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quadrados De acordo com a secretaria de Habitação de Florianópolis foram

investidos nas obras R$ 1.795.461,63, sendo que 71% vieram do governo federal e 29%, da Prefeitura de Florianópolis. O Parque foi adequado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (Fonte: DC. Disponível em: <http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/11/parque-do- macico-abre-as-portas-para-a-comunidade-neste-sabado-em-florianopolis- 4349982.html>. Acesso em: 22 de maio de 2015).

82 Palavras de ordem entoadas pelos/as ativistas da Ocupação Palmares desde sua primeira manifestação no Centro de Florianópolis (realizada no dia 11 de julho de 2013).

bairros Saco dos Limões e Trindade, no limite entre as comunidades Serrinha I e Alto da Caeira do Saco dos Limões. Esta ocupação tem uma ótima localização em termos de proximidade com o Centro da cidade e os bairros próximos à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) – onde há um comércio pulsante, com diversas oportunidades de emprego e também um valor elevado dos imóveis, devido à dinâmica do cotidiano universitário. Voltada para a porção sudoeste da Ilha de Santa Catarina, a Ocupação Palmares possui uma vista privilegiada do mar da Baía Sul estendendo-se da ilha à parte continental, como é possível notar na Figura 6.

A ocupação da área foi iniciada no segundo semestre do ano de 2012, em uma das poucas áreas não ocupadas que margeavam as encostas da recém-inaugurada Avenida Transcaeira. Porém, esta ocupação só passou a constituir-se enquanto comunidade, com maior número de casas, no ano seguinte, quando mais famílias que viviam de aluguel em diferentes áreas do MMC, e também de outras partes, passaram a ocupar a área. No início do mês de julho de 2013, período conturbado de manifestações massivas por todo o Brasil e também em Florianópolis, veio à tona a situação da ocupação. Isso ocorreu por intermédio da grande mídia, em decorrência da cobertura de uma ação de despejo efetuada por parte da Prefeitura Municipal de Florianópolis para casas construídas recentemente na localidade. Este fato ocasionou a aproximação de diferentes grupos envolvidos com a problemática habitacional da Grande Florianópolis, em solidariedade àquelas famílias.

Figura 6 - Vista do entardecer a partir da entrada da Ocupação Palmares.

Fonte: Do autor (jun. 2015).

O número de famílias a construir suas casas na ocupação estava a ampliar-se naquele momento. Na tentativa de fugir do aluguel para poderem se sustentar, as famílias faziam prestações em madeireiras, adquiriam materiais abandonados, recebiam doações de outras famílias e construíam as casas em mutirões solidários. Essas casas eram levantadas em pouco tempo. Geralmente em menos de um dia uma nova casa já estava apta a ser habitada (ou coabitada, já que na maior parte dos casos mais famílias dividiam uma mesma casa).

Entre o mês de julho e o início do mês de agosto de 2013, a Floram83, juntamente com a Defesa Civil, a Polícia Militar de Santa Catarina e a Guarda Municipal de Florianópolis, efetuou ações de despejo demolindo quatro casas em operações que não foram

83 “A FLORAM (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis), entidade pública, sem fins lucrativos, instituída pela Lei Municipal 4.645/95, tem por objetivo a execução da política ambiental em Florianópolis”. In: <http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/floram/index.php?cms=a+fundacao&men u=5>. Acesso em: 04 mar. 2014.

respaldadas por estudo técnico, documentação da área ou mandado judicial. As ações foram efetuadas através da contratação de uma empresa por parte da PMF, com funcionários utilizando-se de motosserra e marretas para a destruição das casas.

Afirmou-se que a ação seria pela segurança das famílias que se encontravam em área alto de risco de deslizamento (R3) e que não havia a necessidade de nenhuma documentação, devido às atribuições da Floram. As pessoas do poder público responsáveis pelas operações também alegaram a legalidade das demolições devido ao fato de que as casas não estariam sendo ocupadas. Porém, na ação do dia 01 de agosto, as pessoas que ali moravam estavam em seus locais de trabalho durante o ocorrido e quando retornaram encontraram suas casas demolidas e seus bens espalhados pelo terreno, não recebendo nenhuma compensação ou alternativa (pode-se visualizar o resultado da ação do dia 01 de agosto na Figura 7). Também não houve diálogo ou negociações prévias com as pessoas lesadas pelas ações. A mesma situação se manteve posteriormente, ficando à cargo das moradoras e moradores da ocupação movimentarem-se em prol da abertura de diálogo e de um atendimento mais humanizado por parte da PMF – o que viria a marcar a trajetória da ocupação até a atualidade.

Figura 7 - Morador observando seus pertences e sua casa demolida, no dia 01 de agosto de 2013.

Fonte: Karina Schaefer/Tudo Sobre Floripa84 (ago. 2013).

A situação provocada por essas intervenções no local deixou as pessoas que viviam na ocupação muito assustadas, ao passo que gerou um forte sentimento de indignação e revolta. O contato com grupos de assessorias, que se mobilizaram em uma rede de apoio, auxiliou na perspectiva de organizar ações voltadas para a solução dos problemas que essas pessoas passaram a enfrentar e, de um modo geral, de lutar por moradia. Este momento é um marco para a ocupação enquanto sujeito coletivo, quando superam o caráter mais espontâneo da ação coletiva (ocupação da área) para começar a refletir e agir sobre a sua realidade (organização). Com o passar do tempo e, principalmente, a partir das condições adversas que as famílias seguiram enfrentando por causa das