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CAPÍTULO 3 A RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL DAS PESSOAS COLETIVAS

3.3 PORTUGAL

A crescente importância política concedida ao meio ambiente por todo o mundo influenciou, principalmente os países ocidentais, a um tratamento jurídico e legislativo mais rigoroso quanto às questões ambientais. Portugal é considerado um país com um ordenamento jurídico avançado no que pese à proteção ambiental. Com efeito, a Constituição da República Portuguesa de 1976 é considerada “pioneira na consagração de um direito ao ambiente”304.

A proteção constitucional ambiental está prevista no artigo 66.º da Constituição da República Portuguesa305. Analisando que a Carta Magna portuguesa foi promulgada em 1976, observa-se que as regras de proteção do meio ambiente retratam um avanço considerável para época. Entretanto, o constituinte português não trouxe a previsão da responsabilidade penal da pessoa jurídica por danos ao meio ambiente como ocorre no Brasil.

Ressalta-se que apesar de não existir expressamente a responsabilidade penal da pessoa jurídica na Carta Política portuguesa, o artigo 12.º que versa sobre o princípio da

303ACETI JUNIOR, Luiz Carlos; VASCONCELOS, Eliane Cristine Avilla; CATANHO, Guilherme. Crimes

ambientais – A responsabilidade penal das pessoas jurídicas. São Paulo: Imperium Editora e Distribuidora,

2007. p. 63.

304DUARTE, Madalena. Movimentos na justiça: o direito e o movimento ambientalista em Portugal. Coimbra: Almedina, 2011. p. 185.

305 PORTUGAL. Constituição da República Portuguesa de 1976. In: GOUVEIA, Jorge Bacelar. As

constituições dos estados de língua portuguesa. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2006. p. 53: “Artigo 66.º (Ambiente e qualidade de vida). 1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e equilibrado e o dever de o defender. 2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e participação dos cidadãos: a) Prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de erosão; b) Ordenar e promover o ordenamento do território, tendo em vista uma correcta localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento sócio- económico e a valorização da paisagem; c) Criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio, bem como classificar e proteger paisagens e sítios, de modo a garantir a conservação da natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico ou artístico; d) Promover o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica, com respeito pelo princípio da solidariedade entre gerações; e) Promover, em colaboração com as autarquias locais, a qualidade ambiental das povoações e da vida urbana, designadamente no plano arquitectónico e da protecção das zonas históricas; f) Promover a integração de objectivos ambientais nas várias políticas de âmbito sectorial; g) Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente; h) Assegurar que a política fiscal compatibilize

universalidade especifica que “as pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua natureza”306.

Em Portugal, a doutrina tradicional admite a responsabilização da pessoa jurídica, desde que, primeiramente, se considere a pessoa física. As sanções somente poderão ser aplicadas aos entes jurídicos se estiverem previstas em lei. A tendência da jurisprudência portuguesa é a aplicação da responsabilização da pessoa jurídica, ressalvando a necessidade de prévia cominação legal307.

O Decreto-lei 630, de 28 de julho de 1976 estabeleceu novas incriminações para a prática de determinados atos ou operações cambiais, o que significou um avanço para consagração da responsabilidade criminal das pessoas coletivas em Direito Penal Econômico. Outro avanço foi o Decreto-lei 187, de 13 de maio de 1983 que em seu art. 21 trouxe a previsão de aplicação de multa às pessoas coletivas e às associações sem personalidade jurídica quando os crimes de contrabando e descaminho tenham sido praticados pelos respectivos órgãos no exercício das suas funções308.

Os decretos mencionados retratam que o legislador observou a importância da responsabilidade penal da pessoa coletiva, pois as infrações aduaneiras mais graves são praticadas frequentemente pelos entes coletivos ou por um grupo de indivíduos309.

O Decreto-lei 28/84, de 20 de janeiro foi, segundo Sérgio Salomão Shecaira, “o passo decisivo dado em matéria de responsabilidade criminal das pessoas coletivas”310. Nesse diploma, está previsto, expressamente, a responsabilidade penal da pessoa coletiva e sociedade, em acatamento às recomendações de instâncias internacionais, como o Conselho da Europa311.

O princípio da responsabilidade penal da pessoa jurídica foi consagrado em Portugal com prudência, pois é sempre exigido conexão entre a ação ou omissão do agente, pessoa

306GOUVEIA, Jorge Bacelar. As constituições dos estados de língua portuguesa. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2006. p. 38.

307LEVORATO, Danielle Mastelari. Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 54.

308SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 37.

309ROCHA, Manuel Antonio Lopes. A responsabilidade penal das pessoas colectivas: novas perspectivas. Direito penal ecónmico. Coimbra: Centro de Estudos Judiciários, 1985. p. 155.

310

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 37.

311BANDEIRA, Gonçalo Nicolau Cerqueira Sopas de Melo. “Responsabilidade” penal económica e fiscal dos

entes colectivos à volta das sociedades comerciais e sociedades civis sob a forma comercial. Coimbra:

física, e o ente coletivo312. A pessoa natural deve atuar representando a pessoa coletiva e no interesse dela. Assim, quando a pessoa natural tiver atuado contra ordens expressas da pessoa coletiva, a responsabilidade da empresa será excluída313.

Para que se configure a responsabilidade penal da pessoa jurídica, são necessários três requisitos cumulativos: a pessoa jurídica através de seu representante tem que praticar uma infração prevista no DL 28/84, de 20 de janeiro; o órgão ou representante deve atuar no interesse da pessoa coletiva e o agente não pode atuar contra ordens ou instruções expressas do representante da pessoa jurídica314.

Interessante ressaltar que a responsabilidade penal da pessoa jurídica é prevista no Brasil nos casos de crimes ambientais que estão previstos na Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, ou seja, no ordenamento jurídico brasileiro há uma lei específica para sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Em Portugal, o DL 28/84, de 20 de janeiro, está relacionado aos ministérios da Justiça, da Saúde, da Agricultura, Florestas e Alimentação, do Comércio e Turismo e da Qualidade de vida. Diversos ministérios mencionados estão relacionados à matéria ambiental, mas não possuem a denominação expressa de meio ambiente, restando indagação se no ordenamento jurídico português há a responsabilização penal da pessoa jurídica por danos ao meio ambiente.

Comparando o art. 29 da Lei brasileira 9.605, de 12 de fevereiro de 1988315, que trata dos crimes contra a fauna, principalmente o inciso III, e o art. 22.º do DL 28/84, de 20 de

312LEVORATO, Danielle Mastelari. Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 54 e 55.

313BANDEIRA, Gonçalo Nicolau Cerqueira Sopas de Melo. “Responsabilidade” penal económica e fiscal dos

entes colectivos à volta das sociedades comerciais e sociedades civis sob a forma comercial. Coimbra:

Almedina, 2004. p. 191.

314BANDEIRA, Gonçalo Nicolau Cerqueira Sopas de Melo. “Responsabilidade” penal económica e fiscal dos

entes colectivos à volta das sociedades comerciais e sociedades civis sob a forma comercial. Coimbra:

Almedina, 2004. p. 191.

315BRASIL. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. GRECO, Rogério (coordenação). Vade mecum Penal e

Processual Penal. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2011. p. 781: “Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar

espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena- detenção de seis meses a um ano, e multa. §1º Incorre nas mesmas penas: I- quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II- quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III- quem vende, expõe a venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, lavras ou

espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”.

janeiro316, do ordenamento jurídico português que trata dos crimes contra a saúde pública, especificamente o crime de abate clandestino, encontra-se semelhanças nos dispositivos, por se tratarem de abate em animal.

Dessa forma, cabe lembrar que um dos requisitos para a responsabilização penal da pessoa jurídica, em Portugal, é a prática de uma infração prevista no DL 28/84, de 20 de janeiro. Dos crimes relacionados na lei, destaca-se o mencionado crime de abate clandestino. Se for considerado que o tipo trata de matéria ambiental, temos a responsabilidade penal da pessoa jurídica por danos ao meio ambiente no referido Decreto-lei. Se for analisado que o crime de abate clandestino está relacionado unicamente às infrações contra a saúde, não há a previsão da responsabilidade penal da pessoa jurídica por danos ao meio ambiente no referido Decreto-lei.

Esse mesmo raciocínio é aplicado ao crime contra a qualidade ou composição de alimentos destinados a animais previsto no art. 25.º do DL 28/84, de 20 de janeiro317 que apesar de estar inserido na Subseção II, denominada de “crimes contra a economia”, protege direta ou indiretamente os animais.

No DL 28/84, o legislador optou pela consagração de três penas principais, em seu art. 7.º que são: admoestação, multa e dissolução, além de onze penas acessórias no art. 8.º: perda de bens, caução de boa conduta, injunção judiciária, interdição temporária do exercício de certas atividades ou profissões, privação temporária do direito de participar de arrematações ou concursos públicos de fornecimentos, privação do direito a subsídios ou subvenções outorgados por entidades ou serviços públicos, privação do direito de participar em feiras ou mercados, privação do direito de abastecimento através de órgãos da Administração Pública

316PORTUGAL. Decreto-lei n. 28/84, de 20 de janeiro: “Art. 29.º (Abate clandestino). 1. Quem abater animais para consumo público: a) sem a competente inspecção sanitária; ou b) fora de matadouros licenciados ou recintos a esse efeito destinados pelas autoridades competentes; ou c) de espécies não habitualmente usadas para alimentação humanas; será punido com prisão até 3 anos e multa não inferior a 100 dias. 2. Com a mesma pena será punido quem adquirir, para consumo público, carne dos animais abatidos nos termos do número anterior ou produtos com ela fabricados. 3. Havendo negligência, a pena será de prisão até 1 ano e multa não inferior a 50 dias. 4. A condenação pelos crimes previstos neste artigo implica sempre a perda dos animais abatidos ou dos respectivos produtos. 5. A sentença será publicada”.

317PORTUGAL. Decreto-lei n. 28/84, de 20 de janeiro: “Art. 25.º (Contra a genuidade, qualidade ou

composição de alimentos destinados a animais). 1. Quem produzir, preparar, confeccionar, fabricar, transportar, armazenar, detiver em depósito, vender, tiver em existência ou em exposição para venda, importar, exportar ou transaccionar por qualquer forma alimentos, aditivos e pré-misturas destinados a animais não considerados suscetíveis de criar perigo para a vida ou para a saúde e integridade física dos referidos animais será punido: a) tratando-se de alimentos, aditivos ou pré-misturas falsificados, com prisão até 1 ano e multa não inferior a 100 dias; b) tratando-se de alimentos, aditivos ou pré-misturas corruptos ou avariados, com prisão até 6 meses e multa não inferior a 50 dias. 2. Havendo negligência, as penas referidas no número anterior serão,

respectivamente, de prisão até 6 meses e multa não inferior a 50 dias e de prisão até 3 meses e multa não inferior a 30 dias”.

ou de entidades do setor público, encerramento temporário do estabelecimento, encerramento definitivo do estabelecimento e publicidade da decisão condenatória318.

Em Portugal, a jurisprudência está em consonância com a mudança legislativa, admitindo a responsabilidade penal dos entes coletivos desde que exista prévia cominação legal319.

Sobre a aplicação de penas aos entes coletivos, quando ocorrem violações as infrações que versam sobre o meio ambiente, é o entendimento de Willian Terra de Oliveira:

Na verdade, desde o principio da década de 80, o sistema português utiliza uma estrutura baseada na experiência do Direito Administrativo sancionador alemão, fixando verdadeiras penas aos entes coletivos. Exemplos são as disposições penais relativas ao meio ambiente, à saúde pública, à economia e ao direito bancário320. Um exemplo de regras administrativas com caráter sancionador é a Lei 50/2006, de 29 de agosto, que trata das contra-ordenações ambientais. No art. 1.º, há a definição de conta- ordenação ambiental: “todo facto ilícito e censurável que preencha um tipo legal correspondente à violação de disposições legais e regulamentares relativas ao ambiente que consagrem direitos ou imponham deveres, para o qual se comine uma coima”321.

No art. 8.º, da referida lei, há a previsão de responsabilidade das pessoas coletivas por fatos ilícitos que violam as disposições legais e regulamentares relativas ao ambiente322. Aos entes coletivos será aplicada multa.

318SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 38.

319SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 38.

320OLIVEIRA, Willian Terra de. Responsabilidade penal da pessoa jurídica e sistemas de imputação. In: GOMES, Luiz Flávio (coordenação). Responsabilidade penal da pessoa jurídica e medidas provisórias e

direito penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999. p. 165.

321PORTUGAL. Lei n. 50/2006, de 29 de agosto. Diário da República, 1.ª série, N.º 166 de 29 de agosto de 2006. Disponível em: http://dre.pt/ . Acesso em 21 de dezembro de 2012.

322 PORTUGAL. Lei n. 50/2006, de 29 de agosto. Diário da República, 1.ª série, N.º 166 de 29 de agosto de 2006. Disponível em: http://dre.pt/ . Acesso em 21 de dezembro de 2012: “Artigo 8.º (Responsabilidade pelas contra-ordenações). 1. As coimas podem ser aplicadas às pessoas colectivas, independentemente da regularidade da sua constituição, bem como às sociedades e associações sem personalidade jurídica. 2. As pessoas colectivas ou equiparadas, nos termos do número anterior, são responsáveis pelas contra-ordenações praticadas, em seu nome ou por sua conta, pelos titulares dos seus órgãos sociais, mandatários, representantes ou trabalhadores no exercício das suas funções. 3. Os titulares do órgão de administração das pessoas colectivas e entidades equiparadas, bem como os responsáveis pela direcção ou fiscalização de áreas de actividade em que seja praticada alguma contra-ordenação, incorrem na sanção prevista para o autor, especialmente atenuada, quando, conhecendo ou devendo conhecer a prática da infracção não adoptem as medidas adequadas para lhe pôr termo imediatamente, a não ser que a sanção mais grave lhes caiba por força de outra disposição legal. 4. Cessa o dispositivo no número anterior se a pessoa colectiva provar que cumpriu todos os deveres de que era destinatária, não logrando, apesar disso, impedir a prática da infracção por parte dos seus trabalhadores ou mandatários sem poderes de representação”.

Em Portugal, no art. 46.º da Lei 11/87, de 7 de abril, Lei de Bases do Ambiente está previsto que em matéria ambiental “além dos crimes previstos e punidos no código Penal, serão ainda considerados crimes as infracções que a legislação complementar vier a qualificar”323.

Dessa forma, há a previsão de crimes ambientais no Código Penal português. No art. 278.º, é mencionado o crime de “Danos contra a natureza”324. O art. 279.º trata do crime de “Poluição”325. O art. 280.º especifica o crime de “Poluição com perigo comum”326. Por fim, o art. 281.º especifica o crime de “Perigo relativo a animais ou vegetais”327.

323PORTUGAL. Lei n. 11/87, de 7 de abril. Diário da República, 1.ª série, N.º 81 de 7 de abril de 1987. Disponível em: http://dre.pt/ . Acesso em 21 de dezembro de 2012.

324 PORTUGAL. Código Penal. Disponível em

<http://www.hsph.harvard.edu/population/domesticviolence/portugal.penal.95.pdf> . Acesso em 28 de dezembro de 2012: “Artigo 278.º (Danos contra a natureza). 1. Quem, não observando disposições legais ou

regulamentares, eliminar exemplares de fauna ou flora ou destruir habita natural ou esgotar recursos do subsolo, de forma grave, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 600 dias. 2. Para os efeitos do número anterior o agente actua de forma grave quando: a) Fizer desaparecer ou contribuir decisivamente para fazer desaparecer uma ou mais espécies animais ou vegetais de certa região; b) Da destruição resultarem perdas importantes nas populações de espécies de fauna ou flora selvagens legalmente protegidas; c) Esgotar ou impedir a renovação de um recurso do subsolo em toda uma área regional. 3. Se a conduta referida no nº 1 for praticada por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa”.

325 PORTUGAL. Código Penal. Disponível em

<http://www.hsph.harvard.edu/population/domesticviolence/portugal.penal.95.pdf> . Acesso em 28 de dezembro de 2012: “Artigo 279.º (Poluição). 1. Quem, em medida inadmissível: a) Poluir águas ou solos ou, por qualquer forma, degradar as suas qualidades; b) Poluir o ar mediante utilização de aparelhos técnicos ou de instalações; ou c) Provocar poluição sonora mediante utilização de aparelhos técnicos ou de instalações, em especial de

máquinas ou de veículos terrestres, fluviais, marítimos ou aéreos de qualquer natureza; é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 600 dias. 2. Se a conduta referida no nº 1 for praticada por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa. 3. A poluição ocorre em medida inadmissível sempre que a natureza ou os valores da emissão ou da imissão de poluentes contrariarem prescrições ou limitações impostas pela autoridade competente em conformidade com disposições legais ou regulamentares e sob cominação de aplicação das penas previstas neste artigo”.

326 PORTUGAL. Código Penal. Disponível em

<http://www.hsph.harvard.edu/population/domesticviolence/portugal.penal.95.pdf> . Acesso em 28 de dezembro de 2012: “Artigo 280. º (Poluição com perigo comum). Quem, mediante uma conduta descrita no nº 1 do artigo anterior, criar perigo para a vida ou para a integridade física de outrem, ou para bens patrimoniais alheios de valor elevado, é punido com pena de prisão: a) De 1 a 8 anos, se a conduta e a criação do perigo forem dolosas; b) Até 5 anos, se a conduta for dolosa e a criação do perigo ocorrer por negligência”.

327 PORTUGAL. Código Penal. Disponível em

<http://www.hsph.harvard.edu/population/domesticviolence/portugal.penal.95.pdf> . Acesso em 28 de dezembro de 2012: “Artigo 281. º (Perigo relativo a animais ou vegetais). 1. Quem: a) Difundir doença, praga, planta ou animal nocivos; ou b) Manipular, fabricar ou produzir, importar, armazenar, ou puser à venda ou em circulação, alimentos ou forragens destinados a animais domésticos alheios; e criar deste modo perigo de dano a número considerável de animais alheios, domésticos ou úteis ao homem, ou a culturas, plantações ou florestas alheias, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa. 2. Se o perigo referido no número anterior for criado por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 240 dias. 3. Se a conduta referida no nº 1 for praticada por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 120 dias”.

A regra afirma que somente as pessoas naturais estão sujeitas às medidas penais. Entretanto, o art. 11 do Código Penal328 português prevê “que o legislador pode estabelecer sanções de caráter penal desde que compatíveis”329.

Assim, foi criado o “Projecto de Lei Nº 239/X”330 que tem como objetivo aprovar o regime da responsabilidade penal das pessoas coletivas. O projeto é de autoria do Partido Social Democrata, PSD, e prevê a responsabilidade penal da pessoa jurídica em consonância com a Decisão-Quadro 2003/80/JAI331, do Conselho da União Europeia, de 27 de janeiro de 2003 que é relativa à proteção do ambiente através do Direito Penal.

No Projeto de Lei 239/X, há a previsão da responsabilidade penal das pessoas coletivas e entidades equiparadas quando, por ocasião da sua atividade, ocorrer os crimes de danos contra a natureza, poluição e poluição com perigo comum. Os crimes mencionados estão previstos no Código Penal português332.

As penas previstas dividem-se em principais e acessórias. Sendo que as principais são multa e dissolução. As acessórias são injunção judiciária; interdição temporária do exercício de atividade; privação do direito a subsídios, subvenções ou incentivos; encerramento temporário de estabelecimento; publicidade de decisão condenatória333.

328

PORTUGAL. Código Penal. Disponível em

<http://www.hsph.harvard.edu/population/domesticviolence/portugal.penal.95.pdf> . Acesso em 28 de dezembro de 2012: “Artigo 11. º (Caracter pessoal da responsabilidade).Salvo disposição em contrário, só as pessoas