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5.1.2 – Outras ENA em desenvolvimento

O estudo desenvolvido através da PEER (2009) analisou também o estado de desenvolvimento de ENA em países que ainda não a apresentaram formalmente, mas que, já deram os primeiros passos nesse sentido.

Apresentam-se de seguida alguns dos exemplos analisados no referido estudo.

5.1. 2.1 - Áustria

A Áustria começou a trabalhar numa estratégia nacional de adaptação em 2007 por decisão informal do governo austríaco. No entanto, não existem, oficialmente e até à data, demonstrações financeiras relativas aos objectivos gerais, conceitos ou prazos dessa estratégia (Swart, R. et al 2009).

De acordo com o estudo da PEER (2009) que avaliou a informação disponível em relação às mudanças climáticas, a Áustria não possui uma compreensão suficientemente abrangente dos impactes regionais das mudanças climáticas e opções de adaptação. No entanto, já foram realizados, para alguns sectores, estudos de adaptação (por exemplo, em matéria de protecção

contra cheias e inundações), embora estes não tenham sido especificamente desenvolvidos no contexto da mudança climática (Swart, R. et al 2009).

5.1. 2.2- Noruega

Na Noruega, foi efectuado, em 2004, um estudo de delimitação do âmbito de uma ENA, no qual, foram destacados os principais desafios a serem alcançados e discutidas possíveis abordagens à estruturação de uma política de adaptação. No entanto, em meados de 2008, este estudo ainda não tinha conduzido à adopção de uma ENA (Swart, R. et al 2009).

Governo norueguês publicou, entretanto, um documento de consulta que, apresenta três objectivos principais, visando o combate às alterações climáticas: execução de um mapa de vulnerabilidade à mudança climática; aumento da compreensão sobre as mudanças climáticas e adaptação; e promoção do intercâmbio de informações e capacitação. Complementarmente, no início de 2007, o Ministério do Ambiente apresentou um relatório transversal, no qual consta, uma detalhada exposição sobre as questões da vulnerabilidade e adaptação, em face das mudanças climáticas na Noruega. Este mesmo relatório resume, os desafios para os sectores-chave noruegueses: biodiversidade, agricultura, silvicultura, pescas, infra-estruturas, ordenamento do território, energia, saúde, seguros, política externa e Árctico (Swart, R. et al 2009).

5.1. 2.3- Suécia

A Suécia ainda não desenvolveu uma ENA, e poderá optar por efectuar uma abordagem integrada e coordenada de cooperação entre sectores vulneráveis. Em 2007, a Comissão para as Alterações Climáticas e Vulnerabilidade, apresentou um relatório designado "A Suécia Enfrenta a Mudança Climática - Ameaças e Oportunidades" que, resume os desafios a enfrentar, concentrando-se em sectores-chave como: comunicações; sistemas de suporte técnico; desenvolvimento e construção; sector rural; economia e turismo; ambiente natural e metas ambientais; saúde humana; e mudanças a nível global e seus impactes sobre a Suécia. O relatório analisa, também, a informação necessária para ajudar a reduzir a vulnerabilidade e oferece um conjunto de propostas concretas. Este documento servirá como um ponto de partida para um futuro projecto de lei climática. Contudo, este projecto deverá concentrar-se, principalmente, na mitigação das alterações climáticas e não na adaptação (Swart, R. et al 2009).

5.1. 2.4 - Letónia

A Letónia encontra-se a desenvolver a sua ENA, com base num relatório informativo sobre a adaptação apresentado ao governo em 2008. O processo de desenvolvimento é liderado e coordenado pelo Departamento do Clima e Renováveis, inserido no Ministério do Ambiente da Letónia. Dois grupos de trabalho são responsáveis pelo desenvolvimento da estratégia letã: um grupo de peritos inter-governamentais, cientistas e especialistas de diferentes organizações; e um grupo de representantes de empresas e do sector dos seguros. A ENA irá promover a integração da adaptação em políticas já existentes de uma forma mais sistémica, bem como, a criação de novas medidas políticas de adaptação (Swart, R. et al 2009).

5.1.3- Algumas reflexões sobre as Estratégias Nacionais de Adaptação de países da União Europeia

O estudo do PEER (2009) retirou algumas conclusões importantes das estratégias de adaptação de âmbito nacional nele analisadas, das quais se destacam as seguintes:

 As ENA diferem conforme o país e a região, de acordo com as especificidades das áreas geográficas e as diversas vulnerabilidades sectoriais. Por exemplo, a disponibilidade de água é muito focada em países do Sul da Europa, enquanto o risco de ocorrência de cheias e inundações é um tema recorrente na Europa Central e do Norte. A Espanha e a Alemanha são os únicos países que têm um capítulo específico sobre as regiões montanhosas, enquanto a Finlândia e a Suécia, são os únicos a abordar, nas suas políticas e documentos de adaptação, a criação de renas. A gestão costeira é fortemente salientada nas ENA dinamarquesa e holandesa, facto que reflecte a vulnerabilidade das zonas costeiras e localização geográfica destes países. O solo, por sua vez, é um problema identificado na ENA espanhola e um tema abordado na proposta de estratégia portuguesa (abordada no ponto 5.1.1.8.), reflectindo os desafios que estes países irão ter que enfrentar, no que diz respeito à erosão e à desertificação.

 A capacidade de comunicar informação sobre os impactes, vulnerabilidade e adaptação é vital para uma adaptação eficaz. No entanto, existe pouco consenso, sobre a melhor forma de o fazer e apenas alguns exemplos, dispersos, de estratégias de comunicação. Um dado positivo, prende-se com o facto da maioria dos países com uma ENA ter desenvolvido, como complemento das estratégias, ferramentas através da Internet que fornecem um portal único de informação.

 Um desafio fundamental para a adaptação a nível nacional é garantir que esta se encontra integrada nas políticas sectoriais. A adaptação, não pode ser desenvolvida de forma isolada, devendo, estar na base de todas as políticas.

 Ao contrário de muitas outras áreas da política ambiental, a motivação para o desenvolvimento da adaptação é, em muitos casos, voluntária e de interesse próprio. No entanto, a maioria das ENA, reconhece que ainda existem barreiras que tornam necessária a acção dos governos, no sentido da promoção do avanço da agenda de integração. Embora seja, geralmente, reconhecida a relevância da existência de melhores projecções do clima, a maioria dos obstáculos parecem situar-se ao nível da coordenação política e da natureza de execução: como podem ser concebidas, organizadas e financiadas as medidas de adaptação? Aos governos cabe, principalmente, a missão de informar e sensibilizar, para a necessidade de medidas oportunas de apoio à construção da capacidade de adaptação, e, a de garantir que os bens públicos são integrados análises de custo-benefício asseguradas através de regulamentação, instrumentos e incentivos. Para isso são cruciais: uma clara definição de objectivos, uma administração eficaz, e a coordenação e concepção de políticas adequadas que permitam a sua integração. A actual geração de ENA, embora reconheçam os desafios da integração, não põem em prática medidas claras para garantir

que a integração política realmente aconteça. No entanto, pode concluir-se que, o próprio processo de desenvolvimento das ENA, tem contribuído para a sua integração administrativa nas comissões interministeriais que, foram ou serão criadas, em vários países.

 A maioria das ENA constituem o início e não no final de um processo político. Colocam a questão nas agendas políticas nacionais, ainda que, muitas vezes, daí não resulte a elaboração de propostas concretas ou processos de avaliação da sua eficácia. O conhecimento sobre a vulnerabilidade e opções de adaptação deverá aumentar nos próximos anos. São necessários mecanismos flexíveis para executar, avaliar e rever as estratégias de adaptação. Isto pressupõe métricas para medir o progresso e a eficácia das políticas, bem como, conjuntos de instrumentos regulamentares, económicos, entre outros.

 A cooperação informal e a criação de redes, entre os países, são reconhecidas como importantes, do ponto de vista da partilha de conhecimentos e experiências sobre a adaptação, devendo, por isso, ser promovidas e desenvolvidas.

Para além dos anteriores pontos pode acrescentar-se que, embora quase todos os países europeus estejam a fazer progressos, no que se refere à avaliação dos impactes e à implementação de medidas de adaptação, apenas o Reino Unido, Finlândia e Holanda estão a incluir, de forma consistente, a perspectiva económica. O trabalho nesses países tem fornecido contributos sobre os principais desafios e oportunidades para fazer progredir a economia das alterações climáticas (EEA, 2007).

Esta diversidade nas abordagens pode, também, ser explicada, pelas diferentes fases de desenvolvimento e implementação de políticas de impactes e adaptação, em que os países se encontram (EEA, 2007).

5.1.4 – Outros exemplos, de âmbito nacional, em países não pertencentes à União

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