição do diálogo filosófico intitulado Cato Maior, em que, embora bastante adaptada aos tempos, ressurge como exemplo da sabedoria ancestral.

7

Cf. Della Corte, F. Catone Censore. La vita e la fortuna. Firenze: La Nuova Italia Scientifica, 1969, p. 11. 8

Cf. Geórgicas II 532-535 (minha tradução): hanc olim ueteres uitam coluere Sabini,/ hanc Remus et frater; sic fortis Etruria creuit/ scilicet et rerum facta est pulcherrima Roma/ septemque una sibi muro circumdedit arces. - "essa vida outrora tiveram os sabinos,/ essa Remo e seu irmão; assim a poderosa Etrúria prosperou/ e Roma sem dúvida tornou-se o que há de mais belo,/ cercando sete cumes com seus muros."

9

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 12. 10

Minha tradução. 11

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 17. 12

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 18ss. 13

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 23-24. 14

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 24ss. 15

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 34. 16

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 40. 17

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 51-52. 18

O testemunho de Plutarco, porém, atribui ao final da vida de Catão o envolvimento com a usura [cf. Plutarch. Lives. With an English translation by Bernadotte Perrin. Cambridge, Massachusetts/ London, England: Harvard University Press, 1997. V. II: XXI 6-7. )Exrh/sato de\ kai\ t%= diabeblhme/n% ma/lista tw=n daneismw=n e)pi\ nautikoi=j to\n tro/pon tou=ton. )Eke/leue tou\j daneizome/nouj e)pi\ koinwni/# pollou\j parakalei=n, genome/nwn de\ penth/konta kai\ ploi/wn tosou/twn au)to\j ei)=xe mi/an meri/da dia\ Koui+nti/wnoj a)peleuqe/rou toi=j daneizome/noij sumpragmateuome/nou kai\ sumple/ontoj. ÄHn d'ou)=n ou)k ei)j a(/pan o( ki/ndunoj, a)ll'ei)j me/roj mikro\n e)pi\ ke/rdesi mega/loij. - "Emprestou também da mais infame das maneiras, em navios, da seguinte forma: mandava os que tomavam emprestado reunirem muitos para o empreendimento; ao atingir cinqüenta e outros tantos navios, ele mesmo se tornava dono de uma parte por seu liberto Quíncio, companheiro de negócios e viagens dos devedores. Assim, o risco não era total, mas muito pequeno, e os lucros grandes." (minha tradução)]. 19

Cf. Plutarco, op. cit., v. II, XVII 7. 20

21

Cf. Della Corte, op. cit., 1969, p. 65. 22

Cf. Astin, op. cit., p. 182 (minha tradução). 23

Cf. Astin, op. cit., p. 193-195. 24

Cf. introdução à edição "Les Belles Lettres" do De agri cultura (Caton. De l'agriculture. Texte établi, traduit et commenté par Raoul Goujard. Paris: "Les Belles Lettres", 1975, p. XXXV-XXXIX).

25

Teria tido o autor diante dos olhos alguma espécie de modelo genérico ao compor? Em que medida vinculou-se a ele? As opiniões dos críticos divergem grandemente, sobretudo no tocante à suposta imitação de modelos gregos (cf. respectivamente Astin, op. cit., p. 199-200 e von Albrecht, M. A history of Roman literature. From Livius Andronicus to Boethius. Leiden/ New York/ Köln: E. J. Brill, 1997. V. I, p. 397: The composition of an extended didactic work devoted to a single topic and containing a mass of interrelated practical information was a much more demanding task. It may be objected that Cato had had the literary experience of reading Greek works, often works of high quality; but this too is of doubtful relevance. In the first place his acquaitance with Greek literature by no means necessarily implies that he read it with serious attention to techniques of composition and organization. In the second place Cato is most likely to have come across works of quality, hence unlikely to have been confronted with instructive examples of glaring faults which sprang from inadequate planning and discipline. Nor it is by any means certain that he even had the opportunity to examine work similar to his own; for there is doubt as to whether there were available Greek predecessors for the type of practical agricultural handbook he was attempting to write./ In his instructional treatises, Cato adopts the basic forms of the Greek textbook. In assessing his work, one must always take into account the practical applications of Greek technique. Cato is a genius at learning, especially in areas promising efficiency. In agronomy he takes over and recommends the most modern Hellenistic methods, and it mat be supposed that he behaved similarly in other areas. If he owes something to Greek theory, he owes even more to Greek practice.).

26

Cf. Leeman, A. D. Orationis ratio. The stylistic theories and practice of the Roman orators, historians and philosophers. Amsterdam: Hakkert, 1963.

27

Cf. De agri cultura CXLI 2. 28

Cf. Leeman, op. cit., p. 22. 29

M. von Albrecht, na enumeração dos traços estilísticos gerais do De agri cultura catoniano, cita, além das repetições de vocábulos e paralelismos, as reiterações de sinônimos e certa tendência para construir as sentenças com o encurtamento da segunda parte em relação à primeira (cf. von Albrecht, M. Masters of Roman prose. From Cato to Apuleius. Interpretative studies. Translated by Neil Adkin. Leeds: Francis Cairns Publications, 1989, p. 4-8).

30

Cf. De agri cultura CXXXIV 2-3 (minha tradução): Iuppiter, te hoc ferto obmouendo bonas preces precor, uti sies uolens propitius mihi liberisque meis domo familiaeque meae mactus hoc ferto. - "Júpiter, oferecendo-