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Perspectivas para Portugal

No documento JERÓNIMO MARTINS RELATÓRIO E CONTAS (páginas 80-82)

Contribuição para o crescimento do EBITDA (milhões de euros)

5.4. Perspectivas para Portugal

Comportamento da Economia

O processo de consolidação orçamental vai manter-se em 2014, através do PAEF, existindo ainda algumas dúvidas quanto às medidas finais que constarão no Orçamento de Estado para 2014, em resultado dos desafios à constitucionalidade de algumas normas inscritas no orçamento inicial.

A desalavancagem do sector privado, através do aumento dos impostos directos e indirectos vai manter-se, bem como as condições desfavoráveis do mercado de trabalho, prevendo-se, no entanto, um ligeiro crescimento do emprego de 0,5%.

As projecções do Boletim de Inverno do Banco de Portugal estimam um crescimento da economia portuguesa de 0,8% em 2014, após o recuo de 1,5% em 2013.

O crescimento da procura interna previsto para 2014 é de 0,1% (-2,7% em 2013), consequência também de uma redução da taxa de poupança das famílias portuguesas, e que tem subjacente um aumento do consumo privado de 0,3% (-2,0% em 2013), o qual deverá abranger a componente de bens não duradouros e duradouros, tendo estes últimos sofrido uma contracção muito significativa entre 2011 e 2012 (-36% em termos acumulados).

Em 2014, as exportações devem manter um crescimento estável (+5,5%) com uma ligeira redução do contributo dos serviços e uma redução mais acentuada do contributo de bens energéticos. Por outro lado, a componente de bens não energéticos deve aumentar em linha com a aceleração da procura externa destes bens.

Do lado das importações (+3,9%) é expectável um crescimento superior ao da procura global (+0,1%), suportado no crescimento de bens energéticos e material de transporte, após um aumento de 2,7% em 2013.

Após o adiamento nos últimos anos do investimento em capital produtivo (-20% entre 2011 e 2013), resultante das perspectivas de procura desfavoráveis e de elevada incerteza económica, é expectável uma evolução positiva do investimento em 2014 (+1%), facee a uma queda de 8,4% em 2013. Este aumento do investimento deve ser comum ao sector empresarial e residencial. Por outro lado, o investimento público deverá

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apresentar um crescimento bastante limitado, em linha com o processo de consolidação orçamental.

O rendimento disponível real da maioria das famílias deve manter-se em 2014, após a redução significativa verificada em 2013, reflexo do impacto das medidas de consolidação orçamental, destacando-se a incerteza que ainda se coloca sobre as medidas a aprovar para o Orçamento de Estado de 2014.

Para 2014, espera-se um quadro de moderação salarial em particular no sector público, mas também no sector privado, sendo, no entanto, possível que se verifiquem actualizações moderadas.

Num quadro de significativa recuperação dos níveis de confiança das famílias, é expectável uma moderada redução da taxa de poupança, na mesma medida da diminuição da preocupação das famílias com o seu orçamento familiar.

A capacidade de financiamento da economia portuguesa deve aumentar em 2014 e nos anos seguintes, sendo este um dos aspectos mais marcantes do processo de ajustamento dos últimos anos. Este aumento da capacidade de financiamento resulta, essencialmente, de um saldo favorável da balança corrente e de capital, como consequência do forte aumento das exportações e de alguns ganhos resultantes, essencialmente, da redução do preço do petróleo em euros.

A inflação deve atingir +0,8% em 2014 (+0,5% em 2013), como consequência do aumento ainda que moderado, da componente não energética (+1,4%), anulada parcialmente pela redução da componente energética, traduzindo a evolução do petróleo em euros.

O regresso de Portugal a um financiamento estável de mercado, no fim do programa de ajustamento, será um processo exigente, correspondendo não só ao estrito cumprimento dos compromissos assumidos pelo país, mas, principalmente, como condição indispensável à credibilidade do ajustamento económico a médio e longo prazo.

Durante o ano de 2014, as famílias com crédito bancário deverão continuar a beneficiar da taxa de juro Euribor em níveis mínimos, não sendo expectável qualquer alteração da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE).

Apesar da melhoria prevista na evolução do PIB português e da possível, mas ligeira, recuperação do emprego, a taxa de desemprego em Portugal manter-se-á em níveis muito elevados.

Mercado de Retalho Alimentar Moderno

Após um período de acentuada recessão (queda de cerca de 6% do PIB no período 2011- 2013), projecções recentes apontam para uma estabilização, ou mesmo ligeira recuperação, da economia portuguesa em 2014, bem como uma estabilização do rendimento disponível e do consumo privado, após um período de fortes decréscimos. Acredita-se que este será um período marcado ainda pelo processo de consolidação orçamental e por condições desfavoráveis no mercado de trabalho, pelo que a estas projecções acresce um factor de incerteza no que toca ao impacto nos consumidores portugueses.

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Por este motivo, acredita-se que as famílias portuguesas continuarão a manter alguns dos comportamentos verificados no passado recente, nomeadamente de compras altamente racionais, para além do grande foco no preço, promoções relevantes e valorização da Marca Própria com melhor relação preço/qualidade.

Do ponto de vista do Retalho Alimentar Moderno prevê-se, por isso, a manutenção de um ambiente competitivo, com o preço e proximidade a destacarem-se como factores críticos de sucesso na escolha do consumidor.

Mercado Grossista Alimentar

Para 2014 prevê-se a continuação do ambiente de austeridade para os consumidores portugueses, com a evidente transferência do consumo fora de casa para o consumo no lar.

Desta forma, ao nível da procura, é expectável que se continue a assistir a uma quebra do volume de negócios do canal HoReCa. A participação da selecção Portuguesa no mundial de futebol, poderá, no entanto, ser um motor de animação para o mercado da restauração.

No que respeita ao Retalho Tradicional, existe um conjunto de iniciativas e projectos de comércio integrado que irão, certamente, traduzir-se em efeitos positivos. O ambicioso plano de expansão das lojas Amanhecer terá também o seu contributo. Da mesma forma, irá assistir-se a uma renovação deste segmento, não só ao nível do parque de lojas, mas também no posicionamento que o Retalho Tradicional pretende ocupar no mercado, apresentando uma proposta de valor mais moderna, competitiva e melhor ajustada às necessidades do consumidor.

Considerando estas perspectivas, é expectável que, do lado da oferta, os operadores de Cash & Carry tenham mais um ano de elevada pressão concorrencial, lutando por manter a sua quota num mercado que continuará a diminuir.

No documento JERÓNIMO MARTINS RELATÓRIO E CONTAS (páginas 80-82)