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Pesquisa qualitativa: análise de conteúdo

Como a presente pesquisa não consiste em coleta de dados para comprovar teorias, hipóteses ou modelos preconcebidos, mas sim, para o desenvolvimento de conceitos, idéias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, segundo Reneker (1993), caracteriza-se a mesma como sendo de caráter qualitativo.

De uma forma geral, Dias (1999) coloca que os métodos qualitativos são menos estruturados, proporcionam um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e os entrevistados, e lidam com informações mais subjetivas, amplas e com maior riqueza de detalhes do que os métodos quantitativos.

O pesquisador tem papel fundamental no processo de análise de dados, sendo este a figura que faz as anotações, revisa os dados coletados - seja por meio de anotações, gravações, filmagens, etc. – atua intimamente no cerne da pesquisa e, neste trabalho, o mesmo deve atentar para o contexto da observação, pois este deve ser o foco de seu trabalho.

Bogdan e Bliken (1994) citam o pesquisador como instrumento mais relevante na investigação qualitativa, sendo o “ambiente natural” o local de onde surgem os dados de interesse e, ainda, o contexto é de importância fundamental, pois ele influencia o comportamento dos sujeitos, o que faz com que o investigador freqüente-o, com intuito de compreendê-lo em seus múltiplos aspectos.

Para Ludke e André (1986), o estudo qualitativo é rico em dados descritivos, possui flexibilidade, sendo mais relevante o processo do que o produto, ou seja, o pesquisador, ao estudar um problema, verifica como ele se manifesta nos procedimentos e nas interações. Esta afirmação apóia a

intenção desta pesquisa, no que diz respeito às estratégias adotadas pelos professores, sendo estas mais importantes do que o resultado final.

Outros autores que concordam com este fato são Bogdan e Bliken (1994), quando mencionam que “o processo é o foco da pesquisa qualitativa, muito mais do que resultados ou produtos”. Como não se trata de, simplesmente, verificar se uma mudança ocorreu, por exemplo, e em que percentual, mas de que forma, em que contexto, o processo serve mais à descrição do que os resultados em si (BOGDAN E BLIKEN, 1994). No caso desta pesquisa, semelhantes assertivas se aplicam integralmente: as análises baseiam-se nos conteúdos, os quais, por sua vez, são obtidos no processo representado pela oficina a qual os professores se submeteram, e suas produções, levantadas por instrumentos específicos, explicados mais adiante, receberam tratamento relativo à mudança de posturas e aprendizados realizados, e não no que se refere a índices ou notas.

Outro aspecto relevante na pesquisa qualitativa é o fato dela girar em torno das hipóteses, que são construídas após a observação e, ainda, o fato de não poder prever os resultados, já que estes dependem diretamente do desenrolar da análise. Nesse tipo de abordagem, a possibilidade de imersão do pesquisador no contexto e a perspectiva interpretativa de condução da pesquisa se apresentam como características marcantes (KAPLAN e DUCHON, 1988). De fato,

Não se trata de montar um quebra cabeças cuja forma final conhecemos de antemão, mas de construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes. (BOGDAN E BLIKEN, p. 50)

Portanto, a pesquisa qualitativa de dados oferece um método a partir do qual se pode obter certa compreensão de cenários, dados e contextos, permitindo ao pesquisador descobrir eventos que, para um sujeito externo, não seriam percebidos como, por exemplo, os diferentes enfoques que os participantes da pesquisa apresentam no decorrer das atividades, como asseveram Ludke e André (1986), considerando os diferentes pontos de vista dos participantes. Assim, a abordagem qualitativa permite “iluminar o dinamismo interno das situações”.

De acordo com Miles e Huberman (1984), a análise dos dados em pesquisas qualitativas consiste em três atividades iterativas e contínuas, que são a redução dos dados, a apresentação dos dados e o delineamento e verificação da conclusão.

Para os autores, a redução dos dados consiste em um processo contínuo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais provenientes das observações de campo. A apresentação desses incide sobre a organização dos mesmos, de forma a permitir que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir dos dados (textos narrativos, matrizes, gráficos, esquemas etc.). Já o delineamento e verificação da conclusão irão permitir a identificação de padrões, as possíveis explicações, configurações e fluxos de causa e efeito, seguida de verificação, retornando às anotações de campo e à literatura, ou ainda replicando o achado em outro conjunto de dados.

Como a proposta desta pesquisa visava o processo que envolvia os professores na resolução das atividades, bem como as interações entre eles e o pesquisador, todos os dados coletados foram analisados sob a luz da abordagem qualitativa que proporcionava uma visão clara das estratégias executadas pelos professores, assim como as observações relevantes continuamente realizadas pelo pesquisador.

Com esta finalidade, foram elaborados três instrumentos distintos, trabalhados como atividades da oficina com os professores:

• Um primeiro instrumento, em formato de questionário, foi dividido em duas categorias, sendo a primeira relativa ao perfil dos professores, e que foi objeto de análise descritiva. A segunda categoria relaciona-se ao de uso de TICs e foi objeto de análises mais amplas neste mesmo capítulo;

• Um segundo instrumento, no formato de lista com atividades sobre o tema matrizes e determinantes, e que teve caráter diagnóstico e formativo (OLIVEIRA, 2007), com a pretensão de posicionar o conhecimento dos docentes sobre matrizes e

determinantes, bem como fazer surgir debates e revisões entre os professores;

• Um terceiro instrumento, na modalidade de um projeto de aula, que consistiu na elaboração de uma estratégia pedagógica para abordagem do tema “matrizes e determinantes” utilizando as tecnologias.