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2. A Educação para a Sexualidade

2.1 A Educação para a Sexualidade ao longo dos tempos

2.1.2 A Educação para a Sexualidade em Portugal e o seu enquadramento legal

2.1.2.1 Ponto da Situação Actualmente

Esta vontade política referida por Frade et al (2003) é expressa pelo Ministério da Educação, ao estabelecer protocolos com algumas organizações portuguesas que se encontram vocacionadas para a problemática da educação sexual. Estabelece, inicialmente, protocolo com a Associação para o Planeamento da Família (APF) em Outubro de 2000 e, posteriormente, com a Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA” e o Movimento de Defesa da Vida (MDV) em Dezembro de 2003.

Estas três organizações foram contactadas, no sentido de nos serem facultados dados resultantes das acções realizadas nas escolas, ao abrigo dos respectivos protocolos.

A Associação para o Planeamento da Família teve a gentileza de nos remeter o documento “Elementos de Avaliação do Trabalho Desenvolvido pela APF nas Escolas, no Contexto do Protocolo entre a APF e o ME”. Desse documento recolhemos algumas informações.

Assim, podemos ver, através da tabela nº2, o total de acções realizadas (2.096) pela Associação para o Planeamento da Família ao longo do período referente ao protocolo, abrangendo 44.968 pessoas. Os gastos financeiros foram de 624.300€.

Tipo de acção Nº acções realizadas Nº de escolas ou agrupamentos abrangidos Nº pessoas abrangidas Acções de sensibilização para professores 489 508 10 860 Acções de sensibilização para pais e EE 197 244 5 656

Consultoria técnica e apoios

a escolas 528 528 -

Acções para profissionais

não docentes 132 131 2 309

Acções realizadas para

jovens 550 397 23 829

Reuniões c/ centros

formação 70 70 -

Comunicações em

congressos e outras 102 - -

Acções com a CCPES 10 340

Encontro de reflexão e

intercâmbio 18 - 1 992

Total 2 096 1 878 44 986

Tabela nº 2 – Acções realizadas no âmbito do Protocolo entre a APF e o ME (1 de Outubro de 2000 a 31 de

Março de 2005 – Fonte: “Elementos de Avaliação do Trabalho Desenvolvido pela APF nas Escolas, no

Contexto do Protocolo entre a APF e o ME”

As acções realizaram-se sobretudo em escolas dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e em escolas do ensino secundário. Na região do Alentejo as acções abrangeram, sobretudo, agrupamentos de escolas.

As regiões do Algarve e do Alentejo foram as mais cobertas chegando a índices de 100% em alguns níveis de ensino na região do Algarve e tendo sido cobertos quase todos os agrupamentos de escolas na região do Alentejo.

Nas restantes regiões, a cobertura rondou os 50% das escolas EB 2,3 e Secundárias.

O documento refere, ainda, que os níveis de cobertura alcançados foram bastante satisfatórios, tendo em conta os universos a cobrir e os recursos que foram disponibilizados pelo protocolo.

Esta associação em Setembro de 2002 foi acreditada como Centro de Formação de Professores o que permitiu promover directamente acções de formação de

professores co-financiadas pelo PRODEP. No decorrer dos anos 2003, 2004 e 2005 foram realizadas cerca de 40 acções para professores sob a forma de cursos e oficinas de formação.

Das outras duas organizações contactadas não obtivemos qualquer resposta. Contudo, pesquisas efectuadas permitiram saber que o Movimento de Defesa da Vida esteve envolvido no apoio a projectos em 310 escolas. Esse apoio foi particularmente dirigido a acções de sensibilização/informação, a materiais e dinamização de sessões. A intervenção foi solicitada sobretudo para actividades a desenvolver junto de alunos (74%), professores (70%) mas também junto de pais e encarregados de educação (66%), auxiliares de acção educativa (59%) e da equipa que dinamizava o projecto (46%) (DGIDC, 2005).

Nestes últimos anos a educação sexual foi tema de conversa e debate público em todas as instâncias, desde a Assembleia da República, Comunicação Social, as mais diversas organizações, passando pelos partidos políticos até às confederações de Pais e Encarregados de Educação. Correram abaixo-assinados, petições, produziram-se páginas e páginas de opinião e, até mesmo no mundo internauta este tema foi motivo para a criação de vários blogs e fóruns, muitos deles com participações record. Referimo- nos, concretamente, ao fórum com o título “É esta a Educação Sexual que queremos???”

aberto no dia 14 de Maio de 2005 e disponível em

http://www.paroquias.org/forum/read.php?1,15636. Desde Maio de 2005 até Janeiro de 2006, teve a participação de 393 opiniões e foi visitado por 4495 pessoas. Este é apenas um exemplo da acalorada discussão que a Educação para a Sexualidade está a ter, neste momento, no nosso país.

Neste contexto, de referir ainda os dois pareceres trazidos a público recentemente. O primeiro parecer sobre “Educação Sexual nas Escolas”, do Conselho Nacional de Educação e aprovado em Sessão Plenária de 27 de Outubro de 2005. O segundo documento é o “Relatório Preliminar”, de 31 de Outubro de 2005, elaborado por um grupo de trabalho de educação sexual coordenado pelo Prof. Doutor Daniel Sampaio. Este grupo de trabalho foi criado por despacho do Ministério da Educação (Despacho nº 19.737/2005 de 15 de Junho de 2005). Debruçar-nos-emos com mais detalhe sobre estes documentos mais à frente no ponto 2.4.

Continuamos a assistir a um desenrolar de novas iniciativas por parte do poder político relativamente à educação sexual nas escolas. A mais recente prende-se com o protocolo estabelecido entre os Ministérios da Educação e da Saúde, celebrado a 7 de Fevereiro de 2006, com o objectivo de serem desenvolvidas actividades de promoção da educação para a saúde em meio escolar. A cláusula segunda deste protocolo nos pontos h) e i) refere o seguinte:

- “Criação, nas Escolas Secundárias, de um gabinete de Apoio aos alunos no âmbito da educação sexual. Implementação, nos estabelecimentos do ensino básico e secundário, de um programa de educação sexual.

- Este programa será desenvolvido numa perspectiva interdisciplinar e nas áreas disciplinares não curriculares. Será adequado aos diferentes níveis etários e utilizará um modelo pedagógico compreensivo, envolvendo a comunidade educativa e dinamizado em colaboração estreita com os serviços de saúde, associações de pais e encarregados de educação, associações de estudantes e outras entidades externas devidamente credenciadas. “

Neste sentido, o Ministério da Educação através da Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, lançou recentemente um edital solicitando aos Agrupamentos/Escolas que pretendessem ser apoiados na concretização dos Programas/Projectos sobre Educação para a Saúde, elaborassem um plano de trabalho concreto com um professor coordenador e em articulação com as famílias, os Centros de Saúde e, se possível, com as escolas da Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde (RNEPS).