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CAPÍTULO IV – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

1. PARADIGMA DE INVESTIGAÇÃO

“A definição do problema de investigação constitui a primeira fase na elaboração de um projecto”.

(Almeida & Freire, 2003, p. 38)

Baseando-nos nas ideias de Almeida & Freire, definir o problema de investigação é o primeiro passo para se elaborar, desenvolver e redigir um projecto de investigação.

Deshaires (1997, p. 17) defende que “duas questões muito simples acorrem ao espírito quando se fala de investigação. A primeira é “Qual o meu problema?” A segunda é “Que devo fazer?”. Com estas duas questões, teremos todo o programa de metodologia.

Apesar de vários autores defenderem que a definição do problema é o ponto de partida para uma investigação, isso nem sempre acontece e é possível, como é o caso de algumas investigações de cariz qualitativo. Nestas, muitas vezes o problema surge, durante o decorrer da própria investigação, por isso é que Flick (1998, p. 53) diz que o problema “é apenas uma porta que se abre ao campo de estudo”.

Na nossa investigação o problema surgiu no início da mesma. Tal como já paresentámos e identificámos na Introdução da Dissertação. Assim, e tendo em consideração a problemátidca e objectivos de investigação enunciados, passaremos a identificar o paradigma de investigação no qual nos situamos.

De acordo com Pacheco (1995, p. 11) um paradigma “significa um compromisso implícito de uma comunidade de investigadores com um quadro teórico e metodológico preciso e, consequentemente uma partilha de experiências e uma concordância quanto à natureza da investigação e à concepção do conhecimento”.

Segundo este autor, o paradigma de investigação tem duas funções importantes, mas distintas. Ou seja, tem uma função de “unificação de conceitos, de pontos de vista, a uma pertença e uma identidade comum com questões teóricas e metodológicas” e uma função de legitimação “entre os investigadores”(Ibidem).

Reflectindo sobre estas ideias procuraremos compreender os objectivos da nossa investigação, toda a sua complexidade e atingi-los com êxito. Para isso, optámos por realizar uma investigação de cariz qualitativo.

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Ao longo dos últimos anos a investigação qualitativa foi ganhando um lugar de destaque na investigação educacional, porque ao contrário da investigação quantitativa permite trabalhar aspectos cognitivos e processos de pensamento.

Nesta perspectiva e de acordo com as ideias de Pacheco (1995, p. 17) diz que a investigação qualitativa não é “olhar para a educação exclusivamente à luz do modelos das Ciências Exactas, com a preocupação da quantificação e da generalização, contrapondo novos pontos de vista através do levantamento de questões e procura das respectivas respostas e sugerindo a compreensão de modo a valorizar o conhecimento subjectivo”.

Para La Compte (1995, referenciado por Gomez, Flores, Jiménez, 1999, p. 34), a investigação qualitativa é “uma categoria de desenhos de investigação que extraem descrições a partir de observações que adoptam a forma de entrevistas, narrações, notas de campo, gravações, transcrições de áudio e vídeo, registos escritos de todo o tipo, fotografias ou filmes e artefactos”.

Como poderemos observar, existem várias definições para o conceito de investigação qualitativa, ou seja, não exite uma definição única e universal da mesma, logo poderemos dizer que esta é uma definição muito ampla. Denzin e Lincoln (2000, p. 3) propõem uma definição que consideram ser praticamente genérica, ou seja, que a investigação qualitativa “é uma actividade situada/demarcada que localiza o observador no mundo. Consiste num conjunto de práticas e material interpretativo que tornam o mundo visível”.

Com o nosso estudo pretenderemos saber o que pensam os educadores de infância sobre a avaliação na educação pré-escolar. Também procuraremos perceber como é que os educadores de infância avaliam as crianças, ou seja, quais as práticas avaliativas utilizadas na educação pré-escolar.

Queremos, ainda, saber se os educadores de infância utilizam o portfolio como meio/instrumento de avaliação das aprendizagens adquiridas pelas crianças. Neste campo deparámo-nos com dois caminhos distintos – o caminho do sim e do não. Se a resposta dos educadores for positiva tentaremos perceber de que forma é que organizam o portfolio, bem como, quais os conteúdos, os temas e os assuntos que nele contemplam. No sentido da sua não utilização, procuraremos indagar quais os motivos/razões para isso.

Assim, e de acordo com Latorre et al (1996, p. 42), interessa-nos “saber como interpretam as diversas situações e o significado que têm para elas”.

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A finalidade do paradigma que adoptámos ao longo do nosso percurso de investigação foi a “compreensão, centrando a indagação nos factos, enquanto, que a investigação quantitativa fundamentará a sua procura nas causas, perseguindo o controle e a explicação” (Gomez, Flores, Jiménez, 1999, p. 34).

Apesar de englobar um conjunto muito diversificado e distinto de estratégias e formas de investigação, este tipo de investigação, segundo Bodgan e Biklen (1994, pp. 48-51) possui cinco características importantes, que são:

● A fonte directa dos dados é o ambiente natural e o investigador é o

instrumento principal, isto é, “os investigadores qualitativos assumem que o comportamento humano é significativamente influenciado pelo contexto em que ocorre, deslocando-se sempre que possível ao local de estudo” (Idem, p. 48).

● É descritiva, porque os dados são recolhidos em forma de palavras, texto ou

imagens, ou seja, em forma de fotografias, vídeos, entrevistas, narrativas, entre outros. Não são utilizados números ou quantificadores matemáticos para a recolha de dados. Os investigadores devem “analisar os dados em toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto o possível, a forma em que estes foram registados ou transcritos”(Idem, p. 48).

● Os investigadores neste tipo de investigação preocupam-se e importam-se

mais pelos processos do que pelos resultados ou produtos;

● Os dados são analisados pelos investigadores de forma indutiva, ou seja, “o processo de análise dos dados é como um funil: as coisas estão abertas no início (ou no topo) e vão-se tornando mais fechadas e específicas no extremo” (Idem, p. 50).

● O significado na investigação qualitativa, possui uma importância fundamental porque “os investigadores qualitativos estabelecem estratégias e procedimentos que lhes permitem tomar em consideração as experiências do ponto de vista do informador. O processo de condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de diálogo entre os investigadores e os respectivos sujeitos, dado estes não serem abordados por aqueles de uma forma neutra” (Idem, p. 51).

Reflectindo e analisando tudo o que dissemos, poderemos afirmar que os nossos objectivos de investigação se enquadram no ambiente da investigação qualitativa-interpretativa-descritiva. Inicialmente recolhem-se os dados, que posteriormente serão analisados e consequentemente interpretados. Finalmente, e tal como as conclusões, serão apresentados e discutidos em articulação com a literatura especializada sobre a temática em estudo.

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