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POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA “A”

GESTÃO DA EDUCAÇÃO

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA “A”

4.4 ENSINO FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental é o segundo patamar da Educação Básica e tem uma enorme importância para a democratização do acesso à educação. Considerando ser neste nível educacional que a criança iniciará o seu processo de ensino e aprendizagem, começando pela sua alfabetização, que lhe permitirá fazer a leitura do seu espaço so- cial e do mundo.

A oferta do Ensino Fundamental, antes de ser um dever do Estado, é um direito do ser humano, que não pode relegar, ou renunciar a seu acesso. O Poder Público, como autoridade constituída, tem o de- ver de impor a sua obrigatoriedade a todos, na forma da lei em vigor. A Lei n° 12.796, de 2014, altera o artigo 6º, da ldb/96, assim:“É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na Educação Básica, a partir dos quatro anos de idade, no ensino funda- mental” (brasil, 2005). A redação anterior determinava que a idade fosse a contar dos sete anos.

Encontramos na ldb/96 que o Ensino Fundamental tem como ob- jetivo principal “a formação do cidadão”, de modo que, para atingi-lo é necessário o estabelecimento de quatro objetivos específicos pres- critos no Art. 32 e nos seus incisos, a saber:

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9

(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Nova redação: Lei nº 11.274/06.)

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cál- culo;

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fun- damenta a sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, ten- do em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de soli- dariedade humana e de tolerância recíproca em que se assen- ta a vida social.

§ 1º. É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.

§ 2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de pro-

gressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.

§ 3º. O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utiliza- ção de suas línguas maternas e processos próprios de apren- dizagem.

§ 4º. O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.

§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoria- mente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos ado- lescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático ade- quado (brasil, 1996).

Portanto, o Ensino Fundamental deve ter uma duração mínima de nove anos, constituído de uma carga horária anual, de no míni- mo, oitocentas horas, alocadas em, no mínimo, duzentos dias letivos, não podendo ser considerado o tempo destinado aos exames finais, quando esses existirem.

Um dos avanços que pode ser destacado é a determinação de que a carga horária diária de trabalho efetivo em sala de aula seja de quatro horas. Outro avanço é a exposição da possibilidade de tempo integral para o Ensino Fundamental, que, acreditamos ser o ideal e o mais justo, quando se pensa na valorização da educação como ins- trumento propulsor do desenvolvimento nacional.

Visando a aplicabilidade da ldb/96, no seu aspecto de organização do Ensino Fundamental, se comparada com as legislações anterio- res, podemos afirmar que ocorreram avanços significativos, uma vez que ela possibilita diversas formatações, no sentido de estimular a criação de condições favoráveis ao processo de ensino-aprendizagem. Os avanços podem ser observados nas determinações expressas nas Resoluções aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, com des- taque para as elaboradas e pela Câmara de Educação Básica, que de- finem as atribuições de cada nível ou modalidade da Educação Básica. A Língua Portuguesa é disciplina obrigatória no Ensino Funda- mental, entretanto garante às comunidades indígenas a utilização das suas línguas maternas, bem como assegura àquelas os seus pro- cessos próprios e/ou singulares de aprendizagens.

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA “A”

Foi sancionada pelo Governo Federal, em 05 de agosto de 2005, a Lei nº 11.161, que dispõe sobre o ensino de Língua Espanhola, sendo facultativo a sua inclusão como componente curricular a partir da 5ª série do Ensino Fundamental. O que de certo modo vem colaborar com a determinação expressa no §5º do Art. 26 da ldb/96.

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem

ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. [...]

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obriga- toriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da institui- ção (brasil, 1996).

A Lei nº 11.769/08 torna a Música um componente obrigatório através da nova redação do Art. 26, como podemos observar na ci- tação abaixo:

§ 6º. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclu- sivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. .

A ldb/96 também estabelece na Educação Básica, em especial no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, a obrigatoriedade dos estu- dos da história e da cultura afro-brasileira e indígena, conforme deter- minação encontrada no seu Art. 26-A, o qual transcrevemos a seguir:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de

ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estu- do da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo inclui- rá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africa- nos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito

de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras (Inclusão do Art. 26–A, pela Lei nº 10.639/03, modificada a redação pela Lei nº 11.645/08.) (brasil, 1996.)

No artigo 34, a ldb/96 apresenta pressupostos-chave para orien- tar os sistemas educacionais sobre o Ensino Fundamental quanto à determinação do tempo mínimo de permanência de quatro horas do educando na escola, realizando atividades educativas (alicerçadas em disciplinas obrigatórias). Além de estabelecer essa jornada escolar de quatro horas, o artigo da ldb/96 mencionado engendra a ampliação processual desse tempo mínimo para um tempo integral, o que, cre- mos, seria um enorme avanço objetivando uma educação de qualidade

.

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá

pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (brasil, 1996).

Com a finalidade de atualização das diretrizes referente ao En- sino Fundamental, a Câmara de Educação Básica do Conselho Na- cional de Educação aprovou e o Ministro de Educação homologou a Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de 9 (nove) anos. Essas diretrizes podem ser encontradas no seguinte link: http://portal.mec.gov.br/index.php?op- tion=com_content&view=article&id=14906&Itemid=866.

Essa resolução define quais são os fundamentos, os princípios, o currículo, a base nacional comum (e a complementaridade da parte diversificada), o projeto pedagógico, a gestão democrática, o direito à educação, a relevância dos conteúdos, a integração, a articulação e continuidade da trajetória escolar, a avaliação, a escola de tempo integral, as modalidades educativas e outras orientações referentes a esse nível educacional.

Essas diretrizes têm a finalidade principal de orientar as práticas educativas em todo o território nacional, baseadas na determinação da ldb/96 no seu Art. 26 (base nacional comum + uma parte diversificada).

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA “A”

A parte diversificada é composta pelos conteúdos complementa- res, mas integrados à Base Nacional Comum, que serão selecionados pelas escolas e pelo respectivo sistema de ensino. Tal seleção de con- teúdos deverá considerar os aspectos regionais e locais da sociedade, do setor econômico, da cultura, da política e da clientela. A Proposta Pedagógica da Escola deverá refletir esse entendimento de constru- ção curricular.

É oportuno destacar que o pne/2014 estabelece 2 (duas) metas que se inter-relacionam à base curricular comum e à parte diversifi- cada, a saber: