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CAPÍTULO I – A ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA UNIÃO EUROPEIA

1.6 O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA

O Tribunal de Justiça da União Europeia45 está sediado em Luxemburgo e configura uma das instituições fundamentais da UE, posto que garante o respeito à aplicação e interpretação do direito comunitário europeu. Ele foi criado em 1952 pelo Tratado de Paris, e é composto por três jurisdições: pelo Tribunal de Justiça, pelo Tribunal Geral, criado em 1988 e pelo Tribunal da Função Pública, criado em 2004. Desde que foram criadas, as três jurisdições já proferiram cerca de 15.000 acórdãos46.

Suas funções, composição e funcionamento estão previstos no artigo 19º47 do TL (TUE). Trata-se de um órgão supranacional, incumbido de garantir a aplicação do direito

45 O site do Tribunal de Justiça da UE na internet é: http://curia.europa.eu/jcms/jcms/j_6/. Acesso em: 12 out.

2010.

46 Disponível em: < http://curia.europa.eu/jcms/jcms/Jo2_6999/ > Acesso em 12 out. 2010.

47 Tratado da União Europeia (versão consolidada do TL). Artigo 19º 1. O Tribunal de Justiça da União

Europeia inclui o Tribunal Geral e tribunais especializados. O Tribunal de Justiça da União Europeia garante o respeito do direito na interpretação e aplicação dos Tratados. Os Estados-Membros estabelecem as vias de recurso necessárias para assegurar uma tutela jurisdicional efectiva nos domínios abrangidos pelo direito da União.

regional no interior da Comunidade, contribuindo para o seu desenvolvimento através de jurisprudência avançada, “convertendo os Tratados em verdadeira constituição material, desempenhando, nesse sentido, função de Tribunal Constitucional da União”48.

Quanto às funções do Tribunal de Justiça da UE, explica Oliveira49, que lhe compete:

a) controle da adequação do direito comunitário derivado dos tratados, exercido através do recurso de nulidade, exame prejudicial da validade dos atos das instituiçõesda Comunidade e mediante o controle incidental da legalidade das disposições gerais; b) garantia do equilíbrio institucional, mediante a resolução dos conflitos de competência entre as instituições da Comunidade, sustentados fundamentalmente sobre a base dos recursos de nulidade e por omissão; c) delimitação de competências entre a Comunidade e os Estados-Membros, levado a cabo pelos recursos por descumprimento, a questão prejudicial de interpretação, recursos de nulidade e os pareceres contemplados no Tratado da Comunidade Européia; d) proteção dos direitos fundamentais; e) o controle preventivo da constitucionalidade dos acordos da Comunidade com terceiros, através de pareceres previstos no Tratado da União Européia.

Em síntese, cabe ao Tribunal de Justiça da UE fiscalizar a legalidade dos atos das instituições do bloco europeu, assegurar o respeito, pelos Estados-Membros, à aplicação do direito originário e derivado da União e interpretar o direito da União a pedido dos juízes nacionais.

Ele é composto por, pelo menos, um juiz designado de comum acordo pelos governos de cada Estado-Membro, por seis anos, que reúna as condições compatíveis com o exercício da função e que ofereça absoluta garantia de independência. O Tribunal também é composto por oito advogados-gerais que o auxilia, incumbidos “de apresentar publicamente, com imparcialidade e independência, conclusões motivadas sobre assuntos demandados em tal órgão, com a finalidade de colaborar no cumprimento dessa missão”50, isto é, facilitando o trabalho dos juízes na prolação de suas decisões. Os advogados-gerais não constituem o Ministério Público da UE.

Além disso, o Tribunal de Justiça dispõe de uma Secretaria Geral própria.

O Tribunal Geral, também denominado Tribunal de Primeira Instância, uma das três jurisdições que compõe o Tribunal de Justiça da UE, é formado por, pelo menos, um juiz de cada Estado-Membro, nomeados de comum acordo pelos Governos dos partners, para um

48 OLIVEIRA, ibid, p. 173. 49 OLIVEIRA, ibid., p. 173-174. 50 OLIVEIRA, ibid., p. 175.

mandato de seis anos, renovável. É designado entre os juízes, um Presidente deste Tribunal, por três anos. Diferente do Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral não é composto por advogados-gerais, função que pode ser desempenhada por um juiz do Tribunal. Entretanto, também dispõe de uma Secretaria própria.

Devido ao progressivo aumento de demandas submetidas ao Tribunal de Justiça, o Conselho decidiu criar o Tribunal Geral, em outubro de 1988, com fundamento no Ato Único Europeu (1986), a fim de que ele dividisse com o Tribunal de Justiça as funções de controle jurisdicional sobre a aplicação e interpretação do direito comunitário, o que ocorreu a partir de dezembro de 1989.

Está previsto no artigo 254º e 256º51do TL (TFUE), sendo que o artigo 254º dispõe sobre a sua composição e o artigo 256º sobre as suas funções. Em síntese, ao Tribunal Geral compete julgar as demandas envolvendo, de um lado, particulares e órgãos comunitários, e de outro, as comunidades e seus agentes, sendo-lhes facultado o reexame, em segundo grau de jurisdição, de todas as questões de direito – mas não as de fato – presentes na lide.

Por fim, vale ressaltar, que desde o início de suas atividades até o final de 2008, o Tribunal Geral findou mais de 6.200 processos52.

O Tribunal da Função Pública, por sua vez, foi criado em 2 de dezembro de 2005, por decisão do Conselho da União Europeia, que o aprovou em 2 de novembro de 2004, para decidir litígios entre a União Europeia e a sua Função Pública que até então cabia ao Tribunal Geral. Ele é composto por sete juízes nomeados pelo Conselho, para um mandato de seis anos renovável, após convite para a apresentação de candidaturas e parecer de um Comitê composto por sete personalidades escolhidas entre os antigos membros do Tribunal de Justiça e do Tribunal Geral, de reconhecida competência53 e notoriedade. Além disso, os próprios

51 Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (versão consolidada pelo TL). Artigo 254º. 1. O número de

juízes do Tribunal Geral é fixado pelo Estatuto do Tribunal de Justiça da União Europeia. O Estatuto pode prever que o Tribunal Geral seja assistido por advogados-gerais. [...].

Salvo disposição em contrário do Estatuto do Tribunal de Justiça da União Europeia, são aplicáveis ao Tribunal Geral as disposições dos Tratados relativas ao Tribunal de Justiça.

Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (versão consolidada pelo TL). Artigo 256º. 1. O Tribunal

Geral é competente para conhecer em primeira instância dos recursos referidos nos artigos 263º, 265º, 268º, 270º e 272º, com excepção dos atribuídos a um tribunal especializado criado nos termos do artigo 257º e dos que o Estatuto reservar para o Tribunal de Justiça. O Estatuto pode prever que o Tribunal Geral seja competente para outras categorias de recursos.

As decisões proferidas pelo Tribunal Geral ao abrigo do presente número podem ser objecto de recurso para o Tribunal de Justiça limitado às questões de direito, nas condições e limites previstos no Estatuto.

52 Disponível em: <http://curia.europa.eu/jcms/jcms/Jo2_7033/#compet> Acesso em 12 out. 2010. 53 Disponível em: < http://curia.europa.eu/jcms/jcms/T5_5230/> Acesso em 12 out. 2010.

juízes do Tribunal da Função Pública elegem o seu Presidente, por um período de três anos, renovável.

Nesse sentido, de acordo com o disposto no artigo 250º54 do TL (TFUE), compete ao Tribunal da Função Pública resolver as contendas entre as Comunidades e seus agentes, as quais compreendem, v.g., questões concernentes às relações laborais e ao regime de segurança social, e também as causas que envolvem qualquer órgão ou organismo e seu pessoal, para as quais a competência é atribuída ao Tribunal de Justiça, como por exemplo, litígios entre o Banco Europeu e seus agentes.

As suas decisões também podem ser objeto de recurso, apenas quanto à matéria de direito, no prazo de dois meses, para o Tribunal Geral. É dotado de uma Secretaria própria, mas utiliza os serviços do Tribunal de Justiça para assegurar o seu funcionamento administrativo e linguístico.