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Posição Ontológica e Epistemológica do Pesquisador

2. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Justificativa Metodológica

3.1.1 Posição Ontológica e Epistemológica do Pesquisador

A questão N antecede todas as outras porque trata da teoria filosófica sobre a natureza do O ; (palavra derivada do grego, ; P . Para os pesquisadores organizacionais (CLEGG, HARDY, LAWRENCE E NORD, 2006;

ZALAN e LEWIS, 2004; GEPHART, 2004; BABBIE, 2004), a questão ontológica

fundamental é se existe um que independe do nosso

conhecimento C8 N , ou se ele é

um C8 do indivíduo (posição ontológica

com ênfase na C8 do fenômeno .

Marsh e Furlong (2002) ilustram esta diferença discutindo a posição ontológica

do ) ' de John Gray, , , B I

(1992). Segundo os autores, Gray aponta diferenças fundamentais entre o homem e a mulher que são frutos de sua natureza. Estas diferenças persistem ao longo do tempo e são comuns mesmo em diferentes culturas. Portanto, esta é uma posição ontológica essencialista ou fundamentalista. Para ilustrar a outra posição ontológica, os autores citam a contra+argumentação dos feministas de que as diferenças entre homem e mulher são socialmente construídas em um contexto patriarcal, no qual o domínio masculino determina a cultura e os valores da sociedade afetando os padrões de socialização ao longo do tempo. Este argumento, segundo Marsh e Furlong (2002), reflete o posicionamento ontológico antifundamentalista, demonstrando a construção social e a perpetuação da desigualdade de gênero.

Se a posição ontológica reflete o ponto de vista do pesquisador sobre a natureza do mundo, a posição epistemológica reflete sua visão sobre o )

sobre o mundo e ) (CLEGG, HARDY, LAWRENCE e NORD,

2006; ZALAN e LEWIS, 2004; SUTTON, 1993). A questão fundamental dessa teoria filosófica sobre o conhecimento é se o observador pode identificar relações reais ou objetivas entre os fenômenos sociais, e, em caso afirmativo, como essas relações podem ser identificadas.

Zalan e Lewis (2004) afirmam que as fronteiras entre as posições epistemológicas estão se tornando cada vez mais porosas e que existem várias formas de classificá+las, mas reconhecem não existir acordo sobre a melhor delas. Esses autores consideram que a classificação básica proposta por Burrell e Morgan (1979) – que vêem o positivismo e o idealismo como as pontas de um entre uma abordagem objetivista às ciências sociais e uma

P – ainda prevalece na disputa do que se pode saber no campo das ciências sociais.

Na introdução à série Paradigmas em Estudos Organizacionais publicada pela RAE+Clássicos, Miguel Caldas (2005) destaca que o funcionalismo tem constituído

por muitas décadas a “ortodoxia” na pesquisa científica da área e ainda continua

a expandir sua hegemonia até hoje no campo dos estudos organizacionais devido

à representatividade institucional do norte+americano. A posição ou

o nas ciências sociais foi fortemente influenciado pelas ciências naturais. Essa posição epistemológica está diretamente relacionada com o posicionamento ontológico fundamentalista que considera existir um mundo real lá fora que independe do nosso conhecimento.

Segundo Sutton (1993) o foco do paradigma positivista está na identificação das causas do comportamento social e na ; C8 por meio da aplicação rigorosa de métodos científicos que permitem o desenvolvimento de leis, similares ao

das leis científicas, que permanecem ao longo do tempo e espaço.

Pesquisas empíricas de cunho objetivista buscam identificar relações entre variáveis, estabelecem hipóteses, testam+nas, utilizam critérios probabilísticos para a definição de amostras, usam instrumentos estruturados para a coleta de

dados e técnicas estatísticas para o seu tratamento e visam produzir resultados

objetivos e generalizáveis (VERGARA e CALDAS, 2005; MARSH e FURLONG, 2002; SUTTON, 1993).

Em contraste, a posição ou o P (palavra derivada do

grego, interpretar), também chamado de está vinculado ao posicionamento ontológico antifundamentalista. Nessa posição ontológica não há um mundo real que exista independentemente do significado que os atores adicionam a suas ações. Além do mais, para os antifundamentalistas, nenhum observador pode ser objetivo, uma vez que vivemos num mundo social e somos também afetados pela construção da realidade (SUTTON, 1993). Os interpretacionistas enxergam a vida humana como ativamente construída pelas pessoas em contato com as outras e o comportamento é visto como interativo e interpretativo (MOREIRA, 2002).

Para Burrell e Morgan (1979) o interpretacionismo questiona o objetivismo arraigado na doutrina funcionalista. Portanto, o foco do paradigma interpretacionista está no significado do comportamento social e sua ênfase está no entendimento e não na explicação, como ocorre com os positivistas.

Dentro dessa abordagem subjetivista o sociólogo Norte Americano Herbert Blumer (1986, p.1) argumenta que uma pessoa age em relação a algo (pessoas ou coisas) com base nos significados que esse algo tem para ela e acredita que tal significado não só se origina de algum tipo de interação social, como também é estabelecido e modificado pela interpretação das pessoas sobre outras pessoas e coisas. O autor denomina este aspecto subjetivo do comportamento humano presente no grupo social de “interacionismo simbólico” que pode ser visto como o estudo dos modos pelas quais as pessoas enxergam o significado e sentido nas situações que vivem com outras pessoas no seu cotidiano.

Considerando esse aspecto subjetivo, os interpretativistas visam entender o significado das ações para os agentes sociais e, consequentemente, tendem a preferir evidências qualitativas, oferecendo seus resultados como uma C8 da relação entre os fenômenos estudados. Portanto, pesquisas empíricas de cunho subjetivista contemplam a visão de mundo dos sujeitos, definem amostras intencionais, selecionadas por tipicidade ou por acessibilidade, obtêm os dados por meio de técnicas pouco estruturadas e os tratam por meio de análise de cunho interpretativo, cientes de que os resultados obtidos não são

generalizáveis (VERGARA e CALDAS, 2005; MARSH e FURLONG, 2002;

SUTTON, 1993).

Com base nas definições mencionadas, este pesquisador assume o

posicionamento ontológico e adota o paradigma

epistemológico , neste caso, coerente com o posicionamento ontológico e com o tipo de abordagem adotado para esta pesquisa, descrita na sequência.