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Perfil dos participantes por unidade prisional e indicativo de Transtornos Mentais

CAPÍTULO 3. Mapeamento de TMC e consumo de álcool e drogas entre agentes

3.2. Perfil dos participantes por unidade prisional e indicativo de Transtornos Mentais

a) Unidade Psiquiátrica de Custódia e Tratamento

Conhecido como Hospital de Custódia, esta unidade é destinada ao cumprimento de medidas de segurança direcionadas as pessoas com transtorno mentais que cometeram atos infracionais e que são inimputáveis em favor do seu sofrimento psíquico.

Participaram desta pesquisa 16 agentes penitenciários, dos quais 81,2% (n=13) são do sexo masculino, com tempo de 10 a 15 anos de trabalho (62,5%, n=10), com 30 a 40 anos de idade (62,6%, n=10), casados (62,5% =10), com filhos (68,8%, n=11), católicos (56,2%, n=9), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (56,2%, n=9), ensino superior completo (50%, n=8), que possuem outra ocupação (18,8%, n=3), essa outra ocupação é na área de segurança (33%, n=1), dobraram de turno no último mês (25%, n=4) e buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (25%, n=4).

Como resultados dos instrumentos aplicados, podemos apontar 43,8% (n=7) de indicação de Transtorno Mental Comum, com maioria de sintomas de humor depressivo e sintomas somáticos. Em relação ao consumo de substâncias psicoativas teve destaque o uso de nocivo/dependente em tabaco (6,2%, n=1), álcool (37,5%, n=6), hipnótico (6,2%, n=1).

b) Penitenciária Estadual de Parnamirim

Como nas demais penitenciárias existem 4 equipes de agentes penitenciários (cada equipe com 4 agentes) trabalhando na Unidade em regime de 24h de trabalho por 72h de descanso. Nessa unidade, as reclamações dos presos de que estão sofrendo maus tratos são frequentes. Segundo informações fornecidas pela direção, há registros de agressões habituais entre os próprios detentos, que decorrem, principalmente, da disputa de poder nas dependências da unidade. Constantes, também, as apreensões de celulares, armas artesanais e drogas.

17 agentes penitenciários concordaram em participar desse estudo. Todos do sexo masculino, com tempo de 0 a 5 anos de trabalho (52,9%, n=9), com 25 a 35 anos de idade (64,7%, n=11), em relacionamento estável (58,8%, n=10), com filhos (70,6%, n=12), católicos (58,8%, n=10), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (88,3%, n=15), com ensino superior incompleto (41,2%, n=7), possuem outra ocupação (5,9%, n=1), dobraram de turno no último mês (52,9%, n=9), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (23,5%, n=4) e grupo de igreja (17,6%, n=3),

23,5% (n=4) dos participantes tiveram indicação de TMC, com sintomas somáticos e pensamentos depressivos, assim como uso nocivo/dependente em tabaco (5,9%, n=1), álcool (11,8%, n=2).

c) Penitenciária Estadual do Seridó

Localizada na cidade de Caicó/RN, participaram desde estudo 43 agentes penitenciários. Todos do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (83,7%, n=36), 35 a 45 anos de idade (60,5%, n=26), casados (58,1%, n=25), com filhos (81,4%, n=35), católicos (79,1%, n=34), com renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (88,4%, n=38), com ensino superior completo (46,5%, n=20), possuem outra ocupação (46,5%, n=20), essa ocupação é na área de segurança (5%, n=1), dobraram de turno no último mês (20,9%, n=9), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (27,9%, n=12) e grupo de igreja (4,7%, n=2).

46,5% (n=20) dos participantes apresentaram indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e pensamentos depressivos, além de uso nocivo/dependente em tabaco 9,3% (n=4) e álcool 11,6% (n=5)

d) Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga (10 agentes penitenciários)

Conhecida como pavilhão número 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na cidade de Nísia Floresta/RN, a Penitenciária Rogério Coutinho Madruga é destinado a casos específicos, tais como: presos já condenados em regime fechado, sem previsão de progressão de regime nos próximos três meses, atualmente recolhidos em outros estabelecimentos prisionais diversos de penitenciárias; presos com problemas de comportamento; presos com risco de morte se permanecerem em outros setores do estabelecimento prisional; presos provisórios que tenham praticado atos de indisciplina em outros estabelecimentos prisionais; presos provisórios ou definitivos que mostrem especial periculosidade; presos provisórios contra quem exista informação de risco de fuga ou resgate; presos que necessitem de isolamento ou prisão especial, por determinação legal ou judicial.

Dos 10 agentes que participaram desta pesquisa, todos são do masculino, com 0 a 5 anos de trabalho (90%, n=9), de 25 a 35 anos de idade (40%, n=4), casados (50%, n=5), com filhos (60%, n=6), católicos (60%, n=6), com renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (60%, n=6), com ensino superior completo (50%, n=5), ninguém possui outra ocupação, dobraram de turno no último mês (80%, n=8) e buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (10%, n=1).

Somente 10% (n=1) dos agentes apresentaram indicativo de TMC com sintomas de humor depressivo (20%, n=2), sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e pensamentos depressivos. Ninguém apresentou consumo nocivo/dependente em substâncias psicoativas.

e) Penitenciária Estadual de Alcaçuz

Considerado o maior presídio do Rio Grande do Norte, esta unidade prisional foi construída com o intuito de funcionar como penitenciaria de segurança máxima, mas, de acordo com o gestor da unidade, devido a problemas relacionados a gestão do governo do Estado não conseguiu por falta de estrutura e investimento que garantissem esse status. Desta unidade, 32 agentes penitenciários participaram desta pesquisa, sendo 90% (n=29) do sexo masculino, com 0 a 5 anos de trabalho (93%, n=30), 25 a 35 anos de idade (68,7%, n=22), casados (62%, n=20), com filhos (46,9%, n=15), católicos (50%, n=16), com renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (45,9%, n=15), ensino superior completo (50%, n=16), possuem outra ocupação (21,9%, n=7), dobraram de turno no último mês (59,4%, n=19), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (6,2%, n=2).

12,5% (n=4) dos agentes apresentarem indicativo de TMC, com sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e pensamentos depressivos, e ainda uso nocivo/dependente em tabaco (6,2%, n=2) e álcool (15,6%, n=5).

f) Complexo Penal Estadual de Pau dos Ferros

Para além da superlotação, nesta unidade é apontado que o maior dos problemas é estrutural. As celas situadas no corredor que interliga o pátio à unidade encontram-se em situação abaixo dos padrões desejáveis. Além disso, o lixo composto decorrente de restos de se acumula em frente às celas, o que é agravado pela falta de ventilação no local.

Participaram desta pesquisa 15 agentes penitenciários, 66,7% (n=10) do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (60%, n=9), 25 a 35 anos de idade (53,3%, n=8), relacionamento estável (66,7%, n=10), com filhos (80%, n=12), católicos (73,3%, n=11), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (86,7%, n=13), ensino superior completo (53,3%, n=8), possui outra ocupação (13,3%, n=2), dobraram de turno no último mês (66%, n=10), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (26,7%, n=4).

6,7% (n=1) dos agentes tem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos e decréscimo de energia vital, além de uso nocivo/dependente em álcool (13,3%, n=2).

g) Complexo Penal Agrícola Estadual Dr. Mário Negócio

Localizado na zona rural de Mossoró, esta unidade prisional é a única que possui o cumprimento de pena em regime semiaberto em conformidade com as determinações da Lei de Execução Penal (em que o apenado passa o dia trabalhando na colônia agrícola, recolhendo-se às celas no período noturno). No restante do Estado o cumprimento de pena em regime semiaberto se assemelha ao regime aberto, já que os detentos passam o dia fora do estabelecimento prisional, se recolhendo à unidade unicamente para pernoitar.

Desta unidade, 17 agentes penitenciários participaram desde estudo, sendo todos do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (48%, n=12), 35 a 45 anos de idade (56%, n=14), casado (60%, n=15), com filhos (76%, n=19), católicos (56%, n=14), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (36%, n=9), ensino superior completo (72%, n=18), possuem outra ocupação (40%, n=10), essa outra ocupação é na área de segurança (50%, n=5), dobraram de

turno no último mês (36%, n=9), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (12%, n=3) e grupo de igreja (12%, n=3).

36% (n=9) dos participantes apresentam de indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e pensamentos depressivos, assim como evidenciam uso nocivo/dependente em tabaco (16%, n=4) e álcool (16%, n=4).

h) Complexo Penal Dr. João Chaves

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça20 realizou uma avaliação desta unidade prisional e afirmou que pode ser considerada uma das piores do país, dentre as que sofreram inspeções do Judiciário. Foi evidenciada a falta área apropriada para o banho de sol, de esgotamento no presídio, não há condições de higiene, além da falta de atendimento médico. Todos os 17 agentes penitenciários da referida unidade que participaram deste estudo são do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (48%, n=9), 40 a 50 anos de idade (58,8%, n=10), casados (52,9%, n=9), com filhos (58,8%, n=10), católicos (70%, n=12), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (82,4%, n=14), ensino superior completo (42%, n=7),

20 Ver http://tj-rn.jusbrasil.com.br/noticias/100443386/inspecao-atesta-diversos-problemas-no-complexo-penal- joao-chaves.

possuem outra ocupação (29,4%, n=5), dobraram de turno no último mês (5,9%, n=1) e buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (11,8%, n=2).

17,6% (n=3) apresentam indicação de TMC, com sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos. Uso nocivo/dependente álcool (41,2%, n=7).

i) Cadeia Pública de Natal

Localizada no bairro de Potengi, a estrutura desta unidade se encontra tão precária quanto a das demais unidades prisionais, de forma que, mesmo dispondo de aparelhos de raio- X e detectores de metais, os instrumentos não estão sendo utilizados por estarem quebrados. Não bastassem os problemas estruturais, esta cadeia concentra grande número de presos com graves problemas de saúde e que não recebem qualquer assistência médica, entre eles portadores de HIV e sujeitos com feridas abertas e expostas.

Participaram desta pesquisa 20 agentes penitenciários, dos quais todos são do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (55%, n=11), 30 a 40 anos de idade (50%, n=10), com filhos (75%, n=17), católicos (40%, n=8), com renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (55%, n=11), ensino superior incompleto (45%, n=9), possuem outra ocupação (30%, n=6),

dobraram de turno no último mês (15%, n=3), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (15%, n=3).

15% (n=3) dos agentes participantes possuem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo (85%, n=17), sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos, assim como uso nocivo/dependente em álcool (25%, n=5) e inalante (5%, n=1).

j) Cadeia Pública de Nova Cruz

Esta unidade prisional foi criada para servir de modelo para todo o Estado. Inicialmente, a unidade tinha por finalidade custodiar apenas presos provisórios, mas, diante da atual situação do sistema penitenciário do Estado, passou a abrigar também apenados. Entretanto, a exemplo de outras cadeias do Estado, a falta de acompanhamento médico, odontológico, psicológico e assistencial são grandes problemas a serem enfrentados, além da falta de viaturas e de armamentos letais e não letais, o que torna arriscado o transporte de presos para audiências.

23 agentes penitenciários participaram deste estudo, sendo 95,7% (n=22) do sexo masculino, com 0 a 5 anos de trabalho (91,3%, n=21), 25 a 35 anos de idade (73,9%, n=17), casados (56,5%, n=13), com filhos (60,9%, n=14), católicos (69,6%, n=16), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (43,5%, n=10), ensino superior incompleto (43,5%, n=10), possuem

outra ocupação (13%, n=3), dobraram de turno no último mês (70%, n=16), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (13%, n=3).

21,7% (n=5) deles tem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo (34,8%, n=8), sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos e uso nocivo/dependente em tabaco (8,7%, n=2), álcool 13% (n=3).

k) Cadeia Pública de Mossoró

Esta cadeia fica situada na zona rural de Mossoró e está dividida em dois pavilhões, que abrigam tanto presos provisórios quanto condenados. A situação estrutural é semelhante às demais cadeias, podendo a falta de estrutura ser facilmente observada. A limpeza é inexistente e as celas estão superlotadas e com odor fétido, sem ventilação ou claridade. O contingente de agentes penitenciários e policiais militares é apontado como aquém do ideal, de forma que as fugas, brigas e rebeliões já fazem parte da rotina da cadeia.

29 agentes penitenciários responderam aos instrumentos desta pesquisa, sendo 86% (n=25) do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho 62,1% (n=18), 30 a 40 anos de idade (41,3%, n=12), casados (48,3%, n=14), com filhos (62,1, n=18), católicos (44,8%, n=13), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (77,3%, n=17), ensino superior completo (65,5%,

n=19), possuem outra ocupação (17,2%, n=5), dobraram de turno no último mês (13,8%, n=4), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (20,7%, n=6).

20,7% (n=6) dos agentes apresentam indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo (41,4%, n=12), sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos e uso nocivo/dependente em tabaco (3,4%, n=1), álcool (13,8%, n=4).

l) Cadeia Pública de Caraúbas

Localizada na zona rural de Caraúbas, há quase 300 km de distância de Natal, a unidade, que antes tinha capacidade para 96 presos, teve sua capacidade aumentada, por meio de decreto, para 152 presos. No momento de realização desta pesquisa abrigava aproximadamente 147 presos.

No entanto, foi apontado durante a aplicação dos instrumentos que o aumento da capacidade da cadeia não foi acompanhado de qualquer mudança na sua infraestrutura. Neste sentido, apesar de operar, aparentemente, abaixo da capacidade, em verdade existe uma superlotação nas celas, cujo ambiente, pelo odor fétido, pode ser considerado insalubre. Além disso, os presos que ali estão custodiados não se encontram separados entre provisórios e condenados e não há, ainda, separação quanto à idade e periculosidade.

22 agentes penitenciários da referida unidade participaram desta pesquisa. Desses, 81% (n=18) são do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (59.1%, n=13), 35 a 45 anos de idade (45,5%, n=10), casados (45,5%, n=14), com filhos (77,3%, n=18), católicos (90,9%, n=20), ensino médio completo (40,9%, n=9), possuem outra ocupação (18,2%, n=4), dobraram de turno no último mês (13,6%, n=3) e buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (13,6%, n=3).

22,7% (n=5) dos participantes apresentam indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos e uso nocivo/dependente em tabaco (13,6%, n=3) e em álcool (22,7%, n=5).

m) Penitenciária Federal de Mossoró

Uma das 5 penitenciárias de segurança máximo do Brasil, a penitenciária de Mossoró foi a última penitenciária federal construída no País e é a única do tipo na região Nordeste. Com o objetivo de abrigar os cidadãos que tenham infringido as leis e representem um risco para a manutenção da ordem e da segurança da sociedade, esta unidade prisional é dirigida Departamento Penitenciário Federal, subordinado ao Ministério da Justiça.

Participaram desta pesquisa 57 agentes penitenciários. Desses, todos são sexo masculino, com 0 a 5 anos de trabalho (71,9%, n=41), 30 a 40 anos de idade (70,8%, n=40),

casados (68,4%, n=39), com filhos (66%, n=38), sem religião (38,6%, n=22), com renda familiar acima de 10 salários mínimos (100%, n=57), ensino superior completo (91,2%, n=52), possui, outra ocupação (17,2%, n=5), dobraram de turno no último mês (54,4%, n=30), buscaram cuidado em saúde mental com psicólogo e/ou psiquiatra (12,3%, n=7) e grupo de igreja (14%, n=8).

21,1% (n=12) desses agentes apresentam de indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo (49,1%, n=28), sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos e uso nocivo/dependente em tabaco (10,5%, n=6) e álcool (24,6%, n=14).

n) Complexo Penal Feminino Dr. João Chaves

Localizada no bairro de Potengi, a referida unidade prisional tem capacidade para 60 presas, mas custodia 122 encarceradas, entre presas provisórias e condenadas. Na maioria das celas, as presas dividem a mesma cama, há redes espalhadas por todos os lugares, sendo comum que as recém-chegadas durmam sobre o chão frio e úmido. Frequentemente, as presas reclamam da escassez de água apropriada para o consumo, uma vez que quando falta água, elas são obrigadas a utilizar a da privada para tomar banho e escovar os dentes. Além disso, o complexo não dispõe de um médico, sendo o atendimento hospitalar feito por técnicos de enfermagem, o

que agrava a situação das presas portadoras do vírus do HIV, que necessitam de cuidados urgentes.

11 agentes penitenciários participantes desta pesquisa, todas do sexo feminino, com 0 a 5 anos de trabalho (100%, n=11), 30 a 40 anos de idade (72,8%, n=8), solteiras (54,4%, n=6), com filhos (45,5%, n=5), católicos (63,6%, n=7), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (45,5%, n=5), ensino superior completo (54,5%, n=6), possuem outra ocupação (18,2%, n=4), dobraram de turno no último mês (36,4%, n=4), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (9,1%, n=1).

Somente 9,1% (n=1) das agentes apresentam indicação de TMC, com sintomas somáticos (72,7%, n=8), decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos, sintomas de humor depressivo, além do uso nocivo/dependente álcool (9,1% (n=1).

o) Centro de Detenção Provisória21 de Pirangi

21 Como nos demais Centros de Detenção Provisória, existem 4 equipes de agentes penitenciários (cada equipe com 2 agentes) trabalhando na Unidade em regime de 24h de trabalho por 72h de descanso

Essa unidade é o centro de triagem22 dos presos da região metropolitana de Natal/RN. A estrutura dos CDP é ainda pior do que nas unidades acima relatadas. As celas são inapropriadas para manter os presos, existe superlotação, não há qualquer separação entre presos provisórios e presos condenados, faltam agentes penitenciários e a segurança é falha. Diante desta situação as fugas se transformaram em ocorrências corriqueiras nessas unidades prisionais.

15 agentes penitenciários da referida unidade participaram desta pesquisa, sendo 93,3% (n=14) do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (73,3%, n=11), 30 a 45 anos (73,3%, n=11), relacionamento estável (86,7%, n=13), com filhos (93,4%, n=14), católicos (53,3%, n=8), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (66,7%, n=10), ensino médio completo (46,7%, n=7), possuem outra ocupação (40%, n=6), essa outra ocupação é na área de segurança (50%, n=3), dobraram de turno no último mês (20%, n=3), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (33%, n=5).

26,7% (n=4) de tais agentes apresentam indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos e uso nocivo/dependente em tabaco (6,7%, n=1), álcool (46,7%, n=7), maconha (13,3%, n=2) e cocaína (20%, n=3).

p) Centro de Detenção Provisória da Ribeira

22 A Polícia Civil encaminha os presos para o CDP de Pirangi, de responsabilidade da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado, onde passam por uma triagem. De lá, eles são encaminhados para os outros Centros de Detenção Provisória da cidade.

Com capacidade para 60 presos do sexo masculino, sua população oscila em torno de 115 detentos entre sentenciados e provisórios, além dos que estão presos por natureza civil.

16 agentes penitenciários participaram desta pesquisa, dos quais 87,5% (n=14) são do sexo masculino, com 10 a 15 anos de trabalho (50%, n=8), 30 a 45 anos (43,8%, n=7), casados (68,8%, n=11), com filhos (75%, n=12), católicos (75%, n=12), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (62,5%, n=10), ensino superior completo (43,8%, n=7), possuem outra ocupação (6,2%, n=1), dobraram de turno no último mês (6,2%, n=1), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (25%, n=4).

25% (n=4) dos agentes possuem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos, além de uso nocivo/dependente em tabaco (12,5%, n=1), álcool (37,5%, n=6), maconha (6,2%, n=1).

q) Centro de Detenção Provisória da Zona Norte

Abrigando presos temporariamente, essa unidade prisional não possui estrutura para a permanência de presos por muito tempo. Segundo os participantes da presente pesquisa é uma unidade mal localizadas, sem muralhas, sem guaritas, e têm deficiência estrutural. Como resultado,

em setembro de 2016, 14 detentos serraram as grades de uma cela do setor de triagem e pularam o muro da unidade. Na fuga, um preso chegou a ser baleado e cinco foram recapturados, incluindo o ferido.

12 agentes penitenciários participaram deste estudo, dos quais 83,35% (n=10), com 10 a 15 anos de trabalho (50%, n=6), 30 a 45 anos (83,4%, n=10), relacionamento estável (66,7%, n=8), com filhos (91,7%, n=10), protestantes (58,3%, n=7), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (58,3%, n=7), ensino superior completo (41,7%, n=6), possuem outra ocupação (25%, n=3), dobraram de turno no último mês (33,3%, n=4), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (16,7%, n=2).

8,3% (n=1) dos participantes possuem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e uso nocivo/dependente em tabaco (25%, n=3), álcool (16,7%, n=2).

r) Centro de Detenção Provisória de Potengi

10 agentes penitenciários participaram desta pesquisa, sendo todos eles do sexo masculino, com 5 a 10 anos de trabalho (60%, n=6), 30 a 45 anos (60%, n=6), solteiros (60%, n=6), com filhos (60%, n=6), católicos (60%, n=6), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos

(60%, n=6), ensino superior completo (50%, n=5), possuem outra ocupação (40%, n=4), essa outra ocupação é na área de segurança (75%, n=3), dobraram de turno no último mês (30%, n=3), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (10%, n=1)

20% (n=2) dos participantes apresentam indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos, além de uso nocivo/dependente em tabaco (20%, n=2), álcool (60%, n=6), anfetamina (10%, n=1).

s) Centro de Detenção Provisória Zona Sul – Candelária

Também conhecida como delegacia de plantão, já chegou a acumular trinta homens e um adolescente, na única cela do local, projetada para quatro pessoas. A capacidade é de 60 presos. No entanto, atualmente 123 estão no local.

Participaram desta pesquisa 13 agentes penitenciários da referida unidade prisional. Desses, 84,6% (n=11) são do sexo masculino, com 5 a 10 anos de trabalho (61,5%, n=8),30 a 45 anos (77%, n=10), relacionamento estável (46,2%, n=6), com filhos (69,2%, n=9), sem religião (46,2%, n=6), renda familiar de 4 a 5 salários mínimos (46,2%, n=6), ensino superior incompleto (53,8%, n=7), possuem outra ocupação (23,3%, n=3), essa outra ocupação é na área

de segurança (66,7%, n=2), dobraram de turno no último mês (15,4%, n=2), buscaram cuidado em saúde com psicólogo e/ou psiquiatra (23,1%, n=3).

23,1% (n=3) dos agentes possuem indicação de TMC, com sintomas de humor depressivo, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, pensamentos depressivos, além de uso nocivo/dependente em tabaco (23,1%, n=3), álcool (46,2%, n=6), hipnóticos (15,4%, n=2).

Diante dos dados apresentados, é possível constatar que a incidência de Transtornos Mentais Comuns na amostra geral foi de 23,57% (tabela 4), percentual dentro da média encontrada em alguns estudos realizados no Brasil (entre 28,7% a 50%) (Lucchese, Souza, Bonfin, Vera & Santana, 2014) com outras categorias profissionais. A pesquisa de Fernandes et al. (2002) encontrou incidência de 30,7% de TMC nos agentes penitenciários investigados na região metropolitana de Salvador/BA, número maior do que entre policiais região metropolitana de Florianópolis/SC (23%), de professores da rede particular de ensino (20,1%), metalúrgicos (19%) e trabalhadores de processamentos de dados (19 a 24%) (Lima, Blank & Menegon, 2015; Rodrigues, Rodrigues, Oliveira, Laudano & Sobrinho, 2014).

Tabela 4.

Incidência de Transtornos Mentais Comuns por Unidade prisional

N %

Penitenciária Ponto de corte abaixo do ponto de corte 256 75%

acima do ponto de corte 81 24%

Total 337 100%

CDP Ponto de corte abaixo do ponto de corte 52 78%

acima do ponto de corte 14 21%

Total 66 100%

Total Ponto de corte abaixo do ponto de corte 308 76%

acima do ponto de corte 95 23%

Total 403 100%

Como pode-se observar na tabela 4, não há diferença significativa entre os percentuais de agentes que ultrapassaram o ponto de corte nas penitenciárias (24,04%) em comparação com

os agentes dos Centros de Detenção Provisória (21,21%). Os trabalhadores que apresentam indicativo de TMC trabalham, em sua maioria, na Unidade Psiquiátrica de Custódia e Tratamento (43,75%), na Penitenciária Estadual do Seridó (Caicó/RN) (46,51%) e na Penitenciária Federal de Mossoró (36%). O Centro de Detenção Provisória que apresentou maior índice de TMC é o da zona sul de Natal/RN, localizado no bairro de Pirangi (26,67%).

Dos agentes que estão acima do ponto de corte, ou seja, que tem indicativo de ter