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2.1 – PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

Antes de chegarmos ao histórico da Educação Física no Brasil, devemos nos remeter aos seus primórdios advindos da Europa.

Na Europa, o século XIX ficou marcado como um período importante para a compreensão da Educação Física, onde se consolidou conceitos básicos sobre o corpo e sua utilização como força de trabalho. Cabe destacar, complementarmente,

50 que se trata do período em que se estabilizou o Estado Burguês, originalmente na França.

Segundo Soares (2001), para manter a hegemonia, a burguesia investe na construção de um homem novo que possa suportar uma nova ordem política, econômica e social, um novo modo de reproduzir a vida sobre novas bases. Ao mesmo tempo, evidencia que a Educação Física se torna a disciplina a ser viabilizada em todas as instâncias, formas e espaços onde poderia ser efetivada a construção desse novo homem.

Diante disso, a Educação Física seria a própria expressão da sociedade capitalista, tornando necessária a construção de um homem saudável. Nesse processo, o homem que deve se humanizar pelas relações sociais passa a ser definido nos aspectos biológicos.

A Educação Física, seja aquela que se estrutura no interior da instituição escolar, seja aquela que se estrutura fora dela, será a expressão de uma visão biológica e naturalizada da sociedade e dos indivíduos. (SOARES, 2001, p.14)

O discurso higienista na Europa do século XIX veiculava a ideia de que as classes populares possuíam uma vida imoral, sem cumprimento de regras e com espírito vicioso, portanto era necessário garantir a saúde e os bons hábitos morais, a fim de que esses corpos não se tornassem doentes, haja vista que o interesse do capital era fazer com que esses corpos servissem de produto para atender aos seus interesses.

Cuidar do corpo significa também cuidar da nova sociedade em construção, uma vez que, como já se afirmou, a força de trabalho produzida e posta em ação pelo corpo é fonte de lucro. Cuidar do corpo, portanto, passa a ser uma necessidade concreta que devia ser respondida pela sociedade do século XIX. (SOARES ET AL, 2013, p.43)

Ainda no velho continente, especificamente no âmbito escolar, o exercício físico, denominado de ginástica desde o século anterior, vai sendo consolidado a partir de conceitos médicos, vinculando-se à ideia de saúde e corpo saudável.

Os métodos ginásticos advindos da Europa revelam em seu conteúdo características médicas e biológicas, sobretudo pelas ciências que lhes servem como base. Estas escolas tiveram grande penetração no Brasil, procurando dar destaque ao viés médico higienista que possuíam.

A Educação Física no Brasil, durante o século XIX e início do século XX, foi compreendida como um elemento de extrema importância a fim de resolver o

51 problema da saúde pública pela educação. Soares (2011) afirma que nesse ciclo, entre 1850 e 1930, as instituições médicas foram privilegiadas e o discurso médico higienista possuía elementos que auxiliavam na compreensão de uma Educação Física com sinônimo de saúde física e mental, como promotora de saúde, como regeneradora da raça, das virtudes e da moral. Esse espaço ficou caracterizado como o período higienista da Educação Física.

Esse período evidenciou que a medicina social em sua vertente higienista influenciou e condicionou de modo hegemônico a Educação Física, a educação escolar e a sociedade como um todo.

A Educação Física no Brasil, em suas primeiras tentativas para compor o universo escolar, surge como promotora da saúde física, da higiene física e mental, da educação moral e da regeneração ou reconstituição das raças. (SOARES, 2001, p. 91)

Castellani Filho (2008) afirma que a Educação Física sofreu grande influência das instituições militares e da categoria profissional dos médicos, desde o Brasil império. Mesmo se confundindo com as duas instituições, a primeira a ter relevância no percurso histórico da Educação Física foi a médica.

O pensamento pedagógico brasileiro da época foi veiculado com mais ênfase por Rui Barbosa e Fernando Azevedo, que revelaram uma proximidade de seus discursos pedagógicos com os discursos médicos, nos quais a Educação Física escolar privilegia, em suas propostas pedagógicas, as bases retiradas do pensamento médico/higienista.

Segundo Soares (2001), os dois pensadores consideravam a Educação Física um valioso componente curricular com acentuado caráter higiênico, eugênico e moral, desenvolvido segundo os pressupostos da moralidade sanitária, que se instaurou no Brasil a partir da segunda metade do século XIX. Evidencia ainda que nesse período colonial as questões relativas à saúde, à higiene e ao corpo dos indivíduos, começaram a fazer parte das preocupações das elites dirigentes.

A autora atesta que a Educação Física na escola é, para Fernando Azevedo, uma questão médica e não pedagógica, pois quem define o conteúdo e “permite” o aluno participar ou não de uma aula é o médico. Enquanto isso, o professor exerce um papel secundário, de executor de tarefas pensadas e fiscalizadas pelo médico. Podemos, analogamente, afirmar que nesse período o professor exerce o papel de médico e o aluno é um paciente.

52 Segundo Castellani Filho (2008), os higienistas lançaram mão da Educação Física, atribuindo-lhe um papel de extrema importância, o de criar o corpo saudável, robusto e harmonioso organicamente. Porém, ao assim fazê-lo, em oposição ao corpo relapso, flácido e doentio do indivíduo colonial, acabaram contribuindo para que este corpo representante de uma classe e de uma raça servisse para incentivar o racismo e os preconceitos sociais a eles ligados.

Diante disso, observamos a ligação da Educação Física higienista com a eugenia, por meio da qual se busca a depuração da raça, a fim de tentar criar uma população racial e socialmente identificada com a camada branca dominante, que pudesse estabelecer um equilíbrio de forças entre a população branca e a escrava.

Fernando Azevedo, autor de inúmeras obras acerca da Educação Física, possuía pensamento semelhante ao de Rui Barbosa, ambos enfatizaram a importância da Educação Física na eugenização da raça brasileira.

Segundo Castellani (2008), Azevedo definia eugenia como sendo a ciência ou disciplina que tem por objetivo o estudo das medidas sociais, econômicas, sanitárias e educacionais que influenciam, física e mentalmente o desenvolvimento das qualidades hereditárias dos indivíduos e, portanto, das gerações.

O autor afirma ainda que a eugenia é também a aplicação de uma educação enérgica para a conquista da plenitude das forças físicas e morais, afirmando ser o revigoramento do povo por uma sábia política de educação, de defesa sanitária e de cultura atlética. Destinava-se, portanto, à Educação Física, nessa questão da eugenia da raça, um papel preponderante.

A Educação Física no Brasil, por diversos períodos da sua história, confundiu- se com as instituições médicas e militares. A partir da década de 30, a ideia da Educação Física higienista é sobreposta pela ideia militarista. Diante disso, discorrer sobre a Educação Física brasileira passa, necessariamente, pela análise da influência, por ela sentida, das instituições militares.

A Educação Física Higienista, preocupada com a saúde, perde terreno para a Educação Física Militarista que subverte o próprio conceito de saúde. A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento da saúde da pátria. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001, p.18)

Contudo, a eugenia ainda se mostra bastante presente como um dos objetivos dessa concepção. A Educação Física continua funcionando como atividade

53 potencializadora do processo de seleção natural, tendo em vista o aperfeiçoamento da raça.

Segundo Ghiraldelli Junior (2001), o objetivo principal da Educação Física militarista é a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta e a guerra, sendo suficientemente rígida para elevar a nação à condição de servidora e defensora da pátria.

A fim de atender a essa expectativa, a Educação Física, nesse período, se aparelhou à Educação Moral e Cívica. Castellani Filho (2011, p. 92) ratifica ao afirmar que “a promoção da disciplina moral e adestramento físico da juventude brasileira impunha-se em razão da preocupação com a ‘defesa da pátria’”.

Nessa perspectiva, o papel do professor passa a ser de um instrutor físico militar e o aluno passa a ser um simples executor, associando-se à imagem de um soldado/recruta. Conforme afirma Ghiraldelli Junior (2001), a Educação Física militarista visa à formação do “cidadão-soldado”, capaz de obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da juventude pela sua bravura e coragem.

As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia. (SOARES ET AL., 2013, p. 44)

A relação com o exército era tão evidente que Castellani Filho (2011, p.87) cita o trecho de um artigo de Hélion Póvas publicado na revista de Educação Física de 1938, que evidencia tal aproximação.

Entreguemos ao exército todos os poderes para que, no setor de Educação Física, ponha em prática em todo o território nacional, a sua técnica disciplinadora que é, no momento, um evangelho salutaríssimo à nação.

Destaca-se que nesse período foi criada a escola de Educação Física do exército e a disciplina, segundo previa a legislação da época, passa a ser obrigatória em todas as instituições de ensino.

Segundo Ghiraldelli Junior (2001), na Educação Física militarista, a ginástica, o esporte e os jogos visam à eliminação dos incapacitados físicos, contribuindo para maximização da força e poderio da população. A coragem, a vitalidade, o heroísmo, a disciplina exacerbada compõem a plataforma básica da Educação Física militarista.

O período militarista, que ficou mais evidente por cerca de duas décadas, deu lugar a outra perspectiva da Educação Física voltada para uma atividade

54 propriamente educativa. Essa concepção ganha notoriedade principalmente no período pós-guerra (1945-1964).

Com o fim do Estado Novo, a sociedade brasileira tentou recolocar o país em trilhos democráticos. A elaboração de uma nova Constituição em 1946, substituindo a de 1937, buscou, em diversos segmentos, dar distinção aos traços autoritários da sua antecessora, não foi diferente com a educação e, especificamente, com a Educação Física.

A perspectiva de uma Educação Física autoritária cede espaço a uma tendência mais educativa, chamada de Educação Física pedagogicista.

A Educação Física Pedagogicista é, pois, a concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física como uma prática eminentemente educativa. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001, p. 19)

Influenciada pelo movimento escolanovista, essa tendência ganha força no período pós-guerra (1945-1964), onde a educação é observada pela primeira vez no Brasil como ambiente adequado para formação de consciência e valorização docente.

Conforme afirma Ghiraldelli Junior (2001), as concepções anteriores (higienista e militarista) não colocam a problemática da Educação Física como uma atividade propriamente educativa como disciplina comum ao currículo escolar. Essa tendência clama pela necessidade de encarar a Educação Física não somente como prática capaz de promover saúde ou disciplinar a juventude para defender a pátria, mas de ser uma prática eminentemente educativa.

A Educação Física pedagogicista se ancorou nos moldes da educação liberal, a qual buscava a formação de um ser voltado aos anseios da sociedade vigente. Num primeiro momento, passou a impressão de se abordar a Educação Física por uma nova concepção, porém, mesmo contributiva, não fugiu a reprodução das ideias conservadoras. Ghiraldelli (2001) corrobora ao elucidar que foi um avanço em relação a concepção militarista, contudo não se pode considerar uma tendência progressista.

Pode-se dizer que a Educação Física Pedagogicista se sustenta, como a Educação Física Higienista, em matizes do pensamento liberal. Todavia, é preciso entender aí que não se trata de liberalismo do início do século, que sonhava com uma “desodorização e higienização” da sociedade, mas sim de uma concepção que busca integrar a Educação Física como

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“disciplina educativa por excelência” no âmbito da rede pública de ensino. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001, p.27)

Nesse período, a ginástica bastante presente nas concepções anteriores, começa a perder espaço de forma contundente para o esporte, que a partir de então passa a ser conteúdo hegemônico.

Diante disso abriu-se espaço para uma nova tendência da Educação Física, centrada no esporte. Assim como ocorreu nos períodos higienista e militarista, mais uma vez a Educação Física assume os códigos de uma outra instituição, dessa vez, a esportiva.

Essa concepção, denominada de esportivista/competitivista, se consolidou no período da ditadura militar no Brasil. Ao assumir o poder, os militares expandiram o sistema educacional a fim de usar a escola como fonte de propaganda do regime militar. Surge então uma forte associação do esporte com a Educação Física, principalmente após o triunfo da seleção brasileira de futebol nas copas do mundo de 1958, 1962 e 1970.

Aproveitando-se desse processo, o governo investiu pesado no esporte na busca de fazer com que a Educação Física fosse um amparo ideológico na medida em que ela estaria incluída na participação exitosa do país em competições esportivas de alto nível.

Diante disso, o esporte passa a ser um meio para transparecer à população a ideia de um Brasil desenvolvido, onde era importante minimizar os problemas internos e deixar transparecer a percepção de um país próspero em plena ascensão. Segundo Bracht (1997), o esporte sofre no período do pós-guerra, um grande desenvolvimento quantitativo, tornando-se o elemento hegemônico da cultura de movimento. No Brasil, as condições para o desenvolvimento do esporte estavam agora mais do que antes, presentes.

Castellani Filho (2008) corrobora ao elucidar que a Educação Física nesse período se externava à caracterização de uma outra faceta, aquela voltada às questões afetas à performance esportiva de ordem da produtividade, eficiência e eficácia, inerentes ao modelo de sociedade no qual a brasileira encontra identificação.

O autor afirma ainda que a capacidade de catarse que o esporte possuía de canalizar em torno de si, para seu universo mágico, os anseios, esperanças e frustrações dos brasileiros foi imensamente explorada.

56 É nesse período que se evidencia na Educação Física a seleção dos mais habilidosos e a exclusão dos menos. Os procedimentos são extremamente tecnicistas enaltecendo a prática dos gestos técnicos esportivos como principal elemento da Educação Física. O professor exerce um papel de centralizador e cabe ao aluno apenas executar os seus comandos, caracterizando uma relação de treinador-atleta.

Segundo Ghiraldelli Junior (2001), o esporte de alto nível ganhou espaço no interior da sociedade e, consequentemente, da educação física, subjugando-a e tentando colocá-la como mero apêndice de um projeto que privilegia o treinamento desportivo, concluindo que o esporte de alto nível é o paradigma para toda Educação Física.

A Educação Física fica reduzida ao desporto de alto nível. A prática desportiva deve ser massificada, para daí poder brotar os expoentes capazes de brindar o país com medalhas olímpicas. No âmbito da Educação Física competitivista, a ginástica, o treinamento, os jogos recreativos etc. ficam submetidos ao desporto de elite. Desenvolve-se assim o Treinamento Desportivo baseado nos avançados estudos da Fisiologia do Esforço e da Biomecânica, capazes de melhorar a técnica desportiva. A Educação Física é sinônimo de desporto, e este, sinônimo de verificação de performance. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001, p.20)

Contudo, Bracht (1997) ressalta que o desenvolvimento da instituição esportiva não se dá independentemente da Educação Física, pois condicionam-se mutuamente.

Diante desse contexto, essa concepção foi bastante criticada pelos meios acadêmicos, principalmente a partir da década de 1980, onde os principais pensadores da área observaram a necessidade de romper com essa hegemonia, buscando dar um caráter científico e pedagógico à Educação Física. Surge então o movimento renovador da Educação Física.

A entrada mais decisiva das ciências sociais e humanas na área da Educação Física, processo que tem vários determinantes, permitiu ou fez surgir uma análise crítica do paradigma da Educação Física [...] esse viés encontra-se num movimento mais amplo que tem sido chamado de movimento renovador da Educação Física brasileira na década de 1980. (BRACHT, 1999, p. 77)

Caparroz (1997) esclarece que este não foi um movimento isolado da Educação Física, ao contrário, ele se inseriu num movimento muito mais amplo, o da redemocratização da sociedade brasileira. Foi o período em que se explicitaram o

57 descontentamento cada vez maior de parcela significativa da sociedade brasileira com o autoritarismo presente ao longo dos governos militares, marcando o tempo da transição democrática.

Durante o período da ditadura militar ficou evidente que a Educação Física fazia parte de um projeto de Brasil dos militares, ligada ao desenvolvimento da aptidão física a fim de garantir a capacidade produtiva da nação, principalmente da classe trabalhadora, e ao desenvolvimento esportivo, o qual deixaria transparecer uma imagem de nação desenvolvida (Brasil potência) no cenário internacional, além do que o esporte também contribuiria para a melhoria da aptidão física.

Esse movimento identificou a necessidade de se romper o caráter predominantemente biológico da Educação Física, materializado através de práticas desportivizadas visando o aprimoramento da aptidão física, desenvolvida por meio de uma pedagogia tecnicista. Diante desse cenário, Caparroz (1997) afirma que foram travados importantes debates e organizados movimentos que tiveram o intuito de tensionar as relações vigentes na área, com um movimento intenso de questionamento e contestação das práticas e das políticas públicas da época.

Nesse sentido, o autor explana que a produção teórica procurou operar a crítica em relação à visão histórica onde a Educação Física brasileira esteve atrelada ao paradigma biológico e que, nesta perspectiva, as práticas sustentaram- se a favor e a serviço da classe dominante, ou seja, a Educação Física voltava-se para a construção de um corpo ordeiro, disciplinado, forte e alienado, garantindo saúde e aptidão física ao trabalhador.

Diante desse novo cenário surgem novas perspectivas para área, nascem novas concepções e abordagens pedagógicas libertadoras, transformadoras e progressistas, a fim de se desenvolver uma Educação Física para o ser humano e não mais para atender às necessidades das elites e do capital. De acordo com Caparroz (1997), as elaborações traziam uma nova proposta diferente de tudo que havia sido pensado ou experimentado, visto que a Educação Física que se tinha até então só servia para manutenção do status quo.

As novas perspectivas que foram surgindo durante a década de 1980, a princípio eram apresentadas de forma homogênea, afinal o movimento buscava uma ruptura em relação aos moldes anteriores, contudo ao passar do tempo foram apresentadas propostas as quais possuíam cada qual sua singularidade.

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Toda a discussão realizada no campo da pedagogia sobre o caráter reprodutor da escola e sobre as possibilidades de sua contribuição para uma transformação radical da sociedade capitalista foi absorvida pela EF. A década de 1980 foi for temente marcada por essa influência, constituindo-se aos poucos uma corrente que inicialmente foi chamada de revolucionária, mas que também foi denominada de crítica e progressista. Se, num primeiro momento – digamos, o da denúncia–, o movimento progressista apresentava-se bastante homogêneo, hoje, depois de mais de 15 anos de debate, é possível identificar um conjunto de propostas nesse espectro que apresentam diferenças importantes. (BRACHT, 1999, p.78)

Diante desse cenário, várias propostas pedagógicas e metodologias foram desenvolvidas ao longo das décadas de 1980 e 1990, as quais se apresentam, atualmente, como alternativas, já que esse quadro se mostra bastante diversificado. Assim sendo, consolidaram-se as tendências pedagógicas da Educação Física.

Desta forma, Bracht (1999) ressalta a diversidade das propostas citando algumas delas (não todas), tais como: desenvolvimentista, psicomotricidade, construtivista e saúde renovada, apontando que essas concepções adotam tendências não críticas, já que não se vinculam a uma teoria crítica da educação. O autor faz menção a outras duas propostas que se derivam explícita e diretamente das discussões da pedagogia crítica brasileira. Uma delas está consubstanciada no livro Metodologia de Ensino da Educação Física, de um coletivo de autores, intitulada crítico-superadora. A outra proposta nesse espectro, denominada crítico- emancipatória, tem como idealizador o professor Elenor Kunz.

Isso posto, adiante, explanaremos o papel da Educação Física na escola a partir de uma abordagem crítica da educação.

2.2 – O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSCA NA ESCOLA A PARTIR DE UMA