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A dimensão Infraestrutura Física e Recursos Pedagógicos diz respeito às instalações físicas e materiais disponíveis em uma escola, que incluem: construção/reforma/adequação dos prédios e dos ambientes escolares (biblioteca, sala de aula, laboratório, quadra, entre

outros), acessibilidade, transporte escolar, condições dos equipamentos, mobiliário, materiais esportivos, acervos didático e literário, entre outros aspectos.

Conforme apontam Dourado, Oliveira e Santos (2007), a infraestrutura é um dos fatores que interfere nas condições de oferta de ensino, pois as escolas devem ser dotadas de uma estrutura com ambientes seguros e adequados para a realização de atividades de ensino, de lazer, da prática esportiva e de ordem cultural, composta por: salas de aulas compatíveis com as atividades; equipamentos em quantidade e qualidade para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico; biblioteca com espaço apropriado para leitura, incluindo um acervo com quantidade e qualidade suficientes para atender todos os alunos e as atividades escolares; laboratórios de informática, artes, ciências, brinquedoteca; e condições de acesso a pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida.

O PNE (2001-2010) já previa em suas diretrizes a necessidade de melhorar a infraestrutura das escolas brasileiras, desde as instalações físicas até os recursos pedagógicos:

Deve-se assegurar a melhoria da infra-estrutura física das escolas, generalizando inclusive as condições para a utilização das tecnologias educacionais em multimídia, contemplando-se desde a construção física, com adaptações adequadas a portadores de necessidades especiais, até os espaços especializados de atividades artístico- culturais, esportivas, recreativas e a adequação de equipamentos (BRASIL, 2001).

No entanto, a infraestrutura adequada nas instituições de ensino ainda é uma realidade que precisa ser considerada nas políticas educacionais do Brasil. Segundo o estudo realizado por Soares Neto et al. (2013), há uma disparidade quanto às condições de infraestrutura presente nas redes de ensino, conforme a classificação a seguir:

 Infraestrutura elementar: escolas que possuem infraestrutura mínima, como água, energia elétrica, esgoto e cozinha;

 Infraestrutura básica: escolas que apresentam uma estrutura básica, que inclui, geralmente, sala da gestão escolar, equipamentos como televisão, computador e impressora;

 Infraestrutura adequada: escolas que apresentam uma infraestrutura mais completa, contemplando os itens anteriores, além de ambientes como sala de professores, biblioteca, laboratório de informática e sanitários para educação infantil. Além disso, possuem espaço de convívio social e o desenvolvimento motor, como quadra de esporte e parque. Com relação aos recursos, possuem todos os equipamentos, além de acesso à internet;

 Infraestrutura avançada: escolas que possuem uma infraestrutura ideal, com todos os itens anteriores, além de laboratório de ciências e dependências adequadas para garantir o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes.

Ao comparar o nível de infraestrutura das escolas entre as regiões brasileiras, nota-se que, nas regiões Norte e Nordeste, grande parcela de escolas públicas possui infraestrutura elementar, enquanto escolas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul detêm uma infraestrutura básica.

[...] do total de 24.079 escolas localizadas na Região Norte, 17.090 (71%) estão no nível de infraestrutura elementar. Das escolas localizadas na Região Nordeste, a porcentagem de escolas no nível elementar é de 65%. Nas outras três regiões, a maior porcentagem de escolas está no nível básico. Para qualquer uma das regiões, a porcentagem de escolas no nível avançado é sempre menor que 2% (SOARES NETO et al., 2013, 92).

Esses dados transparecem a necessidade de políticas públicas que visem à qualidade educacional, incluindo promoção de ações para melhorar as condições de infraestrutura das escolas, com ambiente físico adequado, recursos pedagógicos, mobiliário e equipamentos satisfatórios para promover um ambiente favorável para aprendizagem dos estudantes.

Desse modo, o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação propõe melhorar a qualidade da educação, mediante ações de apoio técnico e financeiro aos entes federados, apresentando como um dos eixos norteadores a infraestrutura física. Portanto, no primeiro ciclo do PAR, a dimensão Infraestrutura Física e Recursos Pedagógicos é composta por três áreas, quais sejam: 1) instalações físicas gerais, que avaliam as condições dos ambientes da escola (biblioteca, cozinha, refeitório, salas de aulas, laboratórios, entre outros), as condições de acessibilidade para pessoas com deficiência física e a conservação e manutenção do prédio escolar; 2) integração e expansão do uso de tecnologias da informação e comunicação na educação pública, que avaliam a existência de computadores ligados à rede mundial de computadores e de recursos audiovisuais nas escolas; e 3) recursos pedagógicos para o desenvolvimento de práticas que considerem a diversidade das demandas educacionais, que avaliam a suficiência e a diversidade do acervo bibliográfico, dos materiais pedagógicos, de equipamentos esportivos, e de recursos que consideram a diversidade e a confecção de materiais didáticos diversos.

A partir de 2011, são reformuladas as dimensões nesse planejamento educacional, passando a incluir uma nova área na dimensão analisada, além de novos indicadores, que

apresentam novas ações e subações para melhorar a qualidade da educação básica, conforme apresentado no Quadro 3.

Quadro 3 – PAR (2011-2014): áreas e indicadores da dimensão Infraestrutura Física e Recursos Pedagógicos

Áreas Síntese dos Indicadores

1. Instalações físicas da SME Infraestrutura física da SME;

Condições de mobiliário e equipamentos da SME.

2. Condições da rede física escolar existente

Condições das bibliotecas escolares;

Acessibilidade arquitetônica nos ambientes escolares; Condições de infraestrutura física nas escolas existentes que ofertam educação infantil e ensino fundamental, tanto na zona urbana como no campo/comunidades

indígenas/quilombolas;

Construção de novas unidades de ensino para atendimento a educação infantil e ensino fundamental, tanto na zona urbana como no campo/comunidades

indígenas/quilombolas;

Condições de mobiliário e equipamentos escolares; Transporte escolar para alunos da rede de ensino.

3. Uso de tecnologias

Existência e funcionalidade de laboratórios (ciências e informática) nas escolas de ensino fundamental; Existência de computadores conectados a internet; Existência de sala de recursos multifuncionais no atendimento aos alunos com necessidades especiais; Utilização de processos, ferramentas e materiais de natureza pedagógica pré-qualificados pelo MEC. 4. Recursos pedagógicos para o

desenvolvimento de práticas pedagógicas que considerem a diversidade das demandas educacionais

Existência, suficiência, diversidade e acessibilidade do acervo bibliográfico;

Existência, suficiência, diversidade e acessibilidade de materiais pedagógicos, esportivos e equipamentos; Produção e utilização de materiais didáticos para a educação de jovens e adultos e para a diversidade. Fonte: BRASIL (2011b).

Para contribuir com a avaliação da situação educacional da rede ensino, o MEC apresenta um conjunto de questões para discussão e reflexão da equipe local do PAR, de tal forma que o município irá definir ações e subações mais apropriadas para atender suas demandas. Assim como há mudanças quanto aos indicadores, também existem mudanças quanto aos programas previstos para melhorar as condições de infraestrutura e de recursos pedagógicos das escolas da rede pública de ensino. Para a assistência técnica, o PAR (2011- 2014) apresenta programas executados pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), cujas ações são destinadas à formação de gestores e professores, à produção e distribuição de materiais didáticos e pedagógicos; e à

disponibilização de recursos tecnológicos nas escolas, buscando melhorar o acesso e a participação dos estudantes a partir de estratégias para reduzir as desigualdades educacionais.

Os programas da SECADI para a realização das subações na dimensão infraestrutura física e recursos pedagógicos referem-se ao Programa Bolsa Família – Sistema de Presença, previsto no indicador Condições de mobiliário e equipamentos da SME da Área 1 – Instalações física da SME; o Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, previsto no indicador Existência de sala de recursos multifuncionais e utilização para o

Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Área 3 – Uso de Tecnologias; o Programa

Escola que Protege e distribuição de materiais didáticos, segundo a Lei nº 11.525/2008, para atender os indicadores, ambos previstos para o indicador Produção e utilização de materiais

didáticos para a educação de jovens e adultos e para a diversidade da Área 4 – Recursos

pedagógicos para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que considerem a diversidade das demandas educacionais.

O Programa Bolsa Família – Sistema de Presença tem como objetivo monitorar a frequência escolar dos estudantes beneficiários do programa e diagnosticar as razões da baixa ou não frequência, de modo a diminuir a evasão e estimular a permanência e a progressão educacionais dos estudantes em situação de vulnerabilidade. O PAR prevê como ação a instalação de kit de informática na SME e nas escolas da rede municipal de ensino que possuem banda larga ou que não possuem computador na administração escolar, a fim de efetivar o acompanhamento dos estudantes.

O Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, instituído pela Portaria Ministerial nº 13/2007, e integrado ao PDE, visa à organização e à oferta da educação especial na perspectiva da educação inclusiva, prestada de forma complementar ou suplementar aos estudantes com deficiência (de natureza física, intelectual, mental ou sensorial), transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de ensino, assegurando as condições de acesso, participação e aprendizagem. Para atingir esse objetivo, a SECADI disponibiliza equipamentos de informática, mobiliário e recursos pedagógicos para organização do espaço a fim de desenvolver o atendimento especializado; em contrapartida, cabe aos entes federados disponibilizar espaço físico nas escolas para a implementação dos equipamentos e materiais, bem como do professor para atuar no atendimento educacional.

Os gestores das redes de ensino que desejam implementar o programa devem atender os seguintes critérios: elaborar o PAR, registrando as demandas da rede de ensino com base no diagnóstico da realidade educacional; indicar para recebimento da sala de recurso

multifuncional apenas escolas da rede pública de ensino regular; e, por fim, as escolas indicadas devem ter matrículas de estudantes do público-alvo da educação especial, registrado no Censo Escolar (BRASIL, 2010a).

O Programa Escola que Protege tem como objetivo oferecer capacitação aos profissionais da educação, membros de conselhos escolares, além de profissionais da saúde, da assistência social, do Conselho Tutelar, agentes da segurança e justiça, entre outros ligados à Rede de Proteção e Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes para promoção e defesa dos seus direitos, bem como o enfrentamento e a prevenção da violência na escola. No PAR, o programa prevê a distribuição de materiais e equipamentos pedagógicos de suporte para o processo de ensino e aprendizagem, conforme a Lei nº 11.525/2007, que altera o art. 32 da LDB nº 9.394/1996, passando a incluir no currículo do ensino fundamental o conteúdo que trata do direito da criança e do adolescente.

A SECADI também prevê ações como a distribuição de materiais didáticos para professores das escolas de ensino fundamental, em áreas remanescentes de quilombolas, bem como a distribuição de materiais e equipamentos pedagógicos para auxiliar na prática pedagógica dos professores na educação infantil e no ensino fundamental, conforme a Lei nº 11.645/2008, que modifica a Lei nº 10.639/2003 acerca da inclusão no currículo escolar das redes de ensino o tema História e Cultura Afro-Brasileira e Indígenas.

Também são previstas ações que envolvem a assistência financeira da União, através do Programa de Reestruturação da Rede Física da Educação Básica (RESFÍSICA), Caminho da Escola, ProInfância, ProInfo e do FNDE. Nesse caso, o RESFÍSICA é destinado à reestruturação de escolas do ensino fundamental, como ampliação ou reformas no prédio, assim como envolve recursos para construção de novas unidades de ensino.

O Programa Caminho da Escola, criado mediante a Resolução CD/FNDE nº 3/2007, dispõe sobre diretrizes e orientações para os entes federados buscarem financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a fim de adquirir transporte escolar enquadrado no programa no âmbito da educação básica. Com a Resolução CD/FNDE nº 35/2007, altera-se a Resolução nº 3/2007, passando a ser estabelecido que os entes federados possam buscar o financiamento junto ao BNDES, no período de 2007 a 2009, visando à aquisição de ônibus escolar, bem como de embarcações, destinados aos estudantes matriculados na educação básica da zona rural das redes de ensino municipal e estadual, no âmbito do programa.

O ProInfância, instituído pela Resolução CD/FNDE nº 6/2007, prevê a assistência financeira para construção, reforma, equipamentos e mobiliários de creches e escolas públicas

das redes municipais de ensino e do Distrito Federal. Conforme a Resolução nº 6/2007, a assistência financeira aos entes federados ocorre mediante a solicitação do pleiteante, elaborada sob a forma de plano de trabalho, condicionada aos seguintes aspectos: atender os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil; no caso de construção de escolas, o proponente deve concordar em adotar o projeto executivo disponibilizado pelo FNDE; e, por fim, o ente federado deve apresentar a documentação da propriedade do terreno, no caso de construção e reforma.

O ProInfo, criado pelo MEC mediante a Portaria nº 522/1997, tem como finalidade “[...] disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações nas escolas públicas de ensino fundamental e médio [...]” das redes estaduais e municipais de ensino (BRASIL, 1997). A partir do Decreto nº 6.300/2007, o ProInfo passa a ser o Programa Nacional de Tecnologia Educacional, responsável por: a) promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de ensino das zonas urbana e rural; b) capacitar os profissionais da educação envolvidos nas ações do programa; c) contribuir com a inclusão digital mediante o acesso a computadores com conexão à internet e outras tecnologias digitais; e d) formar jovens e adultos para o mercado de trabalho.

Por meio do regime de colaboração, a União fica responsável por implementar os ambientes tecnológicos equipados com computadores e recursos audiovisuais; promover, em parceria com os entes federados, a capacitação dos agentes educacionais e a conexão dos ambientes tecnológicos à rede mundial de computadores; e disponibilizar conteúdos educacionais nos sistemas. Por sua vez, a estados, Distrito Federal e municípios cabe garantir a infraestrutura necessária para o funcionamento dos ambientes tecnológicos; viabilizar a capacitação dos professores e de demais agentes educacionais para a utilização pedagógica das tecnologias; assegurar os recursos humanos e as condições para o trabalho de equipes responsáveis pelo desenvolvimento e pelo acompanhamento das ações de capacitação na escola; e assegurar suporte técnico e manutenção dos equipamentos, finalizado o prazo de garantia da empresa contratada pelo fornecimento do produto (BRASIL, 2007i). As subações que envolvem o financiamento do FNDE no âmbito do PAR (2011-2014) referem-se à aquisição de mobiliário escolar, equipamentos para climatização das escolas, brinquedos didáticos para educação infantil, materiais didáticos e instrumentos musicais para o ensino fundamental.

Com o PAR, observa-se que o governo federal passa a instituir uma nova relação entre os entes federados, atribuindo à União a responsabilidade assisti-los, com ações e programas, inclusive para melhorar as condições de infraestrutura e de recursos pedagógicos

dos sistemas públicos de ensino. Entretanto, os entes federados, nesse caso, os municípios, devem atender os critérios definidos pelo governo federal para garantir seu apoio (significa atender todos os requisitos propostos por cada programa técnico e financeiro no âmbito do PAR 2011-2014), uma vez que essas ações poderão contribuir para a evolução dos índices educacionais do município, que será averiguado por meio do Ideb. Logo, ao passo que a União transfere insumos e disponibiliza a assistência técnica para garantir o direito à educação de qualidade, também passa a responsabilizar estados e municípios, devendo estes cumprir os critérios previstos no compromisso, submetendo-se a ajustes ou a mudanças em sua prática ou nos projetos na rede educacional.

4 PAR (2011-2014): INFRAESTRUTURA FÍSICA E RECURSOS PEDAGÓGICOS: ASSISTÊNCIA TÉCNICA E FINANCEIRA DA UNIÃO PARA A REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO NATAL

O PAR é o instrumento que busca estreitar as relações entre os entes federados, no âmbito do regime de colaboração, com base em ações que envolvem a assistência técnica e financeira da União, tendo em vista garantir a qualidade da educação básica e reduzir as desigualdades sociais previstas no Brasil federalista, cuja ação veio por meio do processo de descentralização a partir da Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, o governo federal oferta, por meio do PAR, ações para atender áreas da educação, incluindo as condições de infraestrutura e recursos pedagógicos, que podem ser selecionados pelo município, conforme a situação educacional.

Nesta seção, apresentamos a caracterização do município de Natal (organização da SME e dados educacionais da rede de ensino), bem como uma análise dos resultados do PAR (2007-2010), especificamente na dimensão Infraestrutura Física e Recursos Pedagógicos. Ademais, serão inseridos os resultados do processo de elaboração e implementação do PAR (2011-2014), cujas ações de infraestrutura e de recursos pedagógicos são analisadas à luz da categoria regime de colaboração, assim como os resultados dos depoimentos dos sujeitos envolvidos com o processo.

4.1 SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E OS DADOS EDUCACIONAIS DA