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PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Prefácio

POLÍTICAS EDUCACIONAIS

5.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Na Constituição Federal Brasileira, de 1934, mais precisamente no artigo 150, estava estabelecida a criação de um plano nacional de educação, determinação essa que não foi cumprida na época. Esse tema não esteve presente em todas as constituições federais brasi- leiras. Na de 1937, foi omitido, voltando à tona somente após o perí- odo do Estado Novo, em 1946 e, reaparecendo, de fato, na Constitui- ção de 1967.

Em 1962, a partir da ldb de 1961 (Lei nº 4.024/61), foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação o primeiro Plano Nacional de Educa- ção, estabelecendo planos e metas para oito anos. Três anos após, já começaram a surgir metas descentralizadoras, destinando, também, aos Estados, a responsabilidade de criar seus planos estaduais.

O ano de 1988 foi extremamente importante para todos os se- tores brasileiros, com a promulgação da nova Constituição Federal Brasileira, em meio ao fervor da redemocratização, e com a luta so- cial pelo (re)ordenamento jurídico, para estabelecer bases fortes na construção de uma sociedade justa, livre e democrática. Essa deter- minação encontra-se lavrada no seu artigo 214.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de

duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacio- nal de educação em regime de colaboração e definir diretri- zes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas fede- rativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Consti- tucional nº 59, de 2009)

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públi- cos em educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

O artigo 214 da cf/88 traz em seu escopo o anseio da população brasileira por um plano nacional de educação com duração decenal que leve à erradicação do analfabetismo, à universalização do aten- dimento escolar (educação para todos), à melhoria da qualidade do ensino, à formação para o trabalho e à promoção humanística, cien-

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ações civis, elevou, ao nível constitucional, uma vontade e um obje- tivo do povo brasileiro.

Essa vontade e esse objetivo civis expressos na cf/88 são reafirma- dos no inciso I do art. 9º da ldb/96, o qual define como incumbência da União, a elaboração do Plano Nacional de Educação, em regime de co- laboração com os Estados, com o Distrito Federal e com os Municípios. No entanto, não podemos observar a educação brasileira de ma- neira isolada, isto é, apenas no que concerne às leis promulgadas em contexto nacional e, sim, considerar as interrelações entre essas e o que já foi proposto em documentos de âmbito mundial. Diversos acordos foram feitos por dirigentes de vários países , a fim de se pen- sar e de se estabelecer o aprimoramento da educação, vendo nela, uma proposta de melhoria da qualidade de vida da população mun- dial. Esses documentos e esses acordos mundiais, na maioria das ve- zes, são a força motriz para que sejam criadas novas deliberações no campo educacional de um país.

Uma decorrência prática desses acordos, por exemplo, foi a reali- zação da Conferência Mundial de Educação para Todos, coordenada pela unicef (United Nations Children’s Fund/Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância), que aconteceu em Jomtien, Tailândia, de 05 a 09 de março de 1990. Foram reunidos os países com maior número de analfabetos e com maiores déficits no atendimento da escolaridade obrigatória, com o intuito de elaborar planos decenais de educação para todos. Participaram desse evento diversas nações, em especial, um grupo formado pelos nove países considerados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento mais po- pulosos do mundo, a saber: Brasil, México, Índia, China, Bangladesh, Nigéria, Egito, Indonésia e Paquistão.

Como resultado desse encontro foi aprovada a Declaração Mun- dial sobre a Educação para Todos, a qual destaca a importância do Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendiza- gem. Você encontra esses dois documentos no site da UNICEF, no link que segue: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm.

Assim, como podemos observar, os acontecimentos educacionais brasileiros não decorrem de um repentino movimento de ações polí- ticas, mas se dão por um processo realizado através de grande empe- nho civil e governamental (nacional e internacional), a fim de se al- cançar uma educação digna, justa, democrática e para todos, como expressa o Plano Nacional de Educação.

educação de qualidade. É tarefa dos dirigentes (federais, estaduais e municipais) zelarem pela preservação dessa postura no caminho pela busca de qualidade educacional. A construção dos planos estaduais e dos planos municipais de educação constitui outra etapa desse proje- to maior pela educação, nos quais cada ente federado compromete-se com os objetivos e com as metas que correspondem ao conjunto geral, tendo em vista a particularidade das suas realidades contextuais, para que o país alcance o patamar educacional proposto no Plano Nacional no decorrer dos seus dez anos de sua vigência.

Com o propósito de elaborar um novo pne, em 2008, o Governo Federal promoveu diversas reuniões preparatórias à Conferência Na- cional de Educação-2010 (conae-2010), nas quais foram discutidos os objetivos e as metas a serem estabelecidos para a educação, rela- tivos ao período de 2011-2020.

aconae-2010 aconteceu no final do primeiro trimestre de 2010 em Brasília, com a participação de mais de dois mil delegados, re- presentando os diversos segmentos da sociedade que trabalham com ou na educação em todos os estados brasileiros. O objetivo da conae-2010 foi a definição das novas veredas educacionais a serem percorridas pelo pne a partir de 2011.

É importante enfatizar que em 2011, deveria ter entrado em vigor, uma nova lei, redefinindo os rumos do pne, tendo em vista que a Lei nº 10.172/2001 perdeu a sua validade em janeiro de 2011. Entretanto, entre janeiro de 2011 e junho de 2014, período equivalente a mais de 42 (quarenta e dois) meses, ficamos sem um marco balizador do pne. Finalmente, em 25 de junho de 2014, o Governo Federal sancionou a Lei nº 13.005, que aprovou o Plano Nacional de Educação – pne/2014, no qual estão estabelecidas 20 (vinte) metas para a educação a serem cumpridas em um período de dez anos. Entre as diretrizes gerais, des- tacamos: a) a erradicação do analfabetismo; b) a universalização do atendimento escolar; c) o aumento de vagas em creches, no Ensino Médio, no Ensino Profissionalizante e nas Universidades públicas; d) a universalização do atendimento escolar para crianças de 4 a 5 anos; e e) a oferta de ensino em tempo integral para, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. O pne/2014 determina que 10% do Produ- to Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) deve ser investido na educação – por exemplo, em 2014 foram in- vestidos no setor 5,3% do pib brasileiro. Em 2019, estima-se que o valor já alcance os 7%. A lei do pne/2014 encontra-se no seguinte site: http://

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Dia desses, lendo uma revista que não tratava simplesmente de questões referentes à educação, mas também que abordava temas gerais que interferem na sociedade, tais como política, cultura e eco- nomia, vieram-me à mente algumas reflexões no que diz respeito à educação na escola, especialmente a da escola pública.

A educação, acreditamos, deve ser inclusiva, não só no sentido de receber pessoas com necessidades especiais (surdos, cegos, deficien- tes mentais...), mas também e, sobretudo, em sentido mais amplo, isto é, no de acolher negros, pobres, índios e demais grupos margina- lizados. Assim, uma educação inclusiva vai ao encontro da formação da cidadania.

Não se imagina um sistema educacional que não eduque cida- dãos, que não prepare as pessoas para viverem em harmonia com seus semelhantes, dividindo suas aprendizagens e compartilhando seus conhecimentos. A escola, dessa forma, deve preparar seus alu- nos para essa espécie de simbiose, ou seja, para essa troca recípro- ca de conhecimentos, que é elemento presente na vida social e que, portanto, não deve ser desprezado na vida escolar.

Os projetos de pesquisa e de extensão que se desenvolvem den- tro das escolas públicas, já há algum tempo, estão objetivando al- cançar a meta de formar cidadãos. No entanto, para que isso acon- teça, a escola precisa parar de “despejar” conteúdos nos alunos, pois esse “despejar” proporciona a temida “decoreba” de assuntos, que só serão memorizados até o dia da prova. Segundo Freire (1997), a cha- mada educação bancária precisa acabar, porque ela faz com que a cabeça dos alunos funcione como uma caixa, na qual simplesmente são depositados os conteúdos.

A escola necessita estimular os seus alunos, para tanto, necessita prover instrumentos que os levem à reflexão para que consolidem novas atitudes. Também necessita dar espaço para um novo jeito de pensar e de agir deles, de modo que lhes permitam, efetivamente, fazer parte da sociedade. Parece muito simples e fácil praticar o que acabei de escrever, mas entendo que a construção da cidadania não é tão simples quanto parece. A propósito, foi pensando nessa com- plicada tarefa que comecei o meu pensamento. Os parágrafos se- guintes talvez “clareiem” mais a respeito das minhas “angústias e das minhas incertezas” quanto à formação para a cidadania.