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Capítulo V Metodologia de Investigação

1. Plano de investigação

Uma vez que uma investigação não é apenas uma sucessão de métodos e técnicas, o nosso projeto foi orientado segundo uma metodologia de investigação-ação. Em contexto educativo o método de investigação-ação foca-se num problema real, com o objetivo de compreender o problema e, acima de tudo, de introduzir mudanças educativas, auxiliando-se de abordagens qualitativas e/ou quantitativas dos dados recolhidos. Neste contexto surgem inúmeras reflexões sistemáticas, pois na prática educativa podem surgir muitas incertezas aquando da sua implementação.

Neste tipo de investigação, o professor assume o papel de investigador dando especial importância à prática mas não descurando a reflexão, que pretende identificar problemas e planear estratégias para os mesmos.

Segundo Moreira, citada por Sanches (2005, p129)

A dinâmica cíclica de acção-reflexão, própria da investigação-acção, faz com que os resultados da reflexão sejam transformados em praxis e esta, por sua vez, dê origem a novos objectos de reflexão que integram, não apenas a informação recolhida, mas também o sistema apreciativo do professor em formação.” É neste vaivém contínuo entre ação e reflexão que reside o potencial da investigação-ação enquanto estratégia de formação reflexiva, pois o professor regula continuamente a sua ação, recolhendo e analisando informação que vai usar no processo de tomada de decisões e de intervenção pedagógica.

Podemos referir que esta metodologia procura obter resultados em duas vertentes. Por um lado, o investigador pretende obter esclarecimentos e conhecimento acerca do tema que investiga, por outro lado, esta investigação tem como objetivo primordial contribuir para uma melhoria significativa no contexto onde se desenvolve.

Segundo Kemmis (citado por Martins, 1996, p.162):

A investigação-acção é uma forma de pesquisa auto-reflexiva conduzida pelos práticos em situações sociais a fim de melhorar a inteligibilidade e o rigor das suas próprias práticas sociais e educativas, a sua compreensão dessas práticas e das situações em que se desenvolvem.

Considera-se a investigação-ação como uma metodologia dinâmica,

desenvolvendo-se em espiral e organizando-se por ciclos: planificar, atuar, observar e refletir, após esta reflexão volta-se a planificar a ação e inicia-se um novo ciclo. Destacamos a relação fundamental entre a prática e a reflexão no contexto educativo, de maneira a ser possível dar resposta às constantes questões que surgem durante a prática.

1.2. Participantes no estudo

Com o intuito de concretização do nosso estudo, foi selecionado um grupo de alunos que frequentava o 3.º ano de escolaridade na Escola Básica 2, 3 João Roiz de Castelo Branco. Sendo uma turma constituída por 29 alunos e, devido ao tipo de estudo e dados a analisar, selecionámos uma amostra de 9 alunos, sendo que 6 são do sexo feminino e 3 do sexo masculino. A maioria dos elementos da amostra foi escolhida em função da sua capacidade de redação escrita, uma vez que a maioria dos dados foram recolhidos com recurso ao preenchimento de guiões com questões escritas e também à redação de textos. Salientamos que dois alunos da amostra são gémeos (um elemento feminino e um elemento masculino), achámos interessante verificar a semelhança ou discrepância de reações destes alunos às mesmas situações, pois possuem a mesma origem sociocultural, económica e familiar. Um dos alunos integrou a nossa amostra por outro critério, pois trata-se de uma criança chinesa, oriunda, portanto, de um contexto sociocultural diferente do grupo em causa. Apesar de termos escolhido uma amostra mais restrita, toda a turma realizou as atividades de investigação.

1.3. Procedimentos de recolha e tratamento de dados

A fim de estudar e investigar o que nos propusemos no nosso estudo, foram selecionados três livros: Orelhas de borboleta, de Luisa Aguilar e ilustrações de André Neves, My two blankets, de Irena Kobald e ilustrado por Freya Blackwwod e Mon ami

Jim escrito e ilustrado por Kitty Crowther.

Para que se pudesse cumprir os objetivos que esta investigação-ação pressupunha foi necessário recolher dados rigorosamente. Para isso, foi também necessária a seleção de técnicas e instrumentos para tratar de forma adequada a informação recolhida.

Tal como definido para uma investigação-ação, foi nosso objetivo refletir antes, durante e após a nossa prática, com vista a conceber mudanças ou estratégias que nos permitissem melhorar a nossa prática. Desta forma, durante o nosso projeto, a ação educativa foi pensada e repensada a fim de aperfeiçoar e conceber mudanças, contribuindo para uma melhor compreensão e resolução de problemas. É de salientar que os interesses e as necessidades das crianças estiveram sempre presentes no momento de planificar a nossa prática.

Para realizarmos esta investigação utilizámos como métodos de recolha de dados, a observação participante com o auxílio de notas de campo, fotografias, gravações aúdio, debates e, ainda, as produções escritas pelas crianças (guiões do aluno, composições e registo gráfico das mesmas).

Máximo-Esteves (2008) refere que as notas de campo podem anotar-se não só no momento em que ocorrem mas também no momento após a ocorrência. Constituíram,

assim, importantes métodos de registo de análise do contexto, contendo informações relevantes para melhor planear as intervenções posteriores em sala de aula.

Convém referir que a observação participante esteve presente ao longo de todo o projeto. Boutin et al. (2005) salientam que o investigador é o instrumento principal na observação participante, o que possibilita a recolha de dados que não seriam possíveis de observar exteriormente ao contexto e permite, por isso, que o investigador possa integrar-se nas atividades dos participantes em estudo.

Os registos áudio foram uma mais-valia no momento dos debates, pois seria difícil registar todas as respostas e opiniões dos alunos através de notas de campo, permitindo-nos ainda uma melhor análise posterior das respostas dadas pelas crianças. Apesar do debate não ser uma técnica muito utilizada neste tipo de investigação, pensamos que permitiu enormes benefícios no que respeita à troca de ideias e opiniões, levando à reflexão coletiva de assuntos comuns.

1.4. Princípios éticos da recolha de dados

O investigador deve ter sempre em conta os princípios éticos. Em 2009 foi instituído nos Estados Unidos o The Belmont Report, pela The National Commission for the

Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research. Neste relatório foram definidos três princípios básicos da ética em investigações que envolvam seres humanos: o respeito pelo Outro – para que cada indivíduo seja tratado como um ser único e que tenha a sua identidade protegida; a beneficência – o bem-estar de qualquer pessoa deve ser garantido durante a investigação; e a justiça- tratando todos os indivíduos de forma igualitária.

Para garantir o cumprimento de todas as questões éticas, primeiramente foi realizado um pedido de colaboração à escola onde se concretizou o estágio e onde constavam todas as informações acerca do projeto( Anexo G), num segundo momento foram entregues aos pais ou encarregados de educação das crianças os pedidos de autorização de recolha de dados, quer orais, escritos, áudios e fotográficos e onde se encontravam explicitados quais os objetivos da recolha de dados, garantindo serem apenas para uso no projeto em questão (Anexo H).

2. Recolha de dados