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Paganismo e endemonia ou busca da felicidade aliada a uma euforia naturalista

Cap 4 – VTOPIA III COMO TEXTO DE HUMANISMO

4.7 Paganismo e endemonia ou busca da felicidade aliada a uma euforia naturalista

A crença partilhada, por escritores humanistas e utópicos, de que a felicidade humana assenta em padrões éticos e materiais tem as suas raízes na Filosofia grega. As sociedades utopianas baseiam-se num vasto conjunto de direitos e deveres comuns, mas isto não significa que esse vasto grupo de regras e preceitos exclua a vivência do prazer e da felicidade do dia-a-dia. O trabalho é efectuado por todos e o tempo livre, bem como o prazer, também deve ser vivenciado por todos. Segundo o estudioso André Prévost, a procura da felicidade e a experiência da liberdade são os princípios morais que animam as instituições utopianas relatadas na Utopia de More. Segundo este autor, para os utopianos “a vida […] tem apenas sentido na medida em que ela permite ser-se feliz. A moral dos utopianos não é senão uma ciência da felicidade”271

.

Trata-se, portanto, de um hedonismo virtuoso, feito de prazeres moderados ao serviço da virtude do espírito, na linha do que postulava Platão, de um epicurismo em que o prazer (moderado pelo estoicismo) é o princípio e o fim de toda a vida feliz. Com efeito, quando os utopianos não trabalham devem dedicar-se a algum tipo de prazer “honesto e virtuoso”, nomeadamente à leitura ou participando em actividades lúdicas, sendo premiados com honras públicas os que aspiram a tais virtudes e comportamentos. Os utopianos “consideram que a vida não é tão desprezível que se dê de barato nem se deve estar tão doentiamente apegado a ela que, no momento em que uma boa causa

271 “la vie […] n‟as de sens que dans la mesure où elle permet d‟être hereux. La morale des

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aconselhe a expô-la, seja de recusar fazê-lo, pois isso seria mesquinhez e cobardia.”272 É pois um prazer que, à semelhança de outros campos da vida utopiana, se define por ser “natural e racional”.

Na “Utopia” seguia-se o lema espartano “mens sana in corpore sano”: os prazeres do corpo deviam ser prazeres saudáveis, moderados, de acordo com a natureza de cada um, excluindo-se assim a prática generalizada de desportos violentos. Esses prazeres deviam também alimentar a mente e o espírito o qual, por sua vez, se devia nutrir do conhecimento e da contemplação da verdade. Os utopianos não se privavam dos prazeres por uma questão de ascetismo moral, mas menosprezavam prazeres fugazes em favor de outros mais duradouros e moralmente construtivos, abdicando muitas vezes de um deleite meramente individual, egoísta, em favor de um prazer colectivo que lhes trouxesse a suprema sensação de prazer, de contribuírem para o bem geral.

A ilha da “Utopia” concebida por More representa uma ordem estabelecida, medida de um “humanismo naturalista”273 secundum naturam et rationem, no qual a fruição e o deleite dos prazeres da vida se inserem numa tentativa para melhor compreender a ordem do universo e deixar seguir o curso da natureza.

No que diz respeito à temática do “prazer” em Vtopia III, também Miguel Hytlodeu defende que o homem deve experimentar um tipo de bem-estar e felicidade terrenos, na linha do que advogavam os utopianos: os prazeres devem ser vividos na observação da virtude, “conforme a natureza”. As grandes festas, por exemplo, são formas de despoluição e de renovação espiritual pois “há que elevar o espírito à contemplação da pura Divindade, de um Eterno que subsiste por si e rege a natureza que se derrama na vida do Homem e do Cosmos”274, “Cosmos” esse que para os novos

utopianos significa “ordem natural”.

Outros momentos de convívio comedido são as refeições. Na “Nova Vtopia” são fornecidas diversas recomendações psíco-físicas relacionadas com uma alimentação racional e, como tal, defende-se a moderação às refeições, nomeadamente a contenção da ingestão de doces. O consumo de bebidas alcoólicas também deve ser moderado;

272 MORUS, Thomas, Op. Cit., p. 623. 273

MARTINS, José V. de Pina – “A Utopia de Thomas More como texto humanístico” in MORUS, Thomas – Vtopia. Ed. Crítica, trad. e notas de comentário por Aires A. Nascimento, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006, p.33.

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raramente se deve beber vinho, pois “a Natureza não perdoa nunca” e a produção e consumo de tabaco e outras drogas são proibidos. A “temperança”, em vários contextos é, aliás, uma das maiores virtudes dos utopianos. As desavenças, por outro lado, resolvem-se com o diálogo e todos se tratam com afecto e consideração.

Visando criticamente um dos maiores passatempos das sociedades modernas, o futebol, diz Hytlodeu “a paixão desportiva representa uma perversão dos instintos existentes no mais profundo do ser humano, susceptíveis de ser desenvolvidos para o bem ou para o mal”275

. E afirma que qualquer desporto violento é “anti-racional” e “anti-natural”.

Diz ainda M. Hytlodeu acerca da importância de se cuidar o corpo e de o respeitar: “com o corpo e através dele, podemos realizar neste mundo actos admiráveis no interesse do Cosmos racional e do Cosmos natural – do microcosmos e do macrocosmos, identificado, aquele, com o homo viator nos caminhos do tempo e da história.”276

Na “Vtopia Nova”, a felicidade, radicando numa moral de tipo religiosa, também se alcança, não pelo mero sacrifício gratuito, mas ao serviço do “outro”, facto que suscita grande estima pública para a pessoa visada. Até perante a morte de entes queridos os novo-utopianos exibem uma atitude estóica que só lhes traz serenidade e que encontra na fé o seu alento.

Em conformidade com este ideário naturalista, Miguel Hytlodeu, comentando o próprio teor do texto de que é protagonista, considera a “Vtopia Nova” de P. Martins um texto “ecològicamente utopiano”, com alguns passos de uma grande “plasticidade e harmonia pictóricas”.

Numa nota de pessimismo, quanto ao futuro das humanidades, M. Hytlodeu conclui que este tipo de saber se está a extinguir mas P. Martins contrapõe referindo os avanços espectaculares que se têm verificado no campo das ciências e da natureza. Hytlodeu acaba por comungar da visão naturalista da personagem P. Martins: “temos de regressar à Natureza para a purificar, para a bonificar, para a restituir à sua pureza original. E para também nós nos purificarmos”277

. Apesar de recordar a destruição consumada pelo homem, Hytlodeu tem a esperança de que este tenha a capacidade de

275 HYTLODEU, Migvel Mark; MARTINS, José de Pina, Op. Cit., p. 460. 276

HYTLODEU, Migvel Mark; MARTINS, José de Pina, Ibid., p. 462.

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“restituir o macroosmos à sua originalidade, à sua genuidade primigénia”278

, para concluir que “o mais fácil é sempre o mais difícil. Começar é nascer. Nós precisamos de um novo nascimento. De um novo começo. Temos de regressar ao Génesis”279. Vtopia

III, enquanto narrativa que assumidamente dá continuidade à tradição do pensamento

utópico, projecta-se assim no futuro pois, além de veicular um projecto de uma nova e melhor forma de organização social, racionalmente concebida, comunica ainda a aspiração nostálgica do homem em querer regressar à sua condição edénica280.

Para Hytlodeu, tal projecto e aspiração assenta fundamentalmente num contínuo exercício de educação. A par da educação, do convívio com a cultura e com as letras, segundo uma perspectiva humanista perante a vida, os cuidados de saúde são tidos como outra das áreas privilegiadas pela acção protectora do Estado. Assim, Miguel Hytlodeu refere que, relativamente à antiga utopia moriana, aumentaria o número de hospitais, localizados em sítios aprazíveis, em parques e florestas. No que podemos considerar ser um sinal de preferência de Pina Martins, através do seu alter-ego Miguel Hytlodeu, de uma concepção arcádica da sociedade ideal, Miguel Hytlodeu chega a elogiar a existência no Entre-Douro e Minho de 33 centros educativos de apoio a crianças diminuídas mentais face a apenas um em Ulisseia para crianças invisuais. É, pois, no Portugal rural que “existe uma dimensão de humanidade em respeito óbvio por valores essenciais relativos ao equilíbrio estável do homem situado no seu ambiente natural”281

.

O desejo de Miguel Hytlodeu, à semelhança de Rafael Hitlodeu é, pois, que o “homem universal” dê livre curso à sua imaginação e à sua fé, de forma a desenvolver as suas possibilidades de felicidade humana, longe das coisas vãs. Assim transparece em Vtopia III um tipo de mensagem idêntico ao da Utopia, visando comunicar a ideia de que o povo novo-utopiano é um povo sábio, constituído por indivíduos que alcançaram um relativo equilíbrio interior, vivendo quase em harmonia perfeita, embora ainda sujeitos a uma certa instabilidade causada pelo império das paixões.

278 HYTLODEU, Migvel Mark; MARTINS, José de Pina, Op. Cit., p. 216. 279 HYTLODEU, Migvel Mark; MARTINS, José de Pina, Ibid., p. 218. 280

Cf. James Hulstun in REIS, José Eduardo – Do Espírito da Utopia: Lugares Eutópicos e

Utópicos. Tempos Proféticos nas Culturas Literárias Portuguesa e Inglesa. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian, Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2007, p.68.

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CONCLUSÃO

O texto de tipo utópico caracteriza-se por uma grande amplitude e variedade semânticas, uma vez que se ramifica e se projecta em múltiplos discursos referentes ao âmbito das ciências sociais e humanas, nomeadamente no literário, no filosófico, no religioso, no político, ou sociológico, entre outros. Qualquer estudo que verse aspectos particulares ou gerais do seu conhecimento tem de recorrer a essas disciplinas como auxiliares das suas possíveis linhas de leitura determinadas, em última análise, pela liberdade interpretativa do leitor.

O recurso hermenêutico a esta diversidade de linguagens corresponde, portanto, a múltiplas abordagens do texto utópico. A nossa análise procurou acolher diferentes contributos teóricos disciplinares, de maneira a preservar uma linha de leitura suficientemente coerente, e ao mesmo tempo plural nos seus temas de enfoque. Se, por um lado, o inesgotável conjunto de bibliografia acerca da utopia moriana se revelou facilitador do nosso estudo, por outro lado, tornou imprescindível que fizéssemos uma estrita selecção do material consultado em termos da sua representatividade e interesse. No que concerne a Vtopia III, a situação foi inversa. A quase inexistência de qualquer bibliografia crítica sobre a obra poderia, de certa forma, dificultar o desenvolvimento da nossa temática. Contudo, acabou por estimular o desbravamento do seu estudo. Sendo José V. de Pina Martins, um ímpar e incansável estudioso da época Renascentista, cujo pensamento humanista, pleno de modernidade, culminou, afinal, na redacção de Vtopia

III, foram os seus estudos e o contacto com a sua cultura académica o ponto de partida

para a tarefa que nos propusemos empreender.

A relativa novidade do tema deste nosso estudo que incidiu na comparação de duas obras congeniais - a Utopia de More e a Vtopia III de Pina Martins – acabou por se nos revelar estimulante por nos ter levado a tomar conhecimento da bibliografia produzida essencialmente nos idiomas em que as respectivas obras foram escritas, bem como com alguns aspectos das culturas que serviram de contexto à sua produção, a inglesa e a portuguesa, de algum modo representantes do pensamento europeu, mau grado os seus distintos percursos históricos e as suas diferentes idiossincrasias sociais e políticas.

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Pretendeu-se assim com este estudo cotejar as duas obras de maneira a fazer realçar o projecto literário de Pina Martins, claramente fundado na Utopia de Thomas More. Vtopia III, assumindo-se a nível formal e literário como uma obra sucedânea da

Utopia moriana é-o, de facto, também a nível temático e ideológico, com aquela

estabelecendo constantes ligações intertextuais. A utopia portuguesa de finais de séc. XX e de milénio, à semelhança da obra homónima moriana de princípios do séc. XVI e dos primórdios do Renascimento europeu, é um produto ficcionado mediante o qual o tema da “u-topia” (“não lugar”) continua a servir de mote para, de forma lúdica e subtil, apelar ao sentido crítico do leitor e o levar a tomar consciência das contradições da sociedade europeia em que vive, actualizada nas suas nuances históricas, económicas, políticas, económicas e culturais.

Por via da razão actualiza Pina Martins a lição pedagógico-crítica de More para que cada qual, em especial os que presidem aos destinos de um país, reflictam acerca das grandes questões que dizem respeito ao homem e ao mundo, se consciencializem do que pode ser reformado a bem de todos e reconheçam que podem existir formas alternativas eficazes de ser e estar em sociedade, embora estas continuem a ser envoltas num tom de falácia e hábil invenção. Desta forma, crítica e mundo idealizado, realidade e fantasia justapõem-se na procura da “verdade”, da tal sabedoria de vida que o ser humano deve evidenciar na sua existência terrena em sua directa e necessária relação com o outro.

Se a queda da maioria dos regimes totalitários ao longo do séc. XX assinalaram o fim das utopias ideológicas, já as utopias literárias de tipo filosófico, como Vtopia III, testemunham a necessidade de se preservar a sua contínua renovação no que concerne à proposta de se formularem princípios orientadores, e não meramente prescritivos, para o bom funcionamento de uma sociedade.

Os interlocutores de Vtopia III, assumindo-se como descendentes textuais das personagens morianas, e nesse sentido, detentores de um estatuto simultaneamente empírico e narrativo, pragmático e ficcional, são os porta-vozes dessa “verdade”, mediante a qual a palavra literária recria a realidade histórica. Trata-se de uma palavra que é clara e fluida para, logo de seguida nos desconcertar com o seu simbolismo e as suas figuras de estilo, as suas ironias, os seus neologismos, com os seus recursos de representação de um novo mundo, harmonioso, mas também misterioso e hermético, onde só o leitor mais sagaz consegue aceder.

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O modo de vida utopiana retratado em Vtopia III pretende demonstrar como o

modus operandi da sociedade europeia ocidental atravessa uma crise de valores,

marcado por uma concepção materialista e por um empobrecimento da cultura, vincando a urgência de uma reforma global, muito particularmente a ser processada ao nível das mentalidades.

O regime político concebido para esta nova optimo Reipublicae é o de uma democracia partilhada, mas alicerçado numa verdadeira meritocracia dependente de uma sólida formação académica e humana dos que lideram temporal e espiritualmente os destinos de um país, educados a ignorarem na sua acção uma qualquer vontade de busca de prestígio e engrandecimento pessoais.

Nesse modelo de sociedade ideal prevaleceria um espírito laico, mas não anti- cristão, e praticar-se-ia uma religião “natural e racional”, chefiada por religiosos detentores de um puro sentido evangélico e um espírito de louvor a um deus panteísta.

Quanto ao sistema da sua economia, e uma vez abandonada a experiência comunista da partilha de bens, privilegiava-se a organização capitalista assente no direito à propriedade privada. No entanto, isso não impediria que se tivesse alcançado uma quase total abolição de práticas sociais conduzidas por uma visão materialista da sociedade, e se tivesse logrado realizar uma aliança do trabalho com o lazer e uma aliança do homem com a natureza, como forma de assegurar a realização da sua plena felicidade.

As relações sociais também passaram a ser processadas dinamicamente, governadas pelos princípios de igualdade de oportunidades e de mérito profissional, ocupando a família um papel fundamental estimulador de atitudes nobres e do progresso moral do homem.

A composição triádica de Vtopia III, vem assim actualizar a mensagem contida na dupla estrutura da Utopia de More, dando-nos a conhecer um modelo de sociedade que se apresenta como superador do modelo original e, portanto, mais acabado, perfeito e racional do que o que vigorara no passado. Ao invés do carácter demasiado ordenado e estático do modelo social da Utopia moriana, o de Vtopia III é mais o de uma utopia crítica, dinâmica nos seus fundamentos, sujeito à crítica e à sua própria problematização. É nesse sentido que se deve compreender a reprimenda do próprio Miguel Hytlodeu ao sistema universitário utopiano contemporâneo como sendo pouco estimulador da produção de um conhecimento democrático, inquiridor e interdisciplinar.

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Ainda assim, quer o sistema de educação, quer a aplicação da lei, continuam a ser tidos nessa sociedade ideal como as formas privilegiadas de aculturação e de condicionamento do comportamento colectivo. Os novos utopianos não são apresentados como sendo perfeitos pois são, afinal, seres humanos, como todos os não utopianos. O reconhecimento das suas falhas estimularia a tentativa de se aperfeiçoarem na sua conduta individual por intermédio da educação pública e da aplicação de uma legislação inspirada em princípios humanistas.

Essas fragilidades humanas diagnosticadas na “Nova Vtopia” conferem dinamismo à obra e constituem algo de inovador no género literário em que ela se inscreve. Elas são a constatação de que não podemos ignorar o potencial de originalidade e criatividade do indivíduo humano. Assim, se por um lado Vtopia III dá continuidade a um certo desencanto filosófico da Utopia de More, traduzida na ideia da necessidade de se recorrer a um vasto conjunto de regulamentações imprescindíveis para gerir a vida humana em sociedade, por outro, ela não deixa de ser portadora de uma mensagem de esperança, pois a tentativa para se ultrapassarem as disfunções sociais, sob diversas formas, mesmo que apresentadas ficcionalmente, são um testemunho de confiança no homem e nas suas potencialidades de mudança e aperfeiçoamento. Essas relativas disfuncionalidades, na medida certa, são-nos mesmo apresentadas como podendo imprimir um colorido muito especial à vida utopiana e, por conseguinte, à vida humana.

Por último, gostaríamos de salientar que é esta atitude de bonomia e indulgência pelas fraquezas humanas, mas também de confiança nas suas virtualidades, que fazem de Vtopia III um genuíno testemunho literário representativo do espírito humanista, tributário do humanismo cristão de Thomas More.

Recorrendo à ideia de sapiência como instrumental à mensagem que pretende comunicar, Pina Martins honra o espírito humanista da obra moriana nas constantes referências que faz a essa cultura humanista, bem como no modo como as enuncia. É honrando esse saber e essa experiência do passado, que Pina Martins crê que o homem, guiado pela faculdade da sua razão criadora, está em condições de questionar os fundamentos da sua vivência em comunidade e de contribuir para uma mais eficaz

praxis social.

Assim se exalta na obra Vtopia III o valor da humanitas, isto é, o valor de um optimismo antropológico renovado e confiante no progresso cívico e moral

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contemporâneo, progresso esse tido como mais importante do que o obtido a nível material e tecnológico.

Face a um egoísmo social crescente e imparável, corruptor da dignidade do homem, contrapõe Pina Martins um irenismo conciliador de atitudes e divergências, numa mensagem de respeito pela diferença e de cultivo dos valores humanos que, embora matizados pela doutrina do cristianismo, são de todos os tempos, de todos os credos e quadrantes geográficos. Valores que são afinal os da solidariedade, paz, justiça, fraternidade, tolerância, que representam a expressão mais sublime do homem, e que devem presidir não só à sua consciência individual como aos princípios constitucionais de organização das sociedades justas e livres.

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BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Activa

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Bibliografia Passiva

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