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Capítulo 1 Raízes político-institucionais do PI (1962-2002)

1.2 Partido pelo Governo do Povo

Outro dos pilares do PI reside no PGP, originalmente um setor do Partido Colorado, que era conhecido também como Lista 99. Ele tinha como seu principal líder Zelmar Michelini32, então um nome ascendente no PC e ex-secretário político de Luis Batlle Berres (1897-1964)33.

Assim como o PDC, ele surgiu em 1962, poucos meses antes da eleição daquele ano, tendo sido foi fundado quando Michelini abandonou a Lista 15, setor majoritário do PC, liderado por Luis Batlle. O novo setor ganhou a adesão de dissidentes da Lista 1434, tendo à frente o deputado Renán Rodríguez (1912-1999)35.

O contexto da criação do PGP é formado pela crise então enfrentada pelo PC – notadamente a Lista 15 –, que havia perdido a eleição de 1958, após quase um século de predomínio na política uruguaia. Alguns fatores são reputados como contribuintes para a derrota, como: o estilo de liderança concentrador de Luis Batlle, que acirrava a sempre presente disputa entre as frações coloradas; um cenário econômico pouco favorável e que punha em xeque o modelo até então adotado pela legenda, chamado de neobatllista36; o fato de os blancos concorrerem unidos, após três décadas de divisões, e a aliança que estes firmaram com o influente movimento ruralista, liderado por Benito Nardone (1906-1964)37.

32 Foi deputado de 1955 a 1966, quando se tornou senador. Foi reeleito senador em 1971, agora pela FA. Após o Golpe de 1973, exilou-se em Buenos Aires, onde foi assassinado pela Operação Condor (FERNÁNDEZ, 2004, p. 68-69). Seus filhos, Rafael e Felipe, têm papel importante nos episódios da criação do PI. Mais detalhes sobre a sua biografia, ver: Di Candia (1987); Rodríguez (2016); Caetano (2017).

33 Sobrinho de José Batlle y Ordóñez e seu principal herdeiro político. Foi deputado, depois Presidente da República entre 1947 e 1951, e presidente do Conselho Nacional de Governo, um órgão executivo nacional colegiado, entre 1955 e 1959. Faleceu quando ocupava a cadeira de senador (NAHUM et al., 1998). Mais detalhes biográficos, ver: Sanguinetti (2014).

34 Na época, era a outra principal fração colorada, também de raiz batllista, mas mais conservadora do que a rival Lista 15. Era dirigida pelos filhos de Batlle y Ordóñez: César (1885-1966) e Lorenzo Batlle Pacheco (1897-1954).

35 Atuava como deputado desde 1950, tendo sido ministro entre 1955 e 1956. Foi um dos senadores eleitos pela Lista 99, em 1962, tendo concorrido a Vice-presidente em 1966 e em 1971. Em 1985, tornou-se presidente da Corte Eleitoral (RIVAS, 30 jul. 1999).

36 Como explica Cabral (2006, p. 38, nota 26), “o conceito de neobatllismo, num sentido amplo, é utilizado para denominar a série de características econômicas, sociais, políticas e ideológicas que identificam o período da história nacional uruguaia entre 1946 e 1958. Num sentido mais restrito, a denominação faz referência ao papel desempenhado pelo Estado, e particularmente pelo setor do Partido Colorado, liderado por Luis Batlle Berres (1897-1964) [...] para a implementação de um projeto nacional que, apoiado na tradição reformista do batllismo, fosse capaz de atingir as metas do progresso econômico e social, com base no desenvolvimento industrial e no marco de uma efetiva democracia política”. Mais informações, ver: D’Elia (1982).

A intenção ao formar o PGP era produzir a renovação no chamado Quinzismo38, ao resgatar princípios batllistas que, na perspectiva do grupo, encontravam-se esquecidos. De tal modo que a ideia inicial era adotar o número 515 o que não foi permitido por Batlle, sob a alegação de que os “rebeldes” não poderiam utilizar referências à Lista 15 (NAHUM et al., 2011, p. 17).

Quanto ao bloqueio não há dúvidas, mas as versões divergem no que tange ao momento em que ele teria ocorrido. O depoimento de Batalla39, apresentado por Scaffo (1991, p. 45), afirma que a intenção era permanecer na Lista 15 e formar uma espécie de lista que representaria uma corrente de pensamento renovadora, chamada 515, o que, ao não ser permitido, levou à criação de um setor autônomo. Outros relatos, como os de Rodríguez (2016) e de Arsuaga (2017, p. 32-33), indicam que, configurada a ruptura, havia a intenção de denominar o novo sublema de 515 e teria nesse momento que ocorreu o veto. Há, ainda, a narrativa de Batalla (SCAFFO, 1991, p. 45; RODRÍGUEZ, 2016) de que inicialmente Batlle liberou a utilização do número 515, mas depois não o permitiu, insatisfeito com críticas que eram a ele dirigidas pelo novo grupo – especialmente de parte de Batalla –, que o responsabilizavam pela derrota de 1958 e por não promover autocrítica.

Michelini defendia que a unidade do PC deveria realizar-se em torno de uma plataforma ideológica e de um programa mínimo centrado em pontos-chave, de base esquerdista, como: melhor distribuição da riqueza, novo sistema de posse da terra, mudança na forma como o Estado encarava a questão sindical, independência política e econômica em relação aos EUA.

O PGP estreou nas urnas em 1962, tendo elegido dois senadores e sete deputados, entre eles Michelini e Batalla, que se tornaria, a partir do período ditatorial e do assassinato de Zelmar, o líder do grupo.

Em pouco tempo, especialmente após a morte de Batlle, ocorrida em julho de 1964, ele passou a representar a posição de centro-esquerda do PC e a disputar espaço com outras frações, dentre as quais se destacavam: União Colorada e

38 Derivada de Lista 15. Na época, também era identificado como luisismo, em referência ao líder Luis Batlle.

39 Iniciou a carreira no PC, tendo sido deputado em 1962 e em 1966, e presidido a Câmara de Representantes em 1968. Reelegeu-se em 1971, já pela FA. Durante a ditadura alcançou destaque ao atuar como advogado de presos políticos, dentre eles, Líber Seregni, presidente da FA, e Raúl Sendic (1925-1989), um dos líderes dos tupamaros, o principal grupo promotor da luta armada no país. A atuação dele no período de redemocratização será destacada na sequência. Faleceu na condição de Vice-presidente da República (FERNÁNDEZ, 2004, p. 69-70). Mais detalhes sobre a sua biografia, ver: Scaffo (1991); García (2013).

Batllista (UCB), derivada da Lista 14; e os continuadores do neobatllismo, que incluía três grupos (Unidade e Reforma; Pela Estrada de Luis Batlle; Unidade Quinzista) que disputavam entre si o espólio político do líder, incluindo o uso da denominação Lista 15. Após uma eleição interna, o privilégio acabou com Jorge Batlle (1927-2016)40, da Unidade e Reforma (FERREIRA, 2013, p. 13)41.

Tais características, somadas à guinada favorável ao livre-mercado que seria adotada pela Lista 15 a partir de 196642 fazem com que De Armas, Garcé e Yaffé (2003, p. 86) incluam o PGP dentre a “ortodoxia batllista”, pois defensor de princípios estatistas e trabalhistas que tanto caracterizam este modelo. Ou seja, a renovação proposta por Michelini e seus apoiadores referenciada acima assumia ares de manutenção dos princípios do batllismo e do neobatllismo, ou o retorno a eles, mais do que propriamente o de inovação programática. Não surpreende, então, que um relatório publicado em 1965, que se propunha a diagnosticar o Uruguai da época, o tenha caracterizado como portador de ideias sociais modernizadoras, o que o tornava o mais fiel intérprete de José Batlle naquele período e quem se propunha a revitalizar a essência do batllismo (IEPAL, 1965, p. 64).

Na divisão proposta por Bottinelli (11 dic. 1997), uma segunda etapa na vida do PGP começa após a reforma constitucional de 196643. Esta havia provocado uma divisão no setor, com a saída de um senador e de quatro deputados – e que era, basicamente, o grupo de Renán Rodríguez, que se mantinha favorável à ideia do governo colegiado44.

Para a eleição daquele ano, a fração esteve muito próxima de fechar um acordo com a UCB, a partir do qual Michelini concorreria a Vice na chapa

40 Filho de Luis Batlle e sobrinho-neto de José Batlle y Ordoñez. Após uma longa carreira política, na qual ocupou os postos de deputado (1959-1967) e de senador (1985-1990 e 1996-2000), foi eleito Presidente do Uruguai em 1999, na sua quinta tentativa. Anteriormente, havia concorrido em: 1966, 1971, 1989 e 1994. Mais detalhes biográficos, ver: Wolloch (2017).

41 Mais detalhes sobre a disputa interna à Lista 15, ver: Rodríguez Metral (2017, cap. 4). 42 Outras informações, ver: Pereira (1988); Wolloch (2017); Rodríguez Metral (2017).

43 Trata-se de um plebiscito a partir do qual o modelo de poder executivo colegiado foi substituído por um unipessoal, centrado no Presidente da República. A mudança se deu em meio ao aprofundamento da crise econômica e política, tendo como reflexo o surgimento de graves conflitos sociais que se estenderiam até o Golpe de 1973. Na oportunidade, quatro propostas disputaram a preferência popular: a da FIdeL (capitaneada pelo PCU), a de parte do PN, a de parte do PC e a chancelada por setores majoritários do PN e do PC (e que acabou vencedora) (ALONSO; DEMASI, 1986, p. 39-44; CHASQUETTI, 2004a, p. 78-80).

44 A Constituição de 1952, seguindo ideia de Batlle y Ordóñez que ele não conseguiu implantar em vida, adotava um governo colegiado, chamado Conselho Nacional de Governo, composto por nove membros, sem possibilidade de reeleição, seis correspondentes ao partido vencedor da eleição e três ao segundo colocado. Em outros termos: dele participavam PC e PN, considerando o cenário da época (CHASQUETTI, 2004a, p. 76-78).

capitaneada por Óscar Gestido (1901-1967) – que se elegeu Presidente naquela oportunidade45. As negociações foram frustradas e, quase às vésperas da votação, o PGP se viu obrigado a concorrer solitariamente. Ele adotou a estratégia de lançar Michelini como candidato a Presidente para minimizar o prejuízo e “puxar votos” para a legenda. Frente a essas circunstâncias, o saldo não foi positivo: o PGP perdeu aproximadamente 40% da votação alcançada em 1962, tendo elegido somente Michelini ao Senado46 e uma bancada de dois deputados.

O resultado nas eleições o enfraqueceu no futuro governo colorado, bem como no próprio partido (MORALES, 2007, p. 82), pois, como afirmou o senador eleito Amilcar Vasconcellos (1915-1999), ao serem consagrados os setores mais à direita e autoritários do partido, houve um triunfo do PC, mas uma derrota do batllismo (ZUBILLAGA, 1985, p. 68)47.

La 99 empieza colaborando con el gobierno de Gestido, Michelini es ministro de Gestido[48], y renuncia cuando éste implanta las medidas prontas de seguridad. Michelini es ministro de Industria y Comercio, subsecretario del escribano Alfredo Masa, y renuncia a fines de octubre del 67, y ya tras la muerte de Gestido y el ingreso de Pacheco la 99 se va desplazando lentamente hacia la oposición, luego hacia el cuestionamiento al Partido Colorado […] (BOTTINELLI, 11 dic. 1997).

A terceira fase sob o comando de Michelini traz o fato mais decisivo da história do PGP. Em dezembro de 1970, ele rompeu com o PC e se engajou na criação da FA49. A saída culminou um longo processo, ocorrido no curto prazo de três anos, nos quais o PGP se afastou do governo Pacheco, depois passou a progressivamente fazer oposição ao Presidente, ao mesmo tempo em que procurou

45 Se a aliança tivesse vigorado, Michelini teria se tornado Presidente, pois Gestido, militar reformado, tomou posse em março de 1967 e morreu em dezembro do mesmo ano, vítima de um enfarto. O cargo passou ao Vice Jorge Pacheco Areco (1920-1998), um deputado cuja experiência se reduzia a apenas um mandato.

46 A legislação uruguaia permite que alguém concorra a mais de um cargo no mesmo pleito. Assim, é comum que os candidatos a Presidente liderem a lista de seus setores ou de seus partidos para o Senado, como forma de garantir um lugar no parlamento, caso não vençam a disputa presidencial. 47 As correntes vinculadas ao batllismo histórico obtiveram cerca de 20% dos votos do PC. O recorte inclui aquelas lideradas por Amilcar Vasconcellos (Pela Estrada de Luis Batlle, Lista 315) e Zelmar Michelini (PGP), mas exclui a vinculada a Jorge Batlle (Unidade e Reforma, Lista 15) que, apesar da origem familiar, tinha um corte liberal. Se a Lista 15 de Batlle for incluída, o batllismo atinge 56% do partido. Todavia, dividido em três candidaturas, ainda assim não fez frente à ala oposta (UCB). Em 1971, a queda foi maior: com a saída do PGP, o batllismo histórico fez 7,1% dos votos do PC e, se a ele for somada a Lista 15, atingiu 42,7%, sendo novamente superado pela UCB (FERNÁNDEZ TORELLO, 2006, p. 15)

48 Ele não atuou como ministro desde a posse do governo, tendo sido convidado em junho de 1967, após a primeira crise, quando ministros da Lista 15 foram demitidos (RODRÍGUEZ, 2016, p. 197-198). 49 Tal processo será abordado em mais detalhes na próxima seção.

formar uma aliança com outros setores colorados insatisfeitos com os rumos do partido.

Ao longo de 1970, com a aproximação das eleições – a serem realizadas no ano seguinte –, a situação chegou ao ponto de não retorno. De um lado, os conflitos com o governo cresceram, acompanhando a escalada autoritária deste e a tentativa de aprovar a reeleição presidencial, o que manteria Pacheco no poder. De outro, as negociações para unificar as frações oposicionistas do PC fracassaram e tornaram claro que, divididas, elas seriam derrotadas internamente pelos governistas, bem como que, por conta do duplo voto simultâneo e da acumulação de votos, contribuiriam para a vitória das forças reunidas em torno de Pacheco.

A saída do PGP se efetivou em decorrência do predomínio da guinada à direita no PC e, como tal, também contribuiu para que essa tendência se consolidasse. Em discurso proferido no Senado, dois anos após o rompimento, Michelini explicitou tal entendimento:

nos fuimos explicando las razones por las cuales nos retirábamos, para defender, precisamente, nuestras ideas, y más convencidos que nunca que teníamos que luchar por ellas, no dando nuestro voto a quienes, en última instancia, eran nuestros enemigos e iban a imponerle al país las condiciones que no queríamos (MICHELINI, 1971 apud RODRÍGUEZ, 2016, p. 239).

Romper com o PC não estava nos planos iniciais do PGP, que sempre procurou construir uma alternativa colorada de matriz batllista. Com o andamento dos acontecimentos, tornou-se uma opção efetiva. Morales (2007, p. 96) ilustra esta mudança com o fato de Michelini ter repudiado, em 1961, a ideia de formar uma frente com partidos de esquerda, sob a alegação de que esta estratégia só teria sentido para enfrentar uma ditadura. O autor especula que, se Zelmar a aceitou em 1970, este é um indício de que via o governo do PC daquele período com essas características.

O afastamento do PGP de suas origens cobrou o preço na eleição de 1971, quando concorreu como parte da FA e perdeu mais uma parcela de espaço político: conservou a cadeira de senador de Michelini e a de deputado ocupada por Batalla, mas cedeu a outra vaga que havia obtido em 1966.

Gráfico 2 – Representação parlamentar obtida pelo PGP (Uruguai, 1962-1971)

Fonte: BOTTINELLI; GIMENEZ; MARIUS (2014) * Como parte do PC; ** Como parte da FA.

Como mostra o Gráfico 2, desde a sua criação, em 1962, o PGP perdeu continuamente espaço parlamentar, tendo passado de dois senadores e sete deputados a apenas um senador e um deputado.

Ao longo de 1971, já como parte da FA, começa o que Bottinelli (11 dic. 1997) chama de quarta etapa do ciclo Michelini:

[…] es cuando la 99 empieza a apartarse de esa postura hacia posturas mucho más radicales que lo llevan a juntarse con un conjunto de grupos particularmente el que encabezaba Enrique Erro, que se denominaba Patria Grande, que fue un grupo muy importante y muy votado, con el Movimiento Independientes 26 de Marzo y con otros grupos menores y forman lo que se denominó la Corriente, un polo que uno diría en la terminología de hoy expresaría el sector radical o el ala radical del Frente Amplio.

Bottinelli (2017, p. 266) também acentua a existência na conjuntura 1971- 1973 de uma subdivisão no PGP: a corrente liderada por Zelmar defendia posições mais combativas, em resposta ao crescente autoritarismo do governo; a que tinha Batalla como a principal referência era mais moderada, centrada em resgatar o modelo democrático-liberal. No pós-ditadura, com a morte de Michelini, a liderança de Batalla marca a trajetória do PGP.

Cabe destacar, ainda, que a radicalização vivenciada no período imediatamente anterior ao Golpe de 1973 é um dos indícios da relativa

2 1 1 7 2 1 1962* 1966* 1971** Senado Câmara

indeterminação ideológica do PGP, que elaborou suas propostas conforme as circunstâncias políticas em que estava inserido. Já em 1962, ao comentar os resultados daquela eleição, Solari (1991, p. 156) anotou que o sucesso de Michelini ocorria apesar ou graças à falta de clara definição ideológica do grupo.

Ao analisar os posicionamentos que o PGP apresentou na eleição de 1984, já no contexto da redemocratização, Mieres (1988, p. 64) identificou aquele relativo às questões conjunturais (no caso, a crítica radical ao período autoritário e o compromisso com a retomada da democracia), mas também encontrou pouca precisão nas questões programáticas de fundo. Para o autor, o PGP propunha a necessidade de um socialismo democrático de caráter nacional e original, que não rendia tributo a uma origem ideológica definida.

Em síntese, pode-se dizer que do conjunto do PGP subsiste o seu caráter batllista. Ao longo de sua trajetória, ele o apresentou como um impulso e como uma referência genérica mais do que como um programa claramente descrito – até porque o batllismo é multifacetado e tem sido apreendido de várias maneiras ao longo do tempo. Porém, o fato é que o batllismo estava presente quando ele ainda pertencia à Lista 15, acompanhou-o ao surgir como Lista 99, continuou a figurar nas campanhas eleitorais dos anos 1980 e ao retornar ao seio do PC, nos anos 1990, o que ainda será apreciado.

Uma entrevista de Batalla expõe tal imprecisão. Na oportunidade, ele procura definir o socialismo democrático e o vincula com o batllismo. O resultado revela uma “postura frente a vida” e um modo de perceber a realidade social bastante difuso e voltado a valores, relevante e determinante, mas também genérico e impreciso:

El batllismo significó gran respeto por el hombre, significó libertad; significó valoración; significó justicia; significó sensibilidad por el hombre. Una de las tantas cosas que yo simpre recuerdo de Batlle es que: ‘el Estado es el escudo de los débiles’ y eso señala claramente una concepción del gobierno. […] Creo que el batllismo es algo más que una ideología, que en el fondo, en cierto sentido, es una actitud hacia la vida. Hoy el Uruguay batllista está superado, pelo los valores del batllismo, los valores de libertad, de tolerancia, de respeto por el hombre síguen enhiestos. [...] Estoy cada día más comprometido con el socialismo y con la democracia: no concibo al socialismo fuera de la democracia (BATALLA apud SCAFFO, 1991, p. 88- 89).

Em outra entrevista, esta dos anos 1980, ele voltou a se referir ao socialismo democrático, novamente em termos genéricos:

entendido como un orden más justo, donde cada ser humano pueda desarrollar plenamente su personalidad, sin coacciones externas ni constricciones internas, producto de la internalización de pautas de dominación. Aspira portanto una sociedad sin clases, aun cuando es consciente que la superación del clasismo capitalista, no asegura por sí la desaparición de la dominación. […] El Partido por el Gobierno del Pueblo está convencido de la superioridad moral del socialismo como marco de convivencia humana, pero está igualmente persuadido que esa primacía debe demostrarse en los hechos y sólo puede construirse con el apoyo consciente de la mayoría. De esa convicción emana su apoyo a la democracia como la única regla válida de convivencia social y política. De allí su decidido rechazo a cualquier forma de desvalorización de la misma, especialmente los enfoques que la conciben como un proyecto de la burguesía y/o un marco meramente formal a que la trascendería la proclamada democracia sustancial (BATALLA apud MARTÍNEZ, 1988, 35- 37)50.

Por derradeiro, cabe ponderar que, com o desaparecimento do principal referente – Michelini foi assassinado em 1976, quando estava no exílio –, a liderança do PGP passou às mãos de Batalla, que permaneceu no Uruguai e em liberdade. A memória do antigo líder foi preservada como símbolo do enfrentamento ao autoritarismo e passou a servir de fonte de legitimidade para a instituição.

Já a atuação do partido após a fundação da FA, notadamente no pós-1984, será abordada nas próximas seções.

1.3 Frente Ampla