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Percepções em relação à etapa de análise no processo de IC

4.3 Análise dos dados coletados

4.3.3 Percepções em relação à etapa de análise no processo de IC

A questão a ser respondida é o ponto central da análise. Os critérios definidos auxiliam os analistas na definição do tipo de análise (estratégica, tática, operacional), do nível de profundidade ou da amplitude necessária, da objetividade, do tempo e da disponibilidade de recurso. A definição dos parâmetros que delimitam a análise e a capacidade analítica das pessoas envolvidas no processo são os fatores determinantes para agregar valor aos produtos de inteligência.

Observa-se que cada produto de inteligência gerado por um processo de IC tende a ser algo especializado, em função dos critérios e das informações utilizadas. O uso de técnicas de análise depende da sensibilidade de cada analista, sendo que, em alguns casos, as técnicas devem ser combinadas ou adaptadas. Nem sempre uma análise requer uso de uma técnica específica.

Segundo os analistas entrevistados, algumas técnicas mais utilizadas nas análises no processo de IC são:

Técnica Empresa A Empresa B Empresa C

SWOT x x x

Análise PEST x

Análise do competidor x

Cinco Forças de Porter x

Análise de cenários x Análise de indústria x Análise financeira x x Análise da competição x Early warning x x x Perfil do competidor x

Quadro 38 – Uso de técnicas pelas empresas Fonte: Elaboração própria

A base da análise é a multidisciplinaridade e a reflexão, as diferentes formas de ver uma mesma informação, avaliar determinadas notícias segundo a dimensão política, social, ambiental, tecnológica e de mercado e qual o impacto que pode gerar para a empresa ou setor.

Nesse sentido, o uso de metodologia, do raciocínio lógico ou dos eixos sugeridos por uma determinada técnica pode contribuir na ampliação das visões no trabalho de análise. Os analistas recomendam, sempre que necessário, adaptar a técnica para a análise em questão, pois nem sempre é necessário utilizar a técnica no seu formato padrão.

Como determinados tipos de análise exigem um conhecimento técnico ou de um especialista no assunto, recomenda-se que as análises sejam descentralizadas, para que possam ser especializadas, possibilitando atingir melhores resultados em menor tempo. As empresas B e C fazem isso por meio da rede de inteligência que apoia o processo de IC, considerando sempre o nível de confidencialidade das informações estratégicas.

Para a estruturação da rede, o ponto de partida é o mapeamento dos colaboradores da empresa, ou seja, identificar especialistas em determinados assuntos. Além de identificar potenciais parceiros na rede de relacionamento da empresa.

As empresas B e C, ao gerar os produtos de inteligência, levam em consideração quem precisa da informação, quando precisam dessa informação e ainda, o que precisam saber.

Os resultados gerados na etapa de análise são transformados em produtos de inteligência. Conforme observado nas empresas A, B e C, os produtos podem ou não seguir um modelo previamente definido.

Quando os produtos de inteligência tratam de um acompanhamento periódico referente a alguns itens de monitoramento, define-se previamente o modelo para entrega dos resultados. Nesse caso, o analista realiza uma atualização dos resultados conforme a periodicidade definida. Em outros casos, as análises podem ser bem específicas, cabendo ao analista definir qual o formato e conteúdo mais adequado para entregar o produto.

Além dos produtos gerados sob demanda, os analistas das empresas A, B e C, ao identificar determinados sinais no ambiente competitivo, enviam aos gestores produtos do tipo alerta. Conforme observado nas empresas, esse tipo de produto tende a ser gerado rapidamente, portanto com pouco valor agregado, e encaminhado rapidamente aos gestores. Depois, realiza-se uma reflexão mais detalhada, gerando novos produtos, se necessário.

Portanto, para as empresas A, B e C, os produtos de inteligência podem ser originados de duas formas: a partir de uma demanda interna – nesse caso, uma necessidade específica por parte dos gestores – ou a partir de um sinal percebido pela equipe de inteligência.

Observa-se que a etapa de análise é dinâmica e cada produto de inteligência pode exigir diferentes especificidades. Segundo a experiência dos analistas entrevistados, é possível identificar algumas características relacionadas à etapa de análise:

 estar próxima do cliente da inteligência (gestores da organização);  realizar de forma não linear;

 ser especializada;

 atender a uma demanda – item central da análise (uma questão a ser respondida);

 configurar os requisitos da análise segundo a demanda;

 escolher a técnica mais adequada de acordo com alguns pontos esperados na resposta:

 considerar para cada demanda alguns requisitos: a profundidade esperada na resposta, o tempo, o recurso alocado (financeiro e humano), a riqueza de detalhes necessária, o nível de certeza;

 ter conhecimento dos ambientes interno e externo para responder à demanda;

 considerar o perfil do cliente da inteligência (gestor);

 adequar o formato e a linguagem para disseminação dos resultados. O foco do processo de IC é voltado para fora da empresa e visa analisar os acontecimentos do ambiente externo. Entretanto, o conhecimento sobre o ambiente organizacional interno auxilia o analista em dois momentos. Primeiro, ao definir quais informações precisam ser monitoradas. Segundo, ao gerar os produtos de inteligência, avaliar qual o impacto das recomendações sugeridas no conteúdo deles para a empresa ou setor.

Alguns pontos de atenção a ser considerado sobre o ambiente organizacional interno e ambiente externo:

Ambiente organizacional interno (direciona a inteligência

e utiliza os resultados) - GC Ambiente externo (foco do processo de IC)  identificar quem toma decisão na empresa – quais as

principais preocupações destes decisores – quais seus pontos de atenção;

 observar em reuniões de planejamento quais as dúvidas que não foram respondidas;

 conhecer a estrutura de poder existente;  conhecer a cultura organizacional;  definir o diferencial competitivo;

 identificar os recursos disponíveis (recursos humanos e financeiros);

 mapear as competências dos colaboradores;

 avaliar quais as metas necessitam de informação para acompanhar se estão no direcionamento correto;

 conhecer os produtos ou projetos que precisam de informações mais pontuais;

 traçar o perfil dos gestores;

 conhecer o ciclo de relacionamento;  levantar as questões políticas;

 identificar os stakeholder da decisão.

 acompanhar a situação financeira de alguns países ou regiões de interesse;  monitorar os principais competidores;  acompanhar a pesquisa e o desenvolvimento;  acompanhar o desenvolvimento da indústria;

 entender como funciona a logística;

 acompanhar a situação financeira dos fornecedores;  monitorar as regulamentações;  acompanhar as políticas de

incentivos em outros países ou regiões de interesse.

Quadro 39 – Ambiente interno e externo Fonte: Elaboração própria

O trabalho da análise é sintetizar o conhecimento gerado, transformando-os em produtos de inteligência que respondam a cada demanda identificada no início do processo. Desse modo, observa-se alguns pontos a serem considerados para realização dessa etapa:

 avaliar quais os produtos de inteligência podem ser construídos de forma coletiva;

 verificar na rede de inteligência quais pessoas podem contribuir com cada um dos tipos de análise;

 considerar os critérios: quem é o cliente da análise, qual o perfil desse cliente, quando deve ser entregue a resposta, qual a visão (curto, médio, longo prazo), qual a profundidade da resposta, qual o nível de incerteza;  combinar ou adaptar as técnicas sempre que necessário.

Portanto, a análise implica em conhecer o ambiente interno da empresa, sendo esse o direcionador do processo, e identificar quem efetivamente utiliza os resultados. A empresa se encontra inserida em uma dinâmica na qual pode influenciar e ser influenciada, assim deve coletar continuamente informações do ambiente externo. Tudo isso só é possível se a empresa, ou o setor, contar com as pessoas colaborando, trocando informações e gerando novos conhecimentos. Porém, o ciclo de inteligência se completa quando os produtos de inteligência gerados são utilizados na definição de estratégias e geram ações.