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para os encaminhamentos das demandas da ocupação, como por exemplo a

criação de uma Associação de Moradores.

110 “O Movimento Passe Livre (MPL) é um movimento social autônomo, apartidário, horizontal e independente, que luta por um transporte público de

verdade, gratuito para o conjunto da população e fora da iniciativa privada. [...]

O MPL foi batizado na Plenária Nacional pelo Passe Livre, em janeiro de 2005, em Porto Alegre. Mas antes disso, há seis anos, já existia a Campanha pelo Passe Livre em Florianópolis. Fatos históricos importantes na origem e na atuação do MPL são a Revolta do Buzu (Salvador, 2003) e as Revoltas da Catraca (Florianópolis, 2004 e 2005). Em 2006 o MPL realizou seu 3º Encontro Nacional, com a participação de mais de 10 cidades brasileiras, na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST” (Fonte: TarifaZero.org, grifo no original. Disponível em: <http://tarifazero.org/mpl/>. Acesso em: 24 jul. 2015.

pelo transporte, a luta pela moradia é travada a fim de garantir a todos e todas o direito à vida digna na cidade. São lutas que devem caminhar de mãos dadas para exigir que nossos direitos sociais básicos sejam prioritários em relação aos interesses financeiros de poucos.

A FLORAM abandonou o local não só porque não tinha nenhuma autorização legal para estar lá, mas também porque imediatamente uma rede de apoio se armou em solidariedade aos moradores/as da ocupação. No entanto, a ameaça de despejo continua pairando sobre a comunidade e é preciso fortalecer o apoio. Logo após a ação violenta da prefeitura os/as moradores/as e apoiadores/as se reuniram para reerguer as casas que foram demolidas, mostrando a união e a solidariedade local. Na sexta-feira a comunidade fez uma assembleia onde se decidiu manter a resistência, agora com um nome de luta para a ocupação: Palmares! O MPL-Floripa declara seu apoio aos guerreiros e guerreiras da Palmares e convoca todos/as a se somarem na luta pelo direito a moradia, a começar por amanhã:

Segunda-feira, dia 5 de Agosto, às 8h00 da manhã os/as moradores/as da Ocupação Palmares vão descer em marcha até a sede da

FLORAM no prédio da prefeitura

(Conselheiro Mafra, 656 – Centro). Todos/as estão convocados/as! Participe e ajude a divulgar!

Por uma vida sem catracas e sem cercas, Movimento Passe Livre – Florianópolis! (Fonte: MPL-Floripa111, grifo no original). Como consta na nota do MPL-Floripa, a operação do dia 01 de agosto somente foi interrompida com a chegada de membros da rede de apoio, que questionaram a legalidade da ação juntamente com advogadas populares do CCAP – que viriam a prestar assessoria jurídica para os moradores e moradoras que foram notificados/as.

111 Disponível em: <https://mplfloripa.wordpress.com/2013/08/04/nota-de- apoio-do-mpl-floripa-a-resistencia-da-ocupacao-palmares/>. Acesso em: 15 jul. 2015.

Como encaminhamento unânime da assembleia imediatamente posterior à ação de demolição, foi marcada uma marcha rumo ao prédio da prefeitura (onde localiza-se a Floram), conforme anunciado pelo MPL-Floripa, que também contribuiu com um cartaz para a divulgação da manifestação nas redes sociais virtuais. O cartaz pode ser visto na Figura 14.

Figura 14 - Cartaz produzido pelo MPL-Floripa em apoio à Ocupação Palmares.

Fonte: MPL-Floripa112 (ago. 2013).

A manifestação contou com mais de 40 pessoas, que atravessaram o MMC marchando desde a Ocupação Palmares rumo ao Centro de Florianópolis. Assim como havia ocorrido no dia 11 de julho, músicas foram cantadas e palavras de ordem gritadas, convocando a população do MMC a lutar por moradia. A chegada ao prédio da prefeitura foi conflituosa, pois a Guarda Municipal tentou barrar a entrada dos/as manifestantes. Mesmo assim a manifestação ocupou o

112 Disponível em: <https://mplfloripa.wordpress.com/2013/08/04/nota-de- apoio-do-mpl-floripa-a-resistencia-da-ocupacao-palmares/>. Acesso em: 15 jul. 2015.

saguão de entrada do prédio e ali permaneceu fazendo muito barulho. Os/as manifestantes exigiam uma reunião com a Floram para que se encaminhasse uma solução às famílias desabrigadas e à situação da ocupação como um todo.

Muitos/as funcionários/as tacharam as pessoas que se manifestavam de “baderneiras” e a Floram negava-se a recebê-las. Mesmo assim todos/as permaneceram ocupando a parte inferior do prédio, alegando que não sairiam dali sem uma reunião – almoçaram ali, inclusive, com o auxílio de um sindicato que comprou e disponibilizou marmitas. Através da persistência dos/as ocupantes, a Floram acabou cedendo e recebeu parte do grupo (cf. Figura 15). O posicionamento da Floram era de que a casa foi derrubada por estar em Área de Preservação Permanente (APP) e de que se tratava de área de alto risco de deslizamento, informação corroborada pela Defesa Civil. Como resultado da reunião, o órgão da prefeitura (juntamente com a Defesa Civil) e a ocupação fecharam um acordo: que não haveria novas demolições se não fossem erguidas mais casas no local. Também foi marcada uma nova reunião para resolver o problema, que contaria com a presença da Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental (SMHSA). Os/as moradores/as se comprometeram a não erguer mais casas até a data da reunião, 07 de agosto, quando deveriam receber um parecer da SMHSA sobre as possibilidades de realocação das mais de 20 famílias que se dividiam nas nove casas erguidas até então. Em contrapartida, os órgãos da Prefeitura presentes se comprometeram a, além da suspensão das demolições, estudar a possibilidade de dar uma solução mais imediata às famílias que ficaram sem as casas, tendo como possibilidades a indenização, reconstrução das casas ou realocação na região.

Figura 15 - Reunião realizada após ocupação do saguão do prédio da PMF.

Fonte: Professor Lino Peres113 (jul. 2013).

Os encaminhamentos da reunião foram considerados uma grande vitória para a ocupação, que havia conseguido atingir os objetivos esperados com a sua manifestação. Entre uma reunião e outra, as famílias contaram com a presença da Secretaria de Assistência Social na ocupação, que fez os cadastros de todas elas.

A reunião seguinte ocorreu como combinado, no dia 07 de agosto, e uma equipe da SMHSA esteve presente no Plenarinho da Câmara de Vereadores com moradores/as da Ocupação Palmares e representantes de sua rede de apoio, juntamente com a Floram, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e a Defesa Civil. O objetivo principal era dar encaminhamento urgente à situação das famílias. Os debates foram tensos e acirrados, mas o encaminhamento da reunião anterior foi mantido: a Floram não executaria demolições mediante o compromisso de que não se permitisse novas construções na