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5 O PROJETO CURTACIÊNCIA

5.3 PERFIL DOS PARTICIPANTES

Apesar de terem sido selecionados 18 alunos, somente 16 iniciaram no projeto; participando até o final apenas 13 alunos. Desses, com idade entre 16 e 18 anos, eram 7 meninas e 8 meninos; 9 estavam cursando o Ensino Médio Integrado em Pesca e 4 estavam cursando o Ensino Médio Integrado em Aquicultura; 1 está no 1° ano, 5 estão no 2° ano e 7 estão no 3° ano. O quadro 9 ilustra melhor essas informações.

Quadro 9 - Perfil dos alunos participantes do projeto com relação ao curso de Ensino Médio Integrado em que estão matriculados

Ensino Médio Integrado em Pesca

Ensino Médio Integrado em Aquicultura

1° ano 1 aluna -

2° ano 5 alunas -

3° ano 2 alunas e 1 aluno 4 alunos

É importante destacar que dos alunos participantes, 7 residem em Piúma, 1 em Itapemirim, 1 em Marataízes, 2 em Anchieta e 2 em Iconha.

A fim de verificar os conhecimentos, opiniões e interesses dos alunos quanto a temas como: o ensino de ciências na escola, a utilização de um único ponto de vista no ensino de ciências, o interesse por filmes e o uso de filmes na sala de aula, foi aplicado um questionário aos alunos,

contendo 11 perguntas abertas. A figura 10 representa o momento em que responderam ao questionário.

Fonte: Arquivo da autora

As perguntas do questionário podem ser vistas no quadro 10.

1) Você gosta de ser aluno do Ifes? Por quê?

2) Qual a sua opinião sobre o Ensino Médio Integrado?

3) O que é ciência para você? Durante seu percurso escolar como foi o estudo de Ciências? 4) Como você acha que tem que ser o ensino de Ciências?

5) Você acha que é possível abordar um assunto de Ciência a partir de 1 único ponto de vista? Como exemplo, pense no estudo da Energia Nuclear.

6) Quais aspectos precisam ser evidenciados para compreender um assunto de forma completa? 7) Na sua opinião, qual a função do professor?

8) Quais os métodos utilizados pelo professor que favorecem a aprendizagem do aluno? 9) Você gosta de cinema? Quais seus filmes favoritos?

10) O que você acha da utilização do cinema em sala de aula?

11) Na sua opinião, existe um tipo de filme que seja mais adequado para ser exibido na sala de aula? Por quê?

Figura 8 - Imagens dos alunos participando da 2ª etapa de seleção do projeto CurtaCiência

Todos os alunos disseram gostar de estudar no IFES pela qualidade do ensino, pelas maiores oportunidades de aprendizagem, pela estrutura da escola, pelos professores e amigos, como pode ser verificado pelas fala de dois alunos “[...]porque aqui recebemos uma educação de qualidade e somos apresentados a projetos e oportunidades que com certeza vão influenciar positivamente em nosso futuro” e “[...]porque o aprendizado é maior e melhor. Não desmerecendo outras escolas nem ainda apenas pelo fato de os professores serem melhor qualificados, mas também, pelas oportunidades, que são muitas. As estruturas, as boas e grandes amizades (que levarei para o resto da vida), o ensino profissionalizante e, até mesmo a cobrança (o ser “puxado”); tudo isso me satisfaz e me motiva a buscar ser melhor a cada dia”.Além disso, todos também apontaram que consideram o ensino médio Integrado muito bom por aliar a formação de nível médio à formação profissional. Com isso, permite uma preparação também para o mercado de trabalho. É interessante destacar que um aluno foi um pouco além dos colegas, ainda que com ideias confusas, dando um destaque maior para a questão da integração, como pode ser verificado [...]ótima, no ponto de vista, de que integrando o Ensino Médio a um curso ou a uma matéria específica, parte do ponto de que há uma interação entre ambos, intercalando disciplinas e conteúdos, sendo uma forma de aprendizagem. Ou seja, é uma integração de “estudos” entre ambos”.(Sic)

Quando perguntados sobre o que é Ciências, foi possível constatar que eles tiveram uma grande dificuldade para responder essa questão. Muitos deixaram essa questão para o final, demorando mais tempo para respondê-la. Mas, é possível constatar que, ainda que um pouco confusos, eles conseguiram expressar seu entendimento sobre Ciências. Como exemplo, “É um conjunto de conhecimentos adquiridos pelo homem, cuja ideia principal é o questionamento de situações e dúvidas pelas quais passamos todos os dias, tendo base na discussão e comprovação desses conhecimentos”, “Ciência vai muito além do aspecto de conhecer matéria científica e aprofundar-se na mesma. Ciência vai do ponto de vista de que ciência é tudo aquilo que estudamos e queremos buscar suas explicações, buscando assim o “porquê” de tudo”.

Quando perguntados sobre como deveria ser o ensino de ciências, alguns jovens citaram a necessidade de aulas práticas, o uso de tecnologias, aulas de campo e a utilização de assuntos do cotidiano. Esse último item foi citado por 2 dos 13 alunos e os trechos das respostas foram: “[...] Voltado para nosso dia a dia, fazendo-nos aplicar nossos conhecimentos científicos no nosso cotidiano” e “[...]com transposição para o cotidiano, pois a matemática, a física, a

química, a filosofia, entre tantos, estão presentes em nossa vida cotidiana, de um modo muito significativo, porém não percebemos...”. A eles também foi perguntado sobre quais métodos utilizados pelo professor favorecem a aprendizagem dos alunos. Dialogando com a discussão anterior, 6 dos 13 alunos argumentaram que seriam métodos que aproximavam os conteúdos de aula com assuntos do cotidiano. Nesse sentido, podemos verificar que a abordagem de assuntos controversos e atuais no Ensino de Ciências pode ampliar a participação dos alunos por abranger a discussão de determinado assunto do cotidiano, sob diversos olhares. Ao se depararem com variadas perspectivas a partir de uma mesma temática, os alunos terão direito de formar sua própria opinião e decidir seu posicionamento, ao invés de se deixar levar pelas decisões prontas das autoridades e da mídia manipuladora (SANTO; REIS, 2013).

Quando perguntados sobre a possibilidade de ensinar Ciências sob um único ponto vista todos os alunos responderam que era preciso mais de uma perspectiva para se ensinar um conteúdo científico. As respostas que mais chamaram atenção pelo nível de compreensão dos alunos foram duas: “[...] vendo as coisas com apenas um ponto de vista, apenas conheceremos esta coisa com um lado da „história‟, dessa forma fica inútil criticar ou avaliar determinada coisa... deve-se conhecer „x‟ pontos de vistas, onde será possível conhecer todos os lados da história. Fazendo assim, terá uma crítica justificada” e “[...] cada pessoa tem uma visão... Um objeto ou assunto possui vários jeitos de serem vistos. Se eu tenho um ponto de vista, ele é meu, ou seja, é individual. A ciência foge a isso, pois, por exemplo, uma das primeiras teorias sobre o surgimento do mundo dizia que os ratos (matéria animada) surgiam de grãos (matéria inanimada) após certo tempo”.

É interessante notar como os alunos perceberam a importância de se compreender um assunto em sua totalidade e como a utilização de assuntos do cotidiano facilita e torna mais interessante o aprendizado dos temas do currículo. Além disso, os alunos apontaram que para se abordar um assunto em sua totalidade devem ser levados em consideração aspectos como “onde, quando, porque, como além de mostrar o lado bom e ruim existente em qualquer assunto”, “o contexto histórico; sua realidade em função do dia a dia, aspectos positivos e também negativos, sua grande importância para a sociedade e suas relações”, “os pontos importantes a serem discutidos; a comparação com o mundo, ou seja, a comparação com tudo o que está ao nosso redor; benefícios e malefícios; em que se é utilizado; as formas de representação; o “para que serve”, pois às vezes não entendemos pelo fato de não sabermos sua real utilização”.

Com relação à função do professor, todos os alunos destacaram a transmissão de conhecimentos, o exemplo a ser seguido, aquele que ensina caráter, e poucos foram além, apontando para a formação da cidadania. Uma aluna aponta: “Penso que a função do professor é bem mais do que simplesmente ensinar determinada matéria, aplicar provas, dar notas. Em minha opinião é bem mais que isso. A função dele é literalmente apresentar o aluno ao mundo de possibilidades, aos seus direitos e deveres, é formar um cidadão em conjunto com a família”. Os alunos também citaram que para facilitar a aprendizagem dos conteúdos, os professores deveriam trabalhar com exemplos do dia a dia, vídeos, jogos, aulas práticas, projetos científicos, visitas técnicas e aulas mais claras e dinâmicas.

Muitas são as maneiras de se trabalhar a interação entre conhecimento científico e tecnológico e problemas cotidianos de modo a facilitar a aprendizagem dos conteúdos. Uma delas é a utilização do cinema na sala de aula, que é um recurso audiovisual que possibilita a articulação da educação como atividade estética, tornando o conhecimento completo em todas as dimensões (JESUS, 2007).

Silva e colaboradores (2012) apontam que a utilização de recursos audiovisuais facilita um ensino voltado para a cidadania porque a sociedade contemporânea é caracterizada pela grande variedade de linguagens e pela forte influência dos meios de comunicação. O uso do vídeo como recurso didático permite a utilização de imagens e efeitos visuais, como gráficos, legendas, animações, experimentos, processos industriais, conceitos, entre outros, de forma mais atraente, possibilitando a compreensão do assunto com mais facilidade e interesse (MANDARINO, 2002 apud LIMAS, 2007). A grande maioria dos alunos gosta de cinema, o que reforça sua utilização em sala de aula como forma de facilitar o aprendizado. Dos 13 alunos que participam do projeto, 12 responderam que gostam de assistir a filmes. Além disso, foi-lhes perguntado sobre o que achavam da utilização do cinema em sala de aula. Todos alegaram que seria bom desde que tivesse relação com o conteúdo estudado. Entre as respostas encontradas sobre esse assunto, as que mais chamaram a atenção foram: “[...] torna a aula mais prazerosa”, “[...] o aluno entende melhor a matéria”, “proporciona uma nova visão do assunto[...]”, “[...] prende a atenção do aluno [...]”, “ajuda o aluno a aprender, abrindo sua mente”.

Assim, quando o professor utiliza o cinema como metodologia de ensino que problematize e envolva a realidade do aluno possibilita o desenvolvimento cognitivo desse indivíduo, despertando novos interesses, instigando a curiosidade, e garantindo uma participação dos educandos (VASCONCELOS; LEÃO, 2009).