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CAPÍTULO II – A ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO MERCOSUL

2.5 O PARLAMENTO DO MERCOSUL

Pela definição do POP, em seu artigo 1º, inciso IV, a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC) era o órgão representativo do Mercosul. Estava normatizada nos artigos 2295 a 27 do POP, e suas funções constavam do artigo 2596 deste, o qual atribuiu à CPC a missão de acelerar os procedimentos internos para a pronta entrada em vigor das normas emanadas dos órgãos do Mercosul e colaborar na harmonização legislativa. Suas principais atribuições eram os estudos para harmonização legislativa, o acompanhamento do processo de integração regional e informação aos Congressos Nacionais a respeito do seu andamento.

93 LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul. São Paulo: Aduaneiras, 2001, p. 212. 94 ACCIOLY, ibid. p. 112.

95 Protocolo de Ouro Preto. Artigo 22 - A Comissão Parlamentar Conjunta é o órgão representativo dos

Parlamentos dos Estados Partes no âmbito do Mercosul.

96 Protocolo de Ouro Preto. Artigo 25 - A Comissão Parlamentar Conjunta procurará acelerar os procedimentos

internos correspondentes nos Estados Partes para a pronta entrada em vigor das normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo. Da mesma forma, coadjuvará na harmonização de

legislações, tal como requerido pelo avanço do processo de integração. Quando necessário, o Conselho do Mercado Comum solicitará à Comissão Parlamentar Conjunta o exame de temas prioritários.

Entretanto, por força da Decisão MERCOSUL/CMC/DEC Nº 23/0597, que aprovou a assinatura do Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, a CPC foi substituída pelo Parlamento do Mercosul98 (PM), “PARLASUL”, com sede em Montevidéu, o qual constituiu um novo órgão da estrutura institucional do bloco. Ressalta-se que o PM foi constituído em 9 de dezembro de 2005 e consiste não como órgão de representação dos Parlamentos dos Estados-Partes, mas como órgão de representação dos povos, independente e autônomo. Conforme previsto na Decisão, a partir de 2014, o PM estará integrado por representantes eleitos por sufrágio universal, direto e secreto99, assim como o Parlamento Europeu. Trata-se, portanto, de um avanço na estrutura institucional do bloco de integração do Cone Sul. No cenário internacional, vale salientar que o Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul entrou em vigor a partir de 24 de fevereiro de 2007, sendo que a primeira Sessão do Parlamento ocorreu em 7 de maio de 2007.

Sobre a nova instituição do Mercosul, cita-se as palavras do atual Presidente do PARLASUL, Roberto Conde, verbis:

A conformação do Parlamento significa um aporte à qualidade e equilíbrio institucional do MERCOSUL, criando um espaço comum em que se reflete o pluralismo e as diversidades da região, e que contribui à democracia, a participação, a representatividade, a transparência e a legitimidade social no desenvolvimento do processo de integração e de suas normas. O Parlamento do MERCOSUL atua em diferentes temáticas, segundo a competência de cada uma de suas dez comissões, como por exemplo: Assuntos Jurídicos e Institucionais; Assuntos Econômicos, Financeiros, Comerciais, Fiscais e Monetários; Assuntos Internacionais, Interregionais e de Planejamento Estratégico; Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte; Trabalho, Políticas de Emprego, Previdência e Economia Social; Desenvolvimento Sustentável, Ordenamento Territorial, Habitação, Saúde, Meio Ambiente e Turismo; Cidadania e Direitos Humanos; Assuntos Interiores,

97 Preâmbulo Dec. Nº 23/05. TENDO EM VISTA: O Tratado de Assunção, o Protocolo de Ouro Preto e a

Decisão Nº 49/04 do Conselho do Mercado Comum. CONSIDERANDO: A firme vontade política de fortalecer e aprofundar o processo de integração do MERCOSUL, contemplando os interesses de todos os Estados Partes. A importância de fortalecer o âmbito institucional de cooperação inter-parlamentar, para avançar nos objetivos previstos de harmonização das legislações nacionais nas áreas pertinentes e agilizar a incorporação aos

respectivos ordenamentos jurídicos internos da normativa do MERCOSUL que requeira aprovação legislativa. O CONSELHO DO MERCADO COMUM DECIDE: Art. 1 - Aprovar a subscrição do “Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL” que se anexa a presente Decisão. Art. 2 - A entrada em vigência do Protocolo Constitutivo do Parlamento MERCOSUL se ajustará ao disposto em seu Artigo 23. Art. 3 - A presente Decisão não necessita ser incorporada aos ordenamentos jurídicos dos Estados Partes. XXIX CMC – Montevidéu, 08/XII/05.

98 O site do Parlamento do Mercosul na internet é: http://www.parlamentodelmercosur.org/. Acesso em: 15 out.

2010.

99 Disponível em:

<www.mercosur.org.uy/t_generic.jsp?contentid=661&site=1&channel=secretaria&seccion=2#nueva> Acesso em 15 out. 2010.

Segurança e Defesa; Infra-Estrutura, Transportes, Recursos Energéticos, Agricultura, Pecuária e Pesca; Orçamento e Assuntos Internos.100

Conforme dispõe o artigo 16 do Protocolo, o Parlamento tem um Presidente e Vice- Presidente, eleitos para um mandato de dois anos, renovável, e “contará com uma Mesa Diretora, que se encarregará da condução dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos” 101. Ademais, seu sistema de tomada de decisões e atos procede por maioria simples, absoluta, especial ou qualificada, de acordo com o que encerra o seu artigo 15, reunindo-se em sessão ordinária, pelo menos, uma vez por mês.

As funções do Parlamento estão delineadas no artigo 4 do Protocolo, dentre as quais destacam-se, “velar, no âmbito de sua competência, pela observância das normas do MERCOSUL”, “elaborar e publicar anualmente um relatório sobre a situação dos direitos humanos nos Estados-Partes, levando em conta os princípios e as normas do MERCOSUL”, e “emitir declarações, recomendações e relatórios sobre questões vinculadas ao desenvolvimento do processo de integração”.

Determina também o Protocolo Constitutivo, que o Parlamento passará por duas fases: a “primeira etapa de transição”, compreendida entre o período de 31 de dezembro de 2006 a 31 de dezembro de 2010; e “segunda etapa da transição”, compreendida entre o período de 1 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2014. Nesse sentido, convém salientar que durante a primeira etapa de transição, o Parlamento será composto por 90 Parlamentares, sendo dezoito por cada Estado-Membro e, para a segunda etapa de transição, a eleição dos Parlamentares ocorrerá de acordo com o critério de representação cidadã, estabelecido por Decisão do Conselho do Mercado Comum, por proposta do Parlamento adotada por maioria qualificada. Ou seja, por sufrágio direto, universal e secreto (Artigo 6 do Protocolo).

As decisões e atos normativos do Parlamento consolidam-se através de Pareceres, Projeto de leis, Anteprojetos de leis, Declarações, Recomendações, Relatórios e Disposições.