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3 POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DA ASTRONOMIA

3.7 Planetários no Brasil

As sessões de planetários no Brasil3 tiveram início no ano de 1957, com a inauguração do Planetário Municipal do Ibirapuera, hoje Planetário Professor Aristóteles Orsini, ligado à Prefeitura de São Paulo. A previsão inicial era inaugurá-lo como parte das comemorações do IV centenário da cidade, em 1954, mas atrasos nas obras impediram que isso acontecesse. Impediram também que fosse o primeiro planetário sul-americano, pois em 1955 foi inaugurado o Planetario Municipal de Montevideo, Uruguai.

O segundo planetário implantado no Brasil foi o da Escola Naval do Rio de Janeiro, em 1961. Ligado ao Departamento de Geociências daquela escola, sua finalidade principal era o ensino de fundamentos de astronomia para os alunos e não era destinado ao público mais amplo, como foi o caso do pioneiro, em São Paulo.

Passaram-se quase dez anos até que surgisse um novo planetário no Brasil, mas no período entre 1970 e 1978 foram instalados sete. Quatro deles eram ligados às Universidades Federais de Goiás, de Santa Catarina, de Santa Maria e do Rio Grande do Sul, dois aos poderes executivos da cidade do Rio de Janeiro e do Distrito Federal e um ao Colégio Estadual do Paraná. Note-se que dos sete planetários, cinco estavam ligados a instituições de ensino e seis deles foram adquiridos com recursos do então Ministério da Educação e Cultura, por meio de um acordo comercial existente na época entre os governos do Brasil e da República Democrática Alemã. Esses fatos apontam para certo viés educacional na intenção da implantação desses planetários. Não que eles se mantivessem fechados ao público em geral, mas o direcionamento preferencial das atividades desses planetários era para o público escolar.

A partir da década de 1980, embora continuassem a ser instalados planetários ligados a instituições de ensino, começam a aparecer os integrados a estruturas de espaços culturais, como o da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, em 1982, e o do Museu Dinâmico de Ciências de Campinas, em 1987. Tem-se, então, uma guinada para a popularização da

3 Grande parte das informações contidas neste item foi obtida nos seguintes sítios da rede mundial de

computadores: <http://planetarios.org.br>, da Associação Brasileira de Planetários, e <http://www.uranometrianova.pro.br> .

Astronomia também para fora do ambiente escolar, mas os planetários ainda continuaram tendo uma forte tendência de relacionar-se com as escolas.

Praticamente em todos os planetários brasileiros existem sessões de projeção na cúpula destinadas exclusivamente ao público escolar, as quais devem ser previamente agendadas, em geral com antecedência considerável, dada à intensa procura. Essas sessões ocorrem preferencialmente entre as segundas e as sextas feiras, tanto no período matutino quanto no vespertino, sendo poucos os planetários que recebem visitas de escolas também no período noturno. As projeções destinadas ao público em geral concentram-se nos finais de semanas e feriados.

Até a data do término deste trabalho, existiam no Brasil 34 planetários fixos instalados em distintos ambientes. Desse total, dois não estavam operando no momento. Entre os planetários brasileiros, há os que estão alojados no interior de escola ou campus universitário, os que se localizam em parques públicos, funcionando de forma isolada, e os que fazem parte de um espaço cultural mais amplo, sendo um de seus componentes, ao lado de museus, teatros, bibliotecas, salas de exposições, entre outros. Há ainda uma quantidade difícil de determinar de planetários móveis, ou portáteis, adquiridos por escolas, clubes, associações de astronomia, entre outras instituições, e que não estão cadastrados na Associação Brasileira de Planetários.

Tabela 3 – Capacidade de público dos planetários brasileiros

Característica Capacidade Quantidade

Mini-planetário Até 50 lugares 7

Planetário de pequeno porte De 51 até 100 lugares 15 Planetário de médio porte De 101 até 180 lugares 8 Planetário de grande porte Acima de 180 lugares 4

Total 34

Fonte: Sítios da rede mundial de computadores: <http://planetarios.org.br> e <http://www.uranometrianova.pro.br>

Em termos de capacidade de público, os planetários brasileiros fixos podem ser considerados pequenos, pois, como pode ser observado na tabela 1, cerca de 2/3 deles não comportam mais do que 100 pessoas por sessão e apenas 4 acomodam mais de 180 pessoas.

Além da cúpula para projeção, muitos planetários brasileiros têm outras instalações integradas ao seu espaço físico, como bibliotecas, recintos para exposições, auditórios, salas

de aula, relógios de sol e telescópios. Isso permite que proporcionem ao público outras atividades de popularização da Astronomia além da sessão de cúpula, como palestras, oficinas, cursos e sessões de observação do céu a olho nu ou ao telescópio, entre outras.

Ao investir em outras atividades culturais, alguns planetários brasileiros têm proporcionado ao público eventos diversificados em suas instalações. Têm ocorrido lançamentos de livros, encenações de peças teatrais, apresentações de espetáculos musicais isolados ou acompanhados de projeção na cúpula.

A articulação de conhecimentos astronômicos com manifestações artísticas possibilita ao público estabelecer novas reflexões acerca do universo e transforma os planetários em algo maior do que um espaço de popularização da Astronomia. São espaços onde se vive cultura, em seu sentido mais amplo.