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Percepção dos pesquisadores sobre boa conduta ética e má conduta na

No documento Ética na pesquisa em Administração (páginas 122-137)

3.6 Limitações do estudo

4.2.1 Percepção dos pesquisadores sobre boa conduta ética e má conduta na

Ao serem questionados quanto ao que consideram ser conduta ética, percebeu-se que no tocante à conduta ética na pesquisa não houve uma linha de opinião semelhante nas narrativas dos entrevistados, pois cada entrevistado enveredou em enfoques particulares. No entanto, em diversos momentos fizeram reflexões em direções similares, gerando uma riqueza de novas abordagens relevantes e pertinentes. Como afirma Mattos (2007, p. 360), “[...] cada entrevista é singular e pode trazer surpresas para o interesse maior da pesquisa”.

O pesquisador 1 relacionou a boa conduta ética na pesquisa com a questão da transparência afirmando que: “a ciência só faz sentido, só existe a partir do momento que existe a transparência, ou seja, aquilo que é feito na ciência seja do conhecimento de todos”. E destaca que essa transparência deve ser observada em todos os procedimentos da pesquisa, trabalhando os dados da maneira mais transparente possível, de forma que todo o processo de pesquisa fique claro para a comunidade científica, que terá assim condições de avaliar e criticar a pesquisa. Algumas falas do pesquisador 1 apontam seu posicionamento.

“[...] conduta ética está associada a você trabalhar os dados da pesquisa da melhor maneira possível, da maneira mais transparente possível”.

Observa-se que, o pesquisador 1, ao enfatizar a questão da transparência, relaciona a conduta ética na pesquisa com um dos princípios éticos destacados por Bell e Bryman (2007) - honestidade e transparência, que os autores definem como a necessidade de abertura e honestidade ao transmitir informação sobre a pesquisa a todas as partes interessadas, incluindo a necessidade de confiança.

Já o pesquisador 2, ao ser perguntado sobre conduta ética e má conduta na pesquisa científica, optou inicialmente em questionar que o comportamento ético não pode ser restrito às concepções de conduta e má conduta, pois essas condutas são atos de repercussão exterior. Em sua percepção, devem ser enfocados também os valores morais que balizam as condutas. A partir deste ponto, o entrevistado apontou o respeito como um valor a ser considerado e exemplificou o respeito à autoria como boa conduta ética. Destaca-se a seguir, alguns relatos do pesquisador 2, que salienta sua percepção sobre o tema levantado.

“Quando você fala em comportamento ético e má conduta ou conduta antiética, aborda atos de repercussão exterior”.

“É preciso entrar na questão do valor.”

“A questão do respeito, como por exemplo, o respeito à autoria”.

As colocações do pesquisador 2 estão relacionadas ao posicionamento de Kakabadse et al. (2002), colocando-se que a pesquisa exige explicitamente que os pesquisadores compreendam os seus próprios valores e atitudes, de forma a atentarem para a conduta ética na investigação. Assim a ética representa um dos pilares da filosofia de pesquisa que guia a conduta do pesquisador durante o processo de investigação.

O pesquisador 3 percebe a ética como um critério da conduta humana e coloca que o pesquisador tem princípios éticos e a sua prática de pesquisa científica deve estar relacionada a gerar conhecimento para o bem da sociedade. Esta visão remete a concepção de Aristóteles (2001), na qual coloca que o bem deve ser a finalidade de todas as ações do homem. Como pode ser observado em falas do pesquisador 3, apresentadas a seguir.

“Eu consigo perceber a ética, como um critério da conduta humana, o pesquisador, antes de tudo, tem os seus princípios éticos.”

“A pesquisa acadêmica enquanto uma prática científica, ou seja, é uma profissão de conhecimento para o bem estar da sociedade.”

Já o pesquisador 4 direcionou inicialmente a discussão sobre conduta ética para a questão da relação sujeito-objeto da pesquisa, em que, observou-se uma preocupação por parte do entrevistado voltada para a postura do pesquisador e como esta relação pode definir um comportamento ético ou não.

Outro aspecto destacado pelo entrevistado se referiu à conduta humana, destacando que se a pessoa tem padrões morais e éticos e se é um pesquisador científico, então automaticamente, os padrões éticos e morais são transferidos para a conduta ética do pesquisador. Como pode ser observado em alguns relatos destacados a seguir.

“Eu tenho a impressão que o ponto mais original dessa discussão está na relação que o pesquisador estabelece entre sujeito e objeto.”

“[...] se eu tenho padrões morais e éticos, e sou um investigador, automaticamente isso é transferido.”

Verifica-se assim que, os pesquisadores entrevistados refletem a conduta ética do pesquisador como algo intrinsecamente relacionado com a conduta humana, na qual devem ser considerados os valores morais, de maneira a produzir conhecimento, de forma transparente e visando o bem da sociedade.

Com relação ao que consideram má conduta na pesquisa, os entrevistados optaram por relacionar vários exemplos de conduta antiética, tais como: falsificação e fabricação de dados que podem gerar vieses nas interpretações dos resultados.

Outro aspecto citado pelos quatro pesquisadores entrevistados se refere à questão do plágio, em não citar as fontes corretas das ideias, das teorias, dos pensamentos dos verdadeiros autores citados nas pesquisas. Também abordaram a questão do autoplágio, que remete à discussão da citação dos próprios artigos por parte do pesquisador.

Os pesquisadores externaram preocupação também com a má conduta em relação a autoria e a prática crescente dos autores colocarem como co-autores pessoas que não participaram da pesquisa.

As questões de má conduta relatadas pelos entrevistados remetem às questões éticas abordadas nas diretrizes de integridade na pesquisa do CNPq (2011), que identificam e descrevem, o plágio, o autoplágio, a falsificação e a fabricação de dados como modalidades de fraude ou má conduta.

Com relação à publicação das pesquisas, a questão do envio de um mesmo artigo produzido pelo pesquisador para dois ou mais periódicos, ao mesmo tempo, foi apontada como caso de conduta reprovável. Exemplo de má conduta abordado por diversos autores (BELL; BRYMAN, 2007; SCHMINKE; AMBROSE, 2011) também, de associações como a ANPAD, que aborda essa prática como inaceitável.

Alguns depoimentos demonstram a preocupação dos entrevistados com algumas condutas consideradas antiéticas na prática do pesquisador.

Por exemplo, você não ter participação num trabalho, mas você força seu nome a aparecer, para mim isso é ferir a uma conduta ética, você não é autor, vamos definir o que é autor, se você não é autor ou co-autor, o seu nome não deveria estar ali e não deveria estar autorizado, ou de você fazer um pacto entre os colegas do seu programa e a gente faz um acordo de cavalheiros, mas de fato você nem sequer tem condições de apresentar o trabalho, pelo pouco ou nenhum domínio daquilo que foi feito. (PESQUISADOR 4).

No momento que o pesquisador falsifica ou fabrica dados, enviesando a interpretação, fazendo isto conscientemente e deliberadamente, então é má conduta. (PESQUISADOR 1).

A partir das abordagens sobre má conduta, constatou-se que todos os entrevistados passaram a abordar um tema, inicialmente não previsto nas entrevistas, mas que se revelou pertinente em ser discutido, que foi o tema do produtivismo.

O fato pode ter sido influenciado pela ocorrência durante o evento (onde foram aplicadas as entrevistas) de um painel que abordou, entre outros temas, a supervalorização da produtividade e o descaso com a qualidade.

Os entrevistados falaram da questão do produtivismo e sua relação com a má conduta na pesquisa, ou seja, a pressão por produção pode estar relacionada ao aumento dos desvios de conduta na pesquisa científica. O produtivismo foi apontado como fator influenciador ou desencadeador de casos de má conduta cometidos no âmbito da pesquisa em Administração.

Esta percepção dos entrevistados – relacionando produtivismo com má conduta – é compartilhada por Sguissardi (2010), que aponta fatos como: multiplicação dos textos oriundos de uma única investigação, autoria e falsa autoria, como decorrências do produtivismo acadêmico.

É importante registrar que até bem pouco tempo este tema não era objeto de preocupações pela comunidade acadêmica que somente passa a conviver com a questão depois de sucessivas mudanças promovidas pela CAPES para avaliar os programas de pós- graduação. É claro que o aumento da produção por si só não pode ser vista como algo ruim

por natureza e muito menos debitado apenas à pressão exercida pela CAPES. O que se questiona aqui é a exacerbação da produção pela produção, o que pode levar aos pesquisadores a nortearem a sua ação acadêmica apenas pela lógica quantitativa e, por vezes, a adoção de práticas consideradas inadequadas e antiéticas.

Observou-se que, ao discorrerem sobre o tema má conduta na pesquisa, os respondentes destacaram, com ênfase, as questões da manipulação dos dados, do plágio, do autoplágio e da autoria. Estes são exemplos de má conduta destacados em documentos norteadores da conduta ética do pesquisador, como as Diretrizes éticas do CNPq (2011), o Código de Boas Práticas da FAPESP (2011) e o Manual de Boas Práticas da ANPAD (2010), que abordam casos de fraudes e desvios de conduta.

4.2.2 Dilemas éticos enfrentados pelos pesquisadores no desenvolvimento das atividades de pesquisa

Nesta seção, serão discutidos os dilemas éticos que os pesquisadores em Administração enfrentam ou enfrentaram no desenvolvimento das atividades de pesquisa.

Com relação aos dilemas éticos, os pesquisadores que relataram já terem enfrentado dilemas éticos na atividade de pesquisa, descreveram situações que exemplificam os dilemas éticos. As situações não serão apresentadas, pois poderiam revelar a identidade dos pesquisadores, pois são casos particulares de pesquisas.

Porém, pode-se constatar que um dos dilemas éticos que os entrevistados relataram se referem aos conflitos de valores que surgiram durante a fase de coleta dos dados - como os dados foram coletados, que métodos adotaram e como tiveram acesso a estes dados.

Um dos entrevistados relatou a questão dos conflitos que podem surgir na busca em gerar conhecimento e as práticas de pesquisa que podem ter implicações éticas. E levanta a questão de o problema é “como” chegar ao conhecimento.

Dilemas éticos também foram enfrentados durante a fase de divulgação dos resultados, por parte de um dos entrevistados, com relação ao que foi permitido divulgar dos dados (geralmente pesquisas feitas em empresas que não permitiam divulgação de certos resultados) e que poderia afetar o resultado final da pesquisa.

Os relatos dos entrevistados apresentados a seguir, destacam dilemas éticos relacionados ao acesso aos dados.

Eu acho que um grande dilema na área de administração é o problema da acessibilidade, ou seja, a realidade organizacional é uma realidade de difícil acesso, primeiro porque existe aquela coisa do medo por parte da direção, daquela coisa do segredo industrial dos dados gerenciais [...] para você conseguir este acesso, os meios... (PESQUISADOR 3).

No nosso meio, uma das dificuldades que a gente mais tem, é o acesso, o nosso problema em Administração, é o acesso. (PESQUISADOR 4)

Os entrevistados que não relataram dilemas éticos enfrentados ao longo das experiências, como pesquisadores, alegaram que não enfrentaram ou não lembram que enfrentaram dúvidas em relação a valores conflitantes antes, durante ou após a realização de pesquisas.

A figura a seguir ilustra os dilemas éticos apontados pelos pesquisadores entrevistados, com relação às duas fases da atividade de pesquisa destacadas pelos entrevistados.

Figura 9 – Dilemas éticos na pesquisa, enfrentados pelos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa, 2011.

Considerando todas as fases da pesquisa, os entrevistados relatam dilemas basicamente em duas fases - na coleta dos dados e na divulgação dos resultados da pesquisa. Este fato também foi percebido por Chen (2011), ao afirmar que muitos dilemas éticos na pesquisa ocorrem em relação à conduta na divulgação dos dados e no relato dos resultados de forma completa.

Já Medeiros et al.(2007) afirmam que os dilemas éticos estão presentes em qualquer tipo de pesquisa desenvolvida nas distintas áreas das ciências. E que os principais aspectos

Dilemas éticos na pesquisa em Administração

Na fase de coleta dos dados - conflitos na forma de

coleta dos dados, métodos adotados e o acesso aos dados.

Divulgação dos resultados - Elaboração do Relatório final – dilemas com relação à divulgação

dos dilemas éticos podem estar relacionados tanto aos próprios pesquisadores – no que tange a concepção inicial da proposta de pesquisa e seu delineamento – como ao processo de desenvolvimento da pesquisa em todas as suas etapas operacionais, incluindo-se o momento da comunicação do seu produto final. Porém, os entrevistados só relataram dilemas éticos em duas etapas das atividades de pesquisa. O que pode indicar que são etapas mais críticas no tocante às decisões éticas no processo de pesquisa em Administração.

4.2.3 Conhecimento dos pesquisadores em Administração acerca dos princípios da ética na pesquisa existente no Brasil

No presente tópico, objetivou-se saber se os pesquisadores que atuam na área da Administração conhecem, consideram e refletem sobre os princípios e diretrizes éticas existentes na pesquisa científica e, a partir desta abordagem, conhecer a opinião dos pesquisadores quanto ao papel dos comitês de ética em pesquisa.

A análise dos relatos dos entrevistados apontou para desconhecimento, por parte de três dos pesquisadores entrevistados, de regulamentação sobre ética na pesquisa no Brasil, pois apesar de saberem da existência dos comitês de ética em pesquisa não conhecem a Resolução n°. 196/96 (CNS), nem seus princípios éticos.

Apenas um pesquisador conhecia, em parte, a regulamentação sobre ética na pesquisa, existente no Brasil. E seu relato aponta uma crítica quanto à inadequação da referida resolução nas Ciências Sociais.

[...] hoje eu acho que esta discussão foi deixada um pouco de lado na área de ciências sociais, esta parte da questão da ética, fomos atropelados pela regulamentação da pesquisa com o ser humano. A regulamentação saiu do Ministério da Saúde, então ela tem um foco muito específico da pesquisa com ser humano na área da saúde. [...] A resolução deixa em aberto algumas questões, que se você interpretá-las dentro da ótica, da perspectiva da saúde, por exemplo, não funciona em ciências sociais, quando você pede o termo de consentimento, que tem que explicar toda a pesquisa, você não consegue aplicar isso quando você vai coletar dados de um questionário, por exemplo, vou lá na rua coletar dados do que as pessoas pensam sobre um determinado assunto, você demora cinco minutos para aplicar o questionário, você não vai conseguir mais dez minutos para pessoa ler o termo, assinar ... Outro aspecto, você tem que fazer isso antes da realização da pesquisa, porque isso tem que ser feito antes do projeto ser aprovado, você vai tentar buscar uma abordagem aleatória [...] O pesquisador nas ciências sociais tem que ter consciência até onde vai, se o que ele está fazendo não tem ou não precisa ser enquadrado nesse tipo de questão. (PESQUISADOR 1).

Já com relação às orientações e boas práticas para a publicação científica, sugeridas pela ANPAD em 2010, os entrevistados relataram conhecer. E afirmaram que consideram o documento da ANPAD muito relevante, por ser o primeiro instrumento orientador para publicação em periódicos na área de Administração. Ainda destacam que, o documento carece de conhecimento mais amplo por parte dos pesquisadores em Administração, apontando que a divulgação deveria ser maior, inclusive nos eventos da associação.

Apenas um entrevistado já conhecia, na época da pesquisa de campo, as diretrizes éticas para a integridade na pesquisa recomendadas pelo CNPq criadas em 2011. Mas não conhecia, em profundidade, as diretrizes éticas propostas no documento em questão, não podendo analisar a aplicabilidade das mesmas no campo da Administração.

Com relação ao papel dos comitês de ética em pesquisa (CEP), os relatos dos entrevistados demonstraram que relacionam os CEPs à área de saúde. Um dos entrevistados, o pesquisador 2, colocou que sabe da existência dos comitês de ética em pesquisa, mas nunca submeteu trabalhos e nem estimula seus alunos a submeterem. E afirma que os comitês de ética não consideram as peculiaridades da pesquisa social, por isso não considera a existência de comitês de ética relevante para a Administração.

Para dois entrevistados é relevante o papel dos comitês de ética, pois:

Considerando que a gente vive num mundo em que os temas da administração variam dos mais técnicos aos mais subjetivos, que as metodologias vão das mais prescritivas para as mais interpretativas, eu ainda acredito que o comitê de ética é uma instância necessária e eu acho que quando eventualmente a proposta de pesquisa negada, é argumentar, é recorrer, é justificar melhor, então eu acho que essa atitude ainda é um pouco mais interessante do que você não ter limite algum, porque quando você depende realmente dos interesses mais variados de uma área, os interesses são muitos diversos, a gente está muito afeito a coisas muito solúveis. (PESQUISADOR 4).

Eu acho que é relevante o papel dos comitês de ética em pesquisa, mas eu acho que a maneira como está sendo colocada, para os pesquisadores sociais, a questão da submissão de projetos de pesquisa nos comitês de ética é muito complicada. Eu acho que falta na área de Administração, especificamente, ter essa discussão sobre as normas éticas recomendadas e levar depois essa discussão para estes comitês de ética. Qualquer projeto de pesquisa hoje no Departamento de Administração que precise passar pelo comitê de ética da maneira como está sendo colocado na universidade em que eu trabalho, seria quase impossível de você conseguir aprovação. (PESQUISADOR 1).

O pesquisador 1 traz à tona a discussão sobre a adequação dos princípios éticos sugeridos na Resolução n. 196/96, que rege a atuação dos CEPs, para as pesquisas sociais, ou especificamente, as pesquisas em Administração.

Como já colocado na análise da referida resolução, observou-se que, a norma preconiza generalização dos resultados e consentimento prévio por parte dos sujeitos da pesquisa. Exigências difíceis de serem colocadas em prática, nos mais diversos tipos de pesquisa social, e também em vários tipos de pesquisas de cunho qualitativo.

Diniz e Guerriero (2008) destacam também que, as atuais regulamentações pouco consideram as particularidades metodológicas e éticas da pesquisa social, além de que, os campos disciplinares que utilizam técnicas qualitativas raramente participaram das deliberações normativas, corroborando com a compreensão do Pesquisador 1.

Bell e Bryman (2007) também observaram que a posição atual da comunidade de pesquisa em Administração, sobre as normas éticas e os códigos de ética, engloba uma série de questões complexas sobre as quais há pouco consenso. Alguns autores são contrários à atuação de comitês de ética em pesquisa, vendo-os como um aparelho burocrático que ameaça a liberdade do acadêmico em prosseguir com uma pesquisa.

Os entrevistados, apesar de afirmarem não conhecer a maioria dos documentos ou orientações sobre a ética na pesquisa no país, citam alguns princípios éticos, mesmo que indiretamente, quando abordaram as questões da conduta ética, da má conduta e dos dilemas éticos, tais como: a transparência na comunicação da pesquisa; disponibilização do resultado final da pesquisa; honestidade nas práticas da pesquisa e qualidade na análise da pesquisa - questões e princípios éticos abordados por Creswell (2007). O que pode indicar que, mesmo afirmando não conhecerem o que já existe definido como princípios éticos na pesquisa, os entrevistados demonstram preocupações éticas quanto aos princípios destacados.

4.2.4 Tomada de decisão ética por parte dos pesquisadores

No presente tópico, buscou-se levantar se os pesquisadores em Administração, no tocante a sua conduta ética, consideram seus valores pessoais e senso comum e/ou os princípios éticos na tomada de decisão nas atividades de pesquisa, quando ocorrem dilemas éticos ou questões éticas. A figura 10 ilustra o que se pretendeu descobrir, nesta seção.

Figura 10 – Possibilidade de tomada de decisão ética por parte dos pesquisadores

Fonte: Elaborado a partir de Bell e Bryman (2007) e Leite et al. (2010).

A figura acima foi elaborada a partir das abordagens de autores, tais como Bell e Bryman (2007), que discutem sobre a crença dos pesquisadores em estarem preparados para regular seu próprio comportamento de acordo com o que consideram ser correto, baseando-se em valores pessoais e senso comum. Os autores colocam que, isto demostraria um alto grau de responsabilidade individual por parte dos pesquisadores, e acreditam ser difícil ocorrer na prática, dada a ênfase limitada em solucionar os problemas éticos. Leite et al. (2010) apresentaram estudo em que os pesquisadores que atuam na área de pesquisa em Administração, relacionam a ética na pesquisa como um compromisso moral, que envolvem os valores morais, e por outro lado com o respeito às normas de conduta ética, que abrange os princípios éticos.

A partir destas abordagens, colocou-se que os pesquisadores em Administração podem decidir questões éticas tomando por base os valores pessoais e o senso comum, aliandos-os às orientações dos princípios éticos norteadores. Mas para isso, é ideal o conhecimento de alguns

No documento Ética na pesquisa em Administração (páginas 122-137)