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2.5 Redes

2.5.2 Tipos de redes

Na literatura pesquisada foram encontrados vários tipos de redes, alguns são apresentados a seguir. Salienta-se que não se pretende explorar detalhadamente os tipos de redes identificados, e sim mostrar a existência de algumas.

Jakobiak (1991), cita os grupos de observadores que captam sinais das mais diferentes fontes (formais ou informais, estruturadas ou não), aportando conteúdo

informacional a ser analisado e a equipe de analistas que atua como um elemento decodificador, com a responsabilidade de transformar informação em inteligência.

Macedo (1999b), destaca as redes informais como sendo aquelas formadas pelas relações das pessoas, dentro das organizações, a fim de cumprirem mais rapidamente as suas tarefas. Assim, as redes informais, paralelamente às estruturas formais, fazem parte do conjunto de instrumentos utilizados por todas as pessoas dentro da organização, ao longo das microestruturas decisórias, para debates, esclarecimento de questões e feedbacks.

Muitas organizações têm estimulado a formação de redes formais e informais em seu ambiente. Para desenvolver seus trabalhos de maneira ágil, muitas vezes as pessoas acabam buscando informações nas relações estabelecidas nas redes de contato.

Em relação às redes de trabalho, Yu, Yan e Cheng (2001) ressaltam os benefícios advindos da cooperação e do compartilhamento de informações, destacando a contribuição do desenvolvimento da tecnologia e da informação para a globalização dos negócios, acelerada nas últimas duas décadas.

Observa-se que pessoas bem-sucedidas são bem articuladas, têm boas e confiáveis fontes de contato e buscam vantagem competitiva. E as redes que existem dentro de uma organização ou entre organizações ligam pessoas que detêm determinado conhecimento àquelas que precisam utilizá-lo. Dessa forma, a circulação da informação pelo diálogo informal facilita e apóia a realização dos objetivos em comum (CARVALHO; MARCIAL, 2004).

Segundo Tomaél (2008), a participação em redes sociais, a cooperação, as parcerias e a adoção de redes de comunicação possibilitam a interação, que leva ao compartilhamento e impulsiona os fluxos de informação e de conhecimento decorrentes do movimento de uma rede e determinados pelos vínculos que se configuram.

O funcionamento dessas redes depende da interação de diversos atores, internos e externos à organização, que estejam dispostos a compartilhar informações e experiências visando o aprendizado organizacional e contribuindo para a construção de novos conhecimentos.

Em Abreu (2002), aparecem as redes de empresas, formadas por grupos de organizações com interesses comuns, que se unem a fim de melhorar a competitividade de determinado segmento ou setor. Os benefícios buscados por

essas parcerias são: aumento da competitividade, maior rentabilidade, lucratividade, operacionalidade, investimentos mais acessíveis, informações, estudos e pesquisas, tecnologia de qualidade, certificação de qualidade das empresas.

Para Cohen (2002), conectadas em redes, as empresas podem facilmente combinar suas capacidades e seus recursos para uma aliança temporária e flexível, com o objetivo de explorar as oportunidades de mercado.

No trabalho de Stephenson (2003), ganham destaque às redes informais de confiança, que podem ser:

 de trabalho: em que acontecem as conversas sobre as tarefas rotineiras da organização;

 de inovação: em que os profissionais questionam a forma tradicional de fazer as coisas;

 de conhecimento: em que se armazena o conhecimento especializado da empresa;

 de aprendizado: em que as pessoas escolhem novas formas de trabalhar;  redes sociais: em que as pessoas mostram se o nível de confiança entre

os empregados é alto ou baixo, na empresa;

 redes da carreira: em que os profissionais atuam como mentores e ganham visibilidade.

Ainda de acordo com a autora supracitada, é nas redes informais que a cultura de uma empresa se solidifica ou pode ser alterada. A confiança é elemento fundamental nesse processo, pois é por meio dela que o conhecimento circula ou não pela organização.

Davenport e Prusak (1998), chamam atenção para a questão da informalidade, que pode fazer com que apareçam dificuldades. Por serem informais e não documentadas, as redes não estão prontamente acessíveis a todos que precisam delas. Sua viabilidade depende de conversas casuais e contatos locais que às vezes funcionam bem e às vezes não.

O maior desafio para as empresas, segundo estes autores, é desenvolver mecanismos que tornem essas redes mais formalizadas com o tempo, visando tornar esse processo mais eficaz e eficiente, sem perder a interatividade e a confiança mútua.

Skyrme (2003), relata a existência das redes de conhecimento, que são redes informais e auto-organizadas, mas podem se tornar formalizadas com o tempo, e envolvem pessoas com interesses comuns que se comunicam para compartilhar conhecimento e para solucionar problemas em conjunto. Segundo o autor, as redes são um fenômeno dinâmico e rico no qual o conhecimento é compartilhado, desenvolvido e expandido. A criação dessas redes combina o conhecimento e as habilidades das pessoas, visando atingir, ao mesmo tempo, seus próprios objetivos e os da organização.

Esse autor chama a atenção para o fato de que o advento e o incremento das tecnologias de informação e comunicação aceleraram o processo de formação dessas redes. O crescimento acelerado do uso de computadores para a comunicação entre pessoas acabou por aumentar o desenvolvimento de novos conhecimentos.

Skyrme (2003), apresenta algumas características que contribuem para a excelência do diálogo e para a expansão das fronteiras do conhecimento nas redes de conhecimento:

 um certo grau de informalidade;

 desafio e provocação do pensamento;  autoridade por conhecimento;

 abertura à comunicação;  cooperação, não competição;

 desenvolvimento de uma rede de pessoas com metas e visões compartilhadas;

 forte senso de responsabilidade entre os colaboradores;  auto-regulação da rede.

Já Pimenta et al. (2004) destaca que as redes de relacionamento podem atuar como elemento catalisador do conhecimento que circula entre conversas formais e/ou informais do mercado. Essas redes podem ser excelentes fontes de informações primárias.

A atuação em redes serve tanto para estabelecer efetivamente a comunicação das empresas com universidades, instituições públicas de pesquisa e agências de financiamento de pesquisa e inovação, como para gerar ganhos de escala e escopo na aquisição de conhecimento e viabilização de inovações.

A participação em rede permite, ainda, ampliar a capacidade de percepção sobre as tendências tecnológicas e mercadológicas e de seus impactos na sociedade (CANONGIA et al., 2004).

Considerando os tipos de redes apresentados, pode-se concluir que, independentemente do tipo, as redes buscam o compartilhamento de informações e experiências, visando o aprendizado organizacional e contribuindo para a geração de novos conhecimentos.

O funcionamento dessas redes depende da interação entre os seus atores e das alianças formadas, sendo que a confiança é fator essencial nesse processo. Cada tipo de rede vai se estruturar conforme os objetivos, o espaço e o tempo dos atores envolvidos (TRZECIAK, 2009).

A essência das redes é a cooperação, promovendo o aprendizado coletivo, aumentando as chances de a empresa obter vantagem competitiva.

Tão importante quanto à definição do tipo de rede é a forma com as mesmas se compõem e se mantêm assunto que se discute no próximo item.