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PARTICIPANTES DA PESQUISA

4. MÉTODO

4.3. PARTICIPANTES DA PESQUISA

As participantes da pesquisa foram 03 (três) mulheres adultas gestantes e usuárias de

crack e outras drogas.A escolha das participantes ocorreu mediante critério da conveniência,

sendo eleitas por meio de indicação da equipe de saúde que acompanhavam os casos. Demo (2001) afirma que na pesquisa qualitativa não há uma predileção pela quantidade, mas sim pela profundidade da análise nos dados obtidos. Todas essas mulheres são residentes do Distrito Federal. As informações sobre a histórias de vida dessas mulheres serão apresentadas nos Resultados: “Três Histórias”.

As gestantes entrevistadas nesta pesquisa estão na faixa etária entre 30 e 39 anos, todas provenientes de famílias oriundas de outros estados. Entretanto residem no Distrito Federal desde a infância, e possuem nível sócio-econômico baixo, e encontravam-se desempregadas no momento da pesquisa. O nível de escolaridade variou entre ensino fundamental e ensino de nível superior incompleto no caso de uma das gestantes. E o tempo de gestação variou entre 27 a 38 semanas de gestação, e foram acompanhadas até os quatro primeiros meses após o nascimento dos filhos.

4.4. ASPECTOS ÉTICOS

O presente projeto de pesquisa foi a provado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, em 24 de junho de 2013 e no dia 05 de agosto de 2013 sob o número: 338.541 e pelo Comitê de Ética em pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal – SES/FEPECS, sob o número 598.542-0. Entretanto, devido a um erro no sistema Plataforma Brasil, foi informado que o número CAAE 11267812.4.0000.0029 do projeto „Motivação para maternidade ou entrega para adoção por gestantes usuárias de crack' foi gerado em um formato indevido. Após identificação do problema, foi determinado um novo número de CAAE na data de 05/04/2014, sendo este inscrito sobre o nº 11267812.8.3001.5553, garantindo a permanência do histórico e de todos os dados do projeto. A participação das mulheres desta pesquisa foi voluntária, e durante todo o processo foi esclarecido que as participantes poderiam retirar seu consentimento a qualquer momento e interromper a participação sem a necessidade de se justificarem e sem sofrer qualquer prejuízo no tratamento realizado no hospital.

Ressalta-se que durante a execução desta pesquisa não houve discriminação na seleção das participantes e também foi realizado acompanhamento e suporte psicológico às participantes durante e após o processo de pesquisa e nenhuma delas foi exposta a riscos desnecessários, conforme orientações do Comitê de Ética em Pesquisa.

4.5. INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Para a realização dessa pesquisa, utilizou-se do método de pesquisa-intervenção, sendo usados três instrumentos: diário de campo, entrevista em profundidade sobre história de vida e genograma familiar.

4.5.1. Diário de campo

Dávila (2011) afirma que o diário de campo é uma ferramenta cujo objetivo é o registro das atividades relativas à prática de maneira descritiva e interpretativa, tornando-se um suporte documental pessoal. Para a autora, não há um modelo único de diário de campo, mas existem alguns elementos comuns como: dia, mês, ano, horário, local e as atividades realizadas, assim como as observações e reflexões pessoais do pesquisador. Para essa

pesquisa também foi um instrumento pessoal para perceber as nuances da interação pesquisador-sujeito; instituição-sujeito; equipe-sujeito; pesquisador-instituição e pesquisador- equipe, e a partir desse auto-relato foi possível proceder a análise da implicação do pesquisador, permitindo a ampliação da análise crítica. O diário de campo foi utilizado desde o momento de aproximação do contexto de pesquisa

4.5.2. Entrevista

Foram realizadas entrevistas em profundidade (Apêndice I) nas quais as participantes foram convidadas a falar sobre a sua história da vida livremente apenas sendo realizadas perguntas pela investigadora para dar mais profundidade à investigação (MINAYO, 2012), com o foco nos seguintes temas da história de vida das gestantes usuárias de crack: Histórico de uso de drogas pela gestante e membros da família; Histórico de gestações; Relacionamento familiar; Relacionamento mãe-filha. A construção da história de vida tem várias facetas, pois mesmo que não seja de todo autobiográfica, ou seja, atravessada por elementos fantasiosos, vem como uma ferramenta de transformação da realidade. Quando um sujeito fala de sua história ele se redescobre dentro dela, o que modifica sua relação com a mesma, transformando-o em protagonista (GAULEJAC, 1999).

A construção da história de vida visa dois objetivos de base. O primeiro seria conhecer o que realmente ocorreu na história de vida do sujeito ou de um grupo, ou seja, acontecimentos históricos concretos que influenciaram diretamente a vida do individuo, de sua família e de seu meio, que é uma visão dentro do terreno da análise histórica da sociologia; o segundo ponto refere-se ao fato de conhecer a biografia através do próprio ponto de vista do sujeito e/ou por meio de outras pessoas de seu convívio, que remete a uma visão clínica, na qual os elementos chaves se encontram na subjetividade e intersubjetividade (GAULEJAC, 1999).

Esse dois pontos estão profundamente interligados, e emergem quando dentro deste processo se constrói a história familiar. É no relato do passado e no processo de revelar mitos e segredos familiares, que se insere o modelo trazido por Gaulejac (1999) denominado de “Novela Familiar”. Segundo o autor esses relatos sejam biográficos, ou de novela familiar, se constroem entre a fantasia e a realidade, e ambos são verdadeiros.

4.5.3. Genograma

Para Carter e McGoldrick (1995) o genograma é um instrumento que funciona como um diagrama esquemático da família, na qual se inserem dados concretos dos membros e de sua história, como por exemplo, idade, grau de parentesco, sexo, geração, buscando visualizar principalmente aspectos sobre o tipo de relacionamento, conflitos, alianças, triangulações e padrões de repetição transgeracionais, auxiliando na compreensão da organização e dinâmica familiar.

Segundo Wendt e Crepaldi (2008) o genograma é um instrumento importante para a pesquisa qualitativa cujo foco é averiguar não apenas um nível básico de estrutura e organização familiar, mas também os diferentes níveis da sua dinâmica. No Brasil existe uma variedade infinita de configurações familiares, que outros instrumentos não seriam sensíveis o bastante para captar a “multiplicidade de padrões interativos”. As autoras ressaltam que ao construir o genograma o pesquisador deve ter um cuidado especial, pois essa entrevista não deve seguir uma ordem rígida e pré-estabelecida e sim a ordem dada pelo sujeito participante, sendo explorados os mínimos detalhes, principalmente no campo relacional.

Segundo Penso, Costa e Ribeiro (2008) a utilização do genograma permite visualizar não apenas a rede de relações, mas também o contexto atual da família e sua história geracional, revelando transições e mudanças, assim como seu padrão de funcionamento. Desta forma, o processo de construção do genograma foi de fundamental importância, pois vai ao encontro não apenas ao relato individual, mas também da história relacional, na qual vários protagonistas assumem forma, e se revelam dentro da história constitutiva desse individuo.