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POXORÉU NO PERÍODO DO ESTADO NOVO

Foto 9 JOAQUIM NUNES ROCHA

4.2 POXORÉU NO PERÍODO DO ESTADO NOVO

Como já foi mencionado no capítulo anterior e no início deste, a fundação de Poxoréu se deveu a diversos fatores. O conglomerado urbano mais próximo de onde atualmente se encontra a sede do município era a vila São Pedro. Ali, imperava o clima de violência causado não somente pelas desavenças entre os baianos e os maranhenses, mas também pelo ambiente propício a ela existente na região de garimpo. Na região do Garças e Araguaia, havia a luta entre as facções de José Morbeck e Carvalhinho, este último como representante do estado e os temores de uma possível ação da Coluna Prestes (1925-1927) que pudessem desestabilizar o projeto de incorporação administrativa do território diamantino administração estadual.

A conjunção desses fatores fez com que a sorte dos dois mais importantes coronéis garimpeiros do sudeste mato-grossense entrasse naquele momento em contato com Horácio de Matos, coronel baiano que perseguia a Coluna Prestes, então em busca de desterro na Bolívia, mas também abriu caminho para o surgimento de um novo modelo político, que seria implantado após o período do Estado Novo, de subordinação da população a novos líderes locais, ligados à estrutura partidária implantada a partir da Constituição de 1946.

Terminados os combates do Garças e Araguaia, entre maio de 1925 e janeiro de 1926, a descoberta de diamantes no sopé do Morro da Mesa, em julho de 1926, transformou o povoado num local de refúgio tanto dos fugitivos de São Pedro quanto do resto da região. Os garimpeiros temiam que viessem a acontecer novos recrutamentos para as disputas entre os coronéis ou contra o estado. Embora tenha sido substituído no governo estadual em 1930, o projeto de Mário Corrêa da Costa de impedir a volta dos coronéis garimpeiros ao domínio recentemente conquistado do território teve continuidade, graças ao modelo de governo adotado por Getúlio Vargas de nomear Interventores para os estados (Cf. Art. 9º da Constituição de 10/11/1937).

Para Poxoréu, a nomeação de Júlio Strubing Müller como Interventor para Mato Grosso, entre 1937 e 1945, se revelou de extrema importância porque, mesmo antes de a povoação ser elevada a município, ele, como Prefeito de Cuiabá, havia feito a primeira visita de um membro do alto escalão administrativo do estado à região, em 1932. Foi graças a Júlio Müller que Poxoréu foi elevada a distrito, em 1932, depois a município, 1938, e durante esse ato, já foram preparadas as bases para se tornar emancipado judicialmente de Cuiabá, com a criação da Comarca de Poxoréu, em 1943, como já foi mencionado acima.

Portanto, tendo sido criado como município no período do Estado Novo47, Poxoréu conviveu por duas legislaturas, a saber, 1939-1943 e 1943-1947, com prefeitos nomeados pelo interventor. Assim sendo, os dois primeiros prefeitos de Poxoréu foram, respectivamente, Luis Coelho de Campos, mais conhecido como Coronel Luisinho, que era possuidor de uma fazenda nas proximidades de onde hoje se encontra a cidade de Rondonópolis. O coronel Luizinho, como era chamado, governo Poxoréu de 1º de janeiro de 1939, até o dia 26 de março de 1943.

O segundo prefeito nomeado de Poxoréu foi o cuiabano Rachid J. Mamed. Rachid Mamed governou o município de 26 de março de 1943 até 29 de outubro de 1945. Tornou-se, em 1945, comprador de diamantes, e, na primeira legislatura após o Estado Novo, se tornou Deputado Estadual Constituinte, em 1947, pelo PSD, sendo reeleito por duas vezes consecutivas para o mesmo cargo na Assembleia Legislativa, entre 1950 e 1954 e entre 1954 e 1959. Para as legislaturas seguintes, a saber: de 1954-1959 e de 1959-1963, candidatou-se e saiu vitorioso para o cargo de Deputado Federal, pelo PSD, e na eleição de 1967, para a legislatura de 1967-1969, concorreu ao mesmo cargo pela ARENA. Não terminou o mandato nem concorreu à reeleição seguinte porque foi nomeado para o cargo de Ministro do TCE- MT, em 24 de novembro de 1969.

Além de Prefeito, Deputado Estadual e Deputado Federal, Rachid Jorge Mamed foi também Subdelegado de Polícia do Distrito e atualmente Município de Tesouro, em 1941. Na Assembleia Legislativa, exerceu o cargo de Presidente da casa, em 1956. No Congresso Nacional, participou das Comissões Mistas que culminaram no Projeto de Emenda Constitucional 3/1967, que suspendia a vigência do Art. 28, Inciso I, cujo fundamento era a eleição para prefeitos e que, na mudança operada, passou a vigorar a eleição indireta para prefeitos das capitais, estâncias hidrominerais e cidades de fronteira, com base no princípio da segurança nacional. Também participou, como Vice-Presidente, da Comissão Mista, na qual foi criada a SUDECO, em 1967. Foi membro das Comissões Permanentes de Agricultura, de Minas e Energia, em 1967, e suplente da Comissão de Transporte, em 1967. Participou, ainda, como membro titular da Comissão Especial para a Valorização Econômica da Amazônia, em 1967, e da CPI criada para apurar a venda de terras brasileiras a pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras, em 1967. Foi, por fim, membro da Associação Interparlamentar de Turismo, em 1967. Morreu em São Paulo, em 1988.

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O Art. 27, da Constituição outorgada, de 1937, dava suporte ao governador para nomear livremente os prefeitos.

Embora a Constituição de 1937, no seu Artigo 26, assegurasse autonomia organizativa aos municípios, de acordo com “seu peculiar interesse”, e assegurasse também a “escolha dos Vereadores pelo sufrágio direto dos munícipes alistados eleitores na forma da lei”, a instalação da primeira Câmara Municipal de Poxoréu somente se deu após a eleição de 19 de janeiro de 1947. Naquele ano, o vereador mais votado no município foi Joaquim Nunes Rocha, pela UDN. Outro vereador que foi eleito para compor a primeira Câmara dos Vereadores foi Antônio Félix de Oliveira, pelo PSD, que, seria eleito prefeito para a legislatura que se iniciaria em 1950.