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Maria Alexandra Pereira Henriques (*)

alexandra.henriques@cm-lisboa.pt Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa

Câmara Municipal de Lisboa

Palavras-chave: gestão, resíduos, ambiente, prevenção, sustentabilidade

A problemática das alterações climáticas tem promovido, para alem das inúmeras dissertações que têm vindo a ser produzidas por técnicos como pelas discussões que tem levantado nos meios decisores, um importante papel na sociedade em geral ao suscitar uma crescente consciencialização sobre o impacto que a atividade humana tem provocado no sistema ambiental do nosso planeta Terra. Este facto tem, quer de forma voluntária quer obrigatória, originado a implementação das mais variadas medidas que objetivam em comum a minimização da afetação da atividade humana na qualidade e sustentabilidade do Ambiente.

Integrado nesta perspetiva o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa decidiu contribuir de forma ativa ao criar o seu Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) que constituiu um projeto lançado em Novembro de 2008 pela atual estrutura de comando, em particular resultante da tomada de consciência para a proteção do ambiente preconizada pelo seu 1º Comandante, Coronel Joaquim Pereira Leitão.

O NPA constitui atualmente uma estrutura integrada na orgânica do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com a missão de tornar o RSB uma referência na defesa e construção de uma relação sustentável com o Ambiente no seguimento da politica ambiental preconizada pela Câmara Municipal de Lisboa.

As atribuições do NPA dividem-se em duas áreas de intervenção prioritárias como sejam o controlo ambiental das atividades desenvolvidas em todos os serviços do RSB e a prevenção do impacto ambiental das mesmas.

Na área do controlo ambiental foram desenvolvidas, durante este curto tempo de atividade do NPA, algumas iniciativas necessárias e significativas, nomeadamente para a implementação de um sistema de qualidade em matéria de eliminação de resíduos.

Esta necessidade tornou-se demais obrigatória a partir da publicação do Decreto-Lei nº178/2006, de 5 de Setembro – Regulamento Geral sobre Gestão dos Resíduos pela determinação de criação de um Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos atualmente designado por Sistema Integrado de Registo da Agência Portuguesa de

Ambiente (SIRAPA) em que obriga ao registo de todos os resíduos nacionais produzidos pelos serviços públicos centrais ou locais e em que estão inseridos no âmbito dos resíduos públicos locais os resíduos produzidos pelos diferentes serviços componentes da CML.

Para o efeito foi iniciado pelo NPA a elaboração de um Plano de

Gestão de Resíduos com o objetivo de implementar uma política

adequada de gestão de resíduos. Este plano começou por identificar todo o tipo de fontes de resíduos e classificar cada um deles quer quantitativamente quer qualitativamente de acordo com a Lista Europeia de Resíduos por atribuição dos Códigos LER (Portaria nº209/2004, de 3 de Março) De acordo com esta classificação constatou-se a existência de alguns resíduos classificados como perigosos que mereceram logo uma importância e intervenção prioritária no seu correto armazenamento, embora temporário, e em particular o seu encaminhamento para uma eliminação correta e dedicada.

Plano de gestão de resíduos perigosos

Assim foram alvo de medidas prioritárias, os resíduos perigosos produzidos, quer pelas oficinas quer pelos autos de abate de equipamentos do RSB, que após identificação foram encaminhados para sistemas adequados de gestão de resíduos. Este processo envolveu uma avaliação que contou com a interação e sensibilização dos colaboradores destes serviços para a necessidade de uma correta separação e armazenamento temporário dos resíduos produzidos em cada serviço.

Seguiu-se a determinação de fluxos de eliminação corretos com o preenchimento obrigatório da correspondente Guia de Acompanhamento de Resíduos (GAR).

Integraram nesta 1ª fase o Plano de Gestão de Resíduos Perigosos do RSB os seguintes resíduos:

- óleos e filtros de óleo usados bem como material contaminado com óleo e baterias usadas produzidos nas oficinas;

- resíduos hospitalares provenientes do serviço de ambulância;

- extintores e pó químico deteriorados, resíduos produzidos pela oficina de carregamento e restantes serviços. Para todos foram estabelecidos fluxos de eliminação recorrendo-se a operadores certificados e sempre que possível integrados em sistemas de gestão de resíduos que proporcionam a recolha e tratamento sem encargo financeiro como sejam os casos da adesão à SOGULUB para os óleos usados, à INFRAMED no caso dos resíduos hospitalares e da EXIDE no caso das baterias, todos com a atribuição ao RSB do respetivo certificado comprovativo de adesão e de estabelecimento de boas práticas.

Quanto ao Plano de Resíduos que se pretendeu executar aos autos de abate partiu de uma avaliação de valor que deve ser feita a cada resíduo num esforço de promover a implementação da política dos três R (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) não só produzindo uma diminuição de encargos inerentes ao seu encaminhamento ou mesmo conduzir à valorização com a consequente obtenção de receitas. Esta avaliação resulta para cada auto de abate a elaboração de uma lista de “fins”

atribuídos a cada material avaliado. Esta lista contempla casos de

reutilização de resíduos aproveitados para limpeza ou instrução no RSB;

casos de reciclagem e por último de eliminação com processos adequados e certificados.

Quanto aos dois últimos processos referidos, dado o cariz de envolvimento social que caracteriza qualquer instituição de bombeiros, em que o RSB tem uma enorme matriz de atuação com um já conceituado estado de envolvimento social, pretendeu-se assegurar a gestão da eliminação /reciclagem dos resíduos sempre que possível recorrendo a operadores certificados que têm parcerias com instituições de solidariedade social com o objetivo de promover e apoiar estas iniciativas.

Integrados nesta perspetiva e seguindo esta determinação encontram-se estabelecidos fluxos de eliminação/reciclagem de tinteiros usados e de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) respetivamente com parcerias com as instituições AMI e Banco de Bens Doados.

Quanto aos restantes resíduos em que não se encontrou uma hipótese de enquadramento anterior há a destacar o esforço financeiro efetuado pelo RSB no caso do processo de eliminação dos extintores e pó químico, um tipo de resíduo que se considerou prioritário quer pela sua qualidade quer pela quantidade e que não tendo sido encontrada nenhuma parceria ficou totalmente ao encargo do RSB. Por esta razão a politica avançada neste sentido para este tipo de resíduos é eleger para

cada ano um tipo de resíduo para continuadamente ir sendo efetuada a sua eliminação adequada.

Plano de gestão de resíduos não perigosos

Relativamente aos resíduos não perigosos produzidos no RSB foram efetuadas auditorias a todos os dez quarteis do RSB no sentido de elaborar um Plano de Resíduos não perigosos. Em primeira linha foram identificados e quantificados por quartel a produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) estando atualmente todos os quarteis dotados de ecopontos em número suficiente de modo a promover e a incentivar uma continuada política de separação dos resíduos e a sua integração no sistema de recolha diferenciada promovida pela CML:

Ainda no âmbito deste Plano de Resíduos não perigosos foram efetuadas auditorias internas aos refeitórios dos quartéis tendo sido implementada em todos a separação e recolha de resíduos orgânicos bem como a recolha de óleos alimentares por um operador certificado integrado num sistema de gestão de óleos alimentares.. Complementarmente integrado neste plano procedeu-se à realização de uma formação em segurança alimentar solicitada e promovida pelo serviço de formação da CML destinada aos cabos de rancho e cozinheiras. Com este curso pretendeu-se abordar os principais problemas ligados às mudanças climáticas e dar algumas recomendações alimentares e nutricionais face à situação actual de segurança alimentar bem como as regras básicas de higiene alimentar. Complementarmente este curso

contou com um modulo de educação ambiental com particular incidência na recolha e tratamento dos detritos e na correta utilização da água numa perspetiva integrada da necessidade da preservação do ambiente e da qualidade ambiental.

Na área da prevenção o objetivo principal visa criar um programa de projetos que desenvolvam medidas de minimização do impacto ambiental da atividade do RSB. Neste âmbito encontra-se em fase de lançamento o “Projeto RSB-Verde” em que se pretende diminuir a pegada ecológica da atividade do RSB a partir do desenvolvimento e/ou criação de iniciativas e medidas que visem uma diminuição de consumo de recursos naturais de modo a proporcionar uma maior sustentabilidade da atividade do RSB com o Ambiente. Em atividades poluidoras em que não haja possibilidade de minimizar seu consumo prevê-se a adesão a iniciativas compensatórias.

Algumas medidas foram já implementadas como seja a reconversão do processo de produção e cópia em triplicado dos relatórios de ocorrência com recurso à forma digital, tendo esta medida resultado numa acentuada diminuição de consumo de papel e toner.

Outra medida implementada desta natureza foi a decisão de substituição do uso de pó de pedra para absorção do óleo derramado durante os acidentes rodoviários que origina por vezes algumas situações de grande consumo de pó de pedra que após lavagem das infraestruturas pode vir consequentemente a originar grave contaminação do solo e aquíferos. Para o efeito foi efetuado um estudo para a aquisição de um

produto de lavagem do pavimento de características biodegradáveis processo que envolveu a adaptação tecnológica dos veículos de socorro específicos para a utilização deste novo produto.

Como iniciativas futuras pretende-se iniciar estudos para a instalação de painéis solares para o aquecimento de águas nas instalações balneares de alguns quartéis e tambem em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa integrar a medida de substituição dos veículos administrativos do RSB para veículos elétricos.

(*) Mestre em Direção Internacional e Proteção Civil com formações complementares em Engenharia do Ambiente, Engenharia Química e Técnicas de Defesa Nuclear, Biológica e Química; Foi técnica no Serviço Municipal de Proteção Civil na área do planeamento responsável pelos Planos Locais de Emergência. Como técnica do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSB) foi formadora na respetiva Escola na área das matérias perigosas. Atualmente coordena o Núcleo de Proteção Ambiental do RSB. Complementarmente é docente do Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa lecionando duas unidades curriculares do Curso de Gestão e Segurança em Proteção Civil.

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