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Os participantes envolvidos diretamente na pesquisa foram três professoras de turmas de anos iniciais (1º, 2º e 3º ano) e os alunos dessas três turmas. As professoras participaram por meio das respostas fornecidas nas entrevistas e no desenvolvimento dos planos de aula, o que possibilitou os registros realizados em diários de aula, provenientes dos trinta e oito (38) dias de observações. A colaboração dos alunos para o estudo ocorreu através da participação nos diferentes momentos das aulas, dos relatos diários e do desenvolvimento das atividades, o que permitiu o registro das observações nos diários para posterior análise. O critério para a escolha dos participantes da pesquisa foi a aceitação das professoras em participar, juntamente

com sua turma, do estudo. Em março de 2015, foi apresentada, na escola, a proposta da pesquisa para as professoras das turmas do primeiro ciclo (professoras de primeiro ao terceiro ano) e para a gestão da escola, conforme Carta de Apresentação (APÊNDICE A). Isso ocorreu antes do início da reunião pedagógica dos professores dos anos iniciais. Na ocasião, apresentou-se o problema de pesquisa e a proposta metodológica, afirmando a necessidade de se ter como campo uma turma de cada ano ciclo, do ciclo da alfabetização. No término da exposição, as professoras manifestaram interesse em participar do estudo (uma para cada ano que contempla os três primeiros anos do ensino fundamental). Nesse mesmo dia, as três professoras que participariam da pesquisa foram orientadas sobre a sua participação no estudo mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B).

O quadro que segue apresenta o tempo de profissão e a formação das professoras que concordaram em participar da pesquisa. Essas informações foram extraídas das entrevistas desenvolvidas com as professoras, durante o período de desenvolvimento da pesquisa.

Quadro 8 - Tempo de profissão e formação das professoras

Ano/ciclo Tempo de profissão Formação

1º ano 28 anos Magistério; Graduação em Pedagogia

Especial; Especialização em Educação

Inclusiva, concluindo uma

Especialização em

Neuropsicopedagogia.

2º ano 4 anos Magistério; Graduação em Pedagogia

Orientação Educacional.

3º ano 4 anos Graduação em Pedagogia.

Fonte: A autora (2015).

As turmas dessas professoras, nas quais ocorreu a pesquisa, caracterizam-se da seguinte forma: o 1º ano era formado por vinte e um (21) alunos, sendo onze (11) meninos e dez (10) meninas. Na turma, havia uma criança com síndrome de Asperger19. Essa informação foi obtida por meio da professora da turma e de entrevista realizada com a professora da sala de recursos20. A sala de recursos funcionava no segundo andar de um dos prédios da escola. A

19 A síndrome de Asperger é um transtorno do psiquismo que afeta principalmente a área do relacionamento interpessoal e da comunicação, embora a fala possa ser relativamente normal (Camargo Jr., 2002).

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Para fins de obter informações sobre os alunos que frequentavam a sala de recursos, das três turmas investigadas, foi desenvolvida uma entrevista com a professora que trabalha na sala de recursos. A professora da sala de recursos relatou, durante entrevista, que, para atuar nesse espaço, é necessário ter graduação em Pedagogia - Educação Especial, ou uma Especialização na área da inclusão ou em atendimento educacional especializado (AEE). Os atendimentos aconteciam todas as quintas e sextas-feiras, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30. Durante o período da pesquisa, estavam sendo atendidas 19 crianças. Na sala de recursos, eram atendidas crianças com todas as deficiências. A referida professora relatou que, embora as dificuldades de aprendizagem

professora atendia as crianças em turno inverso e excepcionalmente no horário de aula, conforme combinação realizada com as famílias e professores. A professora fazia um trabalho integrado com as professoras das turmas. Na sala dos professores, era comum presenciar a conversa entre a professora da sala de recursos e as professoras das turmas. A sala de recursos era ampla, iluminada, possuía quadro/giz, jogos, livros, um computador que, conforme a professora relatou, era utilizado para jogos de alfabetização, um canto para contação de histórias e momentos de leitura e outros materiais de apoio para o trabalho que envolve o processo de alfabetização.

Figura 8 - Material de apoio para alfabetização na Sala de Recursos

Fonte: registro da pesquisadora (2015).

Dando continuidade ao perfil das turmas, o segundo ano era formado por dezoito (18) alunos, sendo dez meninos (10) e oito (8) meninas. Nessa turma, havia dois (2) alunos que frequentavam a sala de recursos, um menino e uma menina. De acordo com a professora da sala de recursos, o menino não tinha laudo médico, porém, apresentava um atraso mental/cognitivo significativo para a idade e estava realizando exames e consultas com profissionais da área da saúde. A menina também não possuía laudo médico, mas tinha sido encaminhada para a sala de recursos pela professora da turma e pelo SOE, após terem sido verificadas suas dificuldades em acompanhar a turma nas atividades propostas em sala, e após

não fossem o público-alvo da sala de recurso, era a maioria dos alunos atendidos. O encaminhamento para a sala de recurso era feito pelo SOE (Serviço de Orientação Educacional), após a professora ter indicado o aluno. A professora da sala de recursos avalia a necessidade ou não de o aluno frequentar e entra em contato com a família para buscar informações sobre a criança e, se necessário, solicitar outros encaminhamentos, como avaliações de outros profissionais da área da saúde.

uma avaliação feita por uma clínica de psicologia particular. A turma de terceiro ano era formada por vinte e cinco alunos (25), sendo quatorze meninas (14) e onze (11) meninos. Nesta turma, havia dois (2) alunos que frequentavam a sala de recursos, um menino e uma menina. A professora que atua na sala de recursos relatou que a menina tinha um psicodiagnóstico realizado por uma psicóloga que constatou déficit de atenção. Esta menina fazia uso de medicação. O menino possuía laudo de um neurologista, com diagnóstico de autismo leve.

Sobre as características econômicas e culturais das famílias, é possível afirmar que as três turmas eram formadas por um perfil semelhante. Eram crianças de famílias com um nível econômico sustentável e até favorável, de forma que era possível observar que traziam bons materiais escolares, chegavam à aula vestidos com roupa de qualidade (um número pequeno de alunos usava o uniforme da escola), sendo que muitas famílias, conforme relatos de professoras da escola, poderiam colocar os filhos nas escolas particulares que há nas redondezas da escola, porém, não o fazem pelo fato de os pais das crianças terem sido alunos da escola e saberem da qualidade da instituição. Outro ponto que reitera a condição econômica favorável das famílias era que poucas crianças comiam o lanche da escola, pois a maioria trazia lanches nutritivos de casa.