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f) Leis Ambientais.

6.23 PARCERIAS COM UNIVERSIDADES

A empresa realiza parcerias com universidades para a realização de estudos em suas áreas florestais. Entre elas:

a) A Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizou os inventários florestais. b) A Universidade Federal de Brasília (UNB) realizou estudos de mestrado e doutorado com o solo.

c) A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizou estudos da análise do solo e da flora, e realizou a matriz dos impactos das operações florestais.

d) A Escola Superior de Agronomia Luis de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ@USP) realizou estudos de monitoramento de pragas.

A empresa atualmente almejava realizar parcerias com universidades regionais, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e a Sociedade Investigativa Florestal (SIF), visando ao inventário florestal e outros tipos de pesquisas.

6.24.

COMUNIDADE DO MUNICÍPIO EM QUESTÃO

Foram entrevistadas, em 2005, nove pessoas da comunidade urbana da cidade24.

Sete dos nove entrevistados mencionaram que a empresa prioriza a contratação de membros da comunidade local. Três dos nove entrevistados citaram que a empresa valoriza seus funcionários e incentiva o seu desenvolvimento educacional. A pesquisadora observou que muitos funcionários de nível técnico trabalham há vários anos na empresa e iniciaram sua carreira profissional em cargos mais simples (telefonistas, trabalhadores da serraria, entre outros). Um dos entrevistados apontou que outras empresas da região começaram também valorizar seus funcionários e a contribuir para entidades sociais do município.

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Foram três professores da rede estadual e municipal, a agente de desenvolvimento rural do município, duas pessoas relacionadas à creche municipal, a secretária de educação da cidade, a agente de desenvolvimento cooperativo e a economista do sindicado rural do município.

Seis dos nove entrevistados referiram que a empresa trouxe um aprimoramento cultural, educacional e ambiental para o município, sendo pioneira na divulgação da conscientização ambiental.

Dois entrevistados confirmaram que há muito desmatamento na região e que o uso do fogo é cultural.

Foi percebido pela pesquisadora, que a comunidade local possui, de modo geral, um bom relacionamento com a empresa. Um dos entrevistados havia mencionado que um dos impactos negativos da empresa foi quando ela retirou um dos três turnos de sua serraria, provocando demissão de funcionários. Outro entrevistado mencionou que alguns funcionários da serraria apresentaram lesão de esforço repetitivo (LER), mas que atualmente esses casos não ocorrem mais (a empresa tinha uma parceira com a Universidade Federal de São Carlos em um projeto sobre LER, mas atualmente adquiriram o conhecimento sobre o assunto e resolvem o problema através de preceitos da ergonomia).

Somente dois professores e seus alunos visitaram alguns dos parques florestais da empresa e acharam que ela preserva a mata ciliar, a fauna e os recursos hídricos. No entanto, outros entrevistados, não ligados ao setor educacional, não sabiam informar sobre os aspectos ambientais da empresa.

A empresa também apóia os eventos sociais e ambientais do município25. Somente dois entrevistados sabiam o que era certificação florestal e que o plano de manejo poderia ser consultado (cartaz na portaria da empresa). A empresa, como exigência da certificadora, fez um folder sobre a certificação florestal com o resumo de seu plano de manejo e mencionando que o plano de manejo completo pode ser consultado no escritório da empresa. Esse folder foi distribuído às empresas colaboradoras, escolas e secretarias do município (a pesquisadora não realizou entrevistas com a comunidade urbana após a elaboração e distribuição do folder).

A empresa trouxe benefícios para a comunidade. Entre eles:

a) Doação de material escolar para as escolas da região (3 entrevistados);

25 Dois entrevistados mencionaram a adoção pela empresa de uma das praças da cidade onde

plantam mudas nativas. Um dos entrevistados mencionou a participação da empresa na feira de agropecuária do Município com um estande sobre suas atividades e temas relacionados ao meio ambiente.

b) Construção da quadra esportiva para alunos (1 entrevistado); c) Ampliação e investimento na creche local (3 entrevistados); d) Ajuda financeira à ONG Ação Bem Viver (2 entrevistados);

e) Seminário ambiental com uma gincana entre escolas (6 entrevistados);

f) Contribuição financeira para a compra de uma ambulância para o sistema de saúde do município (1 entrevistado).

Sete vizinhos dos parques florestais foram entrevistados por telefone26 e um pessoalmente. Todos os vizinhos (proprietários ou arrendatários) moravam nas propriedades vizinhas da empresa há pelo menos dois anos, são cadastrados pela empresa e acreditam que a empresa oferece emprego para a comunidade local do Município. Todos os vizinhos confirmaram se podia observar uma grande quantidade de animais, inclusive emas, onças e lobos, entre outros, indicando que a empresa preserva suas matas ciliares e que a água da região é de boa qualidade. Todos acham que a empresa preserva o meio ambiente.

Um dos vizinhos mencionou que a empresa mantém as estradas de acesso às unidades em boas condições.

Dois dos vizinhos sabiam que poderiam consultar o plano de manejo da empresa no escritório da empresa.

Os vizinhos confirmaram que o engenheiro florestal ou algum dos vigilantes passam por suas propriedades para averiguação de algum problema ou necessidade.

Em setembro de 2007, a empresa iniciou um programa de educação ambiental com os produtores rurais do entorno dos parques florestais para diagnóstico de como trabalhar com estes produtores e averiguação se há algum impacto de suas operações florestais sobre as propriedades vizinhas.

Um canal de comunicação entre a empresa e a comunidade foi considerado um indicador muito bom pelos atores ligados diretamente e excelente pelos atores ligados indiretamente. A comunidade local pode se comunicar com a empresa A de diversas maneiras

a) o da empresa; b) o telefone 0800;

26A entrevista foi realizada por telefone, devido à dificuldade de acesso às propriedades vizinhas da

c) através do preenchimento de um relatório de não conformidade ambiental (RNCA);

d) portaria da empresa; e) cartas;

f) queixa relatada ao vigilante que realiza a ronda no parque florestal.

6.25 ÓRGÃO AMBIENTAL

A pesquisadora visitou órgão ambiental estadual, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) do Município, em 2005, com o intuito de verificar a existência de algum protesto contra a empresa A. A assistente de administração desse instituto mencionou que, até aquela data, não havia nenhum processo contra a empresa.

A pesquisadora entrevistou o secretário de meio ambiente municipal, que entendia a empresa como pró@ativa. A empresa estava recuperando suas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal e realizava estudos ambientais sobre a fauna e flora local. Ele citou que o único aspecto negativo era a plantação da empresa ser uma monocultura, não estimulando a diversidade ambiental.

6.26 DISCUSSÃO

A empresa ostenta certificação de manejo florestal de suas plantações há oito anos. Inicialmente, a empresa teve que contratar um funcionário especializado em meio ambiente para o seu quadro funcional e, então, procedeu ao treinamento de funcionários, tanto de seus próprios quanto daqueles de empresas terceirizadas.

Para manter o selo de bom manejo florestal de suas plantações, a empresa A teve que elaborar documentos, como também, a matriz dos impactos sociais e ambientais da presença da unidade de manejo na região e suas medidas mitigatórias. A empresa vem realizando estudos e monitoramento da fauna, da flora, dos recursos hídricos e solo. Para que haja maiores informações sobre o meio ambiente local, esses estudos estão se tornado cada vez mais complexos, auxiliando a empresa na implantação de corredores ecológicos, determinação de zonas de nidificação e refúgio para fauna, realização do zoneamento ambiental das unidades de manejo,

formulação do plano de gestão dos recursos hídricos e plano de gestão ambiental. A certificação florestal exigiu que a empresa retirasse a malha viária das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal e promovesse sua restauração. A empresa também modificou técnicas operacionais optando pelo uso de equipamentos menos impactantes ao meio ambiente. Como visto, a certificação da empresa fez com que ela levasse em conta a variável ambiental em suas operações florestais.

Em relação ao trabalhador florestal, a certificação florestal garantiu melhoria das condições de trabalho e treinamento ministrados aos empregados florestais. A certificação exigiu que os empregados tivessem o acesso a plano de saúde e odontológico, que tivessem liberdade de sindicalização, e que houvesse um planejamento para minimizar demissões.

Em relação à comunidade, a certificação florestal fez com que a empresa melhorasse seu relacionamento com a comunidade local. A empresa elaborou programas de educação ambiental voltados ao público infantil, participou mais ativamente da sociedade local, realizou o cadastro e intensificou seu relacionamento com os vizinhos das unidades de manejo florestal, divulgou como o manejo da empresa é realizado e como contatá@la, além de dar à comunidade o privilégio da contratação. A comunidade do município apóia os projetos da empresa, no entanto, essa deveria ter efetuado uma consulta formal às partes interessadas. Segundo a pesquisadora, a empresa deve realizar mais trabalhos relacionados com a divulgação da certificação florestal no município. Deve ser enfatizado aos trabalhadores e à comunidade que a certificação florestal não é um selo ambiental, mas sim socioambiental. A empresa talvez pudesse realizar uma reportagem sobre o tema em um jornal de grande circulação da comunidade. Como os trabalhadores e a comunidade desconhecem a certificação florestal, eles não se vêem inseridos no processo e não demandam seus interesses ou reivindicações.

Em relação ao fator econômico, a certificação florestal exigiu da empresa a otimização do uso dos recursos florestais, diminuição dos custos de produção e o emprego das melhores técnicas existentes.

Desse modo, a pesquisadora conclui que a certificação florestal de manejo de plantações florestais da empresa A promoveu a incorporação das variáveis ambientais e sociais (principalmente com a comunidade) como parte integrante de

seu plano de manejo, variáveis que a maioria das empresas florestais não leva em conta em suas operações. No entanto, a empresa necessita realizar uma consulta formal para as partes interessadas e levar essas necessidades em consideração na elaboração de projetos sociais. A empresa também deveria realizar programas sociais com comunidade adulta.

Segundo o engenheiro florestal da empresa, a certificação florestal enquadrou@se como uma ferramenta de orientação para a empresa, principalmente em como incorporar as variáveis ambientais e sociais no manejo da empresa.

Nesse caso, verificou@se que a certificação florestal tem orientado a empresa a se tornar mais responsável socialmente e ambientalmente. Como observado na avaliação dos indicadores do sistema de certificação florestal, as empresas florestais não consideram excelentes a maioria dos indicadores ligados à comunidade, demonstrando que ainda não possuem a importância devida. A responsabilidade social é um tema novo para as empresas florestais. Entretanto, seus dirigentes sabem de sua importância perante as novas demandas da sociedade, principalmente de países europeus e americanos, que são o principal mercado de produtos certificados. Quase 80% da produção do lápis é exportada para esses mercados.

No caso presente, apesar de a empresa usar a certificação florestal como uma estratégia de marketing, ela vem contribuindo para um bom manejo florestal, com menores impactos ambientais e sociais negativos, mesmo sem um controle governamental.

7. EMPRESA B

Em junho de 2005, a pesquisadora realizou uma visita de três dias e meio no escritório sede da empresa, onde estão localizados os parques florestais da empresa, e de um dia no escritório comercial da empresa em Curitiba para entrevistar o responsável pela certificação de manejo florestal da empresa.

A pesquisadora entrevistou funcionários da empresa B e da comunidade da cidade27.

Durante a visita ao escritório sede da empresa, foi realizada uma análise documental do plano de manejo da empresa, documentos internos e o plano de manejo integral referente à certificação da empresa. Outro documento acessado foi o resumo público da certificação florestal realizada pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA) obtido no da certificadora28. O monitoramento do ano de 2006, que suspendeu certificação da empresa B, foi obtido por contato eletrônico com a certificadora.

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